Boletim Athanor 015 Maio 2007

  • November 2019
  • PDF

This document was uploaded by user and they confirmed that they have the permission to share it. If you are author or own the copyright of this book, please report to us by using this DMCA report form. Report DMCA


Overview

Download & View Boletim Athanor 015 Maio 2007 as PDF for free.

More details

  • Words: 8,634
  • Pages: 24
Athanor NESTA EDIÇÃO: Editorial

A Gestão do Tempo Pelo R∴Ir∴ Ulisses

O Mistério da Forma (3) Pelo R∴Ir∴J. Barão

Dicionário da Maçonaria (9) Pelo R∴Ir∴ Jeremias Serapião

Efemérides Maçónicas Pelo R∴Ir∴ José Melo Brás

Mitos Gregos: Os Amores de Afrodite Pelo R∴Ir∴ João Silas

Não se Auto-Renunciem Pelo R∴Ir∴ Miguel Afonso

Palavras de Ísis (6) Tradução do Frater Lugh

O Mito de Ísis e Osíris Pelo R∴Ir∴ Gervásio Sequeira

A Pedra Angular … (11) Pelo R∴Ir∴ Fr∴ Incógnitus

A Santíssima Trinosofia (5) Conde de Saint-Germain

Kriya–Yoga Pesquisa do R∴Ir∴ A. Secretus

A Enfermidade e o Crime (6) Pelo R∴Ir∴ João Guimarães

Pensamentos Anónimos Recolha org. p/ R∴Ir∴ T. Cabral

do V Império Boletim N.º 15 Maio de 2007 (Ano 2)

O “Athanor” do V Império – Boletim Mensal de Temática Esotérica – Ed. n.º 15 – Maio de 2007

A Gestão do Tempo Pelo R∴Ir∴ Ulisses

Editorial Chegámos à 15ª Edição. Mantemos o mesmo nível de motivação que nos levou à criação deste Boletim. A correspondência recebida continua a ser muita, mas temos dedicado os últimos dias a dar respostas e já estamos praticamente em dia com os nossos leitores. Muitos leitores, referindo-se à edição de Abril, perguntam-nos qual a razão de não termos dedicado nenhum artigo ao 25 de Abril de 1974, apesar da capa do Boletim ser alusiva a tal evento, pela presença do cravo vermelho. Limitar-nos-emos a deixar no ar algumas perguntas, para as quais não pretendemos receber resposta alguma: - Não há igualdade de oportunidades? - Não temos mais direitos? - Não temos maior justiça social? - A distribuição da riqueza não é mais justa? - Não podemos sair à rua com segurança? - Não temos maior garantia de emprego e mais estabilidade nas carreiras? - Não somos representados por quem elegemos, num sério compromisso com o que têm prometido nas campanhas? - O ser humano não é mais respeitado do que o dinheiro? (Pedimos desculpa pelos sinais de interrogação).

1. O tempo esse ladrão... São raras as pessoas que hoje em dia não se queixam com falta de tempo para desenvolver de forma consistente as suas funções. Existem na prática uma série de devoradores de tempo aos quais é necessário dar a devida atenção, sob pena de andarmos sistematicamente com a sensação de nada termos feito, muito embora o cansaço seja evidente. Em primeiro lugar há que catalogar as principais perdas de tempo. Estas, normalmente, são divididas em dois grandes blocos: - Por deficiências próprias - Por deficiências dos outros As causas devidas a deficiências próprias mais comummente referidas são: ƒ inexistência ou confusão de objectivos e prioridades; ƒ plano de trabalhos inexistente; ƒ exageros na perfeição;

TT∴AA∴FF∴ para TODOS. Os artigos apresentados são da responsabilidade dos seus autores e poderão eventualmente, num ou noutro aspecto, não expressar os pontos de vista dos fundadores. Nota: Algumas imagens contidas no boletim foram obtidas através de pesquisa no “google”, e submetidas (ou não) a alterações de cor, formato ou modelação gráfica.

2

O “Athanor” do V Império – Boletim Mensal de Temática Esotérica – Ed. n.º 15 – Maio de 2007

ƒ sobreposição na delimitação de responsabilidades; ƒ resistência à mudança; ƒ interesses dispersos ou em excesso; ƒ dificuldade em dizer NÃO; ƒ decisões muito rápidas (obrigando a posteriores correcções), ou morosas. Por deficiência dos outros, são apontadas como principais causas devoradoras de tempo as seguintes: ƒ telefone, com chamadas imprevistas ou inutilmente longas; ƒ colaboradores que vêm expor os seus problemas pessoais ou simplesmente cavaquear; ƒ política de porta aberta com as consequentes perturbações; ƒ visitantes que aparecem a qualquer hora; ƒ pessoal insuficientemente formado ou incompetente; ƒ almoços demasiado frequentes e demorados; ƒ reuniões muito frequentes e mal preparadas; ƒ mistura de assuntos pessoais com assuntos de trabalho; ƒ interrupções constantes e desnecessárias; ƒ comunicações insuficientes ou excessivas. A lista não é exaustiva mas já possui alguns elementos de reflexão para nos ajudar na tarefa de melhor gerir o tempo disponível.

2. Abreviar contactos Numa situação de diálogo com alguém que por motivos profissionais, ou outros, se veja obrigado a contactar, existem algumas regras básicas que podem ser postas em prática no sentido de abreviar os contactos. Partindo do pressuposto que somos muito conversadores, ou que esse mérito pertence ao nosso interlocutor, situação que redunda invariavelmente em conversas que duram mais que o necessário e que provocam enormes e perdas de tempo, podem apontarse diversas soluções para a abreviação dos contactos sem vexar humana, ou profissionalmente, quem connosco conversa. Seguem-se alguns exemplos dessas técnicas, normalmente ensinadas em cursos de formação de chefias, as quais, regra geral, se defrontam com enormes problemas em termos de falta de tempo para com exercício das suas funções. Vejamos, então, algumas sugestões: 1) No inicio do contacto fixe a sua duração, dizendo ao seu interlocutor que apenas dispõe de um determinado tempo para atendê-lo. Por exemplo "Não imagina como me sinto satisfeito por poder estar consigo durante os próximos trinta minutos", ou outra expressão equivalente. 2) Seja sintético e não permita a introdução de outros temas para além daquele que motiva o contacto. Não

3

O “Athanor” do V Império – Boletim Mensal de Temática Esotérica – Ed. n.º 15 – Maio de 2007

3)

4)

5)

6)

O Mistério da Forma… … e da Energia (3)

levante, por isso, novas questões e, se o seu interlocutor o fizer, conduza-o ao que realmente está em discussão. Explique de forma aberta ao seu interlocutor que está com relativa pressa. Diga-lhe por exemplo: "Tenho imensa pena mas preciso de me ausentar para um compromisso inadiável". Dê sinais que para qualquer bom entendedor signifiquem que está com pressa: • Arrume a pasta e guarde a esferográfica no bolso; • Levante-se da cadeira ou dê a entender que o vai fazer; • Olhe para o relógio (só em caso de desespero...). Se o seu interlocutor fala pelos cotovelos, não se esqueça que ninguém consegue falar sem respirar. Da próxima vez que ele tomar fôlego interrompa-o. Pode também combinar previamente com um seu colaborador, para que, decorrido o tempo que quer dedicar ao seu interlocutor, interrompa a vossa conversa chamando-o para qualquer tarefa inadiável.

CAOS E FRACTAIS – PARTE I Pelo R∴Ir∴ Joaquim Barão

CAOS “Caos” e “Ordem” soam-nos a coisas opostas. Isso é verdade num determinado sentido, mas não para os aspectos que vamos apreciar, segundo os quais a relação entre os dois conceitos pode ter certa analogia com a interacção entre o Macrocosmos e o Microcosmos”. Uma vez que, numa concepção de Caos, “nada é verdadeiro; tudo é permitido”, a “Ordem” resultante é basicamente aleatória, ainda que estruturalmente equilibrada. Talvez a maior descoberta do século passado tenha ocorrido no Laboratório Nacional de Los Alamos, na América do Norte, quando Mitchell Feigenbaum descobriu, num dia de 1975, uma transição particular de ordem para o Caos, que corresponde a uma constante previsível num mundo de Caos. Esta constante ficou conhecida como “número de Feigenbaum“ ou “cascata de duplicação de período”. O número de Feigenbaum foi verificado como uma constante universal e tem aplicação desde o gotejar de uma torneira até às modificações da população de uma comunidade, passando pelas oscilações dos sistemas que usam o hélio líquido.

4

O “Athanor” do V Império – Boletim Mensal de Temática Esotérica – Ed. n.º 15 – Maio de 2007

Podemos considerar o Caos como o Macrocosmos (o imensamente grande, ao ponto da nossa ignorância nos levar a chamar-lhe “infinito”) enquanto um certo sentido de Ordem está representada no Microcosmos (os seres vivos e a circunstância que lhes é inerente). A popular afirmação de que “Deus escreve direito por linhas tortas”, poderá não querer dizer, linearmente, que partimos uma perna no dia em que trocámos de carro, para evitar o acidente que ocorreria se tivéssemos conduzido a viatura recém adquirida. Pode ser muito mais séria a verdade que se encerra em tal afirmação, ainda que evidenciada subconscientemente. Não existe, em qualquer parte isolada deste planeta, algum grupo de elementos que determine o resultado final. É tudo “torto”, existindo irregularidade em toda a sua superfície – altos, depressões, reentrâncias, fossas gigantescas, etc. –, para proporcionar, como resultado final, uma esfera!!! Também a ordem e disposição das linhas que formam os fractais é absolutamente aleatória, aparentemente desequilibrada, ilógica e completamente imprevisível (durante o seu desenvolvimento), para revelarem uma estonteante beleza, ordem, funcionalidade estética e lógica matemática depois de apreciadas no conjunto. Num sentido mais grosseiro e imediato, é o exemplo da árvore, ou de uma simples folha, ou até de um humilde rebento, enquanto se desenvolvem.

Mas o mais espectacular de tudo isto, considerado da perspectiva do observador não especializado, foi a aplicação dada por Mandelbrot, no mesmo ano (1975) a esta constante matemática, originando, para além de um rico corpo doutrinário, as fantásticas imagens designadas por fractais, a que nos referiremos mais adiante. O que Mandelbrot vem demonstrando e afirmando leva-nos por um caminho capaz de ultrapassar algumas concepções materialistas – da escola das ciências “exactas” –, uma vez que se refere a fenómenos aleatórios, isentos de ordem, lógica ou previsão. O grande obstáculo da escola materialista foi querer entender o mundo e a vida a partir de aspectos fragmentados dos pensamentos cartesianos e euclidianos. Dizemos “fragmentados” porque enquanto Descartes atribuía tudo a “Deus” (que não será outra coisa do que um Princípio Abstracto ou Energia Organizada do Centro do Caos), e a este Princípio se referia com frequência, os materialistas basearam-se em aspectos menores da sua filosofia para chegar ao paradoxo de negar a existência desse Princípio ou Energia Abstracta, como se toda a “creação” não fosse mais do que um estúpido fenómeno do acaso, surgido de nenhuma energia, nenhum princípio, nenhuma causa ou nenhuma razão.

5

O “Athanor” do V Império – Boletim Mensal de Temática Esotérica – Ed. n.º 15 – Maio de 2007

A Ordem tem sempre origem no Caos, porque este é a causa primária de todas as coisas. Consequentemente, está sempre presente na Ordem a isenção de Leis Absolutas, antes da conclusão da obra! Podemos estabelecer Leis para a compreensão da obra criada, mas não para a sua elaboração, a não ser com teorias de probabilidades (as quais, além de pecarem pela ausência de rigor, apenas se podem formular a partir da observação da “mais provável repetição” de anteriores situações, também elas aleatórias enquanto decorreram). Passase algo disto nas sondagens pré – eleitorais. O “rigor”, em termos de “ordem” e de “equilíbrio”, procurado na música, na arquitectura e na maioria das artes, proporciona a satisfação dos sentidos mais objectivos (microcósmicos, físicos, materiais, do “homem – carne – podridão – matéria corruptível”), mas a expressão aleatória de um Dali (cujo efeito final e de conjunto é fabuloso) transporta-nos ao Mundo da Magia, do macrocosmos, do Caos, do “quase” infinito, sem tempo espaço ou ordem, onde a regra é a ausência de regra. Com L. F. Richardson (1881 – 1953), nasceu o “Paradoxo do Comprimento do Contorno da Costa”, segundo o qual “o comprimento medido da costa é inversamente proporcional ao tamanho da régua usada” (isto é: quanto menor for a régua, maior será o valor obtido), tendo em conta que mais sinuosidades das baías, braços e curvas de mar ela irá medir. A partir do desenvolvimento destes aspectos, com recurso à matemática, entramos no mundo dos fractais.

Mas não se entusiasmem demasiado os “matemáticos puros”, pois Mandelbrot – o cientista que inventou, em 1975, a geometria dos fractais para explicar a Teoria do Caos –, afirmou estar “prosseguindo na tradição dos matemáticos do passado, que tiveram que recorrer às formas gráficas para ter inspiração para resolver problemas complicados demais para serem vistos apenas com equações, lápis e papel”. Perante uma crítica do matemático Steven Krantz, da Universidade de Washington em St. Louis, que considera que “a geometria fractal ainda não resolveu nenhum problema e só serve para produzir bonitas figuras para ilustrar livros e revistas, além de influenciar as autoridades para a cedência de verbas destinadas a pesquisas”, Mandelbrot respondeu: “Figuras bonitas na cabeça certa podem levar a bonitas questões”. (continua) Nota: Algumas imagens foram obtidas através de pesquisa no “google”.

6

O “Athanor” do V Império – Boletim Mensal de Temática Esotérica – Ed. n.º 15 – Maio de 2007

Dicionário da Maçonaria (9) Pelo R∴Ir∴ Jeremias Serapião

C Caixão. No mundo profano, o caixão evoca a morte. No universo simbólico da Franco-Maçonaria a alternância morte – renascimento é uma constante a todos os níveis, recordando a transformação do homem pela sua elevação moral e espiritual. O caixão desempenha um papel particularmente importante na cerimónia de entronização do 3º grau, o grau de Mestre. Com efeito, ele está materialmente presente no decurso da cerimónia que vai assistir à morte simbólica do Companheiro e ao seu renascimento como Mestre Maçom. Como tudo o que está presente no Templo, cada detalhe tem a sua importância e a seu significado: geralmente, o caixão está orientado na direcção oeste – este, com a cabeça voltada para o Ocidente, coberto por um pano negro salpicado por lágrimas de prata. À altura do peito está a letra G inscrita num triângulo equilátero. No lugar do corpo é colocado um ramo de acácia. Mais abaixo, à altura dos pés, encontrase um esquadro e um compasso. Logo que começa a cerimónia, o caixão é ocupado pelo Mestre mais recente, com o rosto coberto por um tecido branco manchado de vermelho. Efectivamente, o caixão simboliza a busca dos Mestres que procuram os despojos de Hiram.

Candidato. Nome dado a uma pessoa que deseja ser iniciado em uma loja. De acordo com o Regulamento Geral do Rito praticado na Obediência em causa, o postulante deve preencher certas obrigações antes de aceder às provas de iniciação: • Ser um homem livre e de bons costumes; • Ser de maior idade; • Ter um mínimo de instrução; • Habitar em local não muito distante do Templo maçónico que o vai acolher; • Fornecer documentação oficial atestando a sua identidade, registo criminal; declaração de honra … Em certos Ritos, o candidato deve ser apadrinhado para poder entrar na FrancoMaçonaria. Canhão. Durante os banquetes maçónicos, palavra designando o copo da bebida. Daí a expressão “Carregar os canhões”. Capitação. Sinónimo de “contribuição”. Cotização anual que deve pagar todo o Franco-Maçom. Uma parte fica na loja e a restante é paga à Obediência. Também é chamado “Imposto de capitação”.

7

O “Athanor” do V Império – Boletim Mensal de Temática Esotérica – Ed. n.º 15 – Maio de 2007

Efemérides de Maio (Ano; Dia) Pesquisa do R∴Ir∴ José Melo Brás Após um ano de publicação do Athanor, onde foram já apresentadas as efemérides maçónicas mensais (excepto nos meses de Junho e Julho), esta coluna passará a manter apenas os elementos relacionados, directa ou indirectamente, com o Rito Egípcio, e a acrescentar dados excepcionalmente relevantes que não tenham sido inseridos anteriormente. Evitaremos assim as repetições inúteis.

Catecismo. Por analogia com a sua utilização na religião católica – onde consiste numa instrução nos princípios da fé cristã – no universo maçónico o catecismo é igualmente uma forma de instrução, adaptada a cada grau. Pelo método de pergunta – resposta consegue-se ensinar ao Maçom os elementos simbólicos específicos do respectivo grau. O participante aprende, assim, a natureza da reunião, os sinais, as palavras e toques e também a marcha, a idade, a bateria, e outros elementos julgados essenciais que correspondem ao seu grau. Centro (de União). As Constituições de Anderson, texto maçónico de referência, definiam assim o “centro de união”, em 1723: Um Maçom é obrigado, em virtude do seu título, a obedecer à lei moral e a “aceder” à Religião em relação à qual todos os homens estão de acordo: esta, consiste em serem bons, sinceros, modestos e homens de palavra, qualquer que seja a denominação ou crença particular que os distinga. Daí se infere que a Maçonaria é o centro da união e o meio de cimentar amizades sinceras entre pessoas que, de outro modo, nunca teriam tido a possibilidade de se conhecer.

1725 12

Criação do Grau de Mestre Maçom.

1776 01

Alemanha Criação da Ordem dos Iluminados da Baviera, por Adam Weishaupt.

1617 13

Escócia Nasc∴ do maç∴ e alquimista Elias Ashmole, em Lichfield.

Inglaterra 1786 01 Criação das Gr∴Constituições que regem os graus simbólicos. 1816 26 Estab∴ das normas para uso do avental e das luvas. Portugal 1823 25 O Rei decreta a proibição da Maç∴ 1935 21 Salazar, Carmona e Rodrigues Júnior aprovam a lei de proibição das soc∴ sec∴, dirigida especialmente contra a Maç∴

Não sendo nossa intenção elaborar um dicionário extenso e completo, devido a razões de espaço e tempo, e face à periodicidade de publicação do Athanor, optámos por apresentar apenas as palavras de cada letra do alfabeto que nos pareceram mais aliciantes. Ainda assim, a listagem apresenta uma significativa extensão.

8

O “Athanor” do V Império – Boletim Mensal de Temática Esotérica – Ed. n.º 15 – Maio de 2007

MITOS GREGOS

(1))

OS AMORES DE AFRODITE (Hefestos, Adónis, Anquises, Hermes e Dionísio) Pelo R∴Ir∴João Silas

Ficou célebre o romance que manteve com o deus da guerra, Ares, na sequência do qual nasceria Eros. Aproveitando as inúmeras ocasiões em que Hefesto tinha que se deslocar para junto das suas forjas, Ares lograva desfrutar dos favores de Afrodite. Os dois adúlteros sentiam-se seguros já que mantinham como sentinela vigilante o jovem Aléctrion, que os avisava do aparecimento do Sol, aquele “que tudo vê”. Ora certa vez Aléctrion adormeceu e o Sol surpreendeu os amantes em flagrante indo avisar Hefesto. Este, remoendo vingança, fabricou umas correntes finas como teias de aranha, mas inquebráveis e impossíveis de deslaçar. Fingindo ter que regressar a Lemnos, esperou que Ares arrastasse Afrodite para o leito conjugal e, surpreendendo-os, lançou sobre eles as correntes de tal modo que os amantes não conseguiram libertar-se. Então Hefesto gritou a todos os deuses para que vissem como Afrodite, a bela filha de Zeus, o traía com Ares, por ser belo e bem feito de corpo, enquanto ele era coxo e estropiado. Os deuses gozavam o espectáculo e um deles comentou que “a inteligência vence a força dos músculos. O lento apanha o rápido. Hefesto, sendo coxo, conseguiu apanhar Ares, um dos mais rápidos deuses do Olimpo”.

Afrodite (Vénus) era filha de Zeus e de Dione. Possuindo uma beleza estonteante, tudo fez para que ninguém se esquecesse desse seu estatuto e teve numerosos amantes. (2) A deusa do amor (ainda só amor físico, prazer dos sentidos), casou com Hefesto, o deus coxo e ferreiro que tinha as suas forjas na ilha de Lemnos. Este casamento foi um fracasso, já que Afrodite não se coibia de ridicularizar e trair o marido.

(1) Adaptação do livro “Mitos Gregos”, de Zacarias Nascimento. (2) Há uma Afrodite mais antiga que nasceu do esperma de Urano caído no mar aquando da sua castração por Cronos.

9

O “Athanor” do V Império – Boletim Mensal de Temática Esotérica – Ed. n.º 15 – Maio de 2007

Hefesto, o deus capaz de atar e desatar, só os libertou das correntes após insistentes pedidos de Posídon. Envergonhados, Ares fugiu para a Trácia e Afrodite para Chipre. Aléctrion, para castigo, foi transformado em galo, com a missão de todas as manhãs anunciar a chegada do Sol, precavendo os distraídos do “olho do mundo, que tudo vê”. Outra das grandes paixões de Afrodite foi Adónis, filho de Mirra. Mirra era uma jovem que quis competir em beleza com Afrodite e esta, por vingança, fez com que a jovem fosse acometida por um acesso de loucura e se apaixonasse pelo pai, a quem, com um estratagema, tentou para que a engravidasse. O pai, Teias, descobriu o ardil e quis matá-la. Mirra pediu a protecção dos deuses que a transformaram numa árvore que tem o seu nome. A casca da árvore foi inchando e, passados nove meses, nasceu Adónis. Afrodite encantada com a beleza de Adónis recolheu-o e, em segredo, confiou-o a Perséfone que, igualmente fascinada com a beleza do jovem, não mais o quis devolver. Afrodite e Perséfone para resolverem a questão submeteram-se ao julgamento de Zeus que determinou que Adónis viveria quatro meses com Afrodite, outros quatro com Perséfone e os restantes meses do ano com quem ele quisesse. Adónis acabou por passar oito meses do ano com a deusa do amor.

Afrodite também amou loucamente o troiano Anquises, disfarçada como filha de Antreu. Destes amores nasceu Eneias, o herói que fugido de Tróia e depois de Cartago, navegou para Itália para dar origem ao Império Romano. Outro dos amores de Afrodite foi Hermes, do qual resultou o nascimento de Hermafrodito, um jovem tão belo como Narciso. Com tanta sensualidade incontida, a deusa apaixonou-se também pelo deus do êxtase e do entusiasmo: Dionísio, dele nascendo Príapo, o guardião das videiras e dos jardins, que desviava os maus-olhados das searas, também conhecido por ser o deus da fecundidade. Tal como nos amores, os ódios de Afrodite eram desmedidos. Porque Eos (a madrugada) se enamorou de Ares, Afrodite fez com que ela se apaixonasse pelo gigante Orion a ponto de raptá-lo e escondê-lo na ilha de Delos. Mesmo assim, resguardado, foi morto.

10

O “Athanor” do V Império – Boletim Mensal de Temática Esotérica – Ed. n.º 15 – Maio de 2007

A transformação não é algo que possa suceder da noite para o dia. Há momentos em que damos grandes saltos para a frente, mas haverá outros momentos em que somos puxados para trás. Ambas as fases fazem parte do processo de transformação. Tudo o que sucedeu já faz parte do passado e não tem que determinar ou influir no futuro. Só porque algo ocorreu uma e outra vez no passado, não é garantia de que continuará no futuro. Está na nossa mão romper esse padrão a qualquer momento que o desejemos. E a compensação desse esforço vale todos os sacrifícios. Só fracassamos quando desistimos. Se continuamos, se perseveramos, a promessa do êxito está garantida. Sem dúvida que hoje pode ser esse dia – aquele em que decidamos vencer a derradeira barreira e a rampa escorregadia –, e com um último esforço motivado, pôr um ponto final na luta pouco convicta e marcar o início do caminho da vitória. Este assunto parecerá inútil para muitos, mas para outros será identificado como a escalada de uma montanha, que aparentemente parecia inacessível. Não devemos assimilar esta informação como a de um simples artigo, mas, pelo contrário, dar-lhe imediatamente utilidade prática, com toda a dedicação, persistência, boa vontade e coragem. Rompamos os habituais padrões mentais e todas as rotinas degradantes, para iniciarmos a vida de felicidade que sempre esteve à nossa espera, mas que não fomos capazes de conquistar. Sugestões de auto-afirmação. Sou merecedor de todos os esforços pessoais. Sou merecedor de respeito e de dedicação. Sou o meu próprio compromisso. Sou o centro da minha vida. Sou o meu melhor amigo. Sou EU.

Ll

Não se Auto-Renunciem3 Adaptado pelo R∴Ir∴ Miguel Afonso

Vamos hoje decidir que não renunciaremos a nós mesmos. Hoje, recordaremos que o único caminho para a derrota é o abandono, e que a única maneira de manter um problema para toda a vida é afirmar esse problema, através das acções e do pensamento. Hoje pode ser o dia ideal para rompermos esse padrão de uma vez por todas. Depois de uma vida de luta contra um problema, seja ele o relacionamento afectivo, o dinheiro, o peso corporal, ou qualquer outro, podemos pensar que não há esperanças. Podemos pensar, após tantas tentativas para mudar, intercaladas com reincidências de velhos costumes e atormentadores pensamentos, que somos incapazes da transformação. Mas não é assim. E se, cada vez que reincidirmos, conseguirmos retroceder um pouco menos que antes, provamos que ainda está sob o nosso controlo o impulso de regressão e que nos podemos mover novamente para a frente. Isto, na realidade, corresponde a um grande progresso, apesar de não ser aquilo que desejaríamos. Era bom que pudesse ocorrer instantaneamente.

3

Baseado num texto de www.Quado.com (versão livre).

11

O “Athanor” do V Império – Boletim Mensal de Temática Esotérica – Ed. n.º 15 – Maio de 2007

O Mito de Ísis e Osíris4 Traduzido e adaptado pelo R∴Ir∴ Gervásio Sequeira

Palavras de Ísis (6) (‘ST: O Caminho da Vida) Tradução do Frater Lugh

XVII Vês de novo a mulher que contemplaste nos dois passos anteriores, com o símbolo da harmonia e do infinito sobre a sua cabeça, simbolizando Ma’at, o perfeito equilíbrio. Contudo, faz algo diferente: em vez de

Trata-se de um dos mais célebres mitos da história

derramar os conteúdos da jarra de prata na de

das culturas. Osíris morre e depois renasce através

ouro, está derramando os conteúdos de ambas

da mediação da sua esposa e irmã Ísis. O deus

as jarras no mar infinito, enquanto as ondas lhe

egípcio é despedaçado pelo seu maléfico irmão Set.

banham os pés. O facto dos conteúdos de uma

Ao renascer, converte-se no deus dos mortos. Esta

jarra já não se derramarem na outra, significa

mítica história encerra a crença na inevitável

que a cadeia de reencarnações chegou ao fim.

ressurreição da vida, revelada na natureza através

Já não há necessidade de mais instrução

do ciclo vegetal, com o renascer dos frutos após a

terrena. O obreiro conhece já o que lhe estava

temporária morte invernal.

destinado aprender neste planeta; amadureceu e está agora em condições de ser admitido numa escola superior. Liberto de todos os vínculos terrenos, o aluno reúne-se com os deuses, para se preparar para tarefas mais importantes, de nível superior, quem sabe em outras atmosferas, e descansar no regaço dos

Nut, deusa do céu, era a mulher de Rá. Também era amada por Geb, a cujo amor correspondia.

deuses durante algum tempo. Este símbolo indica claramente a transição do candidato, de um nível ao seguinte. À direita da mulher jovem, eleva-se um pássaro, numa árvore,

disposto

a

empreender

o

voo.

Representa a alma, que abandona a Terra para não mais regressar. Na parte superior do símbolo existem sete estrelas, a constelação das Pleyades, e uma muito maior, Sírio. Sugere que esta última pode ser o lugar de descanso do espírito. Essa é a

Quando Rá descobriu a infidelidade da sua esposa, ficou irado e proferiu maldições contra ela, dizendo que o seu filho não nasceria em nenhum mês nem em nenhum ano.

razão da sua grande importância, e de representar directamente ‘St. Hoje, filho meu, vimos algo muito abrangente. Agora vai em paz e dá graças aos deuses.

4

Fonte: “Egipto”, de Lewis Spence. Colecção Mitos e Lendas, Studio editions.

Textos Tradicionais

12

O “Athanor” do V Império – Boletim Mensal de Temática Esotérica – Ed. n.º 15 – Maio de 2007

A maldição do poderoso Rá não podia ser ignorada, uma vez que ela era o chefe de todos os deuses. Angustiada, Nut apelou ao deus Thoth (o Hermes grego), que também a amava. Thoth sabia que a maldição de Rá devia cumprir-se, mas encontrou uma saída para o problema, com um estratagema muito hábil. Procurou Selene, a deusa da Lua, cuja luz rivalizava com a do próprio Sol, e convidou-a para um jogo de mesa. As apostas eram altas, e a deusa acabou por apostar um pouco da sua luz, da décima sétima parte de cada uma das suas iluminações, e perdeu. Essa é a razão da sua luz minguar em certos períodos, de tal forma que já não é rival do Sol. Da luz que arrebatou à deusa da Lua, Toth creou cinco dias e adicionou-os ao ano (que naquele tempos tinha apenas trezentos e sessenta dias), de tal forma que não pertenciam nem ao ano anterior, nem ao ano seguinte, nem a nenhum mês. Nut teve os seus cinco filhos durante esses dias. Osíris nasceu no primeiro dia, Hórus no segundo dia, Set no terceiro dia, Ísis no quarto e Neftis no quinto. No momento do nascimento de Osíris, ouviu-se em todo o mundo uma voz alta que dizia: «Nasceu o senhor de toda a Terra!». Uma tradição um pouco diferente relata que certo homem chamado Pamiles, que levava água do templo de Rá, em Tebas, ouviu uma voz que lhe ordenava que proclamasse o nascimento do «bom e grande rei Osíris», ordem que terá cumprido de imediato.

Com o tempo, foram-se cumprindo as profecias respeitantes a Osíris, que se converteu num rei sábio e bom. A terra do Egipto floresceu sob o seu domínio como nunca ocorrera antes. Como muitos outros «deuses-heróis», propôs-se civilizar a sua gente, que se encontrava num estado muito bárbaro, praticando o canibalismo e outros costumes selvagens. Impôs-lhes códigos, ensinou-lhes as artes da lavoura e ensinou-lhes os ritos correctos para venerar os deuses. E quando conseguiu estabelecer a lei e a ordem no Egipto partiu para terras longínquas, para continuar a sua obra civilizadora. Era tão gentil e bom, e tão agradáveis eram os seus métodos de incutir o conhecimento na mente dos bárbaros, que estes veneravam a terra por onde passava. (continua)

13

O “Athanor” do V Império – Boletim Mensal de Temática Esotérica – Ed. n.º 15 – Maio de 2007

A Pedra Angular da Creação Divina e a Assunção da Matéria Virgem (11) As Águas da Vida Eterna O mítico Deus das águas é Neptuno, o qual corresponde ao Poseidón grego e ao Tlaloc dos Maias. João Baptista (que ministra as duas primeiras iniciações maiores: o nascimento do Cristo no coração, e o baptismo purificador, preparando para a Transfiguração), é o Cristo planetário que, tal como Jesus, foi concebido por meio do Espírito Santo no ventre da sua mãe. Vejamos citações evocadoras do símbolo da ÁGUA DA VIDA: "A todos os sedentos: Vinde às águas..." (Isaías 55:1). "Bendito o varão que confia em Jeová... porque será como a árvore plantada junto às águas..." (Jeremias 17:7,8). "Jeová pastorear-te-á sempre... e serás como uma horta de regadio, onde as águas nunca faltam" (Isaías 58:11). "Este habitará nas alturas; a fortaleza das rochas será o seu lugar de refúgio; dar-se-lhe-á pão, e as suas águas serão garantidas" (Isaías 33:16). E no Novo Testamento: "Respondeu Jesus e lhe disse (à Samaritana): conhecerás o Dom de Deus, e saberás quem é o que te disse: dá-me de beber; tu lhe pedirias e ele te daria água viva... Alguém que beba desta água (a do poço de onde tirava água a samaritana), voltará a ter sede; mas o que beber da água que eu lhe dou, não terá sede jamais, porque a água que eu dou será para ele uma nascente que corre para a vida eterna" (João 4:10, 13 - 16). Logo, segue-se a petição da samaritana e o chamado de esposo a Jesus – que não era seu esposo. "Depois mostrou-me um rio limpo de água da vida, resplandecente como cristal, que saía do trono de Deus e do cordeiro" (Apocalipse 22:1. (e ver Pedro, 3:20,21).

"Porque o Cordeiro que está no meio do trono os pastoreará, e os guiará a fontes de água da vida..." (Apocalipse 7:17). Aqui se inclui agora uma citação preciosa de "Fragmentos das Revelações dos Essénios" (é o "Apocalipse" essénio, representando uma cena própria desta época: a destruição do meio ambiente pela humanidade insensível): "A cidade não tinha necessidade do sol nem da lua para se iluminar, pois a glória de Deus lhe dava Luz. E vi, plantado no meio do rio puro da Água da Vida, claro como o cristal, proveniente do trono de Deus, a Árvore da Vida, que dava 14 classes de frutos e dava o seu fruto àqueles que deveriam comer dele. E as folhas da Árvore eram para a salvação das nações". ("Palavras de Paz dos Essénios"). Não é de estranhar que estas folhas sejam as da oliveira, a árvore que produz a azeitona, donde se retira o azeite que permite a unção preparatória para o "Baptismo do Fogo", e este por sua vez gera (pela descarga eléctrica do sol espiritual) o Ouro e o colírio que abre o Olho, objecto do CRISMA. (continua)

14

O “Athanor” do V Império – Boletim Mensal de Temática Esotérica – Ed. n.º 15 – Maio de 2007

Eu via os globos girarem ao meu redor, as terras gravitarem aos meus pés. De repente, o génio que me levava, tocou-me nos olhos e perdi os sentidos. Ignoro quanto tempo passei nesse estado. Quando voltei a mim, encontrei-me deitado sobre um rico leito; o ar que eu respirava era perfumado por flores e aromas. Vestes azuis, semeadas de estrelas de ouro, haviam substituído as vestes de linho. À minha frente havia um altar amarelo. Desse altar exalava-se um fogo, sem que alguma outra substância, que não o próprio altar, o alimentasse. Na sua base estavam gravados caracteres negros e junto havia um círio aceso, que brilhava como o sol. Abaixo havia um pássaro, cujos pés eram negros, o corpo de prata, a cabeça vermelha, as asas negras e o pescoço de ouro. Agitavase sem parar, mas sem fazer uso das asas. Ele só podia voar quando se encontrava no meio das chamas. No seu bico havia um ramo verde. O seu nome é Hâkim (sábio).

A SANTÍSSIMA TRINOSOFIA Autoria atribuída ao Conde de Saint-Germain

SECÇÃO V Mal retomei à superfície da terra, o meu guia invisível arrastou-me mais depressa ainda. A velocidade com a qual percorremos os espaços aéreos só é comparável a ela mesma. Num instante perdi de vista os planos que ainda dominava. Observei admirado que saí do seio da terra, longe dos campos de Nápoles. Uma planície deserta e algumas massas triangulares eram os únicos objectos que eu conseguia perceber. Em breve, malgrado as provas que padeci, um novo terror veio assaltar-me. A Terra não me parecia mais do que uma nuvem confusa. Eu fora alçado a uma altura imensa. O meu guia invisível abandonou-me. Tornei a descer, durante muito tempo, rolando no espaço, até que a terra já se aproximava dos meus olhos turvos... Pude calcular quantos minutos se passariam antes de me estatelar contra um rochedo. Em seguida, rápido como um pensamento, o meu guia precipitou-se à minha frente, agarrandome e elevando-me outra vez. Deixou-me cair novamente, depois de me elevar consigo a uma distância incomensurável.

O nome do altar é Hallah (caldeirão).

O altar, o pássaro e o círio são os símbolos de tudo. Nada pode ser feito sem eles, que são tudo o que é bom e grande. O círio chama-se Majûsi (mazdeano – alusão ao culto do fogo).

Aqueles diferentes emblemas estavam cercados por quatro inscrições. (A Secção VI será divulgada no próximo Boletim)

15

O “Athanor” do V Império – Boletim Mensal de Temática Esotérica – Ed. n.º 15 – Maio de 2007

16

O “Athanor” do V Império – Boletim Mensal de Temática Esotérica – Ed. n.º 15 – Maio de 2007

Kriya–Yoga 5 Tradução e adaptação do R∴Ir∴Anon∴ Secretus

Kriya-Yoga desperta o Sushumna (o Chakra da Coroa), na parte superior da cabeça.

INTRODUÇÃO

O Kriya-Yoga foi simplificado para o Ser Humano Comum por Shri Shri Lahiri Mahashay.

Segundo Bhattacharya, o Yoga é a união da alma individual com a Consciência Infinita ou Paramatman. A meta de todas as práticas espirituais é atingir a Consciência Cósmica. Neste sentido, o mais amplo de todos os caminhos espirituais é o Yoga. Existe uma modalidade particular de práticas espirituais (Sadhana) que se chama Kriya Yoga, num sentido estrito. Este Sadhana consiste principalmente no controlo da respiração, vivificando o Prana com o Pranayama e outros processos. O Yoga começa com o postulado de que o microcosmos contém tudo o que está no macrocosmos. Há um provérbio bengalês que diz: “o que está ausente do nosso corpo também é inexistente no universo”. O Yogue considera o seu próprio corpo como um templo, através do qual presta culto ao Ego Supremo (Paramatma).

A maior contribuição de Shri Shri Lahiri Mahashay ao mundo foi a de, segundo as instruções do seu Grande Guru Shri Shri Babaji Maharaj, simplificar a multiplicidade infinita dos processos do Raja-Yoga em algumas fases, tornando-o acessível ao Ser Humano comum, sobretudo ao chefe de família, que está absolutamente perdido no deserto de deveres mundanos. Ele encontra-se à cabeça da família para seguir os princípios estritos de refreamento, enunciados no Ashtanga Yoga, de Patanjali. Os processos do Kriya-Yoga, ensinados por Lahiri Masaya, fazem-nos despertar gradualmente o Divino dentro de nós, com muito menos esforço do que é normalmente necessário. Os Yogues isolados sempre existiram na Índia, possuidores de técnicas que lhes estão exclusivamente circunscritas. Mas, no actual ciclo mundial do Kali-Yuga, há uma grande deterioração geral na característica da consciência de massa, e esta condição é demasiado difícil para ser

5

Este artigo é uma adaptação resumida (com citações e compilações) do trabalho que J. C. Bhattacharya apresentou em 1997 na Amrita Fundation, Inc., Dallas Texas, P.O. Box 190978, 75219-0978. É baseado na obra “Yogiraj Shri el Shri Lahiri Mahashay”

17

O “Athanor” do V Império – Boletim Mensal de Temática Esotérica – Ed. n.º 15 – Maio de 2007

superada pelo homem comum. Estes ensinamentos apenas poderão ser aproveitados por aqueles que estão prontos para dedicar as suas vidas à causa do Divino, e, naturalmente, o seu número é muito reduzido. Também é verdade que muitas pessoas não têm oportunidade de seguir os princípios do Yoga, mesmo que sintam por eles uma grande atracção. O Yogue Shri Shri Shyamacharan Lahiri Mahasaya sentia no seu coração o que nós sentimos, por isso apresentou o Kriya-Yoga-Divino, num momento crucial, quando o mundo estava a ficar suficientemente maduro para receber uma nova era de síntese espiritual, para quem o deseje com verdadeira devoção. O Kriya-Yoga ensina ao homem que Deus será descoberto primeiro no seu próprio corpo, enquanto concentra o seu olhar entre os sobrolhos.

O Kriya-Yoga irá impulsionar fortemente o sentido da unidade entre todos os homens, e finalmente provocar a paz mundial. Estamos no umbral de uma nova era. Os imortais ensinamentos de Lahiri Mahashaya chegamnos no momento apropriado. Os preparativos têm-se sucedido e estamos certamente diante de um grande ressurgimento espiritual no mundo. O Kriya-Yoga e o Mantra-Yoga completam-se Os estados de Bhattacharya, produzidos pelo Mantra-Yoga, podem conduzir o homem ao êxito, porque, através do entoar constante dos Mantras, o Sushumna abre-se gradualmente. A abertura do Sushumna através dos Mantras é um processo indirecto, mas é o mais fácil para o ser humano comum. O Kriya-Yoga tem o ponto de partida no Sushumna, seguindo um diferente curso nos processos do controlo do Prana – Energia-de-Vida, através do caminho correcto. A combinação de ambas as práticas pode acelerar o progresso. Quando não se está a praticar Kriya-Yoga correctamente, não é possível centrar a atenção (testada no ponto entre as sobrancelhas) e meditar no nosso mantra (que em sentido simbólico representa o

Uma vez que o homem compreenda Deus dentro do seu próprio corpo, compreendê-lo-á automaticamente também nos outros. O seu corpo é o Templo onde se começa a render culto ao Prana, que controla toda a maquinaria física. Todos temos em comum esta energia (Prana), e ao compreender o seu mistério, através do Pranayama, etc., o homem compreende que a Consciência Suprema, que controla o universo, é a mesma força que impele o indivíduo a evoluir.

18

O “Athanor” do V Império – Boletim Mensal de Temática Esotérica – Ed. n.º 15 – Maio de 2007

nome de Deus), ou Ishvara, a Alma dentro de nós. O Kriya-Yoga consiste numa série de técnicas e não numa Religião; o Kriya-Yoga é compatível com todas as Religiões.

Os estados de Bhattacharya conferem a libertação, inerente ao Kriya-Yoga. Shri Shri Lahiri Mahashaya faz disto o seu fundamento universal. O homem que pratica os ensinamentos de qualquer religião pode iniciar-se no KriyaYoga sem necessidade de deixar essa religião. Shri Shri Lahiri Mahashaya tinha como discípulos favoritos, muito avançados, Abdul Gafur Kan, Swami Bhaskarananda Saraswati e Shrimat Balananda Brahmachari, sendo, estes dois últimos, “Santos” de outras religiões. Todos receberam o Kriya-Yoga de Shri Shri Lahiri Mahashaya. O Kriya-Yoga, proposto por Lahiri Masaya, é baseado nos princípios enunciados no Shrimad Bhagavad Gita e no Yoga-Sutra do grande Patanjali. Lahiri Baba deu as interpretações do Yoga a uns 22 Shastras famosos, incluindo aos dois atrás referidos. Isto constitui um compêndio de todos os géneros de treino espiritual. Mas, antes de mais, os Shastras são os arquivos de investigações espirituais, dirigidos pelos Grandes Santos. A menos que se sigam e pratiquem os ensinamentos dos Shastras, não se poderá atingir a experiência da Bem-Aventurança Suprema.

Por isso, o mistério do Dharma (descrito no Gita) tem que ser compreendido por experiência directa. Shri Shri Lahiri Mahashaya apresenta o Kriya-Yoga como o Sadhaka, ou a última meta. Cada avanço tem o seu efeito peculiar e anima o buscador. Devido ao facto dos processos do Raja-Yoga serem difíceis, foram simplificados pelo Yogiraj e o seu Grande Shri Principal, o Shri Babaji Maharaj, através do Kriya-Yoga proposto por eles, ao qual chamaram “Sahaja Kriya-Yoga”. Consiste num Kriya-Yoga que se maneja naturalmente, sem adicionar qualquer tensão artificial à máquina física. Esta é uma vantagem do KriyaYoga, que assim está livre dos perigos que às vezes surgem no Sadhaka, na forma de confusão mental ou enfermidade física, resultantes de erros inerentes à prática incorrecta do Yoga convencional. Não existe nenhum perigo no Kriya-Yoga, mesmo quando se cometam erros na sua prática. O Kriya-Yoga é “Sahaja” (que significa “o que origina o nosso nascimento”). Em sentido primário é um processo onde devemos regular a respiração, nos processos de inalação e exalação, que são equilibrados com o próprio ser, do homem ou da mulher. O advento de Lahiri Mahashaya teve uma grande importância para a humanidade sofredora. Ele oferece um maná divino à Terra destroçada. O corpo humano possui 3 grandes nervos-cordões. Em ambos os lados da medula espinal existem cordões dos gânglios ou nervos simpáticos. A energia Prana (da Vida) passa dentro dos gânglios. Chama-se Ida ou Pingala, dependendo do sentido do movimento. Mas deve mover-se através de Sushumna

19

O “Athanor” do V Império – Boletim Mensal de Temática Esotérica – Ed. n.º 15 – Maio de 2007

(com uma subtil passagem pela medula espinal), antes que seja possível obter qualquer êxito na prática espiritual (Sadhana). Ao desbloqueamento desta passagem chama-se o “despertar do Kundalini”, ou da força espiritual latente em cada homem ou mulher. Shri Satyacharan Lahiri, o neto de Lahiri Masaya, faz um comentário acerca do KriyaYoga. Todas as escolas religiosas e espirituais do mundo declararam em uníssono que a mente tem que ser acalmada.

Só quando a mente se acalma é possível reunir condições para as mais avançadas experiências que desejemos atingir. Os que aspiram por visões de seres divinos (das suas tradições religiosas), têm que tranquilizar a sua mente para poder conseguir essas visões. Os que desejam atingir a etapa espiritual do “mais além de todos os seres”, o puro Ser, devem também acalmar a mente. Os avanços propostos através dos ensinamentos do Bhagavad-Gita são um pouco diferentes. Sugerem que devemos alcançar uma fase onde a mente supere os desejos, os apegos, onde a mente não deve estar atenta às coisas do mundo. Com a mente naquele estado, haverá resoluções e dissoluções das actividades desejadas, e devido a isto será impossível superar o ciclo de nascimento e morte. Por isso, é necessário acalmar a mente. O que concluímos é que se a mente não se acalma, nada se passará até que este ponto se inicie, e as nossas responsabilidades mundanas não se cumprirão correctamente. O ser humano tornase um monstro, abstraído do mundo.

E a pergunta que nos surge é a seguinte: O que é a mente? A mente é o movimento agitado do Prana. Prana, pela sua natureza, é imóvel. Sem dúvida que, por várias razões, perde a sua quietude e passa a vibrar. A corrente de Prana está no Sahasrara (Chakra da Coroa), mas agita-se quando desce ao mais baixo dos Chakras. Nas cinco partes do corpo, Prana tem cinco nomes diferentes: Prana, Apana, Samana, Udana e Vyana. Se estes cinco Pranas se distribuem equilibradamente no corpo, não há nenhuma agitação, e é então que a mente se tranquiliza. Mas se se agita, pelas mais comuns das razões, a mente inquieta-se e não há progresso. O corpo terá saúde quando Vayu (o Ar), Pitta (o calor) e Cupha (terra e água) estão no equilíbrio apropriado. Pelas razões frequentes, quando se perde o equilíbrio (e quando este desregramento atinge pontos extremos), surge a enfermidade. Ao expormo-nos a condições de agitação, ou ao desequilíbrio alimentar, ou emocional, adoecemos. Por conseguinte, temos que ter o máximo cuidado na preservação do equilíbrio e na rejeição absoluta de qualquer hipótese de nos agitarmos.

20

O “Athanor” do V Império – Boletim Mensal de Temática Esotérica – Ed. n.º 15 – Maio de 2007

A prática principal deve ser o Pranayama, segundo a Kriya-Yoga. Fazendo Pranayama, acalmam-se os Pranas e as correntes de Apana; com Nabhi-Kriya, a corrente de Samana acalma-se; com Mahamudra acalmam-se Udana e as correntes de Vyana. Com estas ferramentas (o Kriya-Yoga), os 5 Pranas aquietam-se (silenciam-se), e quando isso ocorre percebe-se a natureza da alma através de Yoni-Mudra. Este é o mais alto patamar de uma vida humana plena. Como resultado destas práticas, o Prana é aquietado no Sahasrara, o estado da mente é o da maior serenidade, e experimentamos o estado de “nenhuma mente”. De entre todas as práticas conhecidas, o Pranayama parece ser a melhor (mais eficaz). Há várias formas de praticar o Pranayama, mas o Pranayama direccionado para o Sushumna, através dos seis Chakras, é o melhor. Permite homogeneizar o movimento da mente com o Prana, tornando-os um. Os que praticam isto sabem que quando o Prana actua no Sushumna, em uníssono com a mente, o pensamento não vagueia noutras direcções. Com a continuação desta prática a mente tranquiliza-se e não volta a agitar-se. Tal como o Ganges é o melhor dos rios, o Kashi de todos os lugares de peregrinação, Gayatri entre todos os Mantras, Pranava (Om) entre todos os Beejas (os sons da raiz), o Pranayama (do Kriya-Yoga) é a melhor de todas as práticas. Isto foi aceite por todos os sábios e por todos os que o praticam, porque o resultado desta prática pode avaliar-se e pode produzir efeitos nesta vida, neste momento, e neste corpo.

A Enfermidade e o Crime (6) Componentes Biológicos da Agressão Pelo R∴Ir∴João Guimarães

Final Fundamentando-nos em diferentes metodologias, nem todas rigorosamente científicas (e por isso susceptíveis de ser questionadas, apesar de correctas quanto aos processos de análise), demonstrámos

a

existência

de

factores

biológicos implicados no crime, quer sejam identificados como neurotransmissores, genes, hormonas, ou outros. Constata-se também que, apesar de alguns estudos não referirem apenas as variáveis biológicas (mas também as variáveis psicológicas e contextuais), a divulgação dos seus dados é efectuada segundo uma lógica reducionista e determinista,

que

tenta

estabelecer

uma

causalidade linear entre os factores biológicos e o crime (contribuindo mais para a rejeição do que para a aceitação das abordagens biológicas científicas do estudo do crime). De acordo com esta perspectiva linear, um sujeito que comete um crime, por as suas características biológicas assim o determinarem (ex.: variações na glicose ou no colesterol), poderia

tê-lo

evitado

adequadamente?

21

se

se

alimentasse

O “Athanor” do V Império – Boletim Mensal de Temática Esotérica – Ed. n.º 15 – Maio de 2007

Avançando um pouco mais, porque não se efectuarão terapias genéticas no embrião, para prevenir os sujeitos que apresentam este nível de alterações, identificáveis como sendo as do criminoso? Perante estas questões levanta-se uma outra, que é da liberdade individual, remetendo esta para a avaliação da certeza do comportamento ser determinado ou não apenas por factores biológicos. Essas questões são de primordial importância na Psiquiatria Forense, porque dizem respeito à imputabilidade, culpabilidade e responsabilidade. De qualquer forma, é universalmente rejeitada a ideia da biologia ser a única e principal determinante do comportamento. Assim sendo, tentar explicar o comportamento e as atitudes humanas a partir de factores biológicos, não parece ser um bom método. Qualquer comportamento, incluindo o comportamento criminoso, é considerado como um conjunto de

Na avaliação da biologia do crime, mesmo

inúmeros processos em complexa interacção.

reconhecendo ser necessário perscrutar as

E neste caso, esta interacção ocorre através do

bases

vocábulo tríplice: bio-psico-social.

considerar-se, obrigatoriamente, em interacção

Segundo Cristina Queirós, a perspectiva biológica

com outros factores envolvidos (Farrington,

utilizada pelos vários estudos descritos pode

1987; Raine & Dunkin, 1990; Farrington, 1991),

ser considerada como uma “biologia das causas”.

não esquecendo que todo o indivíduo é um ser

A alternativa a esta perspectiva mecanicista

biológico em interacção com o meio (Karli,

seria a “biologia dos processos”, que começa a

1990).

ser utilizada actualmente através da abordagem

Em suma, podemos concluir que as abordagens

bio-psico-social (a qual tenta articular os

biológicas, apesar de serem geralmente vistas

factores biológicos com os restantes níveis do

como polémicas e discricionárias, também são

comportamento humano).

importantes no estudo e na compreensão do

biológicas

do

crime,

esta

deverá

crime, não devendo nem ser negadas nem sobrevalorizadas. Interpretando os factores biológicos, como representantes da personalidade da pessoa, será possível articular este aspecto constitucional com outros níveis da personalidade, bem como com os níveis do acto transgressor e com o significado deste.

22

O “Athanor” do V Império – Boletim Mensal de Temática Esotérica – Ed. n.º 15 – Maio de 2007

"Por muito alta que seja uma árvore, as suas folhas caem sempre perto da raiz." "Quando a voz de um inimigo acusa, o silêncio de um amigo condena."

Pensamentos Anónimos Recolha organizada pelo R∴Ir∴ Teixeira Cabral

"Existe algo mais importante que a lógica: a imaginação."

"O mundo determinará o teu valor pelo que realizas."

"Nunca esqueças que só os peixes mortos vão a favor da corrente."

"O sucesso não é para os que pensam fazer, mas para os que o fazem." "Faz com que as contrariedades incentivem e que os obstáculos engrandeçam."

"Algumas pessoas sonham com o êxito... enquanto outras despertam e trabalham para o conseguir."

te te

"Se queres evitar a crítica, não faças nada, não digas nada, não sejas nada."

"Na vida, cada minuto é um milagre que não se repete."

"A boa comunicação estimula tanto como o café, e também tira o sono."

"No mundo, ninguém sabe o que quer… mas todos estão dispostos a tudo para consegui-lo."

"Jamais tentei aprender algo de alguém a quem não tenha irritado, pelo menos um poco. Se não se tivesse sentido irritado, não teria aprendido nada."

"A educação é para as pessoas o que o perfume é para as flores."

"Calando é como se aprende a ouvir; ouvindo é como se aprende a falar; e logo, falando aprende-se a calar."

"Não é mais rico quem mais tem, mas sim quem menos necessita." "Não são os golpes nem as quedas que fazem fracassar o homem; é a falta de vontade para se levantar e seguir adiante."

"O sorriso custa menos que a electricidade e dá mais luz."

"Somos escravos do que dizemos e amos do que calamos."

“As tormentas fazem com que as árvores tenham raízes mais fundas”

"A única coisa que interfere com a minha aprendizagem é a minha educação."

"Se exagerássemos nas nossas alegrias como o fazemos com as nossas tristezas, os nossos problemas perderiam toda a sua importância."

"Um copo meio vazio é também um copo meio cheio, mas uma meia mentira de nenhum modo é uma meia verdade"

"O riso ouve-se a maior distância do que o pranto."

"Impor condições excessivamente exigentes é dispensá-las do seu cumprimento."

"O êxito é obtido pelos que estão seguros dele”

"O tipo mais elevado de homem é o que actua antes de falar, e professa o que pratica."

"As mentes brilhantes manejam ideias; as mentes correntes falam de actualidades; as mentes mediocres falam dos outros."

"Como não sabiam que era impossível, fizeram-no."

"As grandes pessoas, com as maiores ideias, podem ser aniquiladas pelas pequenas pessoas, com as mentes mais limitadas."

"Não há discussão mais absurda do que a que se tem com uma pessoa que conhece o assunto."

Recolha org∴ por

23

Related Documents