Bacalhau..

  • October 2019
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  • Words: 585
  • Pages: 16
Na terceira década do Séc. XIX, Portugal achou que tinha chegado o momento de deixar de depender na totalidade do bacalhau importado e, depois de um interregno de cerca de 2,5 séculos, apetrechou-se de novo e iniciou a pesca do «FIEL AMIGO»... De qualquer modo, só no inicio do Séc. XX os habitantes das margens da Ria de Aveiro iniciaram novamente a pesca longínqua em pleno.

Todos os anos, no início da primavera, reunia-se junto à Torre de Belém uma frota de diversos veleiros dos portos de Viana do Castelo, Porto, Aveiro, Figueira da Foz e Lisboa, que rumava aos mares da Terra Nova e Groenlândia, onde procuravam carregar os seus porões de bacalhau.

Durante a viagem até àquelas paragens longínquas, geladas e inóspitas, cada pescador aparelhava a pequena embarcação (DORI) que iria utilizar no Grande Banco para pescar o «Fiel Amigo».

A Terra Nova, rodeada por bancos ricos em bacalhau e outras espécies, enchia-se de centenas de navios transformando-se numa autêntica Babel de todos aqueles países que incluíam na sua alimentação ou exportavam aquele peixe.

Chegados os grandes veleiros aos bancos, era a altura de arriar os doris e cada pescador iniciar a sua safra, dia a dia, até os porões dos navios estarem repletos de peixe .

Com o seu lugre por perto e geralmente visível, os pescadores iscavam as suas linhas e iam, ao longo de intermináveis dias, pescando e transportando para o seu navio o peixe com que carregavam as suas pequenas embarcações.

A pesca à linha era uma actividade que preservava a espécie, pois as linhas, anzóis e os iscos utilizados permitiam, logo à partida, fazer uma selecção dos animais capturados.

Terminada a pesca diária, era chegada a hora de escalar o bacalhau para salgar no porão do navio já com o aspecto que se compra no dia a dia, retirando-lhe diversas partes, que constituem também outros elementos da cozinha tradicional, em que se podem destinguir as caras, as línguas e os samos

No Lugre havia sempre um grupo diminuto de pessoas encarregado do navio e, entre eles, os cozinheiros eram uma peça importante que mantinham todos com saúde para aguentarem tão dura profissão. Dessa ementa, utilizada a bordo, é de distinguir a CHORA, uma sopa de caras de bacalhau, que quase diariamente alimentava a tripulação.

Os veleiros, no seu movimento constante para encontrarem bons pesqueiros, faziam largo uso das suas velas, que muitas vezes exigiam alguns cuidados.

Aproxima-se o outono... o tempo começa a refrescar... os porões estão quase cheios... chegou o momento de rumar até ao porto de origem e ao aconchego do lar, onde o bacalhau sofre a sua penúltima etapa.

Chegado à SECA o «Fiel Amigo», depois de lavado e seco ao sol, está pronto para ser colocado nos meios de distribuição e entrar no lar de cada um de nós.

Depois de todas as andanças que referimos, o bacalhau chega à nossa mesa suculento e delicioso, transformado num dos mais de mil pratos diferentes, que podem satisfazer o mais refinado paladar,

Muitos dos belos navios que fizeram a epopeia do bacalhau do sec XX rumaram para outros locais onde cumprem missões diferentes como este, o «ARGUS», hoje «POLINESIA II», que transporta turistas e o «CREOULA», transformado em navio escola da armada Portuguesa.

O «SABER» não ocupa lugar * Dá a conhecer aos teus amigos a história daqueles destemidos lobos do mar que sulcavam o oceano nos seus veleiros, para encontrarem essa iguaria tão apreciada por nós... O BACALHAU

do Clube Natureza e Aventura de Ilhavo

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