Aquecimento Global No Rio

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Vida Saúde&Ciência DOMINGO

A28

4 DE MARÇO DE 2007

JORNAL DO BRASIL

[email protected]

Energia elérica com riscos

Vendaval atrasa trem na China

A China deve retomar o projeto de hidrelétricas no rio Salween, único da Ásia livre de usinas e lar de 7 mil espécies de plantas e 80 animais raros ou em risco de extinção. Estudos mostram que 50 mil pessoas serão deslocadas.

Em Urumchi, Norte da China, vendavais atrasaram os trens. Os ventos são considerados conseqüência do aquecimento global, assim como as tempestades de areia, os nevoeiros e as secas que atingem o país.

Vida Saúde&Ciência DOMINGO

A29

4 DE MARÇO DE 2007

JORNAL DO BRASIL

[email protected]

professor do programa de engenharia oceânica da Coppe-UFRJ, Paulo Cesar Rosman, acredita que “as janelas dos prédios na orla serão arrebentadas”. Uma mureta de contenção com cerca de 40 centímetros de altura seria necessária para assegurar o passeio tranqüilo em torno da Lagoa Rodrigo de Freitas daqui a 100 anos. Mas estragaria a vista do espelho d’água. – A proteção não precisaria ser muito alta porque nas lagoas a força das ondas é pequena – explica Wasserman.

As mudanças se somarão à poluição do despejo irregular de esgoto na Lagoa Rodrigo de Freitas para causar um aumento da mortandade de peixes. Mas, para o especialista, mais afetada seria a Lagoa da Barra. – Os manguezais do entorno serão dizimados – aposta. – Os pescadores, que já reclamam da escassez de peixes, terão ainda mais dificuldade. Enise Valentim, da Coppe-UFRJ, completa que as ressacas poderão provocar o rompimento do cordão frontal de areia

da Lagoa da Barra, “permitindo que o mar galgue para dentro e altere sua salinidade”. Sem a cobertura vegetal nos morros ocupados pelas favelas, a terra das encostas fica fofa, e os deslizamentos “matarão centenas”, para Wasserman. O alerta vale para quedas constantes de barreiras em estradas da Região Serrana por causa das chuvas. Mas a água não é o único problema. Com o calor, aumentam os mosquitos e os surtos de dengue e até de febre amarela. Embora admitam os impac-

tos na geografia carioca, os pes- em janeiro na França do relatóquisadores divergem quanto à rio do Painel Internacional do sua intensidade. Clima. Só há um consenso: as – Não é como se o mar fosse mudanças serão lentas, com engolir as cidades litorâneas – tempo para criação de estratéalerta o pesquisador Instituto gias que reduzam os prejuízos. Nacional de Pesquisas Espaciais, José Antônio Marengo. – Apenas a faixa de areia das praias O IG encurtará. R Baía de PE Dúvidas Guanabara M também E R surgiram Principais áreas atingidas na divulpela possível elevação do CENTRO gação nível do mar entre 40cm, e

R

atípicos, a fúria do mar ocorrerá de duas a três vezes. – Ressacas violentas como a de 2002, que tomou a praia da Barra, se tornarão freqüentes – garante o professor do departamento de análise geoambiental da UFF, Júlio César Wasserman. – A água avançará até duas quadras em bairros como Leblon e Ipanema, alcançando vias principais como a Ataulfo de Paiva e a Visconde de Pirajá. Mais freqüentes serão as tempestades. Os ventos atingirão velocidades de ciclones. O

Quem gosta de praia contará com a sorte e a despoluição da Baía de Guanabara para continuar a jogar frescobol e mergulhar nas águas do Flamengo e Botafogo. Por estarem protegidas na baía, essas praias não sofrerão com a erosão das ressacas. A faixa larga de areia de Copacabana também deve garantir a sobrevida da “princesinha do mar”. Para minimizar os prejuízos nas praias mais vul-

ba

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neráveis, Rosman sugere o “engordamento” artificial da orla. – Em média, a cada 10 anos, pela perda natural de material, apenas precisaríamos refazer a quantidade de areia. Em praias mais extensas, como a da Barra, quebra-mares seriam indicados para segmentar o terreno e melhorar a retenção da areia. – No entanto, estruturas como essas devem ser empregadas apenas em último caso,

pois mudam o traçado do litoral e comprometem sua beleza – pondera Rosman. Enise lembra que diques e estruturas rígidas se mostraram ineficazes contra a violência das ondas, sendo até proibidas em países como os EUA. Wasserman sugere sacos de areia como uma alternativa – ainda que provisória – aos quebra-mares. Para os morros, reflorestamento e retirada das casas das áreas de risco seriam as opções.

I

Rio estuda ação preventiva

De acordo com o presidente do Instituto Municipal Pereira Passos, Sérgio Besserman, o Rio de Janeiro já estuda maneiras para reduzir os efeitos do aquecimento na cidade. – Assinado há uma semana, o Protocolo do Rio é um compromisso firmado entre governos, ONGs e empresas que entrarão na luta contra o aquecimento global – revela. As emissões de dióxido de carbono durante o Pan 2007, por exemplo, serão recompen-

AS

Copacabana e a Baía serão menos afetadas

Piratininga

MUNICÍPIO DO RIO

PRAI

I

sadas pelo plantio de árvores em vias urbanas e o aumento em 10% da taxa de reflorestamento da cidade. – O Pan será neutro em emissões – diz Besserman. De acordo com o secretário de biodiversidade e florestas do ministério do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco, depois da convocação do presidente Lula – esperada para este ano – o primeiro esboço do plano nacional de ação ficaria pronto em quatro meses.

via

EM DIAS DE CALMARIA Praia da Barra

PROTEÇÃO AMEAÇADA A Avenida Sernambetiba foi construída muito em cima do cordão de areia, o que aumenta o seu risco de erosão e quebra do asfalto, no caso do pior cenário do aquecimento global

Cada um metro a mais no nível do mar "come" 10 m de areia da praia

Leblon São Conrado

Praia da Barra da Tijuca

Os quebra-mares ajudam a reter a areia em dias de mar agitado. Seriam uma solução para praias extensas como a da Barra

Bueiro

piso elevado

piso elevado

Galer ia

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Ipanema

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GALERIAS PLUVIAIS

DURANTE A RESSACA

A proporção cresce pela violência das ondas. Cada um metro a mais no nível do mar "come" 50 m de areia da praia

Itaipu

Prainha

S Av.

lo Cic

NITERÓI

1,5 m, até o ano de 2100

QU

Até o ano 2100, a Cidade Maravilhosa pode perder um de seus maiores encantos: as praias. A partir da opinião de especialistas, o JB projetou um cenário crítico para o futuro da cidade com o aquecimento global. Pesquisas sobre o impacto do efeito estufa no Brasil divulgadas pelo ministério do Meio Ambiente colocam o Rio de Janeiro entre as áreas mais vulneráveis à subida do nível do mar – entre 40 centímetros e 1,5 metro.

– O Rio é particularmente frágil pela número de atividades na costa – observa o professor de meteorologia da UFRJ, Isimar Santos. – Suas montanhas restringem a faixa de terreno que pode ser ocupada. A produção industrial e a população se concentraram à beira-mar. Prainha, Macumba, Praia da Barra, São Conrado, Leblon, Ipanema e Arpoador sofrerão mais com a erosão. Grandes ressacas – hoje a cada dois ou quatro anos – se tornarão anuais e “comerão” a faixa de areia. Em anos

CO

Juliana Anselmo da Rocha

E

AQUECIMENTO GLOBAL I Especialistas traçam cenário de catástrofe para o Rio de Janeiro com a subida da temperatura e do nível do mar

poço com bomba

Pluvi al Su bterr â

Com o aumento do nível do mar, toda a estrutura de escoamento de águas deverá ser reconstruída e elevada na mesma proporção da subida do oceano

Galer ia ele vada

Galer ia nea

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nível do mar

Oceano

KIKO/ARTE JB. IMAGENS DE SATÉLITE - GOOGLE EARTH

Cidade Maravilhosa sem praias

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