GERAIS/POLÍCIA
ESTADO DE MINAS Página 24
15 de janeiro de 2000 Sábado
Detetive é morto à queima-roupa ▲
Ladrões agem com ousadia e onda de violência na capital causa indignação à própria polícia
JOSÉ CLEVES erá sepultado hoje o corpo do detetive Sandro Alves de Lana, 29 anos, morto com um tiro na cabeça terça-feira no bairro Sagrada Família, zona Leste, possivelmente durante um assalto. O detetive era lotado no 4º DP e estava se despedindo da Polícia Civil. Ele fora aprovado num concurso para o cargo de delegado da Polícia Federal no Mato Grosso. Ficou sabendo do resultado pela manhã e morreu à noite. A princípio, a polícia acreditava numa vingança ou até mesmo num crime passional. Sandro saiu de casa por volta das 22h após ter recebido um telefonema insistente de uma mulher. Ele estava no seu carro, um Gol novo, sem placas, e fora visto pouco mais de uma hora depois verificando o motor do veículo na esquina da rua São Joaquim com Conselheiro Lafaiete. Dois homens teriam se aproximado dele, quando houve um início de diálogo, momento em que o policial foi alvejado com o disparo a queima-roupa, já no interior do carro.
RONDA DE POLÍCIA
S
Revólver Seu corpo foi jogado na rua e os desconhecidos fugiram no veículo que foi encontrado horas depois no bairro Parque Jardim Belmont, sem o toca-fita e o aparelho celular. Os documentos e o dinheiro da vítima não foram roubados. A arma do policial, uma pistola calibre 380, não foi encontrada. A polícia pretende esclarecer o crime o mais rapidamente possível e ontem mesmo iniciou as investigações. Moradores do bairro queixam-se da falta de policiamento e da ousadia dos ladrões.
REPRODUÇÃO
SANDRO ALVES Lana, 29 anos
ACAREAÇÃO
PAULO FILGUEIRAS
CORPO DO detetive foi velado durante todo o dia de ontem, por familiares e colegas. Enterro está previsto para hoje
Telefonema estranho é a primeira pista A polícia acredita que Sandro morreu ao se identificar. Uma testemunha viu quando ele conversava com os dois homens e entrou no carro, momento em que foi alvejado na cabeça, talvez com a própria arma. Minutos antes do crime, dois ladrões assaltaram o Posto Catatau, na rua Conselheiro Lafaiete, roubando R$ 330,00 do frentista Pedro Bernardo. Pedro disse que viu quando os ladrões subiram a rua. Os assaltantes seriam os mesmos que teriam abordado o detetive. A polícia pretende elaborar o retrato-falado com base nas informações fornecidas pelo frentista. O irmão do policial, Valmir Alves de Lara, chama a atenção para o telefonema recebido por Sandro por volta das 22h. “Era uma mulher. Ela ligou três vezes e ele saiu preocupado”, revelou. A mulher para quem o detetive ligou já foi identificada pela
polícia que pretende ouvi-la ainda hoje.
Insegurança O presidente do Sindicato dos Policiais Civis de MG, José Magela, disse ontem que a morte do detetive Sandro é um reflexo da insegurança existente hoje na Capital, onde o número de assaltos e o tráfico de drogas aumenta a cada dia. Disse Magela que a polícia está engessada. “Não temos condições de trabalhar, por causa do rigor da lei que protege os criminosos”, critica. Além disso, prossegue o sindicalista, “estamos com uma defasagem de mais de dois mil homens”. A Polícia Civil conta, atualmente, com um efetivo de 8,6 mil homens na ativa. O Sindicato aguarda a nomeação de 684 aspirantes e a abertura de novos concursos para suprir a defasagem de pessoal. (JC)
Revolta dos colegas contra impunidade A revolta era grande ontem no velório do detetive assassinado. Os policiais não pouparam criticas ao atual estado de insegurança que paira na cidade, com o aumento da criminalidade e da violência decorrente principalmente do tráfico de drogas. Na opinião destes policiais, o problema maior está na impunidade, nas dificuldades encontradas por eles para reprimir a criminalidade. Segundo dizem, a polícia perdeu a sua autonomia. ’’Até a prisão temporária tem que ser autorizada pelo juiz, o que é contraditório, porque o delegado continua com a prerrogativa do flagrante‘‘, comparou um experiente inspetor. Ele chama a atenção para o perigo que isso representa para a sociedade, ’’porque enquanto os ladrões atacam, nós ficamos correndo atrás do juiz pedindo até por misericórdia para que
ele autorize a prisão do pilantra ou até mesmo uma busca e apreensão em sua casa‘‘. O presidente do sindicato da categoria, José Magela, concorda com as reclamações e ilustra: ’’O crime vem se organizando em Belo Horizonte de tal forma que a polícia está perdendo a sua autoridade, como ocorreu nesta semana, quando uma viatura da PM foi apedrejada ali após a morte de mais um traficante‘‘. O apedrejamento da viatura ocorreu logo após o assassinato de mais uma avião do tráfico no bairro. A PM pediu reforço e prendeu de uma só vez nove pessoas que estavam numa Caravan, com os quais foram encontradas cinco armas de fogo. Entre os presos, estava o traficante Watson Alfredo da Silva, 23 anos, apontado como um dos chefes do tráfico no local. (JC)
Buracos na 381 provocam acidentes graves TRÊS CORAÇÕES EVALDO SÉRGIO SUCURSAL SUL
Os buracos intermináveis numa das pistas velhas da Rodovia Fernão Dias, situação agravada com a enchente que atingiu o Sul de Minas, foram os responsáveis, segundo patrulheiros da Polícia Rodoviária Federal de Três Corações, pelos graves aci-
dentes ocorridos na tarde de ontem, um deles com duas vítimas fatais. O Pálio, placa GSM 0753, de Belo Horizonte, seguia para Cambuquira, quando, no quilômetro 692 da BR 381, o motorista perdeu o controle do veículo, depois de tentar se desviar dos buracos, capotando em seguida. Luciano Chaves Reis, 22 anos, programador de informática, e André Luiz César, 22 anos, telefonista, ambos de Belo Horizonte, morreram na hora. A terceira passageira do carro, a estu-
dante de Direito Maria Carolina Santos Massafera, 29 anos, de Cambuquira, sofreu ferimentos graves e foi levada para o Hospital São Sebastião, de Três Corações.
Feridos Para complicar a situação da BR 381, que tem trechos praticamente intransitáveis, como no trevo de acesso a Varginha, a chuva da tarde de ontem contribuiu para mais um acidente grave. Desta vez, a tragédia aconte-
ceu a um quilômetro do local do primeiro desastre, com o capotamento de um Fiat Uno, que seguia de Vaginha para Oliveira, vitimando quatro pessoas, sendo uma com ferimento grave e outras três com ferimentos leves, sendo todas levadas para o Hospital São Sebastião, de Três Corações. Até o final da tarde de ontem, a PRF ainda não tinha o nome dos feridos e nem detalhes do fato. As chuvas da semana passada, que inundaram 54 cidades, também provocaram a interdi-
ção na rodovia Fernão Dias em dois trechos, entre Careaçu e São Sebastião da Bela Vista, durante quatro dias, causando transtornos e prejuízos aos motoristas, principalmente àqueles que transportavam cargas perecíveis. No desespero, alguns dos camihões que ficaram ilhados tentaram atravessar a pista alagada e acabaram tombando, espalhando a carga. Na quinta-feira, o resto dos materiais que ficaram no local foram retirados, e as duas pistas foram liberadas para o tráfego.
PM intensifica ação no Centro da capital A Polícia Militar intensificou o policiamento ostensivo na região do hipercentro, para reprimir a marginalidade. A informação é do coronel Rui Domingos Carence, comandante do 1º BPM aquartelado no bairro Santa Efigênia. Segundo o coronel, a área de jursdição do batalhão registra uma média de 200 ocorrências/dia, sendo 70 só no hipercentro. A maioria dos delitos são contra o patrimônio. Carence afirma, contudo, que os números não são alarmantes, se comparados com os de outras capitais do País. ’’É um volume muito grande de ocorrências, mas a situação está sob controle’’, garante. Ontem, a PM voltou a atuar
com maior destaque no hipercentro, reprimindo inclusive o comércio de armas de fogo que ocorre nas imediações da praça Sete. O coronel explica que a população da região central é de 194 mil habitantes, mas a flutuante chega a 2,5 milhões/dia. ’’O problema do Centro é que a concentração de pessoas é vertical, ao contrário do que ocorre em outras áreas geograficamente bem maiores‘‘. Além dos crimes contra o patrimônio e do comércio ilegal de armas, o hipercentro apresenta ainda outros problemas graves, como a prostituição, o contrabando de produtos do Paraguai e a vigarice que concentra as suas atividades na praça Rio Branco. (JC)
O advogado Edgar Soares, defensor do soldado Wedson Campos Gomes, solicitou à Procuradoria Geral de Justiça que fosse feita uma acareação entre o perito Badan Palhares e os servidores da Polícia Técnica do Estado. Badan, investigado pela CPI do Narcotráfico por suspeita da venda de laudos, é o autor da perícia que apontou o soldado como o autor do disparo que matou o cabo Valério, em 22 de julho de 1997. O crime ocorreu na Praça da Libertade durante confronto entre tropas da Polícia Militar, depois da revolta de cabos e soldados devido à concessão de aumento apenas a oficiais. A diligência, segundo Soares, é importante para se pedir a revisão criminal do processo de Wedson condenado a oito anos pelo crime, já que existem outros suspeito do disparo.
JAIME GRACIANO
HOMICÍDIO A polícia está investigando a morte de Jaime Graciano dos Santos, 75 anos, cujo corpo foi encontrado no interior de seu barracão, na Vila Cafezal, com dois tiros na cabeça.Os peritos constataram que os disparos foram efetuados a queima-roupa e tudo indica tratar-se de uma vingança ou algo parecido. Não há relatos de envolvimento de Graciano com o tráfico de drogas na favela.
PEDRAS A PM apreendeu ontem meio quilo de pedras semipreciosas que estavam sendo negociadas de maneira ilegal na Praça Sete. O produto foi enviado para análise na Polícia Civil. O mercado negro de pedras preciosas e semipreciosas é grande naquele local e envolve garimpeiros de várias partes do País.
ASSALTANTES
PRESOS
Os assaltantes Alexandre de Souza, 18 anos, e Adriano Ferreira de Souza, 19, foram presos pela Polícia Militar minutos após terem assaltado o Supermercado Ventura, localizado na avenida Waldemar Damas, 350, em Pedro Leopoldo. Eles roubaram R$ 116,00 e um deles estava armado com um revólver.
DUPLA
VERA GODOY
OPERAÇÕES MILITARES no hipercentro são feitas com revista nos cidadãos
ARMADA
Manoel Messias Batista e Rogério Pedro Santana foram presos pela PM no bairro Vera Cruz. Eles estavam armados com um revólver calibre 38, dois aparelhos de celular e uma chave falsa. A dupla foi autuada em flagrante por porte ilegal de armas na Seccional Leste.