2000.11.07 - Patrulheiros Registram Acidentes Graves Em Mg - Estado De Minas

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GERAIS/POLÍCIA

ESTADO DE MINAS Página 26

7 de novembro de 2000 Terça-feira



Policiais terão que cumprir a lei Funções de militares e civis estão deturpadas. Hargreaves diz que postura ostensiva é “síndrome de rambo”

SANDRA KIEFER

O

secretário de Estado da Casa Civil e Comunicação Social Henrique Hargreaves anunciou ontem, após reunião com as cúpulas das polícias Civil e Militar que se prolongou durante a tarde, que o Governo vai baixar uma resolução para determinar as competências de cada um dos poderes, para evitar distorções no comportamento dos policiais. Para ilustrar as distorções, Hargreaves citou um fato por ele presenciado, que o próprio secretário qualificou como “síndrome de Rambo”. Conforme a descrição do relato, Hargreaves estava em um ponto da avenida Antônio Carlos quando se deparou com uma viatura da Polícia Civil onde os homens portavam escopetas, e meio corpo para fora do carro, em uma postura claramente ostensiva contra a população. O secretário confessou ter ficado assustado com a visão. “Ti-

ve medo”, explica. Ele ligou na hora para o secretário de Segurança Pública, que imediatamente mandou punir os responsáveis. Embora admita dificuldade para mudar uma cultura arraigada nas polícias, não apenas em Minas Gerais, mas no Brasil, o secretário avisa que atitudes semelhantes a esta não serão mais aceitas no Estado. A clara disputa entre as polícias Civil e Militar, que ocorre no momento em que as equipes se encontram no serviço de rua, veio à tona com a morte do detetive Sílvio Batista Ferreira, 40 anos, assassinado a coronhadas com o cabo de uma espingarda calibre 12, ao tentar reagir a uma abordagem de militares. A reclamação uníssona entre os policiais é que, quando uma equipe da PM (de caráter operacional), se encontra com os homens da Civil (de caráter investigativo) em uma ação nas ruas, ocorre uma disputa por papéis e não uma ação conjunta, como deveria ser. Ainda esta semana, o Alto Co-

mando da Polícia Militar e o Conselho Superior da Polícia Civil se reúnem para definir as competências de cada poder, que estão previstas em lei, mas na prática, são descumpridas. Na reunião de ontem, participaram o comandante geral da PM Mauro Lúcio Gontijo, o secretário de Estado de Segurança Pública Mauro Lopes, o chefe do Comando de Policiamento da Capita, coronel Severo Augusto; o superintendente da Polícia Civil José Antônio de Morais, o chefe do Gabinete Militar coronel Marco Antônio Nazareth; o delegado da Metropol Francisco Carvalho e o diretor geral da Acadepol, Jésus Trindade. Todos eles foram orientados a não comentar o teor do encontro, mantendo o pacto do silêncio. No próximo dia 20, os mesmos representantes, na presença do governador, apresentam uma resolução conjunta de procedimentos, aprovados pelas cúpulas das duas corporações, passando a valer como determinação.

CRISTINA HORTA

SECRETÁRIO HARGREAVES (E) coordenou a reunião entre os chefes das duas corporações

Delegado investiga morte de Sílvio O detetive Sílvio Batista Ferreira, 40 anos, morreu em conseqüência de uma hemorragia provocada por uma fratura craniana, segundo informações do Instituto Médico-Legal (IML), que antecipou ontem o laudo cadavérico. Os legistas afirmam que houve fratura linear na occipital, parietal esquerda, causada por um objeto contundente. O chefe da Divisão de Crimes contra a Vida (DCcV), delegado Edson Moreira, não quis dar maiores informações sobre as investigações. Disse apenas que a fratura é característica de uma queda violenta ou de uma pancada, no caso produzida por um cabo de uma arma longa, tipo cartucheira de calibre 12, um dos modelos utilizados pela polícia de choque da Polícia Militar. Os legistas informaram ao delegado Edson Moreira que não foi encontrada nenhuma outra lesão no corpo do detetive. Os exames, no entanto, não foram concluídos e o laudo oficial somente ficará pronto nos próximos dias. O responsável pelo Inquérito

Policial Militar (IPM) será indicado pelo comando da corporação nas próximas horas. O chefe da DCcV disse que, enquanto não for formalmente estabelecido que o crime é militar, sua unidade continuará investigando as circunstâncias em que ocorreram o episódio, por competência legal. “Se o crime for caracterizado como militar, nós simplesmente enviaremos o que temos em nossas investigações para que seja anexado ao trabalho da PM”, informou. O presidente do Sindicato dos Policiais Civis de Minas Gerais, José Magela, assegurou que a entidade vai acompanhar as investigações que estão sendo desenvolvidas pela PM e que seu Departamnto Jurídico estuda que tipo de ação poderá ajuizar contra o Estado. “Os policiais militares que participaram da operação estavam a serviço do Estado naquele momento”, ponderou, finalizando que a morte do colega simboliza a necessidade de mudanças radicais nas duas corporações.

Ouvidora acusa violência As polícias de Minas Gerais continuam sendo violentas, apesar dos avanços que a sociedade brasileira vem registrando desde a implantação da nova Constituição Federal, em 88. A conclusão é da ouvidora de Polícia do Estado, a advogada Maria Caiafa, para quem as polícias têm avançado muito no plano teórico, no que diz respeito aos direitos humanos, mas, no plano prático ainda estão longe de superar seus problemas de autoritarismo. Caiafa aponta as dificuldades que vêm enfrentando na Ouvidoria como empecilhos na produção de estatísticas sobre os abusos cometidos pelas duas políciais. “Quando fui indicada, ainda respondia pelo Conselho Municipal de Direitos Humanos, além de outras tarefas relacionadas à àrea, e por isso estamos atrasados com esses números”, justifica. Ainda assim, a Ouvidora constata que os abusos das Polícias Civil e Militar não ficam longe das estatísticas apresentadas pelo seu antecessor. “Infeliz-

mente, a procissão de pessoas que vivem reclamando dos abusos policiais é grande, em torno de 12 a 15 reclamações diariamente”, informa, ressaltando que nem todas as reclamações que chegam à ouvidoria são transformadas em inquérito e os supostos agentes são responsabilizados. Para Caiafa, o que ocorreu com o detetive Sílvio Ferreira é simbólico. “Ele (o detetive) enfrentou o que normalmente o cidadão está enfrentando diariamente”. Ela insiste em um ponto que acha fundamental para a mudança das polícias de Minas Gerais: “É preciso mudar a polícia e ao mesmo tempo dar ela condições necessárias para trabalhar”, assinalando que as polícias, pela natureza das tarefas que exercem, “têm que ter tratamento especial na avaliação e remuneração de suas atividades”, frisa. Para melhorar a prestação de serviços da Ouvidoria, Caiafa planeja criar os núcleos no interior, que teriam as mesmas tarefas da Ouvidoria na capital. (IL)

Mulher assassinada com facada na nuca Patrulheiros registram

acidentes graves em MG

JOSÉ CLEVES A comerciante e ex-manequim, Patrícia Aparecida Porto, 30 anos, foi encontrada morta ontem à tarde com uma faca cravada na nuca, no interior de seu apartamento, na Praça Bernardo Veiga, 80, bairro Nova Cachoeirinha, Zona Noreste da capital. Patrícia estava desaparecida desde a semana passada. Ela planejava mudar-se para os Estados Unidos, onde mora o seu atual namorado, que tomou conhecimento do crime através da polícia, logo após a localização do corpo. O rapaz, naturalizado norteamericano, disse que falou com a namorada na véspera do feriado. O delegado Édson Moreira, chefe da Divisão de Crimes contra a Vida (DDcV), suspeita do travesti Adão Dimas, com quem a vítima teve uma briga recentemente. Adão é cabeleireiro e morou com Patrícia cerca de cinco meses, em seu apartamento do bairro Nova Cachoeirinha. Eles se desentenderam no início de

LANDERCY HEMERSON E EVALDO SÉRGIO

VERA GODOY/REPRODUÇÃO

PATRÍCIA APARECIDA (E) morou com o cabelereiro Adão Dimas, que é suspeito do crime outubro, explica a amiga Dinorah da Rocha Matos. “O travesti queria levar o seu namorado, de 19 anos, no aniversário de Patrícia, e ela não aceitou”. Após isso, eles não mais se entenderam. O ir-

PRESÍDIO

Pastoral pede novas varas ao TJ O presidente do Tribunal de Justiça de Minas, desembargador Sérgio Lellis Santiago, recebeu ontem um abaixo assinado por 50 presos da Penitenciária de Contagem, pedindo a criação de uma vara de Execuções Criminais nas comarcas de Contagem e Ribeirão das Neves. No abaixo asssinado, os detentos denunciam uma série de maus-tratos a que estão sendo submetidos pelos dirigentes do presídio. O documento foi entregue ao desembargador por três representantes da Pastoral Carcerária, entre eles Fábio Alves dos Santos, que teme por uma grande rebelião devido ao nível de tensão e revolta dos detentos.

mão da comerciante, Ezequiel Porto, 19 anos, reforçou a suspeita, afirmando que Adão tem o perfil de uma pessoa muito violenta. O corpo de Patrícia estava de-

bruço, com a faca de cozinha cravada na nuca e uma outra lâmina enterrada nas costas. Havia sinal de luta corporal na sala, com copos quebrados e uma televisão no chão.

GIROGERAIS POLÍCIA POUSO ALEGRE

Família aterrorizada Três homens armados com revólver e bereta entraram na residência do motorista Fernando Batista Rocha, 50 anos, bairro Noronha, às 8h10 de ontem, rendendo o proprietário, sua mulher e a empregada. Depois de amarrar e trancar as vítimas no banheiro, eles roubaram uma bateria de celular, um videocassete, três relógios de pulso, um talão de cheques, jóias e R$ 450,00 em dinheiro, fugindo no carro da família, o Versalhes, placa GRJ 3337, de Alfenas.

A violência nas estradas, que no “feriadão” resultou em 15 mortes somente nas rodovias federais que cortam Minas, voltou a fazer novas vítimas. Ontem à tarde, um casal, uma criança e uma mulher morreram carbonizados, após o choque de frente do Gol em que viajavam com uma carreta Scania. O acidente aconteceu às 15h50, na rodovia BR 381, trecho Nova Era/João Monlevade, no km 328, município de Bela Vista. O motorista da carreta sofreu ferimentos leves. No Sudoeste de Minas, somente na Rodovia MG 050, o que se viu foi uma sucessão de acidentes, com uma morte e quatro pessoas gravemente feridas. No quilômetro 167, às 6h30, próximo a Pedra do Indaiá, o engenheiro Pedro Menegale, 37 anos, morreu ao bater o seu Pálio, placa HMP 5019, de BH, contra a caminhonete F-1000, placa KFE 1956, de Formiga.

Na mesma rodovia, a poucos quilômetros do local, uma passageira do Escort, placa GLH 6735, de Formiga, ficou levemente ferida numa saída de pista. Momentos depois, os três ocupantes do Fiesta, placa GXO 7632, de Itabira, sofreram ferimentos graves, após o veículo bater contra o Gol, placa GRY 3521, de Divinópolis. No km 184, numa outra saída de pista, o motorista do Escort, placa GUU 2890, de Ipatinga, Carlos Joaquim da Costas, 46, ficou gravemente ferido. Na manhã de ontem, na BR 369, km 174, perto de Alfenas, João Antônio dos Reis, 62, morreu após bater seu Gol, placa CDE 8411, de Alfenas, de frente com a caminhonete F-1000, placa GKP 9726, também de Alfenas. No feriadão, a Polícia Rodoviária Federal registrou 350 acidentes em Minas, com 252 feridos e 15 mortos. A Polícia Estadual, registrou na Região Metropolitana de BH 37 acidentes, 13 feridos e um fatal.

GOVERNADOR VALADARES

Sem pistas de matadores de PMs A polícia garante que ainda não tem pistas dos homens que mataram os sargentos reformados da PM Denival Paes Andrade, 42 anos, e Edésio Gomes, 54, anteontem, no Bar Pimbas, em Governador Valadares. O delegado regional, Afonso Edson, disse que a apuração do crime é criteriosa. Segundo afirmou, o duplo homicídio tem características de vingança, mas não descarta outras hipóteses. Afonso Edson revelou, apenas, que o crime está ligado a muitos outros fatos, que exigirão dos detetives incursões em vários municípios do Vale do Rio Doce e até no Espírito Santo.

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