2004.07.09 - Morte Na 381 - Estado De Minas

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GERAIS ACIDENTE

Batida entre um carro de Montes Claros e um caminhão de Belo Horizonte, em um trecho considerado crítico da 040, perto do Viaduto das Almas, também provoca engarrafamento

Três mortos e dois feridos

FOTOS JAIR AMARAL

ANA CAROLINA SELEME Uma ultrapassagem irregular pode ter sido a causa do acidente entre um veículo de passeio e um caminhão, que causou a morte de três pessoas e deixou outras duas gravemente feridas, todas da mesma família, no km 588 da BR-040, que liga Belo Horizonte ao Rio de Janeiro. Em meio à tragédia, falou mais alto a solidariedade de quem convive com os problemas das estradas, como o caminhoneiro Valmir Coutinho, de 33 anos, que, além de ajudar a retirar as vítimas do veículo, ficou de mãos dadas com uma delas, o menino Pedro Felipe Gonçalves, de 8, enquanto recebia os primeiros socorros. “Ele precisava de uma força para sobreviver”, disse, emocionado. O Palio prata GWT-9052, de Montes Claros, seguia sentido Conselheiro Lafaiete. Por volta das 12h, próximo ao Viaduto das Almas, de acordo com testemunhas, o motorista Pedro Bertulino, de 58, ultrapassou um caminhão pela direita. Ao terminar a manobra, teve o párachoque traseiro atingido pelo veículo de carga e rodou na pista. No sentido contrário, seguia o caminhão GMU-6135, de Belo Horizonte. O Palio invadiu o outro lado da via e foi atingido pelo caminhão, que carrega minério, mas estava vazio na hora do acidente. “Foi tudo muito rápido. Quando assustei, vi o carro entrar na minha frente e a batida foi inevitável, mesmo eu tendo parado na hora. Não sei nem de onde ele veio”, disse o motorista do caminhão, Vicente Marcos da Silva, de 37, que não se feriu, mas estava transtornado. Ele conta que há 18 anos trabalha como caminhoneiro e é a primeira vez que se envolve em um acidente com vítimas fatais. “O motorista do outro caminhão, que seguia no mesmo sentido que o Palio, chegou a parar, mas, quando viu que havia mortos, foi embora”, afirmou Vicente. Morreram na hora Míriam Oliveira Bertulino, de 21, e uma criança, de 8. O motorista, o sargento do Exército Pedro Bertulino, foi levado para o Hospital Pronto Socorro João XXIII. As outras duas vítimas, Cássia Inez Gonçalves Bertulino, de 16, e um garoto identificado como Pedro Felipe Gonçalves foram levados de helicóptero também para o HPS. Cássia não resistiu aos ferimentos e morreu. O estado do menino é grave. Ele está em coma, com traumatismo crâniencefálico e trauma torácico. Já o motorista, que também teve trauma crâniencefálico, está consciente, estável e permanecerá em observação.

EMOÇÃO A solidariedade do caminhoneiro Valmir Coutinho chamou a atenção de quem estava no local. Apesar de sequer conhecer as vítimas, ficou ao la-

Um helicóptero é usado no resgate às vítimas do choque frontal, ocorrido no km 588 da rodovia, trecho que, segundo motoristas, é perigoso e cheio de lombadas

MORTE NA 381

Força da colisão, que matou uma mulher, uma adolescente e uma criança, fez com que o Palio entrasse debaixo da carroceria do caminhão dos delas até serem encaminhadas ao hospital. Ele conta que se emocionou com o que viu. “O menino só ficou vivo porque a moça que morreu o abraçou. Ela estava sentada ao lado dele, no banco de trás do carro. Retiramos o garoto do colo dela”, explica. Valmir ficou de mãos dadas com Pedro Felipe durante todo o tempo em

que as equipes do Corpo de Bombeiros e do Resgate o socorriam. “É muito triste ver acidentes como esse, principalmente quando envolve crianças. Peço a Deus que esse menino sobreviva”, disse o caminhoneiro. De acordo com Zilda Santana, de 46 anos, e há oito trabalhando em um restaurante da

região, o quilômetro onde aconteceu o acidente é cheio de lombadas. “Esse acidente foi uma tragédia. Quem conhece essa rodovia reduz a velocidade ao passar pelas lombadas, mas, se nunca passou por aqui e se estiver correndo, perde o controle. Esse não é o primeiro acidente que acontece nesse local”, afirma.

Após o acidente, as duas pistas da rodovia foram interrompidas para a retirada dos passageiros das ferragens, o que provocou engarrafamentos de cerca de quatro quilômetros, de acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF). Até as 16h, a perícia não havia chegado ao local para retirada dos corpos.

LICENCIAMENTO 2004

Documento começa a ser exigido O Departamento de Trânsito de Minas Gerais (Detran) já começou a enviar cartas para alertar motoristas que ainda têm pendências sobre a necessidade de regularização de sua situação. Em julho, vence o prazo para os motoristas que têm carros com finais de placas 1 e 2 portarem o Certificado de Registro e Licenciamento de Veículos (CRLVs) do exercício de 2004. O Detran afirma que so-

mente no final do mês vai ter como informar quantos motoristas continuam irregulares, mas já está enviando correspondências para aqueles que ainda têm algum débito que impeça o licenciamento, como multas ou impostos. Pelo calendário, a emissão dos documentos vai ser feita até outubro. Em agosto, será emitido o licenciamento dos carros com placas de finais 3 e

4. Aqueles que têm carros com finais de placas 5, 6 e 7 devem receber os documentos em setembro e os carros com placas de finais 8, 9 e 0, em outubro. Os documentos são emitidos pela Prodemge, que no final de cada mês envia relatório ao Detran com o número de veículos que têm impedimento para o licenciamento. Até o último dia de cada mês, os motoristas ainda po-

dem circular sem serem multados com os documentos do ano passado, acompanhados dos comprovantes de pagamento do IPVA, da Taxa de Licenciamento e do Seguro Obrigatório. Após o vencimento dos prazos, porém, os comprovantes não serão suficientes para livrar os motoristas das multas. Segundo o diretor do Detran, delegado José Antônio de Morais, o órgão está enviando corres-

pondência aos motoristas nos casos em que já foi detectada a falta de pagamento de algum dos impostos – multas pendentes também impedem a emissão do CRLV – porque, em vários casos, há apenas uma falta de cuidado dos proprietários, que se esquecem de fazer algum pagamento. Morais salienta, inclusive, que o problema da inadimplência, em Minas, é mínimo se comparado a outros estados.

Três acidentes, um deles com vítima fatal, aconteceram na madrugada de ontem, na BR-381. No km 883, próximo a Cambuí, Sul do Estado, o caminhão placa GKO 2852, de Divinópolis, saiu da pista e caiu em um barranco. O veículo estava carregado com 15 toneladas de piso em cerâmica, que caíram sobre o motorista, Alexandre Quirino do Couto, de 31 anos. Com o choque, o caminhão pegou fogo e Alexandre morreu carbonizado. No km 629, próximo a Santo Antônio do Amparo, região Centro-Oeste, uma carreta de Santa Catarina, de placa AGI 7088 , carregada de carvão, tombou na pista, causando a interdição da rodovia nos dois sentidos. Já no km 625, um caminhão saiu da pista e tombou, deixando o trânsito lento no início da manhã.

Ano passado, os documentos de quase 72% da frota de cerca de 4,8 milhões de veículos de Minas foram emitidos no prazo. No Rio de Janeiro, por exemplo, a emissão dos CRLVs ficou em torno de 40% da frota. “Parte dos veículos que não teve documentos emitidos são carros que não têm nenhuma movimentação há mais de cinco anos. São aqueles veículos com placas de duas letras, que as pessoas abandonam nas ruas, ou os veículos que são abandonados nos pátios”, observa o delegado. Somente nos quatro pátios do Detran em Belo Horizonte há cerca de 7 mil carros, sendo que 35% a 40% deles nunca são procurados pelos proprietários.