26o Festi va l de Da nç a de Join v ille
23 de julho de 2008
Fotos Joyce Reinert/ND
Caderno Especial
As bailarinas do Elias Moreira apresentaram "No Mundo do Ballet"
“Festa da Uva” deu menção honrosa para a Academia Corpo Livre
“Só uma Batucada”, dos goianos do Balé Infantil Agepel
Sarah e Pâmela, da Escola de Ballet da Fundação de Cultura
Como uma “incubadora”, mostra meia-ponta dá oportunidade para os dançarinos de 10 a 12 anos aprimorarem o seu talento
Sergio Almeida H
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A
mostra Meia-ponta é como uma miniatura do Festival de Dança dos “adultos”. Ali, no palco do Teatro Juarez Machado, onde desfila também a vanguarda, nas noites da mostra contemporânea, caem os primeiros pingos de suor de uma galerinha cheia de entusiasmo, sonhos e, pelo que se pode sentir, principalmente, satisfação. Os pezinhos pequenos e suas pequenas sapatilhas ensaiam os primeiros passos rumo a uma possível carreira na dança. Não por acaso, o Juarez Machado fica logo abaixo do palco principal do Cau Hansen. Saídas da arquitetura para o espaço, mas que para essas crianças, também tem um significado simbólico. Para chegar ao palco “grande”, elas terão que subir alguns degraus. E são esses degraus que os pequenos bailarinos galgam no Festival Meia Ponta. Os primeiros de-
graus para um futuro, quem sabe, brilhante, como o das estrelas que encantam no palco do Festival de Dança de Joinville. Longe da competição que compara performances detalhe a detalhe, para daí se retirar “o melhor”, a “competição” no meiaponta está longe de ser estressante. O desafio maior é estar lá, pisar naquele palco, fazer uma boa apresentação. É acima de tudo, participar desta festa, onde a estrela principal é a dança. Para Pâmela Vicente, 12 anos, do Grupo Infantil da Escola Municipal de Ballet da Casa da Cultura, de Joinville, é uma oportunidade maravilhosa. “Só estar aqui já é muito
bom”, diz a bailarina mirim. Já Sarah Zattar Moraes, de 10, também do Grupo Infantil da Casa da Cultura, diz que é um privilégio poder dançar no Meia Ponta. A sua colega Catherine Ribeiro Inácio, de 11 anos, destaca que dançar no Festival já é uma conquista. “Muita gente gostaria de estar no nosso lugar”, afirma. A pequena Maria Helena Vieira, 10 anos, outra aluna da Escola Municipal de Ballet, diz que o importante não é ganhar, e sim participar do festival. Mellanie Amanda Ferreira, 11 anos, que também defendeu o Grupo Infantil da Escola Municipal de Ballet viveu a alegria de pisar no palco oficial do Meia Ponta. “É uma coisa maravilhosa e a gente está
muito feliz, porque a gente sabe que deu o melhor na seletiva (para grupos joinvilenses, realizada em maio) e conseguiu passar. É uma experiência para a gente ficar cada vez melhor”, destaca. A participação também é o mais importante para Daniela Borsuk, de 12 anos, outra aluna da Casa da Cultura. “É uma oportunidade estar aqui. Não precisa nem ganhar a menção honrosa. O importante é dançar”, afirma a bailarina. Na tarde desta quarta, a partir das 15 horas, os pequenos que se destacaram recebem a menção honrosa. Esse, aliás, é um diferencial do Festival Meia Ponta. Não há primeiros, segundos ou terceiros colocados. O prêmio é motivacional, concedido por uma banca de profissionais que faz indicações, sugestões e críticas aos trabalhos premiados, avaliando a qualidade artística e técnica dos intérpretes, dentro da sua faixa etária. O objetivo maior é o crescimento.
Programação Mostra Competitiva Onde: Arena do Centreventos Horário: a partir das 19h Balé clássico de repertório – Variação masculina (júnior) H Corpo de Baile Juvenil da Escola de Arte Veiga Valle (GO) – La Vivandiere H Corpo de Baile Infantil da Escola de Arte Veiga Valle (GO) – Pas Classic H Juvenil do Conservatório (RJ) – Arlequinade H Balé Jovem de São Vicente (SP) – Satanella Balé clássico de repertório – Pas-dedeux (júnior) H Centro Cultural Vanessa Ballet (SP) – Coppélia H Ballet Marcia Lago (SP) – Pássaro Azul H Juvenil do Conservatório (RJ) – O Pássaro Azul H Ballet Adriana Assaf (SP) – Carnaval em Veneza Balé clássico de repertório – Variação feminina (avançada) H Malosa Studio de Dança (SP) – Paquita (2a variação) H Grupo Vórtice Cia. de Dança (MG) – Kitri H Núcleo Balé Para Todos (MG) – Raymonda H Projeto Pré-Profissional do Teatro Guairá (PR) – Kitri (1o ato Entree) H Ballet Marcia Lago (SP) – Satanilla H Studio Dançarte (GO) – Giselle (1o ato) H Cia. de Ballet Adriana Assaf (SP) – Giselle (1o ato) H Ballet Aracy de Almeida (SP) – Coppélia “Valsa do ato 1” H Lyceu Escola de Dança (RJ) – Paquita H Escola Juvenil Sesiminas (MG) – Variação Esmeralda H Corpo de Baile do Mvsika! Centro de Estudos (GO) – EsMeralda Balé clássico de repertório – Variação masculina (avançada) H Núcleo de Dança Niceleite – Ilaralopes (SP) – Esmeralda H Norton Ramos Fantinel (RS) – O Corsário H Cia. do Conservatório (RJ) – La Sylphide H Otto Studio Art (PR) – Dom Quixote H E.M.B.de Taboão da Serra (SP) – Variação de Tahor
Balé clássico de repertório – Conjunto (júnior) H Juvenil do Conservatório (RJ) – La Fille Mal Gardée H Ballet Adriana Assaf (SP) – Sonho de Don Quixote Jazz – Conjunto (júnior) H Esquadrão da Dança (MG) – Stripulim (Pintura Viva, Irmãos Na Arte) H Passo a Passo – Escola de Dança (MG) – Samurais H Grupo Relevé Caieiras (SP) – Dá um Tempo! H Grupo de Dança Kaiorra (SC) – Preto e Branco. Que Graça Teria? H Grupo Studio A Camila Juste Ballet (SP) – Quem Tá na Chuva É Pra se Molhar H Grupo Júnior Sheilas Ballet (SP) – Refrescante Sensação H Laboratório da Dança Fernanda Araújo (SP) – Piratas do Caribe Jazz – Conjunto (sênior) H Grupo de Dança Recriarte (SC) – Raízes H Jazz Taubaté Country Club (SP) – Ginga H Cia. de Dança Vera Passos (CE) – O Último Imperador H Wald Oliveira Estúdio de Dança e Artes (SC) – Entre Nessa Meia-ponta Onde: Teatro Juarez Machado Horário: 15h H Apresentação dos grupos indicados com a Menção Honrosa Palcos abertos H Perini Bussines Park – Distrito industrial – 12h30 às 13h30 e das 17 às 18h H Hospital Unimed – América – 14h30 às 15h30 H Feira da Sapatilha, no Expocentro Edmundo Doubrawa – 11 às 12h, 13 às 13h30, 14 às 15h30, 16 às 17h30 H Praça Nereu Ramos – Centro – 12 às 13h, 13h30 às 14h30, 15 às 16h, 16h30 às 17h30 H Shopping Americanas – Anita Garibaldi – 13 às 14h, 17 às 18h H Shopping Cidade das Flores – Centro – 15 às 16h, 16h30 às 17h30 H Shopping Mueller – Centro – 11h30 às 12h30, 15 às 16h, 17h30 às 18h30 H Supermercados Giassi – América – 17 às 18h
EXPEDIENTE Reportagem: Cleiton Bernardes, Mariana Pereira, Sérgio Almeida e Rosana Rosar. Fotografia: Iran Correia, Fabrício Porto, Joyce Reinert e Rogério Souza Jr. Revisão: Solange Silva. Diagramação: Marcelo Duarte.
Desfile na Feira da Sapatilha mostrou que figurino de bailarina pode ser usado no dia-a-dia, basta criatividade Mariana Pereira H
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oupas para bailarinos caíram muito bem no corpo de modelos na Passarela da Dança, um desfile de moda que reuniu grifes voltadas para atender ao público que dança na tarde de segunda, na Feira da Sapatilha. Roupas de lycra, algodão, tudo visando conforto e performance, tchu-tchus e sapatilhas. Artigos usados no cotidiano de quem ensaia. Na platéia, dançarinos, entre eles Carlinhos de Jesus, e curiosos acompanhavam o desfile de tendências da moda da dança apresentadas por marcas como Carpezio, Ana Botafogo, Cecília Kerche e Só Dança. Breno Barbosa, artista plástico que assina os desenhos originais da grife Do Dance Brasil, elogiou a iniciativa da organização do evento de realizar pela primeira vez este evento paralelo, uma oportunidade para as marcas de artigos de dança mostrarem seus produtos diretamente para seus públicos-alvo. “Trabalhamos com o espírito da dança, e não propriamente com roupas para dançar; e como na vida todo mundo dança, nossa roupa é para todos”, acrescentou, destacando que a marca é também para apreciadores dessa arte.
fotos Joyce Reinert/ND
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JOINVILLE, QUARTA-FEIRA, 23 DE JULHO DE 2008
Descontraindo o ambiente, Carlinhos de Jesus chegou à sala de workshop na Feira da Sapatilha imitando o personagem caricaturizado pelo Casseta e Planeta, o “Coisinha de Jesus”. Desta vez, Carlinhos de Jesus não veio para dançar ou ensinar passos de dança de salão, mas para emocionar. Aos 55 anos, o dançarino compartilhou com o público sua trajetória, contou sua história com a dança, que começou no subúrbio carioca aos 4 anos. “Pela primeira vez, falei da morte de meu pai porque acredito que a minha história pode contribuir”, afirmou, sem esconder a emoção ao tocar no assunto. Conta que teve que se apresentar no teatro naquele dia e retornar para o enterro, da mesma forma que dançou quando pressentiu a morte da mãe e
a homenageou com o espetáculo. Carlinhos de Jesus lembrou a época em que foi diretor pedagógico de um centro para recuperação de menores infratores, nos moldes da Febem, onde modificou um cenário de motins e violência por meio da dança. Logo conquistou uma legião de internas que passaram a encontrar nos movimentos coreografados novas perspectivas. “É uma história de superação que pode servir de exemplo para outros, do que a música representou na minha vida e pode transformar muitas outras”. O final, diante da insistência do público do workshop, Carlinhos de Jesus ensaiou alguns passos em uma pequena demonstração de seu talento nato. “A música sempre esteve dentro de mim, nunca aprendi a dançar.” (Mariana Pereira)
Durante bate-papo, Carlinhos de Jesus deu exemplos de superação
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JOINVILLE, QUARTA-FEIRA, 23 DE JULHO DE 2008
Bombada
Aplausos
Uma prata da casa conquistou uma vez o reconhecimento na mostra competitiva do Festival. O primeiro lugar da Academia Corpo Livre, em dança popular categoria sênior, demonstra que o trabalho continua sendo muito bem feito. Ano passado, elas se destacaram levando a melhor, quando apresentaram a belíssima coreografia “A Rússia aos nossos olhos”. No sábado, foram premiadas com o trabalho “Alegria Mexicana”.
Jazz
Haroldo Marinho
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Não sei se a organização do Festival consegue contabilizar os números, mas a quantidade de pessoas que circulam na Feira da Sapatilha surpreende a todos.
fotos Max Schwoelk/Divulgação/ND
A bailarina Morgana Cappelari, conferindo o Festival, antes de voltar aos trabalhos no Harid Conservatory, em Boca Raton, Flórida (USA)
Outro grupo da terrinha que vem se destacando é o de Fernando Lima. Com 13 bailarinos no palco do Centreventos, conquistaram na noite desta segunda-feira o segundo lugar no jazz conjunto avançado, com a coreografia “Into the Light”. Fernando é uma das crias da dança joinvilense que saíram do projeto Paiee, e seguem dando cara e rumo novo a dança de Joinville. O primeiro lugar ficou em boas mãos, com o grupo Cristina Cará, de São José do Rio Preto.
Muito bem instaladas no Centreventos Cau Hansen, Bruna Borgo e Isabela Ramos, do Grupo Escola Dançar, do Rio de Janeiro
Frutos
Falando em Paiee, cabe registrar a batalha que foi o início deste projeto. Por intermédio de Fabíola Bernardes, pude participar do Paiee durante dois anos. Bons tempos das aulas no ginásio do Sesi, ali na Ministro Calógeras. Incentivados por Fabíola, na época coordenadora da Comdança, investíamos literalmente nosso tempo com inúmeras crianças carentes. Esse sempre foi o propósito do Paiee. Fernando Lima foi uma delas. Lembro dele bem pequeno iniciando seus passos na dança, sob a orientação de Evelise Wetzel. Passados anos, é grata satisfação e uma feliz surpresa vêlo no palco, mostrando que o talento quanto lapidado traz excelentes resultados.
Saudades
XIS
Manuela Alves e Vanessa Bodanese, como muitos da platéia, aproveitam o intervalo das apresentações no Festival para registrar a presença no evento
Compasso
No Hospitally Center, Ana Claudia Wiecheteck, o governador Luiz Henrique da Silveira e Alessandro Lopes da Votorantin, novo patrocinador do Festival de Dança, brindando o sucesso do evento
Deu para refrescar a memória de quem presenciou os bons tempos de Festival, quando os grupos de jazz predominavam no evento. A evolução da dança elevou o contemporâneo e a dança de rua, como destaques do Festival. Mas, não há como negar que grupos como Oz, Cristina Helena, Raça, Carlota Portella e Roseli Rodrigues ainda permanecem na memória de muitos amantes da dança.