Um caso perdido Tupilóquio, uma palavra pouco utilizada no cotidiano da língüa portuguesa, porém, seu significado diz respeito à um tipo de vocabulário excessivamente usado entre crianças de 6 a 95 anos. O chamado popularmente “palavrão”. Termos considerados sujos, de baixo calão e vulgares. As mães nos dizem quando pequenos: - Filhinho, se você disser palavrão de novo vai apanhar na bunda! - AAAAHHH!!! Mamãe disse bunda!!! Pai!! A Mãe falou bunda, eu ouvi!!!! PAAAI! A ... - Não filho, mamãe quis dizer bumbum! - Bumbum!!!!! Ahahaah!!!! Pai!!! A mãe disse bum... - Popô? - Que engraçado PoPô!!!! Pai!!!! A mãe disse Popô!!! Disse... - QUE @#!!**, MOLEQUE, CALA A BOCA E VAI %@##**!!!! - Mas pai a mãe disse bunda, posso dizer bunda? - %$$#@*!!!!!!!!! - Bundabundabundabundabunda.... Essa fase, segundo os estudiosos do ramo, chama-se a fase anal, onde a criança acha o máximo relacionar tudo com escatologia, e porquices em geral. Essa fase não dura muito tempo na maioria dos casos.Claro, sempre existe uma fuga do convencional, mesmo as pessoas mais polidas em casos de emergência regridem a essa fase tão linda. Por exemplo, quem nunca fez menção ao parto de uma suposta mulher de reputação duvidosa quando martelou o dedo? Ou quando, jogando video game, e obviamente, o controle não desviou a tartaruguinha, caluniou a mãe do Mário Bros por não ter batido o recorde? Fatos como estes são absolutamente normais e corriqueiros, o que preocupa-me neste final de milênio são alguns sujeitos maduros ( em princípio), que nunca puderam sair desta situação... Explico-lhes: Mais um dia de aula estava para começar no cursinho, logo o vestibular daria o ar de sua desgraça,( um funil absurdo onde poucos vão e a maioria fica). Uma garota, com medo de que a única matéria ignorada no dia anterior pudesse vetar-lhe esse tão sonhado passaporte à universidade, pedia-me noções sobre o assunto. Como também havia faltado a tal aula não poderia explicar-lhe com exatidão: - Podemos aprender juntos, não? – “Vem sempre aqui” colaria mais. Nesse momento , o sujeito preso na fase anal chega... Atrasado como sempre. Para não despertar suspeitas a respeito de sua identidade, chamarei-o apenas de EMMANUEL FRANÇA, Rg- 345.675-1/Pr.
E daí, ô seu &*()##? Anda &*@# muito!!! Meu... me $##* o dia inteiro, mas foi do (&&)%! Eu vi que... @#&!!!! Tem prova amanhã? Que &**#$@! Vou me $%$&*!!!! A moça, ruborizada, agradeceu-me de canto de boca e despediu-se indo sentarse trinta e seis fileiras de distância de nós. - Manuel, diz uma coisa... - Fala &*#@! - Você não consegue ficar um minuto sem falar tanto palavrão?? - Claro que consigo é fácil pra %$$@#*!!!! - Olha aí, falou de novo!!! - Claro que não! - Falou eu ouvi!!! - Vai a &@#$! Você tá sonhando!!! - Falou de volta... - Mas... - Vamos fazer uma aposta, você... - Você falou palavrão também! - Eu disse a-posta!!! Com PE! - Ah, PE de &*$# ou de #*%@! - É, isso mosmo! Valendo uma bala, fica até o fim das aulas de hoje sem dizer um palavrão!!! - Só isso? Fácil pra CARA....mba!!!! E a aula começou normalmente, física, aula chata, Manuel um santo, pensei que ia ganhar a bala mas: - A aula está insuportavelmente chata, e eu adoraria bater no professor. Ele é feio e deve ter mau-hálito. Além do mais parece que ele não se limpa direito! Eu não podia acreditar nos meus ouvidos, parecia alguém quase normal se referindo amigavelmente a alguém!!! Teria saído da fase anal? Outra aula. Matemática avançada... Aula realmente difícil de suportar. - Se eu tivesse uma bazuca... Ah, se eu tivesse uma bazuca... teria todo o amor do mundo para puxar o gatilho e esmigalhar o crânio deste homem tão honrado que nos presta este serviço tão inútil de nos ensinar essas pataquadas sem fundamento!!! Esse sujeito se não fosse tão áspero seria um excelente poeta. Terceira aula, biologia celular. E, pasmem! Ele ficou quieto! Normalmente este diria: -
- Se essa &$# desse espermatozóide do @#$@, quisesse fecundar a #&* de %@#, então essa tal trompa de... de... ah!!!! Trompa de @# mesmo!!!! Recreio, achei que iria ganhar minha bala!!! Nem que para isso tivesse de provocá-lo um pouco: - E daí, Manoel, como estão as coisas em casa!!! – Esperava que ele respondesse: - A mesma %$# de sempre! – Este disse: - Tudo maravilhosamente bem, muito obrigado! – Desconfiei - Achou difícil a matéria de matemática?? – Esperava como resposta - %$#$# que &*&, achei %$#@ pra ^%&$!!!!! Jeitosamente respondeu-me! - Realmente, matemática não é meu forte, vou precisar de bastante concentração para adquiri tais conhecimentos! Já estava conformado que a fase anal tinha sido uma mera impressão minha, e que, o pior de tudo, iria perder a tal balinha... O sinal batera e a aula iria recomeçar, apenas duas aulas mais e a validade da aposta chegaria ao fim. Recostamo-nos nos assentos a espera do novo professor, desta vez seria literatura moderna. - Bom dia, alunos! – O professor, barba longa, cabelo desarrumado e jeito de quem sempre esquece alguma coisa em um lugar qualquer: - Abram suas apostilas na Pag. 135, vamos falar hoje sobre o Lirismo, tomem nota, vou ditar, o marco principal do... - #@$@!!!! Minha caneta tá falhando!!!! Ai, #$$@*&!! Falei palavrão!!!! Ah, uma bala só, também que se ^&%^#!!!! Ao final das contas nunca recebi a tal bala, mas foi interessante saber que algumas pessoas nunca conseguem sair da tal fase anal e adotam o turpilóquio descaradamente. Como filosofia de vida. Se convidar um destes para sair, cuidado com as situações embaraçosas: - Como tem passado, Sr. Presidente Manuel? - Olha, bem pra @#@#@&!!!!! – Caso Perdido!!!
Oribes Neto