E amadurece um sinal. E um pedaço do pão amanhecido é novamente minha única companhia. Entre um mastigar e outro, ouço as doloridas juntas estalarem, motivadas pelo frio glacial desta madrugada. E outro sinal amadurece, ao que parece-me, prematuramente diante de meus tristes olhos. E eis que a névoa da madrugada confunde-me um amontoado de sucata com um vulto sombrio envolto em trapos de mortalha negra, o sobressalto faz-me direcionar as vistas. E de súbito, o sinal se apresenta generoso, o primeiro da fila não se mostra eficaz e atrasa um segundo a mais, que para meus instantes, torna-se meses. Levo a mão ao ofensivo luminoso, o qual não pôde aplacar-me, nem um milhão destes o fariam. As pilhas de pedra cada dia mais concretas, mais abruptas, já tornam-se visíveis e eis que, novo amadurecido sinal cruza-me o caminho... Nova espera que, de tão medíocre, tirita-me os lábios mordiscados pelos meus próprios incisivos. Chove forte demais, já não mais vejo o caminho como outrora fazia com singular tranqüilidade, sem fasia alguma. Já não mais respiro com abundância, os parasitas sugam-me o ar e tudo o mais aquilo que nunca permitirei. Sinto que logo terei de parar no intuito de esperar pelo fim da chuva, pelos primeiros raios de sol, sempre na torcida de que o próximo sinal seja mais generoso que os últimos que eu tive de cruzar! Oribes Neto