Como Perdi Um Patrocinador - Oribes Neto

  • May 2020
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  • Words: 473
  • Pages: 2
Como perdi um patrocinador... Tempos de crise... É preciso vender sorvete pra esquimó, aprender a dar nó em fumaça, além de outras questões meramente corriqueiras... Pois bem, promovia eu mais um festival. Ano passado foi de pagode, já este ano, pra não fugir da regra modista, viramos country. Com um bom movimento de inscrições iniciamos o projeto: entrevista daqui + matéria + rádio + jornal + televisão x Sobrecarga = Besteira !!!! - É... Boa tarde! Aqui é da rádio Capital, a vinheta que foi mandada pra nós é pra tocar na rádio Clube! - Desculpe, mas, o jornal sai amanhã... O que quer que eu escreva na matéria? Sintomas básicos daquilo que chamamos de STRESS. E foi no auge deste STRESS que liguei para uma das maiores empresas do país, numa humilde tentativa de angariar um patrocínio: - É... Por obséquio... Com quem eu poderia falar sobre um evento? - Evento? – A secretária visivelmente ocupada - Um instante... Sei que o “instante” durou horas, vez ou outra surgia alguém na linha: - Aguardando quem??? - É... Sobre um evento... eu... E soltavam de novo aquela maldita “Pour Elize” tocada naqueles pianinhos sintéticos de Videogame Atari. - Pois não? - É... Sobre um evento!!! - Que tipo de evento? - Um festival Country!! Era o diretor geral da empresa! Seu Ildefonso. Quanta honra falar com um desses sujeitos que monopolizam alguma coisa! Nossa conversa foi rápida e inúmeras vezes cortada por outras ligações. - Pois bem senhor “Eurípedes”- Errar meu nome é a coisa mais banal – Podemos conversar a respeito do patrocínio, quero ver os convites, essas coisas... Mas este horário é péssimo para mim, anote meu telefone residencial e ligue-me pela manhã, certo? - Claro!!! – Mais do que depressa, me atolei na pilha de papéis do escritório e tratei de anotar o número do cidadão no primeiro borrão que encontrei – Seu Ildefonso , 323-4110.... Pela manhã... ok! Parabenizando-me pela façanha continuei com meus afazeres, o festival aproximava-se e precisava ainda naquele dia entregar para a gráfica os dizeres do convite: data, local, cantores, dançarinos... E assim o fiz...

Os convites ficaram prontos na Quinta-feira, e resolvi distribuí-los no mesmo dia na casa que acolheu o festival, chegando lá, a surpresa: os convites ficaram sem sombra de dúvida muito caprichados, o que me assustou foram os dizeres em letras garrafais: GRANDE SHOW DE DANÇA COM SEU ILDEFONSO!!! FONE 323-4110... (pela manhã). NÃO PERCA!!! Meu “borrão” era o rascunho da gráfica, que levou tudo ao pé-da-letra! Sorte minha que o Seu Ildefonso não compareceu ao próprio show e acredito que não tenha visto o memorável erro. Trocando em miúdos: perdi o patrocínio, mas demos boas risadas imaginando como seria o show de dança daquele homem bastante sério e importante. Ainda bem que não promovi um show de strip-tease!! Oribes Neto

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