Quem Fez? Não, não se preocupem. Não é outra daquelas autobiografias “qüidiúnicas”, escrita num pobre intuito de apenas serem escritas, tampouco, uma reles crônica satírica no objetivo parco de criticar um pseudoassunto de forma inteligente. Muito menos um passatempo neurastênico de escritor. Pergunto-me inúmeras vezes o porquê de eu não Ter escrito ainda minha (observe o pleonasmo) própria auto-biografia, que, deveras escrita pelo principal personagem da narrativa, conta fatos da vida deste. Explico-lhe sem mais delongas: Biografias remontam trechos de vidas ilustres, diga-se de passagem que ilustre não como honrado, e sim aquele falado (bem ou mal) pela mídia. Imanige o ápice da mediocridade ver-se estampado num livro intitulado “Um Conto da Minha Vida” apenas, na foto: - Quem será esse gorducho sorumbático? Parece aquele... Não, não deve ser, ele não tem essas orelhas de abano! E que orelhas, não Tereza? Sendo-se mero, é relativamente complexo emplacar uma obra qualquer, não que isso seja regra geral, mas há de se convir que qualquer frase “antológica” dita por um energümeno ilustre, tornarse-á célebre com o fundo musical apropriado, a locução desejada e mais um horário nobre. Já algo mais refinado, genial até, por que não? Dito por um ilustre desconhecido, receberá um animado “Viu?”, e às vezes escárnio.Não que isto venha a chocar, de forma alguma, nossa cultura sugestionável nos induz a isso. Calculo que se vier a tornar-me célebre e este texto for encontrado póstumo, será emoldurado, leiloado, acariciado! Caso contrário, o papel poderá até Ter serventia numa lareira qualquer. Oribes Neto