O MODELO DE AUTO-AVALIAÇÃO NO CONTEXTO DA ESCOLA/ AGRUPAMENTO Sessão nº 3 1- INTRODUÇÃO Ao iniciar a realização desta proposta de trabalho, desde logo se pôs uma questão de fundo, quanto ao cariz do Plano de Acção a realizar: ideal ou real? De facto, considero esta questão fulcral, visto que não nos devemos esquecer precisamente da escola onde trabalhamos e da cultura que impera nesse meio. Este aspecto cultural é, presentemente, afectado por uma série de circunstâncias institucionais, que afectam sobremaneira as redes sociais e de trabalho nas escolas, devido a uma grande sobrecarga de trabalho por parte dos docentes, aspecto agudizado pelo desencanto em relação ao presente e pelas apreensões em relação ao futuro. Saliento, ainda, que a planificação do trabalho a realizar no próximo ano lectivo se encontra altamente condicionada pela prevista alteração do corpo docente, devido aos concursos de professores, e quiçá da própria composição da equipa da Biblioteca, devido ao previsto concurso de professor-biblotecário. Para completar este quadro, saliento, ainda, um aspecto relacionado com o espaço da escola onde trabalho, uma vez que vai ser alvo de requalificação profunda, no âmbito de um acordo nacional entre o Ministério da Educação e a Autarquia (com verbas do QREN), pelo que estaremos no meio de um enorme estaleiro de obras na escola, previsível para, pelo menos, os próximos dois anos. Não queria deixar de apresentar outro aspecto, já focado noutra sessão, que tem a ver com o grau de envolvimento da escola, em especial dos docentes, no programa da BE. Penso ser por todos intuído que esse envolvimento efectivo não corresponde à representação que dele temos, enquanto coordenadores da BE, pelo menos na maior parte das escolas. Daí que considero haver um longo caminho, pelo menos na minha escola/ agrupamento, no sentido de promover a BE enquanto “coração” da promoção de aprendizagens, conducentes ao sucesso educativo dos alunos. Os actores envolvidos, nomeadamente os docentes, até podem concordar com todas as propostas apresentadas nos documentos orientadores, mas depois… e a prática? E em que escola há tempo para reunir as vezes que são necessárias? Como promover o trabalho colaborativo quando o paradigma da carreira docente aponta para a individualização no trabalho? Essencial é, sem dúvida, ensaiarmos uma gestão estratégica, esforçarmo-nos por termos uma atitude de liderança, estratégica, cultural, educacional e receptiva, segundo Caldwell and Spins (1992), citado por Ryan (2004), ou “Informed”, “Purposeful”, “Strategic”, “Collaborative”,”Creative”, “Renewable”, “Sustainable” segundo Todd (2002). Esforçarmo-nos, essencialmente, por demonstrar o valor acrescentado da BE, como refere Elspeth (2002), e envolver outros neste processo, sermos um parceiro reflexivo, atento às tendências que a literatura mais recente, como aconselha Todd (2002). Em última análise será importante contribuirmos para uma cultura de profissionalismo, conducente ao bem-estar comum de todos os que trabalham na escola, e ao sucesso e à formação integral dos alunos. No entanto, perante todos estes princípios e propósitos, esbarramos com problemas do dia-a-dia, em especial os que têm a ver com os problemas de agenda, como é lembrado no Texto da Lição, da dificuldade em articular as prioridades da BE, mesmo quando definidas globalmente pela organização, à agenda da escola e dos seus agentes. Esse parece-me ser um problema real com que as escolas se debatem. Ao elaborar este plano de acção, surgiram-me dúvidas, que têm a ver com formas de divulgação e envolvimento dos alunos no que à auto-avaliação diz respeito e à definição do programa da BE. Pode ser que surjam algumas respostas neste fórum. Quanto ao envolvimento do Conselho Executivo, agora Direcção, consideramo-lo essencial. A este propósito o documento de Johnson (2005) analisa este aspecto com muita pertinência. Mas mais uma vez, parece-me que haverá um conflito de agenda nas nossas escolas: exige-se do órgão de gestão que acompanhe inúmeros processos e que esteja motivado igualmente para todos eles. Neste aspecto, com a prática legalista que impera nas escolas, julgo ser fundamental que se enquadre na legislação a acção do professor bibliotecário e, em especial, do espaço pedagógico que a BE deverá ocupar em nome da melhoria das aprendizagens e do sucesso dos alunos. A lei não fará tudo só por si, mas ajudará certamente. 1
1- Análise à realidade da escola/ agrupamento face ao processo de auto-avaliação da BE Para realizar esta análise recorreu-se novamente ao método SWOT, por se entender uma ser uma ferramenta facilitadora do trabalho:
FACTORES INTERNOS (à BE)
FACTORES EXTERNOS (à BE)
Pontos fortes
Pontos fracos
- A preocupação face ao assunto da auto-avaliação constar nos Planos de Desenvolvimento e Planos de Acção da BE, nos últimos anos; - Existência de uma ferramenta operacional de gestão, que constitui o Plano de Acção Anual da BE, nos últimos anos lectivos; - Prática de realização pela equipa da BE de um Relatório Anual da BE; - Participação no processo de recolha de evidências proporcionado pela RBE no ano transacto, com vista à construção de uma base de dados nacional; - Existência de Coordenadora a tempo inteiro desde o ano lectivo transacto; - Dois elementos da equipa da BE terem formação especializada; - Coordenador da BE ter assento no Conselho Pedagógico; - Possibilidade de participação no processo experimental de autoavaliação proposto pela RBE.
- Dificuldade em articular devidamente a gestão da BE através do estipulado nos vários documentos orientadores e dos vários instrumentos de gestão interna referidos na coluna ao lado (PAA; Plano de acção; relatórios); - Falta de tempo para dedicar efectivamente aos processos de auto-avaliação em curso na BE e Escola/ Agrupamento, que exigem uma vasta recolha de evidências; - Processo de marketing da BE considerado ainda insuficiente; - Falta de recursos humanos que possam fazer face à enorme sobrecarga de trabalho que constitui o trabalho em rede no Agrupamento, decorrente da não existência de recurso partilhado para 1º ciclo e JI; - Insuficiente formação na área da gestão estratégica, por parte da equipa da BE; - Incapacidade manifestada pela equipa da BE em articular o modelo de auto-avaliação proposto pela RBE e o modelo de auto-avaliação em curso na escola sede (norma ISO).
Oportunidades - A BE estar integrada nos documentos orientadores do Agrupamento: Projecto Educativo; Projecto Curricular Regulamento Interno; Plano Anual de Actividades; Plano de Formação (do Agrupamento); - Existência de Projectos Curriculares de Turma; - Existir uma prática de auto-avaliação da escola sede, com vista à Certificação da Qualidade, segundo norma ISO, com base em indicadores e evidências; - PEA e PAAA articulados e com metas estipuladas; - A BE estar integrada no processo de auto-avaliação da escola/ agrupamento; - A BE ter estado integrada no processo de avaliação externa do agrupamento, levada a cabo no ano transacto; - Política institucional (da tutela) que favorece os processos avaliativos, enquadrada numa postura de valorização da educação e de “mostrar resultados”, “prestação de contas”; - Maior preocupação nos mecanismos de gestão estratégica, por parte da tutela e escolas; - Apoio do Conselho Executivo à BE; - Cultura da escola favorece a inovação, a preocupação com o sucesso dos alunos e a respectiva qualidade;
Constrangimentos - Dificuldade em articular efectivamente práticas que constam do programa da BE, com o corpo docente, especificamente no âmbito dos Projectos Curriculares de Turma; - Insuficiente formação na área da gestão estratégica, por parte do corpo docente da escola/ agrupamento; - Convulsão institucional verificada nos últimos anos no ensino, com grandes alterações legislativas e alterações na carreira docente, que provocou alterações frequentes dos planos de trabalhos dos órgãos de gestão e estruturas pedagógicas; - Dificuldade manifestada em estabelecer metas qualitativas no PEA e PAAA, ficando-se muitas vezes pelas metas quantitativas; - Coexistência no ano transacto de dois tipos de auto-avaliação na escola: externa (Inspecção) e interna (Sistema de Gestão da Qualidade) - Incapacidade manifestada pela escola em articular o modelo de auto-avaliação proposto pela RBE e o modelo de auto-avaliação em curso na escola sede (norma ISO), por falta de tempo e desconhecimento técnico.
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2- Plano de acção A auto-avaliação da Biblioteca Escolar no contexto da auto-avaliação da escola/ agrupamento PLANO DE ACÇÃO DOMÍNIO: A auto-avaliação da Biblioteca Escolar no contexto da escola/ Agrupamento OBJECTIVOS
- Aperfeiçoar mecanismos de gestão estratégica da BE - Divulgar processo de auto-avaliação da BE
ACTIVIDADES
CALENDARIZAÇÃO
- Apresentação em Conselho Pedagógico do modelo de Final do 2º período auto-avaliação proposto pelo Gabinete da Rede de Bibliotecas Escolares e escolha do domínio a implementar; - Elaboração de desdobrável para divulgação do processo Divulgação: de auto-avaliação a entregar a todos os docentes, nos 1ª semana de Maio Departamentos Curriculares/ Conselho de Docentes;
- Divulgar potencialidades da BE na promoção do sucesso e - Elaboração de um power point sucinto a divulgar na Divulgação: 1ª e 2ª da qualidade do sucesso escola sede junto dos alunos (aulas de Formação Cívica semana de Maio dos alunos no ensino básico; aulas de Filosofia, de Área de Integração e de Português no Ensino Secundário), sobre a - Aferir práticas de auto-avaliação em curso da BE; gestão comuns no Agrupamento -Divulgar os materiais referidos nos 2 pontos anteriores 1ª e 2ª semana de Maio na plataforma Moodle do Agrupamento; - Avaliar o programa da BE no âmbito da promoção de literacias - Solicitar ao Conselho Executivo uma reunião com a A definir (dependente - Promover a colaboração efectiva entre a BE e o corpo docente ao nível da autoavaliação (recolha de evidências; plano de desenvolvimento; processo de ensinoaprendizagem)
Comissão de Gestão da Qualidade, para apresentação do da disponibilidade desta modelo de auto-avaliação da BE, aferição de pontos Comissão) comuns aos 2 modelos de avaliação e apresentação de plano de acção comum neste domínio (auto-avaliação); - Implementação da recolha de evidências por parte da Mês de Maio BE, com envolvimento directo dos Directores de Turma e professores de Área de Projecto, ao nível dos questionários e fichas de observação directa;
- Elaborar um plano de desenvolvimento da BE, de forma colaborativa, com a comunidade escolar
- Solicitar ao presidente do Conselho Pedagógico o Última semana do mês agendamento, na ordem de trabalhos do órgão, de um de Abril ponto específico para divulgação de aspectos relacionados com a auto-avaliação da BE em curso (meses de Maio, Junho, Julho e Setembro);
- Operacionalizar a autoavaliação com os órgãos de gestão (Direcção; Conselho Pedagógico; Conselho Geral) e com as estruturas pedagógicas intermédias
- Solicitar à Direcção da Escola, com parecer prévio do Workshop: mês de Conselho Pedagógico, a realização de um Workshop, nos Julho moldes propostos anteriormente nesta acção de formação, com público-alvo limitado às chefias intermédias da escola sede e à Comissão de Gestão da Qualidade; - Divulgação dos resultados da auto-avaliação e do plano de acção definido, pela Coordenação da BE, nos seguintes órgãos e estruturas: Conselho Pedagógico; Conselho Mês de Setembro/ Geral; Departamentos Curriculares; Conselho de Outubro de 2009 Docentes; Assembleia de Delegados de Turma; 3
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- Realização de reuniões de trabalho com a Comissão de Mês de Setembro/ Gestão da Qualidade, para aferição de princípios e Outubro de 2009 práticas da auto-avaliação da BE/ Escola - Apresentar propostas que reforcem o papel efectivo e Julho/ Setembro real da BE no processo de ensino-aprendizagem, conducentes à melhoria dos resultados escolares dos alunos, aquando a elaboração do Plano Anual de Actividades 2009/ 2010 - O Coordenador da BE/ equipa da BE deverá contribuir Julho/ Setembro activamente na fixação de metas de cariz qualitativo, a par das quantitativas, no Plano Anual de Actividades, nomeadamente no objectivo estratégico que ao sucesso dos alunos diz respeito (estratégias referentes à promoção de Literacias) - O Coordenador da BE deverá ter uma atitude de Julho (?)/ Setembro liderança pró-activa na Comissão do Plano Tecnológico
- Apresentação de propostas de actividades de promoção Setembro de 2009 de literacias (da informação, da leitura, das tecnologias), em tempo útil, de forma a permitir a articulação real com os Projectos Curriculares de Turma - Promoção de um workshop sobre auto-avaliação da BE, Novembro de 2009 dirigido aos docentes representativos de cada Departamento / Conselho de Docentes, em nº a fixar
- Apresentação de proposta para apresentação do modelo Setembro de 2009 de gestão da BE no Conselho Geral do Agrupamento
- Proceder à divulgação do modelo de auto-avaliação da 1º período do ano BE, junto de alunos, professores, funcionários e lectivo de 2009/ 2010 encarregados de educação, de todo o Agrupamento
AVALIAÇÂO DO PLANO DE ACÇÂO: - a realizar no balanço da auto-avaliação da BE: Setembro de 2009; próximo ano lectivo
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Biblografia: - JOHNSON, Doug (2005), “Getting the Most from Your School Library Media Program”, Principal, Jan/ Feb 2005, acedido em 21/ 4/ 2009, disponível em http://www.doug-johnson.com/dougwri/getting-the-mostfrom-your-school-library-media-progrm-1.html - SCOTT, Elspeth (2002), “How good is your school library resource center? An introduction to performance measurement”, 68th IFLA Council and General Conference, August, acedido em 21/ 4/ 2009, disponível em http://www.ifla.org/IV/ifla68/papers/028-97 e.pdf - TODD, Ross (2002), “School librarian as teachers: learning outcomes and evidence- based practice”, 68th IFLA Council and General Conference, August, acedido em 21/ 4/ 2009, disponível em http://www.ifla.org/IV/ifla68/papers/084-119e.pdf -Texto da sessão disponibilizado na plataforma pelas formadoras
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