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problema
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o modelo O sistema de transporte de Curitiba, metodicamente construído durante as últimas três décadas, está entre os mais eficientes de todo o mundo. Apenas para citar um, entre os muitos exemplos desse reconhecimento, destacamos aqui o recente estudo “The Millennium Cities Database for Sustainable Transport”, realizado pela VITP (Associação Internacional do Transporte Público), com sede em Bruxelas, Bélgica.
um dos mais eficientes sistemas de transporte do mundo
A pesquisa abrangeu mais de 200 indicadores, coletados em 100 cidades dos cinco continentes, para concluir que Curitiba é exemplo a ser mundialmente seguido, pois provou ser possível conciliar crescimento demográfico e econômico com melhoria das condições do transporte público e aumento da qualidade de vida. De acordo com a VITP, Curitiba “tem assegurada a sua capacidade de encontrar soluções para a mobilidade de seus habitantes dentro de um modelo sustentável”.
Após levantar dados sobre população, economia e estrutura urbana, número de veículos, sistema viário, áreas de estacionamento, sistema (oferta, uso e custo), mobilidade individual e escolha do tipo de transporte, eficiência e impacto no desenvolvimento (duração, consumo de energia, acidentes, poluição), a entidade internacional enalteceu o modelo praticado por Curitiba, cujas políticas de transporte permitiram um crescimento ordenado da cidade ao longo dos seus grandes eixos, especialmente as canaletas exclusivas. 05
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Entre os itens estudados, mereceu destaque a RIT (Rede Integrada de Transporte), com uso de estações-tubo e plataformas no mesmo nível dos veículos, permitindo fácil acesso e rapidez no embarque/desembarque de passageiros. Média de velocidade dos ônibus da RIT aferida pelos pesquisadores:
22,41 km/h
Curitiba
14,33 km/h
Rio de Janeiro
15,43 km/h
São Paulo
16,95 km/h
Cidade do México
18,55 km/h
Madri
20,22 km/h
Los Angeles
No Ligeirinho, a média é ainda maior, 32 km/h, o que representa quatro passageiros por segundo e uma hora de economia diária por usuário. No quesito velocidade, Curitiba perdeu apenas para as metrópoles que utilizam intensivamente o sistema de metrôs.
Como resultado direto dessa gestão eficiente do sistema, somada a obras de engenharia, ações de fiscalização e educação para o trânsito, os congestionamentos são reduzidos. Curitiba, ainda segundo números do estudo, tem um dos tráfegos de maior fluidez comparado a outras cidades do Brasil e do mundo.
Velocidade média do trânsito em cidades do Brasil e do mundo:
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40 km/h
Curitiba
24,10 km/h
São Paulo
30 km/h
Rio de Janeiro
22,5 km/h
Cidade do México
18 km/h
Caracas
38,50 km/h
Nova Iorque
35,10 km/h
Madri
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diante de o modelo novos desafios Mesmo possuindo um sistema de transporte coletivo nacional e internacionalmente reconhecido, o trânsito da cidade não poderia escapar incólume de uma tendência que marca profundamente todas as metrópoles brasileiras: o crescimento exponencial do tráfego de veículos particulares. Em Curitiba, esses números são ainda mais assustadores. Devido ao crescimento econômico e ao expressivo aumento da renda per capita alcançados nas últimas décadas, a cidade possui hoje perto de 800 mil automóveis, um para cada dois habitantes, muitíssimo superior, portanto, à média nacional, que é de um veículo para cada cinco habitantes.
Ainda que o planejamento urbano ajude a reduzir o impacto negativo dessa incômoda presença em suas ruas, Curitiba se depara com algumas situações de trânsito mais lento, perigoso e estressante. Na visão extremamente crítica e exigente de sua população, a cidade já apresenta, inclusive, pontos de “engarrafamento” em determinados locais e horários.
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Segundo pesquisa da URBS, mais de 70% dos deslocamentos diários dos curitibanos são da casa para o trabalho e da casa para a escola, trajetos que, em uma cidade totalmente interligada pelo sistema de transporte coletivo, dispensariam o uso do carro. Colabora para essa preferência um forte componente sociocultural, que leva as pessoas a verem o seu automóvel não como simples meio de transporte, mas como símbolo de status social, estabelecendo uma relação competitiva que acaba por causar transtornos ao tráfego e prejudicar a qualidade de vida como um todo.
Trata-se de uma progressão geométrica que nem mesmo a mais capacitada engenharia de trânsito é capaz de equacionar, já que os automóveis ocupam, por pessoa transportada, 23 vezes mais espaço nas ruas do que os ônibus, resultando em uma série de desperdícios que consome, anualmente, mais de 6% do PIB nacional. Essa desigualdade social na utilização de um bem público, as ruas, é confirmada por um dado revelador levantado pela CNT (Confederação Nacional dos Transportes): os veículos particulares ocupam 58,3% do espaço viário, mas carregam somente 20,5% dos cidadãos.
Outros dados concretos, extraídos de amplo estudo do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), realizado em dez grandes cidades brasileiras, indicam que os problemas no trânsito são responsáveis por prejuízos anuais de 250 milhões de horas, 251 milhões de litros de gasolina, além da emissão de 122 milhões de litros de monóxido de carbono e 11 mil toneladas de hidrocarbonetos. Ao comparar a situação dos automóveis e dos ônibus, o mesmo estudo mostra que o prejuízo causado pelo transporte coletivo é de 7 milhões de litros de combustível com a emissão de 0,7 mil toneladas de monóxido de carbono e 0,3 mil toneladas de hidrocarbonetos.
Apesar de Curitiba apresentar um dos menores índices de perdas do Brasil, a Prefeitura da cidade assumiu um compromisso com o futuro, trabalhando não apenas para enfrentar esse grave problema dos dias de hoje, mas para manter-se na vanguarda mundial do setor, melhorando suas condições de trânsito e preservando a mobilidade urbana que a sua comunidade já conquistou.
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solução
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dia educação para a sem carro mobilidade sustentável A Prefeitura de Curitiba, em busca de uma apropriação mais eqüitativa do espaço e do tempo na circulação urbana e confirmando a sua política de priorizar os modos de transporte coletivo, a pé e de bicicleta, em relação ao automóvel particular, decidiu participar da Jornada Internacional Um Dia Sem Meu Carro. O evento teve origem na França no ano de 1997 e, em 2003, envolveu cerca de duas mil cidades de 26 países, entre eles, pela primeira vez, o Brasil, sob a coordenação da ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos) e do Instituto Rua Viva, uma organização não-governamental que difunde os princípios da mobilidade sustentável. A Jornada Internacional, realizada de modo simultâneo, em todo o mundo, sempre em 22 de setembro, estimula as pessoas a não utilizarem os seus carros e experimentarem outros meios de transporte durante esse dia. O Dia Sem Carro foi lançado em Brasília, em agosto deste ano, pelos Ministros das Cidades, Olívio Dutra, e do Meio Ambiente, Marina Silva, tendo sido o Prefeito de Curitiba escolhido para falar em nome de todas as administrações municipais do País por representar uma cidade onde o fomento ao uso racional do carro já é uma política pública consolidada.
Em Curitiba, o Dia Sem Carro foi projetado para cumprir duas funções básicas, fortemente integradas: Ser um momento de reflexão para que as pessoas, ao vivenciarem a cidade com mais qualidade de vida, menos ruídos, poluição e estresse, pudessem também antever e desejar um dia-a-dia mais saudável no futuro. Dar oportunidade para o cidadão conhecer melhor um sistema de transporte reconhecido mundialmente e comprovar a viabilidade prática de utilizar no seu dia-a-dia os outros meios de locomoção que Curitiba oferece.
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A mecânica do evento consistiu na demarcação de áreas restritas exclusivamente à circulação de ônibus, táxis e serviços essenciais das 7h às 18h do dia 22 de setembro. Toda a área central da cidade foi fechada, com concentração das atividades em torno da Rua XV de Novembro, no trecho exclusivo de pedestres. Entre as inúmeras atividades realizadas pela Prefeitura no Dia Sem Carro estavam:
• Prestação de serviços à sociedade em barracas instaladas pelas Secretarias Municipais de Saúde, Meio Ambiente, Esporte e Lazer e da URBS. • Apresentações culturais com shows de música, dança e teatro. • Exposições nas praças da zona sem tráfego de automóvel, contando a história dos locais. • Distribuição de mudas de plantas fitoterápicas e de árvores nativas. • Distribuição de texto sobre poluição ambiental para as escolas municipais. • Exposição sobre a história da Rua XV. • Sessões de exercícios de consciência corporal para adultos e crianças pela manhã, no almoço e à tarde. • Atividades lúdicas com crianças sobre o tema “Trânsito”. • Parceria com estacionamentos particulares para guarda de bicicletas. • Realização de blitz com distribuição de material educativo.
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No Centro, a zona livre de automóveis atingiu 72 quadras da Praça Osório à Santos Andrade, passando por ruas normalmente movimentadas, como a Marechal Deodoro e a Cruz Machado. Nos bairros, foram quatro as áreas atingidas: Sítio Cercado, Santa Quitéria, Hauer e Capão Raso.
Além de promover diversas atividades em todas as áreas reservadas e estimular a participação de empresas privadas e escolas no evento, a Prefeitura de Curitiba reforçou a frota usual com 135 ônibus extras, para bem atender os motoristas que deixaram o carro em casa, representando um reforço de 145 mil lugares e 800 viagens a mais durante todo o dia.
Para conquistar a maior adesão possível dos motoristas curitibanos ao evento e motivá-los a deixar o carro na garagem em plena segunda-feira, a Prefeitura veiculou uma ampla campanha de divulgação, que integrou anúncios em jornal com contagem regressiva, encarte com jogos e brincadeiras para crianças, cartazes para mobiliário urbano, banners em postes de iluminação, faixas de rua, camisetas e flyers. Complementando a comunicação, uma série de criativos spots e filmes para televisão dava voz aos próprios automóveis para que eles mesmos convencessem os seus donos a deixá-los em casa no dia 22 de setembro.
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Rua Marechal Deodoro, área livre de automóveis no Dia Sem Carro 14
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área restrita à circulação de ônibus, táxis e serviços essenciais 15
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a população aproveitou para vivenciar a cidade com menos ruído, poluição e estresse 16
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os cidadãos utilizaram ônibus e comprovaram sua eficiência 17
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crianças participaram de atividades lúdicas sobre o tema “Trânsito” 18
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barracas instaladas pelas Secretarias Municipais prestaram serviços à população
os Bairros Sítio Cercado, Santa Quitéria, Hauer e Capão Raso aderiram ao evento 19
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blitz com distribuição de material educativo
Estação de Monitoramento da Qualidade do Ar na Rua das Flores 20
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marca da campanha 21
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cartazes para mobiliário urbano 22
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Dê folga para o seu carro.
Deixe-se levar.
banners
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flyer
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Embarque no transporte coletivo que é exemplo para o mundo.
Participe das atividades culturais, exposições, shows musicais e exibições de teatro que vão animar as ruas e praças do centro da cidade durante todo o dia. Livre circulação para ônibus, táxis e veículos de serviços.
cartaz
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Caminhe, pedale, corra, viva, respire Curitiba!
outdoor
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camiseta
Deixei meu carro
Deixei meu carro
em casa.
em casa.
adesivos
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faixas de rua
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Homem jovem entra no carro, coloca o cinto, liga o rádio e imediatamente ouve uma voz bem preguiçosa: - Ai... Mais um dia daqueles. O sujeito se assusta, mexe no rádio e a voz continua: - Não adianta mexer aí não, sou eu, seu carro que está falando. Homem fica paralisado olhando para todos os lados e a voz não pára: - Todo dia a mesma coisa. Você não cansa não? (pequena pausa). Não que eu seja preguiçoso, mas bem que você podia ir trabalhar de ônibus, né? Às vezes, eu fico imaginando o quanto você gasta. Gasolina, estacionamento, óleo, revisão... Voz do carro cai a BG. Entra assinatura: Dê folga para o seu carro. Embarque no melhor transporte coletivo do Brasil. 22 de setembro. Dia Sem Carro. Deixe-se levar.
Filme “Dia Sem Carro”
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Manobrista estaciona um carro em um pátio de estacionamento cheio de automóveis e sai. Close na buzina do carro. Voz do carro: - Bi, bi. Ei, companheiro! Ouviu o rádio hoje? Eu escutei que na próxima segunda é o Dia Internacional Sem Carro. Outro carro: - Dia sem carro? (liga o alerta) Burburinho geral no estacionamento, todos os carros comentam. O comentário vira uma festa de buzinas e gritos de comemoração. Carro bem prequiçoso: - Oba! Vou ficar em casa (acende a lanterna bem devagarinho e apaga). Mais um carro comemora: - Iurú! Dia 22! (mexe o limpador de párabrisa) Outro carro comemora: - Beleza! Bi, bi. O manobrista volta para ver o que é o tumulto e todos os carros ficam quietos. O manobrista olha, não vê ninguém e vai embora. Entra a assinatura: Dê folga para o seu carro. 22 de setembro. Dia Sem Carro. Deixe-se levar.
Filme “Estacionamento”
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resultado
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o começo
de uma nova revolução urbana Os expressivos resultados da Campanha Dia Sem Carro em Curitiba surpreenderam até mesmo o mais otimista dos organizadores. Além do excepcional índice de redução de veículos na rua, o maior alcançado no mundo em todas as edições do evento, chamou a atenção a adesão voluntária de vários segmentos da comunidade à campanha, fato que ajudou a ampliar ainda mais o seu alcance.
A cuidadosa preparação, o comprometimento das equipes envolvidas e a compreensão popular em torno dos objetivos do evento fizeram do Dia Sem Carro um evento marcante, que abre uma discussão fundamental para o futuro da qualidade de vida e do bem-estar da população de Curitiba e prenuncia o estabelecimento de uma nova visão sobre uma ocupação mais democrática e humana do espaço urbano de nossas ruas.
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Um verdadeiro sucesso, feito de educação, atitudes e grandes números. Alguns deles: A Central de Táxi informou um aumento de 25% na demanda do serviço.
Juízes e funcionários da Justiça Federal de Curitiba foram ao trabalho de ônibus, de bicicleta ou a pé. Além disso, instituíram promoção na qual quem aderisse ganhava uma camiseta alusiva e doava um quilo de alimento. Os poucos que foram trabalhar de carro doavam dois quilos a título de “Pedágio da Solidariedade”. Também organizaram sessões de ginástica laboral em frente ao prédio da instituição e distribuíram mudas de plantas ao público.
Participação voluntária: em diversos pontos do centro da cidade, os alunos e os professores de engenharia do UnicenP mediram temperatura, pressão, umidade, luminosidade e velocidade do vento para comparar posteriormente com imagens de satélite da Engesat.
Quase 100 mil dos 227 mil veículos de passeio que normalmente circulariam em uma segunda-feira deixaram de rodar pela cidade. No dia 22 de setembro, 1.172.000 passageiros utilizaram ônibus, contra a média de 1.088.122.
A RIT teve o reforço de 135 ônibus (7% da frota), que fizeram 800 viagens acima da média.
Equipes do PIQV (Programa Institucional de Qualidade de Vida) da UFPR passaram o dia na Praça Santos Andrade, fazendo avaliação física, medindo pressão e percentual de gordura corporal, além de oferecer sessões de massagens relaxantes, com duração média de 20 minutos, para quem estivesse caminhando pelo centro da cidade.
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Alunos e professores do Curso de Fisioterapia da Universidade Tuiuti montaram postos em vários pontos da Rua das Flores, fazendo testes de função pulmonar e medição do nível de monóxido de carbono e capacidade respiratória.
As reclamações de trânsito feitas por telefone baixaram para sete, contra 50 em outras segundas-feiras.
42% dos motoristas curitibanos aderiram ao movimento, deixando os seus carros em casa e utilizando outros meios de locomoção, recorde mundial do evento. O índice médio em outras cidades foi de 30%. Os ônibus da RIT (Rede Integrada de Transporte) atenderam, sem atropelos, 84 mil passageiros a mais do que a média usual.
Medição do nível de ruído feita na esquina da Avenida Marechal Floriano Peixoto com a Rua Marechal Deodoro mostrou que, às 10h40 do dia 22 de setembro de 2003, foram registrados 70 decibéis. No dia 17 do mesmo mês, em horário idêntico, foram medidos 75 decibéis. Em alguns momentos do Dia Sem Carro, o nível chegou a 60 decibéis.
Comerciantes aproveitaram o grande movimento de pessoas a pé no Dia Sem Carro para fazer promoções especiais.
Na esquina da Avenida Marechal Floriano Peixoto com a Rua XV de Novembro, o Instituto de Pesquisa Lactec realizou monitoramento, registrando expressiva melhoria na qualidade do ar durante o evento.
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