Portugal com a sétima maior taxa de desemprego da UE em Janeiro No primeiro mês do ano, a taxa de desemprego nacional, ajustada de variações sazonais, ascendeu aos 7,5%, menos 0,1 ponto percentual do que em Dezembro. Pedro Duarte Segundo os dados hoje divulgados pelo Gabinete Europeu de Estatística (Eurostat), em Janeiro as maiores taxas de desemprego anuais foram verificadas na Suécia (10,4%), Espanha (8,8%), Polónia (8,6%), Grécia (8,2%, mas estando apenas disponíveis os dados até ao terceiro trimestre do ano), França (7,8%) e Alemanha (7,6%). No mês em análise, as menores taxas de desemprego foram verificadas na Holanda (2,9%) e Dinamarca (3,1%). Para a totalidade da União Europeia a Vinte e Sete, a taxa de desemprego de Janeiro atingiu os 6,8%, enquanto que para a zona euro esta manteve-se estável nos 7,1%. O Eurostat adianta que, em 2007, 24 Estados-membros da UE registaram quebras nas suas taxas de desemprego e três um aumento, tendo as maiores descidas sido verificdas na Polónia (de 11,1 para 8,6%), Bulgária (de 7,8 para 6,2%) e Letónia (de 6,6 para 5,0%) enquanto a maior subida foi verificada Taxa de desemprego em 2008 deve ser a menor em seis anos A taxa de desemprego deverá ficar em 8% neste ano, em média, 1,3 ponto porcentual abaixo da registrada em 2007. Se isso ocorrer, será a menor dos últimos seis anos, segundo estimativas da LCA Consultores. Desde 2003, de acordo com a Pesquisa Média de Emprego (PME) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa média anual de desocupação caiu substancialmente - 12,3% para 11,5% em 2004, 9,8% em 2005, 10% em 2006, 9,3% em 2007. De janeiro a agosto deste ano a taxa média de desemprego no Brasil está em 8,2%. A previsão foi feita ontem depois de o IBGE ter divulgado que em agosto a taxa de desocupação nas seis regiões metropolitanas pesquisadas foi de 7,6%, uma redução de 0,5 ponto percentual em relação a julho (8,1%) e de 1,9 ponto percentual em relação a igual mês de 2007 (9,5%). Esta foi a menor taxa de desocupação registrada para um mês de agosto desde 2002. A redução de 0,5 ponto percentual foi a maior queda apurada para a passagem julho/agosto – em anos anteriores, prevaleceu a estabilidade. O IBGE calcula a nova série da PME desde outubro de 2001, mas os dados são divulgados a partir de março de 2002 e a taxa média anual é conhecida a partir de 2003.
Vários fatores vêm contribuindo para essa redução da taxa do desemprego, afirma o economista da LCA, Fábio Romão. A taxa de desemprego ter saído de 9,5% para 7,6% em agosto de 2007 contra igual mês deste ano é um ótimo diferencial, acentua. "Esse dado expressa uma tendência que já vinha acontecendo desde o início deste ano", acrescenta. O melhor diferencial foi maio contra maio - 10,1% para 7,9%. Bom momento Para o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), os dados de emprego do IBGE indicam que o aquecimento da atividade econômica do País vem produzindo diferentes efeitos sobre o mercado de trabalho. "Inicialmente, pode-se observar que há uma notícia bastante positiva com relação à taxa de desocupação", afirmam os integrantes do instituto em nota divulgada ontem. "Pelo bom momento da economia, é bem possível que o recorde seja batido antes de dezembro, que é um mês imbatível", afirmou o economista do IBGE, Cimar Azeredo Pereira. Apesar do turbulento cenário internacional, o forte ritmo de atividade da economia brasileira garantiu uma queda acentuada da taxa de desemprego em agosto. No segundo trimestre do ano, o Produto Interno Bruto (PIB) do País surpreendeu, ao registrar um crescimento de 6,1% em relação ao apurado no mesmo período do ano passado. Na opinião de Pereira, a pesquisa divulgada ontem pelo IBGE mostra que a economia brasileira ainda não aponta sinais dos efeitos da crise financeira internacional sobre o mercado de trabalho. Caso esse panorama se mantenha, a taxa de desemprego pode fechar 2008 com o melhor resultado em seis anos. "Tem que acontecer uma situação muito crítica para que a taxa de desemprego não fique inferior a do ano passado", disse o economista. Segundo o IBGE, entre julho e agosto foram gerados 152 mil postos de trabalho nas regiões metropolitanas pesquisadas. Na comparação com agosto do ano passado, a criação de empregos somou 771 mil. A taxa total de pessoas empregadas subiu 0,7%, para 21,8 milhões de pessoas. Na comparação com igual mês de 2007, o aumento foi de 3,7%. O total de desempregados, por sua vez, caiu 6,1% em relação a julho e 19,2% frente ao apurado no mesmo período do ano passado, somando um total de 1,8 milhão de pessoas. Economia segue forte Ontem, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) apontou que a economia brasileira pode crescer este ano em ritmo mais forte do que o inicialmente previsto.
Oficialmente, a instituição ligada à Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, mantém como teto de sua projeção um crescimento de 5,2% para o PIB neste ano, mas economistas do próprio Ipea admitem que diante dos bons resultados registrados na primeira metade do ano, o teto pode ser superado. "Pelo exercício que fizemos, é possível que o teto seja furado", afirmou Marcelo Nonnenberg, economista do instituto. A economia brasileira cresceu 1,6% no segundo trimestre frente aos três primeiros meses do ano, e 6,1 por cento em relação ao mesmo período do ano passado. Segundo Mello, mesmo que a expansão da atividade econômica, trimestre a trimestre, passe para algo como 0,5% na segunda metade do ano, isso já garantiria um crescimento de 5,1% do PIB brasileiro. Mesmo considerando a crise nos mercados financeiros internacionais e o ciclo de aperto monetário no país, Nonnenberg aposta que o crescimento brasileiro em 2008 não será afetado. "As projeções de todo mundo estão sendo refeitas e o impacto desses fatores ficarão para 2009, mas o nível de crescimento em 2009 continuará elevado", afirmou o economista.
Desemprego de licenciados: O Ministro da Ciência e Ensino Superior afirmou (3/04/2008) que "o número de profissionais que sai dos cursos superiores todos os anos para o mercado de trabalho não chega e são todos absorvidos pelo mercado". Os dados disponíveis demonstram que uma coisa é o convencimento do Senhor Ministro, outra são os números do INE e do IEFP que não só desmentem esta afirmação como confirmam o aumento do número de desempregados licenciados. Em 2007 eram mais de 59 mil os licenciados no desemprego, tendo aumentado quase 30% em relação a 2005 (ano em que o Governo PS/Sócrates entrou em funções). Nesse ano havia 46 mil licenciados desempregados. Entre as mulheres o aumento foi de quase 41% entre 2005 e 2007. Os outros graus de ensino não tiveram aumentos tão elevados. População desempregada por nível de escolaridade completo (milhares) Sexo 2005
2007 Variação Portugal 2007/2005 % Até ao básico - 3º ciclo HM 311,2 320,2 2,9 Secundário e pós-secundário HM 64,8 69,1 6,6 Superior HM 46,2 59,3 28,4 H 16,7 17,6 5,4 M 29,6 41,7 40,9 Fonte: INE, Estatísticas do Emprego A taxa de desemprego dos diplomados com o ensino superior (7,5%) aumentou também em relação a 2005, estando a aproximar-se da taxa global (cujo valor é 8%). Entre as mulheres licenciadas a taxa de desemprego atinge os 8,8%. Tal como em relação aos números absolutos, foi também entre os licenciados que a taxa de desemprego mais cresceu entre 2005 e 2007 (1,2 pontos percentuais face a 0,2 pontos percentuais nos outros graus de ensino). Taxa de desemprego por grupo etário, sexo e nível de escolaridade completo (%)
Portugal Sexo 2005 2007
Até ao básico - 3º ciclo HM 7,8 8,0 Secundário e pós-secundário HM 8,0 8,2 Superior HM 6,3 7,5 H 5,6 5,5 M 6,8 8,8 Fonte: INE, Estatísticas do Emprego Até os dados do desemprego registado nos centros de emprego do IEFP - que o Governo tem manipulado com objectivo de afirmar que existe uma baixa do desemprego confirmam que não só uns largos milhares de licenciados estão no desemprego, como que se verificou um aumento entre Fevereiro de 2005 e Fevereiro de 2008. Segundo afirma o IEFP em Fevereiro de 2008 estavam inscritos nos centros de emprego 38.864 desempregados com habilitação superior, número que era de 37.528 três anos antes, ou seja, antes do Governo ter tomado posse. Relativamente à afirmação do Senhor Ministro que "muitas vezes (?) o primeiro emprego não é aquele que [muitos jovens] gostariam de ter, (?) e que nós praticamente não temos, ao fim de cada ano de saídas do ensino superior, ninguém desempregado", importa referir o seguinte:
- Segundo o IEFP[1], em Fevereiro de 2008 estavam inscritos nos centros de emprego 9.129 desempregados com habilitação superior, correspondendo a 23,5% do total do desemprego entre os licenciados; - Muitos jovens que entraram no mercado de trabalho foram forçados a aceitar empregos não qualificados e mal remunerados ou sem qualquer correspondência com a formação académica adquirida e outros empurrados a optar pela emigração. Num País com um elevado défice de pessoas qualificadas impõe-se uma mudança de política que aposte na formação e na criação de emprego de qualidade que assegure a integração destes e de outros trabalhadores com formação superior.
65 mil licenciados no desemprego
A taxa de desemprego nos jovens com habilitações superiores continua a aumentar. Do segundo para o terceiro trimestre deste ano, mais 15 mil ficaram sem trabalho, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística. Em Portugal há 440 mil desempregados. Ter mais habilitações literárias já não dá garantias de um lugar no mercado de trabalho. A prova disso é que a taxa de desemprego continua a aumentar entre os licenciados. No terceiro trimestre deste ano eram quase 65 mil, mais 15 mil do que no segundo trimestre de 2007. Em relação ao mesmo período de 2006 há mais 11 mil licenciados sem trabalho. O cenário é ainda pior para os que concluíram o Ensino Básico: quase 313 mil estão desempregados, mais 20 mil do que no período homólogo. Apesar de a taxa ter registado uma diminuição relativamente a 2006, ainda há 67 mil pessoas com um nível de escolaridade correspondente ao Ensino Secundário e pós-secundário à procura de emprego. Relativamente ao mesmo período do ano passado verificou-se um aumento nas pessoas que estão à procura de um novo emprego, mais 31 mil. No terceiro trimestre deste ano 382 mil procuravam uma nova ocupação. A taxa é consideravelmente inferior no que diz respeito aos que estavam à procura do primeiro emprego, cerca de 62 mil, menos quatro mil do que em 2006. São sobretudo os jovens entre os 25 e os 34 anos que figuram entre os desempregados, totalizando 137 mil. Seguem-se os indivíduos com mais de 45 anos. Em relação a 2006, estes dois grupos continuam a registar a maior subida na taxa de desemprego. O desemprego afecta sobretudo as mulheres, cerca de 247 mil. Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística, a taxa de desemprego das mulheres situa-se nos 9,3% e a dos homens nos 6,6%.
Quanto à distribuição geográfica, a região Norte continua a ser a mais negra, registando a taxa de desemprego mais elevada (9,5%). Segue-se Lisboa (9,2%) e o Alentejo (7,3%). É fora de Portugal continental que se regista o menor número de desempregados, no arquipélago dos Açores. Do mesmo já não se pode gabar a Madeira, com uma taxa de desemprego elevada, a situar-se nos 6,8%. No terceiro trimestre do ano havia 444 mil desempregados em Portugal, isto é, mais 27 mil do que no mesmo período de 2006.