Síndrome Dispéptica - 17.02.2016.docx

  • Uploaded by: Alex Caliman Ribeiro
  • 0
  • 0
  • April 2020
  • PDF

This document was uploaded by user and they confirmed that they have the permission to share it. If you are author or own the copyright of this book, please report to us by using this DMCA report form. Report DMCA


Overview

Download & View Síndrome Dispéptica - 17.02.2016.docx as PDF for free.

More details

  • Words: 2,306
  • Pages: 8
CIRURGIA – VOLUME 2 17.02.2016

Síndrome Dispéptica Para que a Síndrome Dispéptica seja caracterizada, é necessário pelo menos 01 dessas características:   

Dor/queimação epigástrica Plenitude pós-prandial Saciedade precoce

As principais causas desta síndrome são: 1. 2. 3. 4. 5.

Refluxo Úlcera Péptica Câncer Doença Biliar Dispepsia Funcional

Indicações iniciais de EDA no paciente com Síndrome Dispéptica são características que aumentam a chance de doença maligna (câncer):  

Idade > 45 anos Presença de sinais de CA: Emagrecimento, anemia, disfagia e odinofagia.

CASO 6: 1) 2) 3) 4) 5) 6) 7)

Doença do Refluxo Gastroesofágico, pela presença de pirose e regurgitação. EDA, pois o paciente possui > 45 anos. IBP, diminuição do peso e elevar a cabeceira. Reavaliar em 8 semanas. Retratar com dose dobrada e, se refratário, avaliar cirurgia. Estenose péptica e Adenocarcinoma. Estenose péptica associada a Esôfago de Barret (Metaplasia Intestinal). Sem displasia: EDA 3-5 anos | Displasia de baixo grau: Ablação endoscópica (ou EDA 12/12 meses) | Displasia de Alto Grau: Ablação Endoscópica. 8) Melhorado, pois o esôfago de Barret “protege” melhor o esôfago distal do refluxo.

DOENÇA DO REFLUXO GASTROESOFÁGICO Todas as pessoas apresentam refluxo, entretanto, na maioria das vezes é FISIOLÓGICO. Para a ocorrência de DRGE é necessário a ocorre a perda dos seguintes mecanismos antirrefluxo:  

EEI: Hipotonia, relaxamento inadequado Junção esôfago-gástrica alterada (por exemplo, na hérnia de hiato)

o Quadro Clínico: 1. Esofagiano:

A acidez do estômago é refluída para o esôfago, causando lesão mucosa, o que gera diferentes sintomatologias e complicações: Pirose, regurgitação  SINTOMAS TÍPICOS. Complicações (só se encontram presentes em 50% dos pacientes): Esofagite, úlcera, estenose péptica (disfagia), esôfago de Barret. 2. Extra-esofagiano: Faringite, rouquidão, tosse crônica, broncoespasmos, pneumonia de repetição, etc.  SINTOMAS ATÍPICOS. o

Diagnóstico:

O diagnóstico é exclusivamente CLÍNICO. 

Endoscopia Digestiva Alta:

EDA normal NÃO exclui a doença. É apenas realizado para excluir complicações da DRGE, principalmente o câncer. Sempre indicado nas seguintes situações:  



Idade > 45 anos Sinais de alarme: Regra mnemônica IHH... O ALARME! a) I: Idade b) H: História Familiar de câncer c) H: Hematêmese d) O: Odinofagia e Disfagia e) A: Anemia f) L: infadenopatia g) A: Amarelão h) R: Rauuul (vômito de repeticção) i) M: Massa j) E: Emagrecimanto Refratariedade ao tratamento

o 1. 2. 3. 4.

Complicações (diagnosticadas na EDA): Esofagite Úlcera Estenose Esôfago de Barret: Uma área esofagiana sofre uma troca do epitélio escamoso estratificado para o epitélio colunar do tipo intestinal  Metaplasia Intestinal. O diagnóstico desta etiologia é através da Histologia, sendo apenas SUGERIDA pela EDA pela visualização de uma área na cor vermelho-salmão. É o principal fator de risco para o adenocarcinoma e é considerado uma Lesão PréAdenocarcinomatosa.

o 

Tratamento: Medidas Comportamentais Antirrefluxo:

Atualmente, as principais medidas são INDIVIDUALIZADAS. O paciente tem que evitar alimentos que desencadeiam seu refluxo e elevar a cabeceira caso os sintomas ocorram principalmente à noite. Algumas medidas ainda universais são: Perder peso, evitar comer 2-3 horas antes de deitar e refeições fracionadas. 

Tratamento Farmacológico:

Objetivo: Reduzir acidez | Duração: 8 semanas. 1. Prócinético: Aceleram o transito intestinal, diminuindo o conteúdo gástrico. Mas NÃO possui beneficio comprovado, logo não é mais utilizado. Exemplo: Domperidona, Plasil. 2. Inibidor de Bomba de Próton (IBP) em “dose plena”: Omeprazol 20mg, Pantoprazol 40 mg, Esomeprazol 40 mg e Lansoprazol 30 mg. O ideal é ser prescrito em jejum pela manhã, 30 minutos antes das refeições. Caso haja recorrência após o término da medicação  IBP “sob demanda” (quando o paciente se tornar mais sintomático, voltar a utilizar o medicamento) ou crônico (menos utilizado). Sem melhora  IBP “dose dobrada” 2x ao dia. 

Tratamento Cirúrgico: o Indicações:  Refratariedade (sintoma mesmo com IBP 2x)  Alternativa ao uso crônico  Complicações: Estenose | Úlcera (Barret NÃO é indicação consensual para cirurgia)

É utilizado a FUNDOPLICATURA, capaz de aumentar a pressão no esfíncter, dificultando o refluxo. A melhor técnica cirúrgica é a Fundoplicatura de Nissen (360°). Para a realização da cirurgia é ESSENCIAL a realização de dois exames complementares,  

Phmetria de 24 horas: Padrão-ouro para confirmar a doença. Esofagomanometria: É importante para auxiliar o cirurgião na escolha da técnica. É importante observar se o paciente apresenta alguma dismotilidade esofagiana pré-cirurgia, pois na Fundoplicatura de Nissen, pode ocorrer hipertonia do EEI, podendo evoluir para Acalásia. o Amplitude de peristalse distal < 30 mmHg o < 60% de atividade peristáltica no esôfago distal

Assim, nestes pacientes em que são diagnosticados tais alterações pela esofagomanometria, são utilizadas Fundoplicaturas Parciais, que podem ser anteriores (Dor|Thal) ou posteriores (Thoupet|Lind).  Tratamento do esôfago Barret: Metaplasia intestinal  Displasia de Baixo Grau  Displasia de Alto Grau (CA in situ)  Adenocarcinoma Invasivo. É utilizado Inibidor da Bomba de próton 1x/dia. Metaplasia intestinal Displasia de Baixo Grau Displasia de Alto Grau (CA in situ) Adenocarcinoma Invasivo Este tratamento é NOVO, NÃO está na apostila!

EDA 3-5 anos Ablação Endoscópica (ou EDA 12 meses) Ablação endoscópica Aula de CA

CASO 7: 1) Sim, paciente > 45 anos. 2) Biópsia | Terapia antissecretora por 4-8 semanas | Pesquisa do H. pylori (obrigatória para Úlcera) e se positivo realizar erradicação da bactéria. 3) Nova EDA para controle de cura da úlcera gástrica e do H. pylori. 4) Inibidores seletivos da COX-2 (coxibes: etoricoxibe, celecoxibe, parecoxibe), pois a inibição da COX-1 reduz a síntese de prostaglandinas importantes na barreira mucosa.

ÚLCERA PÉPTICA É uma doença do estômago e duodeno. Quadro Clínico:

 

Úlcera Gástrica Úlcera Duodenal Dispepsia piora com a alimentação Dispepsia pior 2-3 horas após alimentação e à noite < 45 anos e sem sinais de alarme: Diagnóstico presuntivo. > 45 anos ou com sinais de alarme: EDA.

Se for Úlcera Gástrica devemos SEMPRE biopsiar e realizar controle de cura (nova EDA) após o tratamento, pois a biópsia pode não pegar o CA. o

Fisiopatologia:

A úlcera ocorre por um desbalanço entre a Barreira Mucosa e os Fatores Agressores.  

Fator de agressão: ACIDEZ Fatores Facilitadores: H. pylori e AINES

A principal formação do ácido é no Fundo Gástrico, onde há maior concentração das Células Parietais, que são as responsáveis pela produção do ácido. No antro, existem as células G que são produtoras de Gastrina responsáveis por estimular as Células Parietais. No antro e no corpo, existem as Células D que produzem Somatostatina, responsável por inibir a produção de Gastrina pela Cél. G. Além da gastrina, a histamina, produzida pela Célula ECL, e a acetilcolina também são importantes na estimulação da Célula Parietal. Para reduzir a acidez podemos utilizar:  Inibidor de Bomba de Próton  Bloqueador Histamínico  Antrectomia e vagotomia  Mecanismo de ação dos Anti-inflamatórios: São capazes de inibir a COX (ciclooxigenase). 1. COX-1: Prostaglandinas do bem  Importante na formação da Barreira Mucosa. Sua inibição é RUIM, pois facilita a agressão do ácido ao epitélio.

2. COX-2: Prostaglandinas do mal  Inflamação, favorecendo a formação da úlcera. 

Tipos de AINES:  Inibidores não-seletivos: Inibem tanto a COX-1 quanto a COX-2.  Inibidores seletivos da COX-2: Podem causar agregação plaquetária, pó isso seu uso é limitado.

 Mecanismo de ação do H. pylori: Existem 2 mecanismos de agressão principais: 1. A bactéria é capaz de infectar inicialmente o ANTRO, levando a destruição da Célula D (diminui a somatostatina, importante por inibir a Gastrina)  Hipercloridria  Úlcera péptica. 2. Posteriormente, há a disseminação da bactéria com destruição da Célula Parietal (diminuindo a acidez)  Hipocloridria + Diminuição da Barreira  Úlcera péptica. O H. pylori também é capaz de estimular aos Linfócitos B, favorecendo o aparecimento do Linfoma MALT, logo o tratamento inicial se baseia na erradicação da bactéria.   

Diagnóstico: Por endoscopia (Testes invasivos): Teste da Urease na biópsia | Histologia | Cultura. Sem endoscopia (Testes não-invasivos): Teste da Ureia Respiratória | Ag fecal | Sorologia (esta NÃO pode ser utilizada como controle de cura da infecção, pois o anticorpo pode permanecer positivo durante meses, anos ou para sempre).

 Tratamento: o Indicações de erradicação da bactéria:  Úlcera péptica  Linfoma MALT  Dispepsia Funcional  Prevenção de Adenocarcinoma Gástrico: Pós-gastrectomia por CA, Metaplasia intestinal do estômago, Parente de primeiro grau com CA  Uso crônico de AAS/AINES e alto risco de úlcera O esquema de primeira escolha no Brasil é: 1. Claritromicina 500 mg 2x/dia 2. Amoxicilina 1g 2x/dia 3. Omeprazol 20 mg 2x/dia o

Por 7 dias

Controle de Cura:

É obrigatório na Úlcera péptica e no Linfoma MALT. É realizado após 4 semanas do fim do tratamento através de QUALQUER exame dos citados anteriormente, exceto a sorologia.  Síndrome de Zollinger-Ellison É um tumor gástrico produtor de gastrina, causando úlceras pépticas refratárias, sem associação com AINES ou com o H. pylori, temos que pensar no Gastrinoma.

 Resumo: Dispepsia por úlcera  > 45 anos OU sinais de alarme  Diagnóstico por EDA + Pesquisa de H. pylori (Invasivo)  Tratamento da úlcera (IBP por 4-8 semanas) e da bactéria se presente  Controle de Cura de H. pylori e da Úlcera Gástrica com nova EDA. Dispepsia por úlcera  < 45 anos e SEM sinais de alarme  Diagnóstico presuntivo + Pesquisa de H. pylori (Não-invasivo)  Tratamento da úlcera (IBP por 4-8 semanas) e da bactéria se presente  Controle de Cura de H. pylori e da Úlcera Gástrica com nova EDA.

CASO 8: 1) Não. Sorologia não serve para controle da erradicação. Teste respiratório negativo comprova a erradicação. 2) Sim. Indicações: Refratariedade/recidiva, perfuração, hemorragia refratária e obstrução. 3) Vagotomia Superseletiva: Possui menos complicações, mas mais recidiva. Vagotomia troncular + piloroplastia: Intermediária. Vagotomia Troncular + antrectomia: Possui mais complicações, mas menos recidiva

Duodenal Úlcera péptica  Hipercloridria

Gástrica II (Corpo Gástrico) Gástrica III (Pré-pilórica)

Úlcera péptica  Hipocloridria

Gástrica I (Pequena curvatura baixa) Gástrica IV (Pequena curvatura alta)

o

Cirurgia na Úlcera Péptica:

Se a úlcera péptica estiver no cenário de hipercloridria, a cirurgia deve contemplar NO MÍNIMO Vagotomia, associada ou não há Antrectomia. Na cirurgia da Úlcera Gástrica devemos retirar a área gástrica que contempla a úlcera.  Úlcera Duodenal 1. Vagotomia Troncular + Piloroplastia: O nervo Vago no estômago estimula a acidez gástrica e possui função motora, por contrair o antro. A conseqüência dessa secção é o NÃO esvaziamento gástrico. Logo, é importante a associação com a Piloroplastia (permanentemente relaxado). 2. Vagotomia Troncular + Antrectomia: Esta cirurgia possui aumento do aporte cirúrgico, mas como retira o Antro que possui as células produtoras de gastrina, há uma redução MUITO maior da acidez gástrica. Possui maior chance de complicação, mas apresenta menos recidiva. É necessária a reconstrução do trânsito através de:  Billroth I: Gastroduodenostomia  Billroth II: Gastrojejunostomia + alça aferente

3.

Vagotomia Superseletiva (Gástrica Proximal): É mantida a inervação vagal que vai até o piloro, logo não é preciso estimular o esvaziamento gástrico. Apresenta menos complicações, mas mais recidiva.



Úlcera Gástrica:

TIPO I (pequena curvatura baixa)  HIPOcloridria

Antrectomia + Reconstrução a Billroth I (gastroduodenostomia) TIPO II (corpo)  HIPERcloridria Vagotomia Troncular + Antrectomia + Reconstrução a Billroth II (ou I) TIPO III (pré-pilórica)  HIPERcloridria Vagotomia Troncular + Antrectomia + Reconstrução a Billroth II (ou I) TIPO IV (pequena curvatura alta)  HIPOcloridria Gastrectomia subtotal + Reconstrução em Y de Roux Na cirurgia do Tipo II, para que se consiga retirar a úlcera, é necessária uma grande ressecção.

CASO 9: 1) Situação A: Gastrite Alcalina. Situação B: Síndrome da Alça Aferente. 2) Situação A: Y de Roux e colestiramina (apenas atenuante). Situação B: Y de Roux.

o Complicações Cirúrgicas: 1. Síndrome de Dumping: Perde a barreira pilórica  Alimento é derramado diretamente no duodenal.  Dumping Precoce: Há distensão intestinal precoce 15-20 minutos após a alimentação, com sintomas gastrointestinais (dor, náusea, diarreia) e vasomotores (taquicardia, palpitação e rubor).  Dumping Tardio: O pâncreas inicia uma liberação exacerbada de insulina, estimulada pelo alimento que chega ao intestino de forma rápida. Como a glicose inicialmente também está elevada, o paciente só apresenta sintomas de hipoglicemia após 2-3 horas após a alimentação. Tratamento: Dietético. Deitar logo após a alimentação e fracionar as refeições. 2. Gastrite Alcalina (ou Gastropatia por Refluxo Biliar): Ocorre por um refluxo de conteúdo biliar e pancreático para o estômago, irritando e inflamando o órgão. As duas formas de Billroth podem complicar com essa gastrite, entretanto é mais comum em Billroth II, pois o trânsito da bile passa de forma fisiológica ao lado do estômago. Clínica: Dor CONTÍNUA (o estômago está constantemente inflamado), sem melhora ao vômito bilioso. Tratamento: Reopera através da técnica em Y de Roux. Pode ser utilizado a colestiramina para atenuar os sintomas, pois é capaz de inativar a bile por ser um quelante de sal biliar, entretanto a agressão gástrica pelo suco pancreático permanece.

3. Síndrome da Alça Aferente: Está presente EXCLUSIVAMENTE em Billroth II. A alça aferente pode sofrer uma angulação, com semi-obstrução. Sintoma: Vômito bilioso em jato (a angulação é resolvida de repente) que leva a melhora da dor, e pode piorar no período pós-prandial. Tratamento: Reoperar através da técnica em Y de Roux. Essas complicações são RARAS, logo não há necessidade de realização de forma inicial da técnica em Y de Roux. Além disso, possui uma anastomose a mais do que as outras técnicas cirúrgicas, aumentando a chance de complicação.

CASO 10: 1) NEM-1 (Síndrome de Wermer). SEMPRE que estiver ulcera péptica refratária, temos que pensar em GASTRINOMA. A diarréia poderia ser causada por prolactinoma. E o hiperparatireoidismo poderia ser a causa de osteoporose e da nefrolitíase. Para conferir o NEM-1, TEMOS que ter acometimento dos 3 órgãos:  Pâncreas: Por exemplo, Gastrinoma (principal localização na parede do duodeno), insulinoma.  Pituitária: Por exemplo, Prolactinoma.  Paratireoide: Por exemplo, Hiperparatireoidismo. 2) Síndrome de Zollinger-Ellison (gastrinomas). Confirmação através da gastrinemia (>1000pg/ml), pH gástrico (<2,5), Teste da secretina (aumento de gastrinemia). 3) Terapia antissecretora intensa e localizar e extrair o tumor. 4) Pneumoperitônio, causada pó úlcera péptica perfurada.

Related Documents


More Documents from "Leo Santiago Gallegos"

April 2020 13
April 2020 8
Trauma - 03.08.2016.docx
April 2020 11
April 2020 7