MINHA (IR)RELIGIÃO Não, não estamos na Inquisição... Mesmo assim, os diferentes, Por não sermos a “Deus” tementes, Somos cobrados a ter uma religião E reafirmar nossa fé em “Deus”. Por que assim tão exigentes? Acaso não cabe a nós, como entes, A escolha ou não de um Deus, Decidir ser crentes ou ateus? Religião ou irreligião? Não sei, mas é algo que professo, E ser ou não ser, não é a questão. Mil vezes expliquei, mas sem sucesso, E ainda a inquirir e a me julgar estão. Cansei! Encerrem o processo! Dêm-me o direito da derradeira explicação, E eu relato como um réu-confesso: Quereis o nome da minha religião, O seu “Deus”, os princípios que defende, O endereço da sua sede, O número de seguidores?. Ei-los: Minha religião não tem nome E é desconhecida dos homens. Não faz marketing, nem propaganda, Não quer agregar adeptos. Minha religião é liberal, libertária e confiável. Não afronta outras, não se julga melhor nem pior. Não faz proselitismo e não lança reptos. Modesta, não se expõe, trabalha em silêncio. Minha religião, em modelo algum é enquadrável. Abomina rótulos, não presta obediência a ninguém. Não quer encaixar-se no que é formal, E em nenhuma denominação convencional. Minha religião é auto-sustentável, Não exige dízimos, donativos ou contribuições E também, não promete graças ou milagres, Mas premia o seguidor por suas ações Minha religião não tem templo físico visível, Mas está comigo em qualquer lugar: No Pólo Norte ou no Pólo Sul, No mar, na terra ou no ar, Onde eu estiver, lá ela estará.
Minha religião é confiável e leal, Não me exige sacrifícios, não me amedronta, Não estabelece metas que eu não possa cumprir, Não me impõe regras rígidas, castigo ou penitência... E se alguma regra eu quebrar, Faz com que me apresente à minha consciência. Juíza e conselheira dos atos que eu praticar, É ela, a consciência, quem me mostra os erros, A salvação ou a conseqüência Da sabedoria ou imprudência Da escolha de um caminho. Minha religião não é pedinte, E nem permite que eu seja. Incita à luta e à persistência, Não pratica e condena imprecações, Não tem deuses, não tem santos, Não tem papas, bispos, pastores ou missionários, “Guias espirituais” ou gurus, a dizer-me o que fazer. Minha religião nem tem livros sagrados!... Não tem sede fixa, filiais, nem cultos nem orações. Tem apenas um parlatório, para planejar as ações. Minha religião é ligada, bem-informada, atual. Estuda o passado, com os pés no presente, E a visão no futuro. Pesquisa, estuda, não me deixa no escuro. Minha religião defende a natureza, E o amor ao próximo, inclusive aos animais. Defende a honestidade, a amizade, a lealdade. Tem por norma maior o bom-senso E o não fazer mal a ninguém. Minha religião não aceita e combate ferozmente: Dogmas, imposições, injustiças, ignorância, A dependência pelas drogas aniquilantes, As opressões dos mais fortes sobre os mais fracos, Os criminosos ambientais, Os corruptos, os charlatões, A propaganda enganosa, de cerebração criminosa, O fanatismo e o proselitismo religioso competitivos, A violência, a censura, a repressão, a tortura, A exploração do cidadão pelo Estado. Minha religião, sem nome, de único seguidor, é finita; Só quer me mostrar a que vim Por outras, homens e mulheres, não é bendita. Foi fundada no dia em que nasci
E quando eu morrer terá seu fim. Quereis agora o resumo, a sede e o nome? Então que seja, que seja... ------------------------------------------------------------------Sede: Eu interior; Deus: a minha consciência Número de adeptos: só um; Princípios que defende: os meus Fundação: No dia em que eu nasci Filiais: Não possui Abrangência: Minha conduta, nos meus espaços Nome: “EU SOZINHO POR MIM “ -------------------------------------------------------------------Ivo S G Reis