Confronto Entre Educações N'os Maias

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EDUCAÇÃO À INGLESA VS. EDUCAÇÃO TRADICIONAL in OS MAIAS, de Eça de Queirós

EDUCAÇÃO À INGLESA

EDUCAÇÃO TRADICIONAL

“como o filho de um caseiro”(p.57)

“de fidalgo”(p.58)

(CARLOS DA MAIA)

(EUSÉBIOZINHO)

SÍMBOLO: o trapézio

SÍMBOLO: a Cartilha

MENTOR: BROWN, O PRECEPTOR INGLÊS

MENTOR: ABADE CUSTÓDIO, UM PADRE CATÓLICO,

Em contacto com a Natureza

“…correr, cair, trepar às árvores, molhar-se, apanhar soalheiras” (p.57)

PORTUGUÊS

Dentro de casa

“Passava os dias nas saias da titi…” (p.78) “tinha tal propósito que permanecia horas imóvel numa cadeira, de perninhas bambas, esfuracando o nariz” ;

“passava dias a traçar algarismos, com a linguazinha de fora” (p. 69)

Preocupação com a saúde

Medo da doença

(prática diária da higiene; ginástica)

(ausência de exercício físico; afastamento da

“todas as manhãs, zás, para dentro de uma tina de água fria, ás vezes a gear lá fora“ (p.57) “bela coisa a ginástica!” (p.66)

“Toda a educação sensata consiste nisto: criar a saúde, a força e os seus hábitos, desenvolver exclusivamente o animal, armá-lo de uma grande superioridade física.” (p.63)

higiene e do contacto com o ar livre)

“nunca o lavavam para o não constiparem, andava couraçado de rolos e flanelas!” (p.78)

“o moço das Silveiras levava ao colo o Eusebiozinho, que

parecia um fardo escuro, abafado em mantas, com um xale amarrado na cabeça…” (pp.76)

“Vilaça já ouvira que [a ginástica] enfraquecia o peito” (p.66)

Brincadeiras enégicas

“…a remar, Sr. Vilaça, como um barqueiro! Sem contar o trapézio, e as habilidades de palhaço…” (p.58) “-Prrimeiro forrça! Forrça! Músculo!” (p.63)

“Estou cansado, governei quatro cavalos…” (p.73)

Aprendizagem de línguas vivas: Inglês

“Não! Latim Mais tarde!”O latim era um luxo de erudito…)

Apenas o contacto com livros

“Não, com o Eusébiozinho não, filho! Não tem saúde para essas cavaladas…” (p. 73)

“…admirar as pinturas de um enorme e rico volume, «Os costumes de todos os povos do Universo» ” (pp.69)

Aprendizagem de línguas mortas: latim

“- Deve-se começar pelo latinzinho (…) É a base; é a

“Nada mais absurdo que começar a ensinar uma criança

basezinha!” (p.63)

numa língua morta” (p.63)

“O seu Fedro, o seu Tito Líviozinho…”

“…mostrou-lhe o neto que palrava inglês com o Brown…”

(p.64) “…a instrução para uma criança não é recitar Tityre,

tu patulae recubans…” (p.63)

Valorização da criatividade e do juízo crítico

Valorização da simples memorização

“…tem curiosidade de saber como é esta pobre máquina

“Que memória! Que memória… É um prodígio!...” (p.76)

por dentro, não há nada mais louvável.” (p.87)

“…a decorar versos, páginas inteiras do «Catecismo da

Enaltecimento dos valores morais, independentemente da religião

“ (…) nem uma palavra sabe de doutrina…” (p.75)

Perseverança» “ (pp.78)

Imposição da Cartilha pelo medo do castigo divino

“- (…)O nosso Custódio mata-me o bicho do ouvido para que eu ensine a cartilha ao rapaz.”;- “A cartilha, sim, meu

[Afonso da Maia:] “tudo isso (…) já ele sabe que se não

senhor(…) A cartilha.” (p.67)

homem de bem…”; “Eu quero que o rapaz seja virtuoso

(p.68)”

deve praticar porque é indigno de um cavalheiro e de um por amor à virtude e honrado por amor à honra” (p.68)

A religião: assunto de “gente grande”

“A alma é outro luxo. É um luxo de gente grande”

“não se deve fazer por ser um pecado, que ofende a Deus”

“porque isso é contra os mandamentos da lei de Deus e leva ao Inferno”(p.67)

Aprendizagem da religião desde tenra idade

“O bom homem [Abade Custódio] achava horroroso que naquela idade um tão lindo moço, [refere-se a Carlos] herdeiro de uma casa tão grande, com futuras

responsabilidades na sociedade, não soubesse a sua doutrina”(p.67)

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A Cartilha, o latim, memorização de poemas

Valorização do conhecimento científico e prático

românticos; repulsa pelos avanços da ciência

“Nada mais absurdo que começar a ensinar uma criança

…o «Catecismo da Perseverança» …” onde Afonso vira «que o

de uma nação extinta, deixando-o ao mesmo tempo sem

(pp.78)

come e todas as outras coisas do universo em que vive”

“Diz tu aqueles versos que sabes…; veio de lá escorrendo,

numa língua morta quem foi Fábio (…) e outros negócios saber o que é a chuva que o molha, como se faz o pão que

sol ainda anda à volta da terra (como antes de Galileu)»

(p.63

num fio de voz, um recitativo lento e babujado: É noite, o

A instrução de uma criança (…) é saber factos, noções,

mãozinhas pendentes os olhos mortiços pregados na titi (…)

coisas úteis, coisas práticas…” (pp.63)

findou coberto de suor” (pp.75-76)

“Não há nada indecente na Natureza, minha rica senhora.

“a pavorosa litografia que representava um feto de seis

astro saudoso” (…) Disse-a toda sem se mexer, com as

Indecente é a ignorância… Deixar lá o rapaz. Tem

meses no útero materno. D. Ana recuou com um grito

dentro, não há nada mais louvável.” (p.87)

também, arrebatou prudentemente o Eusébiozinho, (…)

curiosidade de saber como é esta pobre máquina por

colando o leque à face: e o doutor delegado, escarlate tapou-lhe a face com a mão (…) – São Indecências!” (p.87)

Rigor, método e ordem

Superprotecção; suborno da vontade

“O Carlos necessita de ter um regime.” (p.55)

pela chantagem afectiva

“É necessário método. Crianças à noite dormem” “…tinha sido educado com uma vara de ferro! (...) “Não

tinha a criança cinco anos já dormia num quarto só, sem lamparina…” (p.57)

“(…)e a mamã prometeu-lhe que, se dissesse os versinhos, dormia essa noite com ela…” (pág.76)

- Carlos tenha a bondade de marchar já para a cama!”

(pp.73) RESULTADOS

Prepara homens robustos, fortes e felizes,

Prepara homens fracos e débeis,

capazes de enfrentar a vida.

incapazes de enfrentar a vida.

“Carlos, a cavalo nos joelhos do avô, contava-lhe uma grande história de rapazes e de bulhas”;

enfezado, estiolado”

“Tanta vivacidade surpreendeu também Vilaça.”

“(…) nada havia mais melancólico que a sua facezinha

“O pequeno, muito alto no ar, com as pernas retesadas contra a barra do trapézio, as mãos às cordas, descia sobre o terraço, cavando o espaço largamente, com os cabelos

ao

vento;

depois

elevava-se,

“(…) tinha três ou quatro meses mais que Carlos mas estava

serenamente,

crescendo em pleno sol; todo ele sorria; a sua blusa, os

calções enfunavam-se à aragem; e via-se passar, fugir, o brilho dos seus olhos muito negros e muito abertos.”

trombuda, a que o excesso de lombrigas dava uma moleza e uma amarelidão de manteiga, os seus olhinhos vagos e azulados, sem pestanas (…)pasmando com sisudez”

“(…)o menino molengão e tristonho não despegava das saias da titi: teve ela de o pôr de pé, ampará-lo, para que o tenro prodígio não aluísse sobre as perninhas flácidas”(p.76)

Adaptado de CARDOSO, Ana Maria; et alli, Das Palavras aos Actos, Edições ASA

Prof.ª Cristina Oliveira, 2008/2009

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