Maias-obra2

  • April 2020
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  • Words: 1,080
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Os Maias Tempo da História O romance inicia-se em 1875 quando os Maias vêm morar para Lisboa, abrindo Afonso de novo as portas do Ramalhete para receber o seu neto Carlos. Há, contudo, um recuo (analepse) ao passado da família. Assim, temos: - Intriga secundária: Cap I

1 875 1821

Obras no Ramalhete A história da família; Juventude de Afonso – lutas liberais; Casamento com Mª Eduarda Runa Exílio em Londres

Cap II

Cap III

Infância de Pedro – sua educação; personalidade Amores e casamento de Pedro com Mª Monforte; ruptura com Afonso da Maia Suicídio de Pedro, depois de ser abandonado pela mulher

Cap. IV (parte)

Infância e educação

Juventude de Carlos

( segundo modelo inglês) de Carlos da Maia em Santa Olávia

Vida em Coimbra - formatura em medicina; amizade com João da Ega

– contraste com a educação de Eusebiosinho

Viagem de um ano pela Europa

( modelo tradicional português )

18 75

Regresso a Lisboa (Ramalhete)

Carlos entregue ao

avô Logo, a intriga principal decorre entre: Outono de Cap. V1875

Crónica de costume

Janeiro de 1877

XVII /XVIII

vida social de Carlos da Maia em Lisboa; a relação amorosa com Mª Eduarda

1887 (cap. XVIII) Regresso de Carlos a Lisboa, dez anos após os acontecimentos

Episódios da vida romântica

( incesto); morte do avô

Cap. V- XVII /XVIII

Paralelismo e diferença entre a história de vida de Pedro e de Carlos 1

Pedroda Maia ➢ Educação tradicional português)

(modelo

➢ Vida dissoluta

➢ Encontro casual com Maria Monforte e o despertar da paixão ➢ Pedro procura encontrar –se com Maria ➢ Alencar serve de intermediário e aproxima o par ➢ Maledicência

da sociedade lisboeta, particularmente a feminina, sobre os amores de Pedro e da «negreira» ➢ Admiração por parte dos homens, da beleza deslumbrante de Maria ➢ Namoro; encontros ➢ Casamento com a oposição de Afonso ➢ Viagem ao estrangeiro; vida conjugal; vida social em Arroios; nascimento dos filhos ➢ Tentativa de conciliação, gorada, com Afonso da Maia ➢ Presença do napolitano na casa de Arroios – desencadeador do drama ➢ Infidelidade de Maria e sua fuga com o napolitano Tancredo

Carlos da Maia ➢ Educação à “inglesa” ➢ Vida diletante e ociosa; frequência dos salões de alta sociedade lisboeta; variada experiência amorosa descomprometida ➢ Encontro casual com Maria Eduarda e o despertar da paixão romântica que o dominará ➢ Carlos procura a todo o custo encontrarse com Maria Eduarda ➢ Dâmaso Salcede serve de intermediário, aproximando o par ( Carlos visita a casa como médico). ➢ Maria Eduarda leva uma vida discreta em Lisboa; ➢ Dâmaso Salcede insiste numa relação próxima/íntima de Maria que esta não incentiva. ➢ Encontros; início de um relacionamento amoroso; oposição latente de Afonso.

➢ Vida conjugal e social na Toca; projectos

de viagens e casamento adiados por causa da idade avançada do avô, e para não lhe dar um desgosto. ➢ Castro Gomes (suposto marido de Mª

Eduarda) surge como um primeiro elemento de instabilidade no relacionamento Carlos/Maria – o drama desponta; a verdade sobre o passado de Maria; as explicações dela e o perdão de Carlos. ➢ Presença de Guimarães em Lisboa e a

entrega do cofre, contendo papéis identificando Maria Eduarda como filha de Pedro da Maia e de M. Monforte factor desencadeador da tragédia. ➢ Descoberta do incesto – reacção de revolta incrédula por parte de Carlos; insistência em manter o relacionamento, sem o conhecimento de Maria. 2

➢ Consciência da degradação moral em que se colocou. ➢ Encontro com o avô – Afonso mudo, como um fantasma, constata que o neto vem da casa e do leito daquela que sabe ser sua irmã. ➢ A desonra abate-se sobre Carlos e o desespero acentua-se com a morte do avô que não pudera suportar tão rude golpe - a tragédia concretiza-se. ➢ Carlos sente a culpa, reconhece a sua fraqueza de carácter, sabe que falhou, mas não opta pelo suicídio como seu pai. Deste modo: ➢ Detentor ➢ Regresso

de Pedro à casa e indícios de uma

paterna tragédia ➢ Suicídio de Pedro, deixando o filho à guarda de seu pai ➢ Afonso encontra no neto razões e forças para continuar a viver

de um espírito racional e prático, para Carlos a solução está no afastamento de Lisboa

➢ Opta por uma longa permanência no

estrangeiro (dez anos), reequilibrando-se dos acontecimentos trágicos (antes, tomou medidas práticas para que Mª Eduarda recebesse a herança que lhe cabia

➢ Assim, Carlos falha não por causa da educação recebida, mas apesar dela. Todavia, serão os princípios em que foi educado que o levarão a reflectir e a decidir com racionalidade.



O Naturalismo na construção das personagens • Pedro da Maia

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Pedro da Maia é uma personagem construída segundo os modelos do naturalismo, ou seja, o seu comportamento foi determinado por três factores: - a raça( a carga “genética” que herdou da mãe – a sua fragilidade, o carácter temeroso); - a educação (foi educado segundo o modelo tradicional português, assente na memorização da cartilha e do catecismo, sem desenvolver o espírito crítico; muito protegido pela mãe, tornou-se fraco, tímido, “mole” de carácter); - o meio ( cresceu num ambiente super-protegido, beato, sedentário, sem contacto com o mundo exterior. Assim, apesar de pertencer a um meio economicamente confortável, Pedro da Maia desenvolve uma personalidade adulta instável: - ora tristonho, fechado, ora eufórico, entregando-se a uma vida boémia. Desta forma, o meio que frequenta na juventude ou é beato ou é dissoluto, degradado, o que não contribui para o desenvolvimento de uma firmeza de carácter. Em síntese, os três aspectos referidos pelo naturalismo como determinantes ( raça, educação e meio) no sucesso ou insucesso da vida de alguém, conjugamse negativamente na vida de Pedro, tornando inevitável que o seu percurso biográfico culmine numa tragédia : traído pela mulher, Pedro suicida-se



Maria Monforte é igualmente concebida dentro dos pressupostos do Naturalismo. Assim:

- tendo sido criada pelo pai que fora um «negreiro» e a quem ela trata com muito desdém, Maria surge-nos como o resultado de uma educação deficiente que acentua a sua negativa carga hereditária ( raça) e o meio em que cresceu e vive ( com poder económico mas sem valores morais). Assim sendo, o carácter volúvel de Maria, o desejo de ser cortejada por outros homens, para além do marido, a traição, o abandono do filho e a sua vida posterior (decadente, primeiramente dona de um bordel, depois na maior miséria e doença) são uma consequência inevitável.

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