Parte Ii Por Uma Nova Reforma Protest Ante

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POR UMA NOVA REFORMA PROTESTANTE

Autor : Marcos Paulo, estudante de Direito e membro da Igreja Batista Nova Jerusalém, Teresina(PI) Diversos outros textos no meu blog na internet no endereço http://marcopablo9.blogspot.com/

teses de números 46 e 72 das 95 que Lutero formulou: [46] Deve-se ensinar aos cristãos que, se não tiverem bens em abundância, devem conservar o que é necessário para sua casa e de forma alguma desperdiçar dinheiro com indulgência.

[72] Bem-aventurado é aquele que luta contra a dissoluta pregação dos vendedores de perdões A Reforma Protestante foi um movimento reformista cristão iniciado no século XVI por Martinho Lutero, que através da publicação de suas 95 teses, protestou contra diversos pontos da doutrina da Igreja Católica. No início do século XVI, o monge alemão, abraçando as idéias dos pré-reformadores, proferiu três sermões contra as indulgências em 1516 e 1517. A 31 de outubro de 1517 foram pregadas as 95 Teses na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg com um convite aberto ao debate sobre elas. Esse fato é considerado como o início da Reforma Protestante. Essas teses condenavam a "avareza e o paganismo" na Igreja, e pediam um debate teológico sobre o que as indulgências significavam. Atualmente, como Lutero fez, é preciso provocar o debate – não mais sobre a venda de perdão(indulgências) que a igreja Católica arrogava-se ter a autoridade de conceder, mas sobre a venda de bênçãos por meio de dízimos e ofertas que a igreja atual se diz ter a autoridade baseada na Bíblia de cobrar. Só que muitos nem sequer querem avaliar hoje os fundamentos dessas práticas de contribuição e barganhagem feitas em nome de Deus. Quantas igrejas hoje prometem que os cristãos serão abençoados se eles forem fieis nos dízimos. E se o pastor não for tão craque nas vendas como foi o genial dominicano João Tetzel, apela-se para o Antigo Testamento e diz que trata-se de uma exigência de Deus que os dízimos sejam trazidos a casa de Deus e ponto final. Muitos “vendem” as promessas de Deus – as quais eram para os judeus no Antigo Testamento – para os cristãos atuais em troca de dinheiro – os quais não estão mais submetidos à velha aliança. A questão central que penso deixar logo claro é que eu não questiono o fato da igreja de Jesus aqui na terra precisar das nossas contribuições, uma vez que a fonte de recursos para a sua própria manutenção e sobrevivência advém mesmo de seus próprios membros com seus atos de ofertar. O ponto questionável e que passarei a criticar é o fato de não haver qualquer exigência no Novo Testamento para a cobrança do dízimo( e também as vendas de promessas de prosperidades, enfim as indulgências evangélicas), e que esta cobrança obrigatória e coercitiva buscando na caducidade do sistema judaico que já foi superado, atende aos interesses de uma classe sacerdotal; uma classe clerical (muitos dentre eles, não todos!) os quais em vez de ralar duro na vida como qualquer trabalhador normal ou, uma vez que não aproveitaram a juventude para estudar, formando-se e se tornando profissionais – advogados, economistas e, sendo que, para eles terem um padrão de vida como estes profissionais, que precisa estudar muito e ralar bastante; entretanto eles querem pela via mais rápida e menos trabalhosa e aí tentam se salvar no ministério pastoral – que dependendo da congregação eles podem vir a ganhar até mais do que estes profissionais – então de uma forma ou de outra eles tornam-se advogados em causa própria, distorcendo os textos das Escrituras e sendo economistas no ministério, pois arrogando-se para si a autoridade que Deus outorgou-lhes, têm o aval de dizer o que as suas ovelhas devem fazer com os 10% de suas rendas ou o quanto elas devem economizar para que os 10% do Senhor não seja sacrificado. Na atualidade estar muito em voga a chamada “teologia da prosperidade”, que prega que Deus irá fazer qualquer crente prosperar na vida, no sentido financeiro, material. Igrejas como a Universal do Reino de Deus, Renascer em Cristo, Sara Nossa Terra, Deus é Amor, a Internacional da Graça de Deus e demais igrejas neopentecostais adotam a teologia da prosperidade. São igrejas que têm como característica a ênfase na arrecadação. Dízimo é tributo sem qualquer contestação, é arrecadação garantida. Além disso, têm as várias campanhas que essas igrejas lançam para levantar ofertas para seus vários empreendimentos. As conseqüências são visíveis no cenário brasileiro, como por exemplo, no primeiro dia de 2004, a Igreja Pentecostal Deus é Amor inaugurou no coração de São Paulo um templo enorme. A obra tem tamanho de shopping center, arquitetura de gosto duvidoso e comporta 22 mil pessoas sentadas. Imagine aí os gastos com essa obra! Na época de Lutero, as

indulgências eram vendidas para construir a formosa e belíssima hoje basílica de São Pedro no Estado do Vaticano. Hoje os evangélicos tornaram-se católicos à moda antiga. Preste atenção nos depoimentos dos fieis destas igrejas na TV e percebam como são contados os casos de sucessos, de pessoas que eram pobres, falidas, desempregadas etc. e aí, quando entraram para essas igrejas, as coisas começaram a mudar. Na realidade, trata-se de “marketing” para demonstrar a eficiência dos serviços prestados pela igreja. Seduzem com serviços que garantem prosperidade. Mas antes que isso possa acontecer, tem a barganha: o fiel precisa investir com recursos financeiros na igreja para depois Deus abençoar. No livro feridos em nome de Deus de Marília de Camargo César, mostra a triste realidade de líderes que cometem os vários abusos em nome de Deus. A autora narra histórias de cristãos machucados emocionalmente que tiveram a fé lançada por terra em razão do convívio desvirtuado com pastores, líderes e outros membros da própria igreja. E isso não apenas vem acontecendo nas igrejas neopentecostais e pentecostais como também nas denominações ditas históricas como as igrejas Batistas, Presbiterianas, Metodistas, luteranas e outras. Com relação a estas igrejas históricas, o problema que surge é o peso da tradição, do institucionalismo. Como diz Marília, a autoridade maior nas igrejas neopentecostais é a figura do líder, do bispo, do apóstolo. Como, por exemplo, a Igreja Internacional da Graça temos a figura do missionário R.R. Soares e na igreja Universal do reino de Deus o bispo Edir Macedo. Estes como criadores fazem o que eles bem entenderem ser o correto, e quem se opõe tem a única alternativa de se afastar da denominação. Se assemelha a igreja católica, em que há hierarquização da funções, sendo que o papa estar no topo; assim também, nestas igrejas evangélicas há sempre um líder por cima de todos. Já nas igrejas históricas protestantes o peso da autoridade incide na instituição, no seu valor histórico, em seus costumes, em suas tradições. Por exemplo, o batismo consciente, de livre e espontânea vontade(não batiza crianças) na igreja Batista é uma marca sua registrada na história. Já na igreja presbiteriana sua bagagem teológica calvinista. Nestes casos, a instituição zela pela manutenção desses sistemas(doutrinário, de governo etc.) que lhes é passado de tempos remotos. Qual é o problema que eu vejo nisso tudo. É que se em determinado ocasião aquilo que não estiver de acordo com a Palavra de Deus, ou com a própria figura de Cristo for percebido como algo que deve ser mudado ou que deve ser substituído por algo que esteja de acordo com a Palavra de Deus, as forças internas dessas instituições e/ou a autoridade do líder tipo Papa, lutarão para que nada seja mudado e o stuto quo permaneçam assim como estar. E a força da instituição ou o poder de governo do líder dá-se por meio do poder financeiro destas religiões. Sim! O poder não é do Espírito Santo, mas das arrecadações realizadas, por meio das quais promovem, não Cristo Jesus, mas a igreja, a Instituição religiosa. É o poder econômico que dá margem a toda a propaganda, manutenção de canais de TV, crescente crescimento de congregações em diversas cidades e construção de templos faraônicos, e tudo isso, não para pregar de fato o evangelho de Cristo que salva o pecador; mas para proporcionar lucros a empresa(igreja) e o conforto de seus líderes. E nesse caso, o dízimo é ferramenta indispensável na construção e manutenção desse poder religioso. Cobrar dos fiéis o dízimo com o argumento de que é uma ordem, um mandamento de Deus traz a estas instituições o poder coercitivo e penalizador. Coercitivo porque agem no psicológico ao afirmar que Deus exige de você os dez por cento de sua renda. Penalizador porque lhe lança o sentimento de culpa ao dizer que você está roubando o que é de Deus. O pastor do trono de seu reinado – o púlpito – sentencia todos aqueles que não estão lá com sua contas em dia com a igreja: “você está roubando a Deus!”. Há igrejas em que há diversas sanções para aqueles que estão sendo “infiéis a Deus”. As igrejas ainda adotam o dízimo da velha aliança porque lhes garantem o poder de coerção, ou seja, elas passam a ter a autorização, legitimidade de obrigar, de coagir, de exigir, de dizer o que é o direito seu de arrecadar. Uma vez eu conversando com um pastor e depois de debatermos os fundamentos dessa cobrança, ele me disse: “irmão, vamos manter esse assunto abafado, porque se nem dez por cento já é difícil o povo dar, imagine se não houvesse essa exigência do mínimo!” Não penso que as coisas sejam bem assim, talvez essa seja a realidade de sua própria e pequena igreja Batista. Pois em outros contextos, com igrejas maiores e com membros com bons salários, a realidade é completamente outra. A arrecadação passa a ser mais abundante. Mas o que aquele pastor me disse mostra essa realidade: a igreja gosta desse contexto do Antigo Testamento porque lhe dá a competência de cobrar esse imposto de todos os membros nessa porcentagem. Fazem o que a igreja Católica(não é à toa q ela possui toda essa riqueza hoje conquistada) já fazia há muito tempo atrás. No ano de 585 depois de Cristo, como grande parte das heresias, a igreja força seus membros, no tempo do Sínodo de Macon – a pagar o dízimo. O católico foi instruído a pagar o dízimo sob pena de excomunhão, o que aterrorizava o povo simples e iletrado da época. Hoje nas igrejas evangélicas o dízimo é levantado da mesma forma na base da lei; só que com novos métodos mais sofisticados. Entretanto, se olharmos para a Palavra de Deus encontraremos a libertação deste julgo. Visto que demonstrei no artigo anterior que não mais vigora o dízimo como obrigação, o princípio para a contribuição no Novo Testamento fica bastante claro na segunda carta aos Coríntios 9:7 “cada um contribua segundo tiver proposto no coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama a quem dá com alegria”. Não há mais um taxa fixa de contribuição; o cristão dá aquilo que estiver proposto no coração. A avaliação fica a cargo do próprio doador. “não com tristeza ou por necessidade” Paulo foi bem enfático, que não devem existir regras ou constrangimentos, mas deve ser um ato voluntário e de acordo com as possibilidades que o sujeito tem de ofertar. Não existe à luz do N.T. diferença entre dízimos e ofertas; tudo é ato de ofertar, ato de liberalidade, de gratidão, de adoração pois quem dá dez por cento, um por cento ou quem dá vinte por cento, tudo é oferta, o mínimo e o máximo da contribuição é de acordo “com o que o coração tem resolvido contribuir” com alegria. Essa é a instrução sobre contribuição que de fato é ensinado sob a nova aliança da graça. Segundo Alexandre Barbado, em seu livro Dízimo – a galinha dos ovos de ouro da igreja( uma mentira contada há 2000 anos) na página 47 – livro disponível no site www. pdfcoke. com – diz ele que no Novo Testamento, as ofertas e contribuições eram destinadas para três objetivos: 1) satisfazer as necessidades dos santos; 2) satisfazer as necessidades dos

obreiros(pastores, apóstolos, líderes) que se empenhavam na pregação do evangelho; 3) satisfazer as necessidades dos pobres. As ofertas eram levantadas para atender as necessidades reais daqueles que estavam de fato precisando de ajuda. Hoje, muitas igrejas não cumprem com essas finalidades; não ajudam os próprios membros necessitados(em vez disso, acontece em algumas igrejas que o pastor até incentiva a dar o último que tem, pois Deus dará mais a ele depois e que ele não deve se preocupar pois Deus suprirá todas as suas necessidades); não fazem obras de assistência social no sentido de mitigar o sofrimento daquelas pessoas carentes – são pouquíssimas as igrejas que investe em assistir os pobres. Na realidade, muitas vezes o dinheiro é mal administrado. No velho testamento, os pobres, os órfãos e as viúvas eram beneficiadas com a arrecadação do dízimo. Estes não pagavam o dízimo(Dt 14:22-27; 26: 12-15). Os levitas eram separados para o trabalho religioso, contudo não só religioso, mas os levitas exerciam diversos outros ofícios como oficiais, construtores, escrivães, músicos, julgadores do poder judiciário – os sacerdotes eram chamados a dar a sentença final, quando o juiz ao julgar um caso concreto não tinha a convicção necessária. Os levitas eram uma espécie hoje de servidor público. E como tal a própria nação israelita lhe retribuía com os dízimos da agricultura e da pecuária. Assim como os nossos impostos movimenta a máquina pública através de seus servidores. O levita não vivia nas regalias, pois como o dízimo era dado apenas em forma de gêneros alimentícios(apesar de já haver a moeda, dinheiro - Gn 23:15-16; Êxodo 30:14-16) e, portanto, eles tinham apenas o necessário para sobreviverem e trabalharem para a nação e para Deus. E o dízimo no velho testamento tinha um terceira finalidade que era a satisfação do próprio dizimista ( Dt 12: 5-28, 14: 22-29), ou seja, o dizimista separava a décima parte do cereal, do vinho, da carne e festejava-se diante do Senhor. Havia naquele tempo essas três espécies de dízimos. Entretanto, os nossos dízimos de nossa era quase que exclusivamente, ele é destinado para o pagamento do salário dos pastores. Através desse salário lhes possibilita terem não só o necessário para terem uma vida digna, mas indo até o supérfluo(luxo) como carros “caros”, casa ou apartamento de boa qualidade proporcionada pela igreja, previdência privada, plano de saúde, alguns fazem cursos de graduação, mestrado e doutorado bancados pela igreja e gastos com viagens etc., e tem ainda a manutenção de toda a estrutura clerical e religiosa. Para as demais atividades como retiros, jantares, atividades evangelísticas, missões, campanhas diversas, ajuda a algum irmão necessitado, reforma ou construção do templo da igreja, levanta-se as “ofertas”, que é o dinheiro arrecado e as pessoas dão voluntariamente em um dia(ou dias) específico para estes eventos, o qual não se identifica com o dízimo. A jornalista Marília em seu livro nos traz um exemplo acerca do que estou escrevendo: “... Célia entrara em conflito com uma revelação sobre as finanças da igreja. O pastor tinha convocado a congregação a contribuir mensalmente para a compra de um prédio onde estabeleceria uma nova comunidade. O valor necessário para a aquisição, que serviria, segundo ele, para ‘ganhar o centro de São Paulo para Jesus Cristo’, era de dois milhões de reais. Uma campanha fora lançada, e os fiéis contribuíam sem vacilar, apostando na visão evangelística daquele negócio. Numa manhã em que tomava sol na piscina de seu prédio, Célia conheceu uma advogada, a quem convidou para ir à igreja. Quando esta soube de qual igreja se tratava, foi logo dizendo: ‘fechamos o pior negócio do mundo com seu pastor’. Célia ficou desconcertada. A advogada garantia que havia representado os donos do local na venda do prédio por oitocentos mil reais, à vista. Ou seja, 1,2 milhão a menos da quantia que o pastor estava angariando” (feridos em nome de Deus, São Paulo: Mundo Cristão, 2009, p. 85.).

Entendeu o esquema? O restante do dinheiro o lobo em pele de ovelha faturou para si. Em determinadas igrejas, como por exemplo, a Batista a prestação de contas é mais transparente à membresia. Já em relação a algumas igrejas cujo o sistema é mais monárquico, hierárquico, centralizado na figura respeitada e fora de qualquer suspeita do líder, os membros ficam à parte de alguns eventos que acontecem nos bastidores. Pois é meu amigo e minha amiga, em nossos tempos de crise e de falta de dinheiro e pouca oferta de trabalho, alguns preferem se dá bem na vida por meios ilícitos, sem precisar estudar muito, ralar e suar a camisa. É evidente que isto que escrevo e relato não se aplicam a todos os casos. Isto é algo sabido de todos nós, nem todos são mercenários. Não podemos jogar todos dentro de um mesmo pacote. Entretanto, as distorções que vem acontecendo na igreja evangélica são alarmantes. Segundo o IBGE a população brasileira já responde por 24%, é uma fatia que mais se expande nos últimos anos. E aí nesse meio pastores despreparados se infiltram e os escândalos surgem e as mensagens de um evangelho fácil e mágico se dissemina rapidamente. Os picaretas já perceberam que tornou-se um bom negócio investir nesse ramo da ingenuidade da fé evangélica que não pensa e que não se volta com ar crítico sobre as práticas desses que a Bíblia já de antemão alerta que “... movidos por avareza, farão comércio de vós, com palavras fictícias...”(2 Pedro 2:3). A Bíblia não é utópica como é a mente de alguns cristãos que pensa que só porque vê um ministro de terno e gravata e com uma Bíblia na mão já devemos pressupor desde logo que aquele homem é um “homem de Deus”, que estar alí apenas para pregar a palavra de Deus... mas de acordo com a Bíblia no versículo 1 do mesmo capítulo mostra que é inevitável a existência destes falsos mestres. O detalhe é que o versículo não diz se serão poucos ou muitos; se serão a grande parte ou uma pequena parcela dos ministros. Diante disso, eu concluo que nos tempos atuais o que nós temos é a grande parcela dos homens de gravatas e ternos sendo mercenários e picaretas, querendo se dá bem na vida sem muito esforço e trabalho, às custas do suor alheio. Daí a grande necessidade de eu e você denunciar esses falsos mestres; e buscar uma reforma da igreja protestante, assim como Lutero e os reformadores lutaram, que nós também lutemos para que o evangelho verdadeiro floresça em todo o seu esplendor arrebatando milhares de pessoas para um encontro verdadeiro com o salvador e senhor Jesus Cristo. Que ele nos use com sabedoria na busca de uma nova reforma protestante para honra e glória de seu santo nome. Amém!

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