Materia 04 - Higiene E Socorros De Urgencia

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Capítulo 4 HIGIENE E SOCORROS DE URGÊNCIA 4.1 - Higiene 4.2 - Socorros de Urgência 4.2.1 - Socorros de Urgência 4.2.2 - Segurança na Cena 4.2.3 - Precauções Universais (Bioproteção) 4.2.4 - Parada Cárdio Pulmonar 4.2.5 - Avaliação da Vítima 4.2.6 - Sinais de PCR 4.2.6 - Consequências da PCR 4.2.6 - Reanimação Cárdio Pulmonar (RCP) 4.2.7 - Técnica de Palpação do Pulso Carotídeo 4.2.8 - Localização do Ponto de Massagem Cardíaca 4.2.9 - Técnicas de Compressões Torácicas 4.2.10 - Complicações na RCP 4.2.11 - Interrupção da RCP 4.2.12 - Erros comuns na realização da RCP 4.2.13 - Resumo Geral 4.2.14 - Hemorragias 4.2.15 - Fraturas 4.2.16 - Queimaduras 4.2.17 - Extricação 4.2.18 - Obstrução de Vias Aéreas

4.1 - Higiene: A higiene é uma ciência que visa à preservação da saúde e à prevenção de doenças. Algumas noções são necessárias para a compreensão e aplicação de normas para este fim. O organismo vivo está sujeito a interferência de outras formas de vida, que em muitos casos podem trazer grande risco à sua sobrevivência. Podemos citar a bactéria causadora da Meningite B, que em poucas horas, após contato com um portador (indivíduo que carrega o germe em seu corpo) pode provocar grave doença em seu hospedeiro. Diversas formas de vida podem desempenhar este papel, já que estão presentes na natureza, como os vírus, bactérias, fungos, esporos. A maioria das formas de vida com que ser humano entra em contato ao longo de sua existência não é nociva, porém as nocivas exigem uma adaptação do homem à sua presença, no sentido de modificar o meio para evitar seus riscos - o desenvolvimento das doenças. Algumas

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adaptações o organismo faz sem que seja necessário realizarmos algum ato consciente, como a produção de anticorpos, que são defesas internas que circulam pelo organismo e que matam os agentes agressores que venham penetrar na circulação. Ao BM cabe saber como reforçar suas defesas contra os agentes agressores e impedir sua proliferação - aumento da quantidade de germes devido sua multiplicação. Além de sua própria proteção, também serve de proteção para seus pares e familiares, já que ao evitar tal contaminação, o BM não "leva" os germes para os contatos profissional e doméstico. No meio urbano, a maioria das contaminações pode ser originada pelos detritos da atividade humana (lixo, esgoto, dejetos em via pública). No meio rural, além destes, animais e seus dejetos também são fontes de contaminação. Outra fonte de contaminação para o BM é o contato com cadáveres durante o serviço de remoção. Das técnicas de higiene, a mais poderosa, barata e simples na prevenção de doenças é a lavagem das mãos, mesmo nos ambientes mais contaminados e independente do ambiente, desde que seja realizada de forma correta. Considerando os princípios de higiene no trabalho, é fundamental desenvolver as normas básicas de limpeza e higiene no ambiente de trabalho para a prevenção e proteção do indivíduo e da coletividade. Pelas questões sócio-culturais do trabalho, o homem passa muitas horas do seu dia no ambiente profissional, que se não for favorável à sua saúde, pode gerar muitas doenças agudas ou crônicas como: osteo-musculares, cardiovasculares, respiratórias, alérgicas, stress, depressão, entre outras. No caso do trabalho desenvolvido pelo BM, as implicações são maiores, visto que o mesmo desempenha suas funções em atividades variadas, em ambientes inapropriados, de alta periculosidade. Assim, é importante que se observe as normas de prevenção a doenças e acidentes para minimizar o efeito negativo do trabalho sobre o homem e sua saúde, causado pela exposição contínua a estes "perigos". Cabe ressaltar algumas definições: infecções: são doenças causadas por organismos que penetram no nosso corpo. Doença contagiosa: é aquela que pode ser transmitida de uma pessoa para outra.

O uso do equipamento de proteção individual (EPI) é fundamental contra as possíveis infecções adquiridas no desenvolver de suas atividades. O uso de luvas, máscaras, botas, roupas especiais, "isolam", dificultam o BM da contaminação com todos os possíveis germes. O uso incorreto destes materiais determina proteção insuficiente do indivíduo e perigo pois oferece uma falsa impressão de segurança, deixando-o ainda mais vulnerável à contaminação e transmissão de doenças. As doenças transmissíveis que interessam ao BM são aquelas que trazem alto risco de vida e que pela própria natureza da atividade do BM, não é possível evitar o contato direto com os portadores da doença, fato que torna indispensável o uso de técnicas corretas de proteção do BM e das vítimas. As mais comuns encontradas são:

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Hepatites A, B e C: causado por um vírus, levando a inflamação dos tecidos do fígado. Pode ser transmitida através do contato com o sangue, secreções corporais como urina, saliva e sêmen. Pode tornar-se crônica e levar a outras doenças como a cirrose e até a um carcinoma de fígado. Pediculose e escabiose: conhecidas como piolho e sarna, respectivamente. São muito freqüentes em pessoas de hábitos de higiene inadequados. O contágio se faz pelo contato direto com o indivíduo que apresenta o parasita. Este se prende ao fio do cabelo ou do pêlo do corpo, e à pele e durante o sono, alimentam-se do sangue do hospedeiro. Devem ser prontamente tratadas, quando identificadas, e evitadas com hábitos de higiene diários como: banho, lavagem dos cabelos, troca de roupa de cama, lavagem das roupas, lavagem das mãos, corte das unhas, entre outros. Doenças sexualmente transmissíveis (DST): são adquiridas pelo contato sexual com indivíduos que já as possuam e são combatidas fortemente devido ao seu grande aumento devido a mudança nos hábitos de vida e também pela ainda dificuldade em falar sobre a vida sexual. As mais conhecidas são a sífilis, gonorréia (blenorragia), hepatite B e HIV/AIDS. A sífilis é uma grave doença que pode ser transmitida também aos filhos e a gonorréia pode levar o indivíduo à esterilidade e deformidade de órgãos genitais. Rubéola Meningite viral Tuberculose Gripe Variecela zóster – catapora Herpes simples HIV/AIDS: doença grave causada por um vírus, que ainda não possui uma cura, porém hoje muitos portadores, já conseguem manter um padrão de vida adequado devido ao uso de medicamentos específicos que acabam aumentando a expectativa de vida destes portadores. É comum nesses indivíduos a presença de inúmeras infecções já que eles estão com sua resistência diminuída, o que os deixam mais debilitados. Diante de tais afirmações é fundamental que se divulgue medidas de prevenção para toda a população, como: Medidas de higiene pessoal Medidas de proteção individual: precauções durante o socorro e no manuseio de equipamento e descarte de material contaminado Vacinas e medicamentos As medidas de higiene pessoal incluem atos simples do cotidiano que permitem reduzir consideravelmente o risco de desenvolver muitas doenças, como: manter mãos, alimentos e utensílios limpos, banho diário, cuidados com unhas e cabelos, limpeza de roupas e do ambiente doméstico (e profissional), higiene bucal e dentária, uso correto do vaso sanitário, cuidados no preparo e na conservação dos alimentos, lavagem das mãos de forma correta, antes e após o uso do sanitário, do contato com alimentos, do contato com doentes ou secreções corporais, e qualquer contato com possíveis fontes de contaminação. As mãos devem ser lavadas com água e sabão, durante três a cinco minutos, envolvendo com sabão todo o dorso da mão, dedos, unhas, palma da mão, espaços

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interdigitais, com movimentos para retirada da sujidade e com cuidado especial para as unhas, se necessário, é recomendado o uso de escovinha. Deve-se ensaboar os punhos e os braços até os cotovelos. Ao final, enxagua-se as mãos com bastante água limpa e corrente, de preferência. As mãos devem ser secas em pano ou toalha limpa ou ao ar. A lavagem das mãos não deve ser feita de forma descuidada ou apressada pois perde completamente seu poder de prevenção de doenças. Todas essas medidas diminuem as possibilidades de encontramos germes nos alimentos e nos ambientes. As medidas de proteção individual não devem ser desprezadas elo BM e devem estar disponíveis através do melhor aparelhamento da corporação. Ao pensar que um equipamento é desnecessário ou de uso complicado demais, o BM contribui para a não modernização da corporação, uma vez que não é possível defender a aquisição de equipamento moderno e adequado. É o exemplo do motociclista que não usa o capacete adequadamente, conduzindo-o pendurado ao cotovelo. Neste caso o equipamento de proteção é completamente anulado pelo mau uso. O equipamento atualmente disponível: Botas de borracha: fundamentais para operação e, locais alagados e onde haja material contaminado por esgoto ou dejetos. Luvas: devem ser utilizadas na manipulação de animais, terra e escombros e principalmente de cadáveres. As luvas impermeáveis de látex não são adequadas para este tipo de atividades por sua fragilidade. Máscara filtrante de material sólido para proteção respiratória: importante quando existe risco de contaminação por inalação de vapores ou secreções contaminantes. A vacinação é uma obrigatoriedade desde quando somos recém-natos e é a pedra fundamental da resistência à doenças, que antes já causaram grandes perdas da população mundial, como: sarampo, poliomielite, difteria, coqueluche, tétano, ente outras. Para a atividade de BM, é fundamental a imunização atualizada para o tétano (uma dose a cada dez anos a partir de 10 anos), a vacina contra hepatite B, também é extremamente importante devido ao risco grande de contaminação. A vacinação contra tuberculose também é muito importante devido ao crescente número de acometidos com esta doença, principalmente devido sua associação com HIV/AIDS. Alguns tipos de contágios necessitam de intervenção medicamentosa devido ao agente causador ou pela gravidade do quadro apresentado pela vítima. Considerando as doenças sexualmente transmissíveis, é fundamental que o BM tenha consciência de sua atitude e comportamento de forma a não por em risco a sua saúde ou a de seus parceiros. O contágio se faz através da sangue e do contato sexual, e não por meio de toalhas, maçanetas, beijo, roupas, vaso sanitário, como muitas pessoas pensam. A prevenção destas doenças é relativamente simples se for utilizado o preservativo de borracha (camisinha de vênus), porém só será eficaz se for feito uso correto e durante todo o ato sexual. Alguns cuidados devem ser tomados como: verificar se existe algum furo na borracha, deve ser usado em todas as relações sexuais, dever ser colocado com o p6enis em ereção, deixando um espaço na extremidade para não ocorrer o risco de rompimento ou vazamento, a retirada deve ser feita com o p6encia ainda em ereção também para evitar o vazamento, é de uso descartável e dever ser desprezado após o uso.

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4.2 - Socorros de Urgência 4.2.1 - Socorros de Urgência A Avaliação da cena do acidente nunca pode ser esquecida Caso você seja o indivíduo com maior treinamento assuma a responsabilidade até a chegada da equipe especializada. Ofereça sua colaboração se uma equipe especializada já se encontrar no local. Não tente efetuar procedimentos para os quais não foi treinado. Avaliiar a vítima. Acionar o serviço de emergência através do telefone 193, que é gratuito, ou pedir se possível que outra pessoa o faça. Manter a calma. Após avaliar o paciente, entrar em contato com a UBM, informando o seguinte: - Tipo de emergência. - Número de vítimas. - Tipo de ferimentos. - Endereço correto, com pontos de referência. - Melhor acesso ao local.

4.2.2 - Segurança na Cena Uma das principais preocupações do socorrista deve ser sua própria segurança. Ele deve sempre avaliar, em primeiro lugar, a cena do paciente quanto à emergência, antes de entrar nela. Não se transforme em outra vítima!

4.2.3 - Precauções Universais (Bioproteção) Qualquer doença que possa ser transmitida de uma pessoa para outra é chamada de transmissível ou infecciosa. Preocupe-se com a possibilidade de entrar em contato com sangue e saliva de um paciente ao atuar como socorrista. Até mesmo a pele do paciente pode transmitir doenças como a sarna e o herpes. A infecção pode ocorrer pelo contato direto (tocar sangue ou secreções) ou pela via respiratória (saliva ou secreções). Tome as precauções universais não importando a aparência ou problemas do paciente. Para proteger-se contra os riscos de infecção alguns procedimentos e equipamentos de proteção são suficientes. A lavagem das mãos é talvez a proteção mais simples. Luvas de borracha impermeáveis devem ser utilizadas com cada vítima. Utilize precauções universais em cada situação de primeiros socorros.

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“Nunca julgue o potencial de doença de um paciente baseado na sua aparência e vestimentas.” 4.2.4 - Parada Cárdio Pulmonar Definições: - PCR : Parada cárdio – respiratória: Cessação irreversível das funções cerebrais - Parada Cardíaca: Interrupção repentina da função do bombeamento cardíaco, que pode ser revertida com tratamento rápido. - Morte Súbita: PCR inesperada por causas naturais geralmente cardiovasculares não precedida por sintomas ou com sintomas, surgindo no máximo 1 hora antes do evento. A principal causa em pacientes adultos é a Fibrilação Ventricular. Causas de PCR Podem ser classificadas em dois grupos. A importância desta classificação é que definirá a conduta do socorrista.

Causas Primárias A parada cardíaca se deve a um problema do próprio coração, causando uma arritmia cardíaca, geralmente a fibrilação ventricular. A causa principal é a isquemia cardíaca (chegada insuficiente de sangue oxigenado ao coração). São as principais causas de PCR no adulto que não foi vítima de traumatismos. Causas Secundárias A disfunção do coração é causada por um problema respiratório ou por uma causa externa. São as principais causas de PCR em crianças e em vítimas de traumatismos: - Oxigenação deficiente: obstrução de vias aéreas e doenças pulmonares - Transporte inadequado de oxigênio: hemorragias graves, estado de choque e intoxicação por monóxido de carbono. - Ação de fatores externos sobre o coração: drogas e descargas elétricas

4.2.5 - Avaliação da Vítima Deve-se iniciar durante a aproximação do socorrista, o paciente caracteristicamente se encontra imóvel, pálido e em algumas vezes com respiração agônica, em alguns casos o socorrista pode presenciar a PCR.

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Antes de iniciar o exame clínico devemos tomar algumas medidas, tais como: - Avaliar a cena do evento - Certificar-se do que houve com o paciente - Quantas vítimas existem no local - Bio proteção

O exame clínico então é iniciado pelo Nível de Consciência, conhecido pelo método AVI. A – Acordado V – Estímulo de Voz I – Inconsciente ou Irresponsivo

“Após a constatação da inconsciência, a PRIMEIRA medida do socorrista deverá ser a de chamar o Apoio Médico para o local com Desfibrilador.”

4.2.6 - Sinais de PCR 1- Inconsciência: todo o paciente em PCR está inconsciente, mas várias outras emergências podem se associar a inconsciência. É um achado inespecífico, porém sensível, pois todo paciente em PCR está inconsciente. 2- Ausência de respiração: pode preceder a parada cardíaca ou ocorrer após seu estabelecimento. O paciente pode manter respirações agônicas durante 1 minuto ou mais. 3- Ausência de Pulso Central: No adulto é o pulso carotídeo (pescoço), na criança o pulso braquial (braço). É o mais específico e principal sinal de PCR, sendo que a palpação do mesmo é indicada para os profissionais de saúde.

4.2.6 - Consequências da PCR A ausência de circulação do sangue interrompe a oxigenação dos órgãos. Após alguns minutos as células mais sensíveis começam a morrer. Os órgãos mais sensíveis à falta de oxigênio são o cérebro e o coração. A lesão cerebral irreversível ocorre após quatro a seis minutos (morte cerebral). Os pacientes submetidos a baixas temperaturas (hipotermia) podem suportar períodos mais longos sem oxigênio, pois, nesta situação o consumo de oxigênio pelo cérebro diminui.

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“Até quatro minutos a PCR pode ser tolerada geralmente sem Morte Cerebral”

4.2.6 - Reanimação Cárdio Pulmonar (RCP) Os socorristas têm salvado incontáveis vidas utilizando a técnica básica de reanimação, chamada Reanimação Cárdio Pulmonar ou RCP. Os componentes desta técnica incluem: a avaliação do nível de consciência, a ativação do socorro médico com desfibrilador, a abertura das vias aéreas, a avaliação da respiração, a realização de respiração de resgate (respiração artificial), a verificação de pulso e compressões torácicas. OBJETIVOS DA RCP Oxigenar e fazer circular o sangue até que seja iniciado o tratamento definitivo; Retardar o máximo a lesão cerebral; Prolongar a duração da fibrilação ventricular impedindo que ela se transforme em assistolia, permitindo assim que a desfibrilação tenha sucesso; Reverter a parada cardíaca em alguns casos de PCR por causas respiratórias.

RCP * Nível de Consciência – A V I A – Abertura de vias aéreas B – Respiração artificial C – Circulação artificial D - Desfibrilação A vítima deve ser posicionada em uma superfície rígida e plana para que as manobras de reanimação surtam efeito, a cabeça da vítima não deve ficar mais alta que os pés para não prejudicar o fluxo sanguíneo cerebral. Caso a vítima esteja sobre a cama a mesma deve ser colocada no chão. POSICIONAMENTO DOS SOCORRISTAS NA RCP O socorrista deve ajoelhar-se ao lado da vítima, de modo que seus ombros fiquem diretamente sobre o esterno do paciente.

ABERTURA DE VIAS AÉREAS

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A ventilação pulmonar (respiração artificial) só pode ser executada com sucesso caso as vias aéreas do paciente estejam abertas. Nas vítimas inconscientes a principal causa de obstrução é a queda da língua sobre a parede posterior da faringe. Como a língua está presa a mandíbula, as manobras que tracionam a língua pra frente também elevam a língua. As técnicas mais utilizadas para evitar a queda da língua são: inclinação da cabeça com elevação do queixo e elevação da mandíbula modificada (Trauma), também podem ser usadas cânulas orofaríngeas para manter a permeabilização das vias aéreas.

RESPIRAÇÃO ARTIFICIAL Os socorristas devem estar aptos a realizarem as manobras de ventilação com ou sem equipamento. Devem determinar a presença ou ausência de respiração do paciente, para isso utilizamos o método ver, ouvir e sentir. É importante saber que as respirações agônicas não são suficientes para manter a vida, pois a quantidade de oxigênio inspirado é muito baixa. O socorrista deve, preferivelmente, dispor de equipamentos de ventilação adequados para evitar contaminação, máscaras de proteção individual (pocket Mask), a utilização de oxigênio suplementar em altas concentrações está indicada sempre que possível.

VERIFICAÇÃO DA CIRCULAÇÃO A PCR é reconhecida pela ausência de pulso nas grandes artérias de vítimas inconscientes. Nos adultos e nas crianças maiores que 1 ano a artéria a ser verificada é a carotídea, também é aceitável o pulso femural.

4.2.7 - Técnica de Palpação do Pulso Carotídeo Localizar a laringe enquanto a cabeça está estendida Deslizar em sua direção o dedo médio e indicador até a depressão entre a traquéia e o músculo do pescoço. A palpação deve ser suave, pois a aplicação de pressão excessiva causa compressão da artéria. Procurar a presença de pulso por cinco segundos, para evitar confusões em pacientes bradicárdicos (pulso lento). A realização de compressões torácicas em pacientes com pulso pode causar complicações.

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4.2.8 - Localização do Ponto de Massagem Cardíaca Com a mão localizar a margem inferior do rebordo costal da vítima, percorrer o rebordo costal até identificar o apêndice xifóide. Colocar dois dedos da outra mão acima do apêndice xifóide sobre o esterno, apoiar a região hipotenar da outra mão acima dos dois dedos, em cima do esterno e colocar a outra mão sobre a primeira. Localizar o ponto entre os mamilos, sobre o esterno. Localizar a metade superior do braço do paciente, escorrer o dedo por sobre o mamilo e localizar o ponto sobre o esterno, entre um mamilo e outro

4.2.9 - Técnicas de Compressões Torácicas O socorrista deve manter os braços esticados com os ombros diretamente sobre as mãos. A compressão deve ser efetuada diretamente sobre o esterno.

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A força da compressão deve ser provida pelo peso do tronco do socorrista e não pela força de seus braços. A utilização da força dos braços causa rapidamente o cansaço dos socorristas. O ideal é verificar se a compressão efetuada é suficiente para gerar um pulso carotídeo palpável. A compressão deve ser aliviada completamente sem que o socorrista retire suas mãos do tórax do paciente, para que não seja perdida a posição correta das mãos. As compressões torácicas a as respirações artificiais devem ser sincronizadas para que a RCP seja eficaz. A relação ventilação / compressão varia com a idade da vítima. A freqüência das compressões torácicas devem ser de 100 por minuto ou mais.

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4.2.10 - Complicações na RCP Caso e RCP seja realizada imprópria ou inadequadamente, as compressões torácicas e as ventilações artificiais podem ser inefetivas no suporte de vida. Mesmo fazendo a RCP de forma adequada podem ocorrer:

- Fratura de costelas - Disjunção condo esternal - Fratura do esterno - Distensão gástrica - Broncoaspiração - Contusão do Miocárdio - Pneumotórax Relação VENTILAÇÃO / COMPRESSÃO na RCP < de 8 anos > de 8 anos

1V/5C 2 V / 15 C Independe o número de socorristas

4.2.11 - Interrupção da RCP Em caso de óbito, que só poderá ser atestado pelo médico. Ocorrendo cansaço extremo do socorrista Se a vítima voltar a respirar e tornar a ter pulso.

4.2.12 - Erros comuns na realização da RCP Posição incorreta das mãos Profundidade de compressão inadequada Incapacidade de manter uma boa vedação ao redor do nariz e boca do paciente no momento da ventilação Dobrar os cotovelos durante as compressões Ventilar com muita força e rapidez (Distenção Gástrica) Incapacidade de manter as vias aéreas abertas Demorar a acionar o apoio com desfibrilador Não utilizar oxigênio suplementar na ventilação.

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4.2.13 - Resumo Geral

“ATENÇÃO :Caso a vítima respire ou em situações de múltiplas vítimas, para proteção das vias aéreas e prevenção da broncosapiração pelo vômito ou secreções coloque o paciente na Posição Lateral de Segurança – PLS”

Posição Lateral de Segurança

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OBS: em gestantes e pessoas obesas o local para a manobra será na linha inter-mamilar.

LEMBRE-SE: a solicitação de apoio especializado é um fator primordial em todos os atendimentos. 4.2.14 - Hemorragias Hemorragia: é definida como a perda de sangue devido ao rompimento de um ou vários vasos sangüíneos. Os tipos principais de hemorragias são as arteriais e as venosas (internas e externas). Hemostasia: define-se como o controle do sangramento, pode ocorrer através de seu mecanismo natural de defesa (contração dos vasos sanguíneos – vaso constricção ou através da coagulação sanguínea) ou de forma mecânica, realizada pelo socorrista. Classificação das hemorragias - Arteriais: sangramento tipo jato (pulsátil), acompanha a contração cardíaca, normalmente é de coloração vermelho-viva, promove perda de volume sangüíneo em menor tempo, por isso é mais grave que a venosa. - Venosa: sangramento contínuo, geralmente de coloração escura. - Capilar: Sangramento contínuo, geralmente em pouca quantidade (salvo em couro cabeludo) com fluxo muito lento. Localização do sangramento: - Internas: sangramento de estruturas profundas, normalmente oculta podendo se exteriorizar, como exemplo hemorragia do estomago (hematêmese). As medidas de socorro pré-hospitalar não são aplicáveis para a contenção, este tratamento deve ser realizado no hospital.

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- Externas: sangramento de estruturas superficiais com exteriorização do sangramento. Podem ser contidas com técnicas básicas de atendimento pré-hospitalar. O BM ao abordar qualquer tipo de evento envolvendo vítimas deve sempre priorizar o ABC da vida, nunca se deixando levar pela possível aparência terrível do evento. Normalmente as pessoas se deixam levar pelos sangramentos abundantes e fraturas aparentes, negligenciando assim as prioridades para se manter um indivíduo vivo. Conter hemorragias externas é um passo secundário em nosso atendimento. Só depois de verificar o nível de consciência e realizar o ABC da vida é que vamos nos ater ao controle de hemorragias, salvo se estivermos acompanhados de outros socorristas, que poderão realizar esta tarefa enquanto o outro realiza o ABC. Uma hemorragia não tratada adequadamente pode levar uma pessoa a um estado clínico chamado CHOQUE HIPOVOLÊMICO, e a morte ainda no ambiente extra-hospitalar. Técnicas de controle de hemorragias: - Compressão direta da lesão Proteger-se com luvas e óculos Comprimir o ferimento com a mão Colocar compressa em cima da lesão, efetuando compressão direta. Caso a compressa fique encharcada de sangue, coloque outra por sobre a primeira, lembre-se de não utilizar muitas compressas, pois não haverá compressão na lesão. Fixar compressas sobre o ferimento com bandagens. - Elevação do Membro Elevar o membro acima do coração, com isso conseguiremos reduzir o sangramento devido a força de gravidade.

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- Compressão indireta Pressionar anteriormente a lesão a artéria responsável pela irrigação sanguínea da região afetada.

A compressão direta e a elevação do membro são os principais métodos para deter uma hemorragia, pois não diminuem a irrigação sangüínea em outros locais. Caso o sangramento seja importante o BM não deve perder tempo tentando aplicar o curativo compressivo, deve partir diretamente para a compressão direta da lesão, sempre com suas mãos protegidas. Numa eventual falta de luvas, sacos plásticos podem ser utilizados como EPI. Assim que possível deve ser colocado um curativo compressivo. - Torniquete O torniquete é o nosso último recurso em hemorragias graves em extremidades, que não responderam às técnicas anteriores. Atualmente só é utilizado nas amputações traumáticas. Tem como complicações o esmagamento dos vasos, nervos e músculos e ainda a interrupção de fluxo sangüíneo naquela região. Aplicação: colocar o torniquete acima do ferimento o mais próximo possível da lesão, mas fora de seus bordos. Utilizar panos largos, envolver o membro com o pano, fazer um nó no meio, colocar um pedaço de madeira no meio do nó, dar um nó com as pontas do pano na madeira e torcer a madeira lateralmente até parar a hemorragia. Só afrouxar o torniquete quando chegar ao hospitalar. Lembre – se: 1. Tomar precauções universais 2. Efetuar o A, B, C, H, com precauções com coluna cervical (se necessário) Use material limpo sobre a ferida. Os materiais que podem ser utilizados são toalhas ou uma camisa limpa. 3. Imediatamente aplicar compressão direta em ferimento de partes moles. A compressão não funciona em hemorragias internas 4. Posição de choque se necessário 5. Acionar o GSE 6. Caso amputação siga o mesmo procedimento de qualquer outro tipo de ferimento de partes moles. 7. Aplique pressão ao coto e localize a parte amputada 8. Guarde o membro amputado em um saco plástico não coloque gelo, em seguida coloque em outro saco plástico e acondicione em gelo para preservar o segmento amputado. Trate primeiro o paciente e depois a parte amputada.

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4.2.15 - Fraturas Fratura: é definida como uma interrupção da continuidade do osso, as fraturas podem ser classificadas como abertas (expostas) ou fechadas. Fraturas abertas: Quando ocorre lesão da pele sobre a fratura, que pode ser produzida por fragmentos ósseos ou outros objetos penetrantes. Fraturas fechadas: É quando a pele sobre a lesão está intacta.

“IMPORTANTE: Algumas fraturas podem produzir hemorragias graves levando o paciente ao Choque Hipovolêmico.” Exemplo: Pelve – Paciente pode perder até 2,5 L de sangue. Fêmur – Paciente pode perder até 3 L de sangue, ou seja, 1,5 L em cada fêmur. SINAIS E SINTOMAS - Dor - Deformidade - Perda de função - Equimose - Crepitação É impossível saber se uma pessoa tem fratura ou não. Na dúvida trate como fratura. Trate estas lesões com imobilização completa da área ferida. A imobilização não é uma técnica complicada e difícil de aprender. TÉCNICAS DE IMOBILIZAÇÃO

1. Ao imobilizar qualquer área do corpo você deve sempre imobilizar as articulações acima e abaixo da área lesada. 2. Material específico não é necessário 3. A criatividade é importante (improvisos com papelão são bastante válidos) 4. O melhor imobilizador é o próprio corpo do paciente 5. Checar o pulso do paciente antes e depois da imobilização 6. Lavar e cobris as fraturas abertas com gaze estéril ou pano limpo 7. Se houver resistência ao alinhamento, imobilizar na posição encontrada. 8. Se possível elevar a extremidade após o procedimento de imobilização

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TRATAMENTO DO PACIENTE COM FRATURA

1. Efetuar a abordagem da vítima, determinar o seu nível de consciência. 2. Efetuar o exame primário (ABC) 3. Imobilize a área inteira e trate a lesão como uma fratura até que haja a confirmação do quadro clínico exato. (através de exame radiológico) 4. Se a lesão não tiver exposição óssea utilize o RGCE R = repouso é geralmente obtido pela imobilização da área lesada G = gelo C = compressão da área lesada limitará o volume de sangramento E = elevação - a elevação acima do coração ajuda a reduzir o sangramento interno e inchação. 5. Quando apropriado inicie medidas para o choque hipovolêmico. Válido para as principais fraturas consideradas “importantes” clinicamente como: fratura de quadril ou de fêmur bilateral. 6. Acione o Corpo de Bombeiros – Tel: 193.

OBS: IMPORTANTE! Cuidado com a manipulação de membro inferior apresentando sinais clássicos de fratura, pois é comum as espículas ósseas do osso fraturado lesionarem estruturas vasculares (grandes artérias como a artéria femural) contribuindo para que a vítima evolua para uma hipovolemia. PRECAUÇÕES COM A COLUNA Uma das lesões com maior potencial de complicações que o socorrista terá que tratar é a lesão da coluna vertebral. A manipulação errada pode ter conseqüências fatais para o paciente. Esteja alerta para acidentes com mecanismo potencial de lesão de coluna vertebral. Caso a vítima tenha sofrido um trauma de cabeça, pescoço ou estiver se queixando de dor na região vertebral ou se o acidente simplesmente possuir potencial de causar lesão, você deve imediatamente tratar o paciente como se uma lesão de coluna tivesse ocorrido. “Caso você suspeite de uma lesão de coluna vertebral estabilize a coluna.” A imobilização da cervical pode ser obtida com as mãos do socorrista

Estabilização da cabeça com as mãos

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4.2.16 - Queimaduras A maior parte das queimaduras que ocorre nas residências é de pequena gravidade. Somente 3% a 5% dos casos são graves. As queimaduras têm o potencial de desfigurar, incapacitar temporariamente ou permanentemente podendo levar a morte. A pele é o maior órgão do corpo humano e é a barreira contra a perda de água e calos pelo corpo, tendo também um papel importante na proteção contra infecções. Pacientes com lesões extensas de pele tendem a perder líquido corporal e temperatura e se tornam mais propensos a infecções. ORIGEM DAS QUEIMADURAS As radioativas.

queimaduras

podem

ter

origens

térmicas,

elétricas,

químicas ou

-Térmicas Causadas pela condução de calos através de líquidos, sólidos, gases quentes ou do calor de chamas. -Elétricas Produzidas pelo contato com eletricidade de alta ou baixa voltagem. Na realidade o dano é provocado pela produção de calor que ocorre a medida que a corrente elétrica atravessa o tecido.São difíceis de avaliar, e mesmo as lesões que parecem superficiais podem ter danos profundos a nervos, músculos e vasos. A eletricidade, principalmente a corrente alternada, pode causar PCR e lesão do sistema nervoso. -Químicas Provocadas pelo contato com substâncias corrosivas, líquidas ou sólidas, com a pele. -Radiação Resulta da exposição à luz solar ou a fontes nucleares. A gravidade da queimadura depende da causa, profundidade e extensão da superfície corporal queimada (SCQ), localização, associação com outras lesões, comprometimento das vias aéreas e estado prévio da vítima. As queimaduras por radiação nuclear são as mais graves, seguidas pelas elétricas. Classificação das Queimaduras - Profundidade Depende das camadas da pele afetadas. As queimaduras são classificadas em 1º, 2º e 3º graus. As lesões não são uniformes, existem, em geral, vários graus de profundidade em uma mesma área. O tratamento inadequado e a infecção podem converter queimaduras de 2º grau em queimaduras de 3º grau. CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO DE PRAÇAS

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GRAU 1º

PROFUNDIDADE epiderme

COR avermelhada

DOR presente



epiderme e derme

presente



todas as camadas

avermelhada ou esbranquiçada branca, preta ou avermelhada

grau grau grau

ausente

-Extensão É estimada pela regra dos nove, o corpo do paciente adulto é dividido em partes e estima-se que as partes do corpo representem 9% ou múltiplos de 9. Em crianças pequenas deve-se atribuir maior valor à cabeça e menor valor as extremidades inferiores.

-Localização Queimaduras nas seguintes áreas são consideradas lesões graves: Mãos e pés – podem produzir incapacidade permanente após o processo de cicatrização devido às retrações. Face – associam-se com queimaduras de vias aéreas, inalação de fumaça, intoxicação por monóxido de carbono e desfiguração. Olhos – podem causar cegueira. Períneo – tem alta incidência de infecção, sendo difícil o tratamento. Queimaduras circunferenciais – qualquer queimadura circunferencial profunda pode causar complicações graves. No pescoço pode causar obstrução de vias aéreas, no tórax restrição a ventilação pulmonar e nas extremidades, obstrução à circulação. Queimaduras de vias aéreas A inalação de gases superaquecidos pode causar obstrução alta de vias aéreas por edema da hipofaringe. Raramente ocorre lesão dos pulmões, pois a traquéia absorve o calor.

Suspeitar de Queimaduras de Via Aérea Superior

- Queimadura de face - Sobrancelhas queimadas - Pelos nasais queimados - Queimaduras na boca

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- Escarro enegrecido - Lábios inchados - Rouquidão (sinal precoce) - Estridor (ruído agudo semelhante ao da foca), sinal tardio e indica 85% de obstrução - Queimaduras em local confinado Traumatismos Associados Em explosões, acidentes automobilísticos e outros acidentes, as queimaduras podem se associar a outras lesões como traumatismos de cabeça, coluna cervical, fraturas e hemorragias internas. A gravidade destas lesões vai ter, por vezes, importância maior no prognóstico do paciente do que a queimadura.

DEFINIÇÃO DE GRANDE QUEIMADO

- 2º Grau > 25% de SCQ em adultos - 2º Grau > 20% de SCQ em crianças - 3º Grau > 10% em qualquer faixa etária - Associação com traumatismos graves - Muitos pacientes apresentando queimaduras elétricas, inalação de fumaça, lesões em mãos, pés, face, olhos e períneo. - Queimados com lesões moderadas, mas de alto risco clínico (diabéticos, cardíacos...) - Queimaduras circunferenciais em pescoço, tórax, membros. TRATAMENTO Afastar a vítima da origem da queimadura é o passo inicial e tem prioridade sobre todos os outros tratamentos. Ter o máximo cuidado com a segurança da cena. As vítimas não morrem rapidamente da queimadura, os pacientes devem ser tratados como os outros traumatizados. Resfriar a lesão com água na temperatura ambiente por um máximo de 1 minuto, o resfriamento mais prolongado pode induzir a hipotermia. Não aplicar gelo no local, pois causa vaso constricção e conseqüentemente diminui a irrigação sanguínea. Proteger o paciente com lençóis limpos e secos Não transportar o paciente com panos úmidos ou molhados Remover as jóias da vítima para evitar constricção em virtude do edema. Nunca utilizar “remédios” caseiros, tais como, manteiga, dentifrícios, pomadas ou óleos. Estas substâncias podem agravar a lesão, promover infecção e dificultar a avaliação médica.

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Não estourar as bolhas Realizar normalmente o exame primário, priorizando o ABC Administrar oxigênio em alta concentração em todos os casos, devido ao risco de intoxicação por monóxido de carbono. Não há necessidade de retardar o transporte para obtenção de acesso venoso. Raramente o choque se desenvolve na cena, e quando isso ocorre é provável de se deva a uma lesão oculta (hemorragia interna) No exame secundário avaliar a superfície corporal queimada pela regra dos nove Remover o queimado para o CTQ de referência.

4.2.17 - Extricação Extricação é ato de retirarmos uma vítima de um local do qual ela não consiga ou não deva sair pelos seus próprios meios. Hoje na corporação dispomos de muitos equipamentos e técnicas para extricação. Equipamentos Utilizados para extricação: -

Prancha longa com fixadores laterais de cabeça (headblock) Colar cervical Colete de extricação dorsal (KED) Imobilizadores de extremidades

Técnicas de extricação: - Rolamento a 90º Utilizado para vítimas encontradas em decúbito dorsal (barriga para cima), o líder da equipe estabiliza a cabeça do paciente por trás enquanto outro socorrista aplica o colar cervical. A prancha é posicionada paralela a vítima, do lado oposto ao rolamento (geralmente a prancha longa é colocada ao lado da lesão do paciente), dois auxiliares se ajoelham lado a lado ao nível do ombro e joelhos da vítima e a mesma é rolada em bloco sempre ao comando do líder, que está posicionado na cabeça do paciente, deixando o paciente em decúbito lateral. Em seguida a prancha longa é deslizada até encostar no corpo do paciente. - Rolamento a 180º Utilizado para vítimas encontradas em decúbito ventral (barriga para baixo), o líder fica atrás da cabeça da vítima e dá início a estabilização manual da mesma, a prancha longa é posicionada do lado oposto ao que o paciente será rolado, ou seja, lado oposto ao que o paciente estiver “ olhando “. Os dois auxiliares se posicionam de joelhos ao nível do ombro e joelhos da vítima, porém, em cima da prancha. Após o comando do líder a vítima é girada a 90º ficando assim em decúbito lateral, os auxiliares saem da prancha e após novo comando a vítima é colocada em cima da prancha com

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nova manobra de rolamento de 90º. O colar cervical é colocado logo após a manobra, ou seja, com a vítima já na prancha. - Extricação em pé Utilizado para pacientes que estejam deambulando (andando) no local do acidente, um socorrista aborda o paciente pela frente estabilizando sua cabeça, o colar cervical é colocado no paciente ainda em pé por outro socorrista. A prancha longa é colocada atrás da vítima e os dois se colocam na posição lateral ao paciente estabilizando sua cabeça e segurando a prancha longa simultaneamente. Ao segurar a prancha os braços dos socorristas entram por baixo das axilas do paciente, em seguida o paciente é colocado ao solo. - Extricação rápida Indicado para vítimas instáveis no interior do veículo. Somente é utilizado nesse procedimento Prancha longa e colar cervical, sendo necessário no mínimo três socorristas para realização da manobra. - Extricação padrão Utilizado em vítimas estáveis, no interior do veículo e cena segura. Também é necessário três socorristas para o procedimento de colocação do KED, colar cervical e prancha longa. - Elevação a cavaleiro Utilizado para vítimas com suspeita de fratura de pelve, nas quais o rolamento é contra-indicado. - Outras Técnicas Além destas, temos ainda outras técnicas de transporte sem uso de equipamentos, porém estas não proporcionam uma boa proteção da coluna: - Transporte tipo bombeiro - Transporte em cadeiras - Transporte pelas extremidades - Elevação manual com sete socorristas - Chave de Rauteck

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Transporte em cadeira

Transporte pelas extremidades

4.2.18 - Obstrução de Vias Aéreas Esta é uma das complicações com a qual o BM pode se deparar no seu dia-adia e está ligada ao Suporte Básico de Vida. Anteriormente tratamos de obstrução por queda de língua em vítima inconsciente, a qual corrigimos com manobra já descrita. Porém vítimas conscientes também podem apresentar tal complicação, não por queda de língua mas por corpos estranhos ou pedaços de alimentos –que porventura venham a “cair” nas vias aéreas causando então a obstrução. Cabe ao BM estar preparado para prestar a ajuda necessária a esta vítima e a primeira atitude é se certificar se a obstrução é Total ou Parcial. Obstrução parcial: Aproxime-se pela frente da vítima e estimule a mesma a tossir ou falar, caso obtenha resposta positiva o indicado é acalmar a vítima e encaminha – lá ao hospital, pois está caracterizado obstrução parcial e conseqüentemente passagem de ar pelas vias aéreas, se possível oferecer oxigênio a 100%. Devemos lembrar que a obstrução parcial pode se tornar em obstrução total – o BM não deve fazer manobras intempestivas nessa vítima, pelo risco de piorar a obstrução. Obstrução total: Tem como sinal clássico a impossibilidade da vítima de emitir sons. Esta impossibilidade nos diz que a passagem do ar esta totalmente obstruída, o que faz desta situação um evento de grande gravidade, podendo levar a vítima ao óbito. Uma das reações comuns de pessoas com este problema é a agitação dada a falta de ar, e a colocação das mãos no pescoço. Ao se deparar com esta urgência o BM deve tomar as seguintes atitudes. - Manobra de Heimlich 1. Tranqüilizar a vítima, se apresentando e lhe oferecendo ajuda. 2. Informar a vítima todos os procedimentos a serem realizados.

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3. Colocá-los atrás da vítima de forma lateral, passando seus braços por baixo dos braços da vítima. 4. Com uma das mãos encontrar a cicatriz umbilical. Colocando sua mão de forma lateral neste ponto, fechar a mão e fazer um giro em direção ao abdome. 5. Sobrepor a outra mão àquela que já estava em contato com a vítima. 6. Realizar compressões abdominais em direção ao diafragma. 7. Realizar estas compressões até a expulsão do corpo estranho, ou até a vítima tornar-se inconsciente, o que ocorrerá inevitavelmente devido à hipóxia. 8. Estar atento para o momento em que a vítima fica inconsciente devendo o BM colocar a vítima no chão de forma cuidadosa. 9. Após colocá-la no chão o BM deve abrir a via aérea a fim de verificar se ocorreu a expulsão do objeto, observando a cavidade oral. 10. Se não tiver êxito deve então o BM munido de EPI, ventilar duas vezes esta vítima, mesmo estando ela nesta situação. 11. Após as duas ventilações o BM irá posicionar-se a cavaleiro na altura da cintura da vítima, achar o ponto médio entre o início de apencide xifóide e a cicatriz umbilical. 12. Em seguida realizar, com a parte hipotenar de suas mãos entrelaçadas, cinco compressões em direção ao diafragma. 13. Após as compressões, voltar a verificar a cavidade oral a fim de observar se houve expulsão do corpo estranho. 14. Repetir este movimento até alcançar êxito (expulsão do corpo estranho), ou chegada de socorro especializado.

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