Leucemia

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Projecto Tutorial Licenciatura em Bioquímica

As Bases Bioquímicas presentes na Leucemia

Daniela Sofia Santos Bessa 1º Ano

Ano Lectivo 2005/2006

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ÍNDICE Índice Resumo 1. O Cancro – Aspectos gerais 1.1 A Divisão Celular e o Crescimento descontrolado das Células 1.2.O Cancro e o Ciclo celular 1.3. Genes supressores de tumores – o exemplo da Proteína p53 1.4. Oncogénese e transdução do sinal 2. A Leucemia – Aspectos gerais 2.1. Sintomas gerais da Leucemia 2.2. Tratamento geral da Leucemia 3. Tipos de Leucemia 3.1. Tipos principais de Leucemia 4. Leucemia Mielóide Crónica (LMC) 4.1. Sinais e sintomas LMC 4.2. Diagnóstico e Tratamento LMC 5. Leucemia Mielóide Aguda (LMA) 5.1. Sinais e sintomas LMA 5.2 Diagnóstico e Tratamento LMA 6. Leucemia Linfóide Aguda (LLA) 6.1. Sinais e sintomas LLA 6.2. Diagnóstico e Tratamento LLA 7. Leucemia Linfóide Crónica (LLC) 7.1 Sinais e sintomas LLC 7.2. Diagnóstico e tratamento LLC 8. Novos tratamentos de Leucemia Conclusão Bibliografia

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Resumo Este trabalho apresenta uma abordagem sucinta sobre as bases bioquímicas presentes na leucemia. Incide primeiramente sobre os aspectos bioquímicos do cancro e o papel dos genes supressores de tumores e oncogénes nesse processo. Aborda também sintomas, sinais, diagnóstico e tratamentos nos diferentes tipos de leucemia, dando um especial relevo aos aspectos bioquímicos destes processos. Incide também em novos tratamentos de leucemia incluindo o uso de uma nova enzima a L- Asparaginase.

1. O Cancro - Aspectos gerais O termo Cancro é aplicado e utilizado genericamente para identificar um vasto conjunto de doenças que são os tumores malignos, também designamos por neoplasias. Os tumores malignos são muito diversos, havendo causas, formas de evolução e tratamentos diferentes para cada tipo. Existem dois tipos de tumores: os benignos e os malignos. Há porém uma característica comum a todos eles: a divisão e o crescimento descontrolado das células. No entanto, diferem na capacidade de invadirem outros órgãos e tecidos. [www.ligacontracancro.pt]

 1.1. A divisão celular e o crescimento descontrolado das células O processo de divisão celular é regulado por uma série de mecanismos de controlo que ordenam à célula quando se deve dividir e quando deve permanecer estática. Todo este processo é regulado por “mensagens impressas” nos genes, que se situam nos cromossomas. Quando estes mecanismos de controlo se alteram numa célula, esta e as suas descendentes (células filhas) iniciam uma divisão descontrolada que, com o tempo, dará lugar a um tumor [www.ligacontracancro.pt]

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Figura 1 - Esquema representativo de divisão celular .[http:\www.ligacontracancro.pt]

1.2. O Cancro e o Ciclo Celular O ciclo celular é um conjunto de processos ordenados que levam á replicação celular. A perda de regulação da divisão celular é um factor que pode desencadear a progressão tumoral.

Figura 2 – Fases do ciclo celular [http:\www.icb.ufmg.br]

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As fases do ciclo celular são quatro, G1 (e G0), S, G2 e M. A fase G1 é caracterizada por expressão de genes e síntese de proteínas, que permite o crescimento celular e a produção de todas as proteínas necessárias para a síntese de DNA. Esta fase encontra-se compreendida entre a fase S e a M. A fase G0 do ciclo celular é um período em que a célula mantém a sua taxa metabólica, e não cresce em tamanho, a não ser que receba sinais extracelulares. A fase S corresponde ao período de replicação do DNA da célula. Durante a fase G2, que corresponde ao segundo processo de crescimento a célula cresce novamente e sintetiza as proteínas, permitindo com isto que o processo de divisão celular se inicie. Na fase M a célula passa por um processo denominado citocinese originando “duas células filhas”, completando assim o ciclo celular. [www.icb.ufmg.br] Se estes processos não forem bem controlados, as células irão dividir-se continuamente. Existem várias proteínas que regulam e controlam o ciclo celular, estas efectuam sinais para que haja ou não progressão do ciclo celular. A lesão genética mais comum no cancro é no gene codificante da proteína supressor tumoral p53, esta proteína é essencial para o controlo do ciclo celular.

1.3. Genes supressores de tumores – o exemplo da proteína p53 Os genes supressores de tumores encontram-se normalmente em células que danificadas por mutações não codificam as proteínas que controlam os processos de divisão celular, inibindo assim a proliferação células. Um exemplo de um gene supressor de tumor é a p53. A p53 é uma proteína supressora tumoral, tem como função regulação do ciclo celular e a progressão da fase G1/S. Esta proteína participa na resposta intracelular a danos causados no DNA. Assim a p53 pode induzir a paragem do ciclo para permitir a reparação do DNA e, se estes danos forem irreversíveis a p53 pode induzir a apoptose (morte celular programada ou suicídio celular). Uma delecção na p53 pode dar origem a uma progressão descontrolada do ciclo celular. Esta deslecção provoca uma maior predisposição para sarcomas, carcinomas, tumores cerebrais e leucemias.

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Figura 3 – Acção da Proteína P53 [http:\www.icb.ufmg.br]

1.4. As Oncogénes e a transdução de sinal Os Cancros são o resultado de células que recebem mensagens “erradas” dos seus genes. Segundo investigações, genes que tenham estado inactivo nas células anormais podem entrar em actividade constitutiva, sendo responsáveis por mensagens inadequadas. Estes genes promotores do Cancro são designados de oncogénes. Quando as células recebem uma “ordem” de divisão celular “errada” origina-se o seguinte: - A divisão celular pode tornar-se descontrolada, ou seja, a célula cancerosa e as suas descendentes dividem-se mais depressa do que as células dos outros tecidos; - As células “filhas” são geralmente menos especializadas do que as células normais a que correspondem, sendo incapazes de desempenhar as funções destas; - Ao fim de algum tempo, as células cancerosas ao romperem o seu tecido podem alcançar um vaso sanguíneo ou um canal linfático, onde pequenos grupos de células cancerosas podem depositarem-se em outras partes do corpo, onde se formam metástases (Cancros secundários), este processo tem o nome de metastização. [Michael Lieberman; Allan D. Marks; Colleen Smith, 2005]

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Figura 4: Via de transdução de sinal conducente à divisão celular [http:\www.roche.pt]

Os protoncogenes e genes supressores de tumores participam no controlo do crescimento celular. Os receptores da superfície celular respondem a sinais de factores de crescimento extra-celulares e transmitem essa informação por uma via de transdução do sinal, para agentes intracelulares. A alteração de qualquer um destes componentes pode resultar em oncogénese. Os Cancros podem classificar-se de acordo com o tipo de células avaliando-se pela anatomia patológica, em: - Carcinoma; - Sarcoma; - Linfoma; - Leucemia.

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 2. A Leucemia – Aspectos Gerais A leucemia é uma doença maligna que envolve um aumento do número dos percursores dos leucócitos no sangue e na medula óssea. As leucemias caracterizam-se, portanto, por uma proliferação anormal e desordenada de glóbulos brancos anormais que provoca grandes alterações das células do sangue. A medula óssea possui uma capacidade de produzir eritrócitos (mais vulgarmente conhecidos por glóbulos vermelhos), leucócitos e as plaquetas.

Fig. 4 – Leucócitos [http:\www.apcl.pt]

Os leucócitos, também conhecidos por glóbulos brancos, são responsáveis pelo combate às infecções. Por outro lado os éritrócitos têm como principal função o transporte de oxigénio, que se liga à hemoglobina, para todos os tecidos do corpo. As plaquetas são as células do sangue que participam no processo de coagulação.

o 2.1. Sintomas gerais da Leucemia: A grande característica da Leucemia é o surgimento de quantidades elevadas de leucócitos no sangue, que são leucócitos “doentes” que perdem as suas funções de defesa do organismo. Essa alteração em conjunto com a produção insuficiente de glóbulos vermelhos e plaquetas provoca manifestações clínicas que incluem: - Anemias (devido á baixa produção de hemoglobina); - Fraqueza (devido à anemia e subsequente oxigenação deficiente dos tecidos); - Palidez (devido à anemia); - Hemorragias (devido à produção diminuída no número de plaquetas); - Sangramentos no nariz e na gengiva; - Manchas vermelhas na pele e infecções. Estes sinais são próprios e característicos da Leucemia Aguda, existem, porem as Leucemias crónicas que na maior parte das vezes são detectadas num hemograma (análise ao sangue).

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o 2.2. Tratamento Geral da Leucemia Na grande maioria das leucemias agudas, o tratamento começa pela quimioterapia. Esta primeira fase é chamada de indução da remissão e seu objectivo é eliminar as células cancerosas ou doentes. Normalmente nas primeiras semanas de quimioterapia as células cancerosas desaparecem, porque são muito sensíveis a este tratamento. O grande progresso para obter recuperação total da leucemia foi conseguido através da associação de medicamentos (poliquimoterapia) que controla as complicações infecciosas e hemorrágicas na prevenção ou combate da doença no sistema nervoso central. Normalmente em alguns casos é indicado o transplante de medula óssea, que consiste na substituição de uma medula óssea doente, ou deficitária, por células normais de medula óssea, com o objectivo de reconstituição de uma nova medula.

 3. Tipos de Leucemia As Leucemias podem ser agrupadas em duas classes maiores, sendo estas, mielóide (granulócitica e monócitica) e linfóide (linfócitica). Os tipos de leucemia mielóide e linfóide apresentam-se de forma aguda ou crónica. Os termos mielóide e linfóide denotam o tipo de célula envolvido, ou seja, os monócitos na mielóide e os linfócitos na linfóide. A Leucemia aguda é rapidamente progressiva e afecta a maioria das células que ainda não se encontram totalmente diferenciadas e que perdem a capacidade de desempenhar as suas funções normais. A leucemia crónica progride lentamente e permite o crescimento de um maior número de células já diferenciadas. Em geral, essas células mais diferenciadas podem ser capazes de exercer algumas das suas funções normais. Desta forma, define-se que os quatro tipos principais de Leucemia são: - Leucemia Mielóide Crónica; - Leucemia Mielóide Aguda; - Leucemia Linfóide Aguda; - Leucemia Linfóide Crónica.

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 3.1. Tipos principais de leucemia:

o 4. Leucemia Mielóide Crónica (LMC): A Leucemia mielóide crónica resulta de uma lesão adquirida no DNA de uma célula da medula óssea. Esta lesão anormal altera a produção de leucócitos na medula óssea, que normalmente é bem controlada e causando um aumento descontrolado do número de leucócitos. As células alteradas na LMC geralmente funcionam adequadamente, permitindo um avanço inicial da doença mais lento do que nos casos agudos. Sabe-se que todos os seres humanos possuem 46 cromossomas, dispostos em 22 pares, numerados de 1 a 22, para além dos dois cromossomas sexuais (X e Y no homem e XX na mulher). A LMC caracteriza-se pela presença na maioria dos casos de uma anormalidade genética adquirida e que foi chamada de Cromossoma Philadelphia. O Cromossoma Philadelphia representa uma anormalidade genética que envolve os cromossomas de números 9 e 22. Estes cromossomas quebram e trocam material genético entre si. Esta alteração entre os dois cromossomas é chamada translocação e o novo cromossoma que se forma é chamado Philadelphia. O resultado desta translocação é a proteína p210.Esta fusão de cromossomas a nível de gene é conhecida de bcrabl. As causas que levam a essa alteração são geralmente desconhecidas. O abl é um protoncogene com actividade tirosina cinase, que após a translocação cromossómica é transformado num oncogéne. Na leucemia linfóide aguda também está presente esta alteração. [Benjamin Lewis, 1990] A formação da proteína p210 origina consequências nomeadamente aumento da proliferação, apoptose reduzida e distúrbios na interacção com a matriz extracelular, que tem como consequência o crescimento celular descontrolado e o aparecimento do tumor.

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Esquema 3: Formação da Proteína p210 [http:\www.ncbi.nih.gov]

A maioria dos casos de LMC ocorre em adultos. A frequência deste tipo de Leucemia é de um em um milhão de crianças até aos 10 anos. Em adultos, a frequência fica entre um em cem mil indivíduos. [www.apcl.pt]



4.1. Sinais e Sintomas:

O surgimento da leucemia mielóide crónica é associado a sintomas que geralmente se desenvolvem gradualmente. Muitos doentes são diagnosticados por acaso em exames clínicos ou de sangue realizados por motivos diversos ou até para “Check-up”. Geralmente, a maioria dos doentes apresenta um certo mal-estar e insuficiências respiratórias em actividades físicas. Podem apresentar palidez devido à anemia, um desconforto no lado esquerdo do abdómen devido ao aumento do tamanho do baço e das células imaturas “blastos”, suores excessivos, perda de peso. A doença evolui para a chamada fase blasta ou aguda, na qual as células blastícas predominam na medula óssea.



4.2. Diagnóstico:

O diagnóstico desta doença normalmente é feito no exame de sangue e na maioria dos casos confirmados pelo estudo da medula óssea. Esta análise pode ser feita através de um hemograma (exame de sangue), onde as células mostram uma grande proporção de leucócitos maduros em comparação com os imaturos (Blastos).

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Para um diagnóstico definitivo é necessário o estudo da medula óssea (mielograma), onde serão confirmados os leucócitos do hemograma e após a realização de um exame denominado citogenética, que se confirma a presença do Cromossoma Philadelphia.



Tratamento:

Esquema 4: Receptores de Tirosinoquinase [http:\cafe.cbmeg.unicamp.br]

Nos últimos anos, estudos realizados demonstraram que houve uma evolução no tratamento da Leucemia Mielóide Crónica, nomeadamente o aparecimento dos chamados inibidores de tirosina cinase (substância importante na progressão da célula leucêmica, uma vez que a proteína p210 tem actividade tirosina cinase) que permitiu uma alteração dos receptores tirosina cinase. Estas proteínas transmembranares receptoras têm uma grande importância nos processos de sinalização celular, e a sua alteração tem como consequência uma actividade constitutiva e a perda de sensibilidade ao ligando, originando, geralmente, uma desregulação da actividade das tirosinas cinases e a fosforilação de novos substratos. Posteriormente com o aparecimento do mesilato de imatinib, que altera igualmente a actividade da tirosina cinase, foram conhecidas as respostas hematológicas

(normalização

dos

exames

de

sangue)

e

citogenéticas

(desaparecimento da translocação do cromossoma 9: cromossoma 22) em torno de 75% dos pacientes, somente demonstradas anteriormente com o transplante de medula óssea. [www.apcl.pt]

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Desta forma, o transplante de medula óssea e o mesilato de imatinib tornaramse hoje as principais alternativas terapêuticas a um paciente com Leucemia Mielóide Crónica. Ambos funcionam melhor nas fases mais precoces da doença, diminuindo sua eficiência à medida que a leucemia progride para as fases graduais e blásticas. [Ivan Damjanov, 1996] A Hidroxiureia inibe a enzima redutase (importante na síntese de DNA) que converte os ribonuclíotedeos em desoxiribonucleotídeos. É utilizada para reduzir o alto número de leucócitos, controlando os sintomas do doente. Actualmente, fazem-se estudos em procura de um tratamento ideal, para pacientes em fases avançadas da doença.

o 5. Leucemia Mielóide Aguda (LMA): A Leucemia Mielóide Aguda caracteriza-se por um crescimento descontrolado e exagerado das células chamadas “Blastos Leucemicos” ou “Mieloblastos”. Estas células deixam de funcionar, e não apresentam as funções normais dos leucócitos. Para alem disso, existe um bloqueio na produção das células normais, havendo uma deficiência

de

éritrócitos

(provocando

anemia),

das

plaquetas

(originando

plaquetopenia) e dos leucócitos (dando origem a uma neutropenia). Na maioria dos casos desta doença não existe causa evidente, no entanto, em alguns pacientes consegue-se relacioná-la com a exposição do benzeno e de irradiações ionizantes. Doenças raras, como a Anemia de Fanconi e Síndrome de Down podem estar associadas no aparecimento da LMA. Esta doença não é hereditária ou transmissível. A classificação e nomenclatura destes subtipos é complexa, mas a sua identificação pelos médicos é fundamental na escolha adequada para o tratamento da LMA entre os diferentes tratamentos existentes.

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5.1. Sinais e sintomas:



As células leucemicas (denominadas de blastos), não realizam as funções normais do sangue, como combate a infecção (realizada pelos leucócitos), o transporte de oxigénio para os tecidos (realizado pela hemoglobina), e a dificuldade para coagulação (realizado pelas plaquetas). Por estas razões, os pacientes com a LMA desenvolvem normalmente infecções , anemia e sangramentos . É importante saber que os sinais e sintomas da leucemia aguda, podem ser diagnosticadas por qualquer outra doença como as infecções virais ou bacterianas e outros tumores. Assim sendo, os sintomas deste tipo de leucemia sãos comuns aos da LMC.

5.2. Diagnóstico:



O diagnóstico da leucemia mielóide aguda é feito através da análise do aspecto das células em microscópio e da identificação das células leucemicas e do estudo da medula óssea. Para um diagnostico definitivo, o material obtido no sangue e/ou na medula óssea deve também ser submetido a exames denominados de imunofenotipagem (avaliação do tipo de leucemia) e citogenética (analise do número e aspecto dos cromossomas).



Tratamento:

O tratamento da LMA é feito logo que o diagnóstico seja possível, assim o doente é submetido a tratamento de quimioterapia inicial, chamado indução da remissão. O principal objectivo deste tratamento é a obtenção do desaparecimento das células blásticas na medula óssea. Quando esta remissão é atingida, a produção normal dos linfócitos, éritrócitos e plaquetas é restabelecida.

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O tratamento depende principalmente, dos resultados da citogenética, podendo variar desde a quimioterapia até ao uso das diversas modalidades de transplantes da medula óssea. Recentemente, investigadores do IPO-Porto descobriram um novo gene que causa um tipo agressivo de leucemia, o que permite antecipar a terapia mais adequada, melhorando as possibilidades de cura. O novo gene, localiza-se no cromossoma 2 e chama-se Septina. Os investigadores descobriram que uma alteração cromossómica faz com que o gene da Septina se junte ao gene MLL, localizado no cromossoma 11, dando origem a um novo gene de fusão que causa um tipo de leucemia muito agressivo, a leucemia mielóide aguda. Com esta descoberta, é possível detectar imediatamente que se trata deste tipo particularmente agressivo de leucemia, que exige a aplicação imediata da quimioterapia mais intensa Esta descoberta permite também que, após a recuperação, o doente seja seguido através de análises genéticas de medula óssea que avaliam a eficácia do tratamento. Nos casos em que se verifique a cura, as análises genéticas permitirão detectar muito mais cedo uma eventual recaída, antes de qualquer outro sintoma.

o 6. Leucemia Linfóide Aguda (LLA): A Leucemia Linfóide Aguda também conhecida de Leucemia Linfocítica Aguda, resulta numa produção descontrolada de blastos leucemicos de características linfóide, com uma elevada diminuição na produção normal de leucócitos, éritrócitos e plaquetas. A LLA desenvolve-se a partir dos linfócitos primários que se podem encontrar em diferentes estados de desenvolvimento. Na maioria das vezes a causa da leucemia linfóide aguda não é evidente.



6.1. Sinais e sintomas:

A leucemia linfoide aguda apresenta sintomas e sinais idênticos à leucemia mielóide aguda. Inicialmente os primeiros sintomas podem ser similares a uma simples gripe ou a outras doenças comuns. Com o progredir da doença o doente começa a

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sentir cansaço, febre e infecções, sangramentos, perda de apetite. Além disso, pode ocorrer um aumento dos gânglios linfáticos (Adenomegalia), dor de cabeça e vómitos devido ao envolvimento do sistema nervoso central.



6.2. Diagnóstico:

Ao princípio é difícil diagnosticar a LLA, mas também neste tipo de leucemia o diagnóstico é feito através da análise microscópica do sangue e da medula óssea. Este diagnóstico é feito através de exames de citogenética e de imunofenotipagem, pode ser considerado definitivo. O envolvimento do sistema nervoso neste tipo de leucemia deverá ser avaliado através da colheita e do estudo do líquido que permeia o cérebro e a espinha dorsal (liquor).



Tratamento:

O principal tratamento para a leucemia linfoide aguda é a quimioterapia ou em certos casos a radioterapia. A quimioterapia consiste no uso de medicamentos para destruir as células cancerosas. Neste tipo de tratamento tenta-se inibir a divisão celular das células cancerosas, utilizando por exemplo substâncias que inibem a síntese e/ou replicação do DNA. No entanto, algumas células saudáveis de divisão rápida, nomeadamente eritrócitos, células dos folículos capilares e enterócitos são também afectadas por este tipo de tratamento, explicando desta forma os efeitos secundários do tratamento. Por outro lado, a radioterapia consiste no uso de raios X ou outros raios de alta energia para eliminar células cancerosas e diminuir tumores. No tratamento da LLA, a combinação de vários medicamentos é utilizada para o controlo da doença, assegurando que a escolha de tratamento é adequada ás características do doente. A presença de factores prognósticos desfavoráveis da doença habitualmente gera uma abordagem terapêutica mais agressiva, considerando-se aqui o transplante de medula óssea. Uma das causas de prognóstico desfavorável, e que ocorre em 5% das LLA da infância e em 25% das LLA do adulto, é a presença do cromossoma Philadelphia.

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Nestes casos, o uso de inibidores da tirosinoquinase junto com a quimioterapia e o transplante da medula óssea pode ser um sucesso. [www.apcl.pt]

o 7. Leucemia Linfóide Crónica (LLC): A Leucemia Linfóide Crónica resulta de uma lesão adquirida (não hereditária) no DNA, que produz um crescimento descontrolado de células linfóciticas na medula óssea, levando a um aumento de linfócitos no sangue. Esse aumento de células leucemicas não impede a produção de células normais, como ocorre na leucemia linfóide aguda. Estudos científicos ainda não sabem o que produz essa lesão no DNA de doentes com LLC.



7.1. Sinais e sintomas:

Os sintomas da Leucemia Linfóide Crónica desenvolvem-se de uma forma gradualmente. Neste tipo de leucemia os doentes apresentam mais cansaço e falta de ar durante as actividades físicas, geralmente poderá haver perda de peso e presença de infecções recorrentes na pele, na urina, nos pulmões e em outros locais.



7.2. Diagnóstico:

O diagnóstico da Leucemia Linfóide Crónica é feito por um exame de sangue (hemograma). Para confirmação do diagnóstico é necessária avaliação medula óssea (através da realização de mielograma), mostrando aumento do número de linfócitos no sangue. O material obtido do sangue e/ou da medula óssea deve ser submetido a um exame de imunofenotipagem que além de confirmar o diagnóstico, ajuda na escolha do tratamento. A biópsia de medula óssea e o estudo dos cromossomas podem ser úteis para avaliar a progressão da doença.

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É fundamental também para diagnosticar esta doença a análise das imunoglubinas no sangue. A razão desta análise é pelo facto de os linfócitos leucemicos não se produzirem de forma adequada e se tornarem portadores da doença. [Dr.Guillermo Argueles, 1998]



Tratamento:

No decorrer do tempo, alguns doentes com leucemia linfóide crónica, têm mínimas mudanças nas contagens sanguíneas, um discreto aumento nos linfócitos e pouca ou nenhuma diminuição nos éritrócitos, nos leucócitos e nas plaquetas. Estes doentes podem-se manter estáveis por longos períodos, sem necessitar de tratamento. No processo de decisão de tratar ou não um doente, devem-se considerar os seguintes aspectos: - Elevação do número de linfócitos no sangue e na medula óssea; - Tamanho do baço; - Presença de anemia e/ou decréscimo da contagem das plaquetas. Quando um doente portador de Leucemia Linfóide Crônica necessita de tratamento, cabe ao seu médico, baseado nas suas condições clínicas e na análise dos seus exames, escolher o tratamento inicial e as suas abordagens. De entre os medicamentos mais utilizados no tratamento de Leucemia Linfóide Crónica, podemos referir os seguintes: -Fludarabina (Fludara) -Clorambucil(Leukeran) -Cladribine(Leustatin) -Doxorrubicina(Adriamicina) -Prednisona(Meticorten) -Vincristina(Oncovin) -Rituximab(Mabthera) -Campath.

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8. Novos tratamentos de Leucemia O uso de L-Asparaginase no tratamento da Leucemia: A asparagina é um dos vinte aminoácidos presentes na produção de uma proteína. A asparagina pode ser produzida dentro de uma célula através de uma enzima chamada de “synthetase asparagina”. As células cancerosas, mais especificamente células linfáticas de um tumor, requerem grandes

quantidades de asparagina para prosseguir o seu rápido

crescimento (crescimento maligno). L-Asparaginase é uma enzima que destrói a asparagina das células. As células normais têm a capacidade de produzir toda a asparagina que necessitam, enquanto que, as células cancerosas esgotam rapidamente a asparagina e como não possuem a capacidade de produzir mais, acabam por morrer.[www.clevelandclinic.org]

 Efeitos após o uso de L-Asparaginase no tratamento: Após uma semana de tratamento o doente pode apresentar o rosto inchado, náuseas e vómitos, dores de estômago e perda de peso. Após duas semanas de tratamento, com a diminuição da produção de leucócitos, éritrócitos e plaquetas podem causar ao doente um aumento do risco para infecções ou sangramentos, aumentando a necessidade para transfusões de sangue.

Figura.. – Modelo VRML da Lasparaginase [http.\www.sdsc.edu]

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CONCLUSÃO A Leucemia é uma doença maligna que envolve um aumento do número dos percursores dos leucócitos no sangue e na medula óssea. Existem diferentes tipos de Leucemia podendo ser classificados em Linfóide ou Mielóide. Nos diferentes tipos de Leucemia os sintomas são semelhantes, em que geralmente a anemia é causada devido á baixa produção de hemoglobina que consequentemente provoca fraqueza e subsequente oxigenação deficiente dos tecidos. Relativamente aos tratamentos, podemos concluir que estes diferem com o tipo de Leucemia, no caso da LMC com o aparecimento dos inibidores de tirosina cinase foi possível um tratamento mais eficaz. Recentemente foi descoberto por investigadores do IPO-Porto um novo gene que causa um tipo leucemia muito agressivo, a LMA, e que permite antecipar o tratamento, melhorando assim as possibilidades de cura. Segundo investigações e com o aparecimento de novos tratamentos, a cura para este tipo de doença já é mais provável, através do uso de enzimas que inibem o crescimento descontrolado das células percursoras de tumores.

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BIBLIOGRAFIA •

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