Inconsciente Individual E Inconsciente Coletivo

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CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM TERAPIA PSICODRAMática CONSTRUTIVISTA de FAMÍLIAS, CASAIS E GRUPOS

PSICOTERAPIA DE GRUPO E PSICODRAMA

PROFESSOR: Sônia Regina Fonseca ALUNOS: Maria Cleide Abrantes de Queiroz; Maria Aparecida Resende Gavião de Melo; Mara Barach; Francisco Carlos Anelo.

A SOCIOMETRIA E A PATOLOGIA DO GRUPO O SISTEMA SOCIOMÉTRICO A Socionomia é a ciência das leis sociais. Ela compreende três ramos: •

Sociodinâmica: é a ciência da estrutura dos grupos sociais, isolados ou unidos.

• Sociometria: (do grupo metrein= medir) é a ciência da medida do relacionamento humano. O socius recebe aqui uma importância que o metrum. A sociometria como parte da “Socionomia se ocupa do estudo matemático das características psicossociais da população, dos métodos experimentais e dos resultados saídos da aplicação de princípios quantitativos. Sua investigação começa pela pesquisa do desenvolvimento e organização dos grupos e da situação dos indivíduos neles. Uma de suas tarefas é determinar o número e a extensão das correntes psicossociais e como se desenrolam na população. O “qualitativo” está contido no “quantitativo”; não destruído, mas, sempre que possível, tratado como uma unidade”. •

Sociatria: (do grego iatreia = terapêutica) é a ciência do tratamento dos sistemas sociais.

Os ramos do sistema estão relacionados entre si e cada um deles possui uma série de métodos. A sociometria utiliza métodos sociométricos, principalmente o teste Sociométrico e o Teste Sociométrico de Percepção. A sociodinâmica emprega a interpretação de papéis. A Sociatria utiliza, principalmente, a psicoterapia de grupo, o psicodrama e o sociodrama. A Sociologia é a ciência dos fenômenos sociais em geral; a sociometria se ocupa de sua medição. “Macrossociologia” é a sociologia dos grandes grupos sociais (Estados, nações, industrias etc.). “Microssociologia” é a sociologia dos grupos pequenos, de sua estrutura atômica (“microscopia social”). Os métodos sociométricos foram criados com a finalidade de medir a intensidade dos contatos entre os membros do grupo e com o terapeuta (nenhum contato, contato fraco, contato amigável ou hostil etc.) desempenha um papel decisivo na psicoterapia de grupo. O TESTE SOCIOMÉTRICO O teste sociométrico é um método de pesquisa de estruturas sociais através da medida das atrações e rejeições que existem entre os membros de um grupo. Os indivíduos são solicitados a escolher outros indivíduos do seu próprio ou de um outro grupo. Referindo-se as relações interpessoais, são utilizados conceitos de significado humano como “escolha” e “aversão”. A configuração gráfica das escolhas e rejeições entre os indivíduos de um grupo é chamada “sociograma”, é preferível o uso dos termos “sociograma sociométrico”. Os termos mais gerais como “atração” e “repulsão” extrapolam a esfera humana e indicam que também em todas as sociedades não humanas, como por exemplo, em grupos de animais, existem configurações análogas. Utilizou-se o teste sociométrico em grupos familiares, em grupos de internatos, em grupos escolares e profissionais. Ele determina a situação de cada pessoa dentro do grupo a

que pertence, isto é, onde ela vive ou trabalha. Com isso fica claro que as estruturas psíquicas existentes em um grupo distanciam-se bastante de sua forma oficial aparente. Essas estruturas do grupo variam em dependência direta da faixa etária dos participantes de determinado grupo. Diferentes critérios ou atividades freqüentemente levam a diferentes agrupamentos dos mesmos indivíduos. Essas diferenças estruturais tiveram uma grande influência sobre o desenvolvimento da terapia de família, assim como sobre a terapia “profissional”. A organização de um grupo não pode ser conhecida se não forem estudados todos os indivíduos e grupos com os quais ele se relaciona. A probabilidade do acaso “Esforçamo-nos para encontrar um critério exato, através do qual pudéssemos observar e medir com precisão os desvios e averiguar se são normais ou patológicos”.

O PRINCÍPIO DO ‘TELE’

Definição Tele ( do grego: distante, agindo a distância) significa uma ligação elementar que pode existir tanto entre indivíduos como, também, entre indivíduos e objetos e que no homem desde o seu nascimento, desenvolve um sentido das relações interpessoais (sociais). O Tele pode ser considerado como fundamento de todas as relações interpessoais sadias e elemento essencial de todo método eficaz de psicoterapia. O Tele existe sempre, normalmente, desde o primeiro encontro, e que cresce de um encontro para o outro. Às vezes, pode ser deformado pela influência de fantasias transferências. Cada relação humana sadia depende da presença e eficácia do Tele. Coesão do grupo Foi definida como uma função da estrutura do Tele. Através de uma análise das escolhas emitidas e recebidas ou das escolhas incidentes sobre membros do grupo ou pessoas fora, Pode-se estudar as forças de coesão dentro do grupo. Outro método que também pode ser usado baseando-se na análise das configurações sociométricas. A preocupação desse método é com as estruturas existentes entre os indivíduos e o grau de coesão que estas determinam, e não com os elemento isolados, como as escolhas. Se permanecerem muitas escolhas sem reciprocidade dentro do grupo, o grau de coesão é baixo. Nesse tipo de configuração, se produz uma perda de Tele, apesar de uma grande quantidade de escolhas. O processo do “Tele” O fator Tele se torna mais forte com a idade, e exerce uma influência maior sobre as estruturas que o fator probabilidade. Ele é o responsável pela maior tendência de reciprocidade na escolha real do que seria de esperar a partir das probabilidades ao acaso.O aumento das relações recíprocas ou em cadeias, paralelo à crescente maturidade dos

indivíduos, levantou a hipóteses de um princípio elementar, o Tele, tendo a “transferência” como ramificação psicopatológica e a “empatia” como ramificação psicológica. Em grupos patológicos o número dos isolados é maior que nos grupos normais e que nos de escolhas ao acaso, enquanto o número de pares é muito menor. SOCIODINÂMICA A sociometria descobriu uma série de princípio ( de regularidade), que exprimem a influência das forças supra-individuais e sociais sobre o destino dos indivíduos do grupo. A lei sociogenética Afirma que as formas mais elevadas de organização grupal procedem das mais simples. O desenvolvimento ontogenético da organização do grupo é muito semelhante às modificações que sofreram em sua evolução as sociedades pré-histórias da espécie. Um indivíduo pode ter um elevado “status” sociométrico, mas pertencer sociogeneticamente a um baixo estado de desenvolvimento. A lei sociodinâmica Afirma: que os isolados sociométricos ( indivíduos que são isolados ou ignorados num sociograma) e os indivíduos pouco considerados tendem a permanecer isolados e pouco considerados também na organização social formal, e isso tanto mais quanto maior for o número de contatos sociais. •



que os indivíduos privilegiados nos sociogramas tendem a permanecer privilegiados e isto tanto mais quanto maior for o número de contatos sociais. Este “efeito sociodinâmico” é valido também para grupos. Ele ocorre em todas as classe econômicas e grupos culturais e ocasiona novos tipos e graus de “pobreza e riqueza emocionais”. Ficou evidente que dependem do status sociométrico de um indivíduo suas possibilidades do sucesso e satisfação nos domínios psicológico, social e econômico.

A lei da gravitação social As forças de atração emitidas ou recebidas entre os grupos é inversamente proporcional à soma das forças de repulsão emitidas ou recebidas, desde que as possibilidades de comunicação entre X e Y sejam mantidas constantes. Por exemplo, um indivíduo pertence a um grupo no qual as forças de repulsão ultrapassam em muito às de atração, ele ficará impedido de realização de seus desejos.

A lei da rede interpessoal e sócio-emocional

Afirma que, dentro das correntes sociais em permanente movimento e modificação, persistem estruturas mais ou menos sólidas: os meios de comunicação dos sentimentos sociais.Essas redes são o foco da origem da opinião pública. Através dessas redes são transmitidas sugestões e através de seus canais podem as pessoas se influenciar e educar mutuamente.Um indivíduo pode ser tido como honesto em uma parte da sociedade e como desonesto em outra. Qualquer que seja a realidade, a reputação do indivíduo é determinada por duas redes nas quais reinam opiniões diferentes. SOCIOMETRIA PERCEPTUAL E TESTE SOCIOMÉTRICO O teste perceptual é um teste sociométrico que se dirige ao espírito dos pacientes ao invés de dirigir-se à realidade social. Enquanto o teste sociométrico repousa na dinâmica “da escolha”, o teste perceptual repousa na dinâmica da “percepção social”. O sociograma objetivo é chamado, freqüentemente, “extrovertido”, para distingui-lo do sociograma perceptual ou “introvertido”. SOCIOMETRIA DA DINÃMICA DO PAPEL E DO TESTE DE PAPÉIS O teste de papéis é um teste que determina o conjunto dos papéis que um indivíduo assume em seu meio. Esse conjunto de papéis, através dos quais um indivíduo se expressa, modifica-se com o ambiente, idade e cultura a que pertence o indivíduo. Há dois tipos de expressão de papéis: a percepção e o desempenho e representação de papéis. Ao lado da dinâmica da escolha e da dinâmica da percepção, a dinâmica da “estrutura de papéis” de um grupo tem, também uma importância. O desenvolvimento do psicodrama e do “jogo de papéis” possibilitou a pesquisa objetiva da estrutura dos papéis.

ESPONTANEIDADE E CRIATIVIDADE Espontaneidade (latim – sua sponte = do interior para o exterior) é a resposta adequada a uma nova situação ou a nova resposta a uma situação antiga. Através do “teste de espontaneidade” pode-se observar e medir o grau de adequação e de originalidade. Espontaneidade atua no presente, aqui e agora. Na sua evolução ela é, provavelmente, a mais antiga que a sexualidade, a memória e a inteligência. Através do “teste de espontaneidade” pode-se observar e medir o grau de adequação e de originalidade. Originalidade do comportamento não é, em si, uma prova de espontaneidade assim como adequação do comportamento apenas não o é. A originalidade do comportamento psicótico pode, por exemplo, ser em tal grau incoerente que o protagonista seja incapaz de resolver um problema concreto, como, por exemplo, cortar um pedaço de pão. Falamos então de espontaneidade patológica. Uma grande parte da psico e sociopatologia humanas pode ser atribuída ao desenvolvimento insuficiente da espontaneidade. O treinamento da espontaneidade é, por isso, uma disciplina importante e deveria ser exigido por todos os educadores e terapeutas, em nossas instituições. Sua tarefa é despertar e fortificar a espontaneidade dos alunos e pacientes.

BASES SOCIOMÉTRICAS DA PSICOTERAPI DE GRUPO “As investigações sobre grupos artificiais e as leis que presidem sua formação foram o primeiro problema da Sociometria, uma ciência que se ocupa com a pesquisa e a medida das relações interpessoais. A tarefa então era encontrar uma base teórica para a Psicoterapia de grupo”. A experiência de grupos analíticos com divã (1921) O autor chegou a conclusão que a livre associação tem sentido apenas na perspectiva de um indivíduo e não do grupo. A experimentação sociométrica e o grupo Depois do fracasso da livre-associação, Moreno criou um novo método, que foi baseado no estudo dos grupos “in statu nascendi”.Indivíduos estranhos e que se transformam, a partir do momento do primeiro encontro, em membros do mesmo grupo, apresentam ao terapeuta um novo problema. Foi visto com se desenvolveram os primeiros contatos espontâneos e como eles conduzem, pouco a pouco, à formação de um grupo “sub specie momenti”. Desta forma pode estudar suas reações recíprocas nas fases iniciais do desenvolvimento do grupo e seguir as atrações se desenvolveram no correr da organização. Observando o comportamento original de uma pessoa em face das outras podemos seguir passo por passo a formação desses relacionamentos até a fase final da organização do grupo. Foi comprovada através das pesquisas sociométricas a existência de uma “matriz”. Elas confirmaram que as reações imediatas entre estranhos divergem do acaso. O “Tele” foi uma descoberta importante, pois, o mesmo atua desde o primeiro encontro entre os membros de um grupo e que desde o início determina uma coesão entre seus membros. A preocupação mais importante do terapeuta do grupo é o comportamento imediato do grupo. Quando o terapeuta enfrenta seu grupo na primeira sessão percebe imediatamente, com seu senso agudo para as relações interpessoais, como estão repartidos entre eles os sentimentos, como o amor, o ódio, a indiferença. Para o terapeuta o grupo não é uma coleção de indivíduos. Ele percebe quando dois indivíduos se sentam sozinhos e à parte, separados fisicamente dos outros; ele vê pessoas envolvidas em uma disputa animada enquanto os outro se sentam lado a lado, indiferentes. Não necessita de teste formal para saber disso. Ele o atinge pela observação, vê estrutura “embrionária” do grupo, que vai representar a linha diretriz para o desenvolvimento das forças terapêuticas. O inconsciente “comum” e a compreensão “mediúnica”. Grupos naturais comportam-se diferentemente de grupos de estranhos. Por exemplo, marido e mulher representam psicodramaticamente uma situação íntima, cada um sabe, com bastante precisão, o que o outro pensa e sente. A mesma lucidez existe quando dramatizam acontecimentos presentes e futuros. Quando um membro de um par evoca acontecimentos de uma fase vivida em comum, não é difícil para o outro seguir e elaborar.

O tema, como se ambos fossem uma só pessoa e tivessem um inconsciente comum. Parecem compartilhar um estado de “situações comuns consciente e inconscientes”. “Mas a percepção que uma das pessoas tem dos pensamentos de outra é, freqüentemente, muito incompleta. Elas vivem ao mesmo tempo em dois mundos diferentes que só às vezes se ligam e, mesmo então, parcialmente. O Psiquismo não é transparente”. Sistema de sinais físicos e objetivos Os sinais físicos e objetivos desempenham um papel importante na sessão psicoterapêutica de grupo. Tudo que acontece no grupo é valorizado, desde as comunicações verbais até um gesto. O método “interacional” É o método mais antigo e mais amplamente aceito na terapia de grupo é a forma “interacional”, cujos princípio estão na base de todos os métodos. Característica principal é o auxílio terapêutico mútuo dos membros do grupo. A psicoterapia interacional passou por fases de desenvolvimento: o estádio diagnóstico com o sociograma “interacional”” (1923), que foi introduzido visando ä análise de grupo, e a terapia interacional propriamente dita, que foi utilizada em grupos de prisioneiros (1931) e grupos de doentes mentais (1932), entre outros trabalhos de Moreno nos Estados Unidos. O objetivo da psicoterapia de grupo é: a) favorecer a integração do indivíduo em face das forças incontroladas que o cercam; isto é conseguido através de análise sociométrica; b) favorece a integração do grupo. Facilita uma integração recíproca, tanto do indivíduo como do grupo. É fundamental a “ ïnteração livre e espontânea”: a) entre os pacientes, b) entre os pacientes e o terapeuta, c) entre os terapeuta Existem três tipos de auxiliares terapêuticos: a) terapeuta principal, b) o terapeuta auxiliar profissional, o ego-auxiliar, c) o paciente como terapeuta auxiliar. Estrutura do grupo terapêutico O grupo terapêutico funciona de duas formas: a) como miniatura da família, b) como miniatura da sociedade. a) a forma familiar tem uma grande aplicação, porque nela a infância e seus papéis principais, além de pai, mãe, e irmãos, podem ser retomados sob novas condições. A estrutura dinâmica da família tinha sido avaliada apenas sobre o ponto de vista do indivíduo e não do grupo todo.

b) numa sociedade em miniatura ou num mundo em miniatura todos os membros são aceitos e todos têm a possibilidade de se exprimir livremente. Esse pequeno mundo contém a família, mas a ultrapassa. Ë um quadro ideal para grupos terapêuticos de adultos porque possibilita a corporificação de todas as figuras significativas de nossa cultura. Ação de grupo e catarse Há duas formas: a) b)

catarse de grupo no qual está englobado no processo de catarse de grupo. Em contra partida se coloca a catarse individual por ab-reação, atingida por um indivíduo por si mesmo e separado dos demais. catarse de ação resulta da atuação espontânea de um ou vários membros do grupo. Constituição do Grupo

Não há número ideal para o tamanho do grupo. O sociograma direto, percentual, é o guia mais seguro. É importante para determinação do tamanho do grupo a capacidade de contato emocional que um indivíduo pode atingir terapeuticamente. A composição mais favorável é de grupo misto, velhos e jovens, minoria étnicas. Função positiva do Tele e função negativa da transferência Tele é aquilo que mantém o grupo que faz surgir a sua coesão. A transferência psicanalítica é considerada como um desvio patológico do Tele. Essas transferências são expressão e dissociação e de perturbações do equilíbrio do grupo. O papel do terapeuta As preocupações do terapeuta se deve a estabilidade do grupo. O terapeuta tem, de acordo com o seu status de profissional, uma função especial definida. A sua experiência com grupos deve ser dotada de uma elevada telesensibilidade de forma estar preparado para auxiliar outros indivíduos. A telesensibilidade pode ser treinada. Medidas das relações interpessoais e intergrupais “Uma das metais essenciais da sociometria é a avaliação exata das forças atuantes no grupo. As intenções iniciais da Sociometria eram de isolar (destacar) conceitos como “universum” (mundo do paciente), espontaneidade, criatividade, Tele, atuação, rejeição, escolha, relação interpessoal, catarse, intuição, papel, grupo, coesão e inovações terapêuticas. Os sociometristas foram os primeiros a desenvolver uma teoria do relacionamento interpessoal e criar técnicas de medida desse relacionamento. Começaram estudando a

composição dos grupos concretos e insistiram em que esse conhecimento é condição indispensável para uma psicoterapia do grupo objetiva, científica”. Atividade espontânea, contato corporal, comunicação tátil e motora Os membros do grupo aproveitam qualquer oportunidade para ultrapassarem os meios de compreensão verbal e manifestarem sua “sede de atos”. Com freqüência, aparecem o desejo de se conhecerem intimamente uns aos outros. Isso se mostra na tendência ao contato físico - sentarem-se muito próximos, tocarem-se mutuamente. A primeira base da psicoterapia de grupo foi a interação espontânea entre os membros do grupo, apoiada pelo terapeuta. A segunda base introduzida mais tarde quando se ligou sistematicamente a sociometria com a psicoterapia de grupo: o estudo da composição do grupo no curso do tratamento. A terceira base foi colocada quando se uniu o psicodrama à psicoterapia de grupo: o princípio da ação, o “atuar terapêutico” num ambiente controlado, como medida profilática contra o “atuar irracional” na própria vida. CATEGORIAS A terapia de grupo tem, pois, três pontos de vista essenciais: a) o sujeito - são os participantes individuais do grupo ou o grupo como um todo; b) o agente - as forças atuantes que estão na base da terapia como, por exemplo, criatividade, espontaneidade, Tele, figuras autoritárias, etc; c) o veículo - são os meios através dos quais o agente influencia o sujeito da terapia, por exemplo, exposição, discussão, dança, música, drama, filme. Esses três princípios da terapia podem ser utilizados como ponto de partida para construção de uma tabela das categorias polares da psicoterapia de grupo. Aqui seguem seis pares de categorias: situações amorfas contras estruturadas, situações originais contra derivados, autoritárias contra democráticas, causais contra sintomáticas, espontâneas contra experimentadas, conservadoras contra criativas. Com esses seis pares pode-se classificar qualquer tipo de psicoterapia de grupo.

PRINCÍPIOS GERAIS 1. Cada sessão do grupo é uma experiência científica Ela é única, é original, não se pode repetir. Nem os problemas, nem o seu decurso são previamente estabelecidos ou estabelecíveis. 2. Situação do grupo O primeiro encontro dos membros com o terapeuta é decisivo. A empatia de um para com o outro começa com a discussão progressiva dos problemas imediatos e atuais. O aqui e agora, a verdadeira vida estão em primeiro plano. Quando necessário serão discutidos também conflitos passados, mas somente na medida em que eles se liguem aos problemas presentes. 3. Veículos do tratamento de grupo

Pode ser um consultório. Os pacientes se sentam em círculo, o terapeuta no ponto central ou os pacientes se sentam no chão, sem ordem formal. 4. Interação terapêutica Há interações terapêuticas e não terapêuticas. A interação terapêutica depende da escolha sociométrica adequada dos membros. Quando estão bem “sintonizados” poderão auxiliar-se mutuamente. Os pacientes se sentam de maneira que se pode ver e falar uns aos outros. 5. Confrontação com a vida real Produzem-se diálogos verdadeiros e dramas vivenciados entre duas ou diversas pessoas. 6. Produção no aqui e agora Vivências impressionantes do passado se exteriorizam de alguma forma nas vivências atuais. 7. Espontaneidade, produção espontânea e improvisada Tudo se desenvolve como na própria vida, com todas as incertezas, pausas, tensões e animosidades. Os membros do grupo reagem espontaneamente entre si. 8. Atuação livre e desinibida Atuar sem inibição, é permitido comportar-se livremente. 9. Integração Com a integração dos membros do grupo cresce a coesão grupal. 10. Cartase integral “Quando a interação tem caráter terapêutico, pode-se falar de uma “cartase integral” no grupo, em oposição à cartase ab-reativa, dissociativa, que é observada quando os indivíduos permanecem isoladas uns dos outros. 11. Tamanho do grupo (número de participantes) Psicoterapia de grupo em sentido próprio se inicia com três, dois pacientes e o terapeuta. O tamanho ótimo de um grupo depende de vários fatores; o primeiro é a coesão do grupo. 12. Estrutura do grupo e síndrome do grupo Diagnóstico do grupo Um processo de atração e rejeição realiza-se, ininterruptamente, não só em relação ao terapeuta, mas também entre os próprios membros. A avaliação da percepção, sentimentos e motivos que os membros do grupo fazem uns dos outros, desempenha um papel importante. Os métodos sociométricos contribuíram para se entender melhor a estrutura do grupo.

13. Duração de uma sessão Depende do caráter de intensidade do problema que força o grupo a continuar o tratamento. Quando a psicoterapia está em estádio final e as sessões têm um caráter explosivo, 30 - 40 minutos são suficientes. Caso contrário é importante estender a sessão para duas horas ou mais. O mais habitual, embora nem sempre o ótimo, é de uma hora e meia. 14. Duração do tratamento inteiro a) Há grupos que atingem sua meta terapêutica depois de 10 - 12 sessões. b) Há também grupos que têm uma duração de 1 - 2 anos com sessões semanais. c) Há grupos constantes. São grupos que tomam o caráter de famílias sintéticas e vitalícias. 15. Grupos fechados e abertos a) Aqueles em que não se incluem novos membros durante o tratamento, são os grupos fechados. b) Nos grupos abertos, admite-se de tempos em tempos novos membros, quando a coesão do grupo permite ou quando membros antigos se retiram. 16. Sessões abertas O grupo se compõe de nove membros, que não tem intenção de se encontrar uma segunda vez. 17. Comunicação É semântica auditiva, visual, tátil e motora. Pode-se dar em: a) uma língua materna; b) uma língua artificial (esperanto etc); c) uma língua sintética (sociograma, diagrama de papeis, atograma etc.); d) uma “língua” espressiva (música e dança), linguagem corporal (movimentos e gestos); e) uma língua existencial (silenciar, ser, espontaneidade). 18. Problemas de prestígio (“status”) É fundamental na psicoterapia de grupo a igualdade dos “status” dos membros dentro do grupo. O prestígio que os membros tem fora do grupo não deve ser considerado; pobre ou rico, negro ou branco, jovem ou velho; só os valores terapêuticos devem definir o status. 19. Método de liberdade Os membros têm em cada sessão a liberdade de se sentarem onde quiserem. 20. O grupo sem o terapeuta O grupo se reúne só, sem o terapeuta, mas consulta-o ocasionalmente. 21. O “terapeuta sem grupo” Perdeu seu grupo ou não é capaz de formar seu próprio grupo e, com isso, fazer sentir indiretamente sua influência através de outras pessoas.

22. Terapias individual e de grupo combinadas

Psicoterapeutas que utilizaram longo tempo métodos individuais tendem, mesmo quando trabalham com psicoterapia de grupo, a continuar tratamentos individuais. 23. Situação e estrutura de Tele em cada grupo. Durabilidade do grupo As estruturas de Tele, que dão ao grupo sua durabilidade, estabilidade e coesão, estão em maioria. Em minoria se encontram as relações de transferência entre os membros. 24. Todo grupo patológico é essencialmente um grupo de “transferência” O excesso de transferências diminui a coesão do grupo e influencia sua durabilidade. Um grupo não pode viver apenas de “transferências”. É necessário que surjam estruturas de Tele, para assegurar sua integração construtiva e sua unidade. 25. Terapêutica como membro do grupo Ocasionalmente é ele também um “protagonista participante” e não apenas um observador. É uma combinação de três funções: o médico, o pesquisador e o co-paciente. MÉTODOS No psicodrama são transferidos à terapia os métodos da vida real. Métodos de clube ou associação, de aconselhamentos, de palestras, de aulas, métodos psicanalíticos, métodos visuais, de história e de doenças, de discussão livre, sociométricos ambientais (in situ), biblioterapia, gravação em fita, música e dança, ocupacionais, terapia pelo trabalho e sistemas.

Referência bibliográfica: Moreno, Jacob Levi, Psicoterapia de Grupo e Psicodrama. Editora Mestre Jou.

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