Feltro artesanal: Uma experiência genuína No outono de 1994, conheci pela primeira vez o trabalho com o feltro artesanal... Cores mágicas encantaram minha alma... Iniciava-se ali, uma experiência genuína com o mundo fascinante das lãs naturais, das cores, fios de lãs, e aromas... Compartilho da beleza, gratidão, vida presente, força amiga... Os materiais naturais nos convidam a experimentar caminhos nobres, calorosos; nos proporcionam encontros sutis com a nossa essência... Cultivamos o amor e a bondade ao lidarmos com a lã pura, ela nos encoraja a resgatarmos a individualidade e a integridade humana. Meu primeiro feltro originou-se numa mandala, nas cores azul, rosa, lilás e branco. Comecei fazendo uma cruz de lã, em seguida uma espiral fina, e do centro, surgiram alguns raios sutis, emitindo luz e vida a mim mesma. Sobre a tela de nylon, inicio a confecção em si... Minhas mãos brincam com a mistura de água e sabonete neutro. Ao mesmo tempo, dissolve a rigidez, e ajuda-me a expressar minha linguagem, o reconhecimento da criança interior, enfim o caminho de Ser. Eu sou... Aquele convite brincante nutriu-me milagrosamente, e assim, comecei a ter belos sonhos com lãs naturais semelhantes às cores salmão e verde claro. No ar, formavam-se pequenas mandalas transparentes... Num outro dia, fui até a casa de um ser especial que me ensinou a fazer o feltro, e quando estava a caminho, ao parar no semáforo, olhei para o lado e observei um caminhão pequeno e velho, repleto de carneiros e ovelhas... Sorri para mim mesma! Não achei mera coincidência, pois acredito em milagres... Manifesta-se então no meu segundo feltro, um anjo de asas fechadas, nas cores branco, azul, amarelo, e pequeninos fios de seda. Uma suave tranqüilidade aquieta-me, e eu vou percebendo a musicalidade da lã, sua fluidez e sua dança da paz... Contemplo alguns seres e elementos: Pássaros, Flores, Águas. A lã nos revela ao manuseá-la, o afloramento de sentimentos puros e possibilita em nós, a reconexão com a vida (inspirar / expirar) de forma una e verdadeira. Reconheci, que nesse momento um novo portal desvelava-se... Ainda pude contemplar, uma compreensão profunda do resgate da minha sensibilidade, da liberdade das mãos, o reencontro com a essência divina... Neste momento no qual escrevo estas palavras, relembro diversos trabalhos em feltro artesanal, e me sinto presenteada pela grandeza da vida. Reverencio, hoje e sempre, a experiência com este mundo tênue, grácil, e essencialmente transformador... Lãs mágicas nascem...
Recriam e transmutam Gestos adormecidos Cores da alma Revigoram o Ser.
Lílian de Almeida P. B. Sá Pedagoga e Psicopedagoga Formação em Pedagogia Waldorf, Arte-educação, Socioterapia, Educação em Valores Humanos.
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