Entrevista Juan Ojea

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O NÓ CEGO ENTREVISTA: JUAN OJEA Artista plástico, argentino, atuou intensamente no circuito cultural desde o ano de 1974, quando iniciou sua carreira artística em Buenos Aires, Argentina. Depois expor suas obras em renomadas salas de exposição, tais como, MAM em São Paulo e Masp atuando como expositor ,organizador e juri da Trienal de Tapeçaria no Brasil , criou o Atelier Linha Cruzada. Neste período exerceu intensa atividade como professor e criador de tapeçarias e tapetes artesanais, que muito aportou para o desenvolvimento do design do tapete nacional, criando tecidos para confecções e renomadas lojas de decoração, além de ministrar cursos em centros culturais e acadêmicos da cidade de São Paulo.Há quase 30 anos no Brasil, já se diz mais brasileiro que argentino, tem trabalhando em montagens de exposições de arte . Em 1990 se deu conta que estava cansado do corre-corre das grandes cidades, depois de um pequeno período passado em Paris, pensou que precisava ter um canto especial onde pudesse criar e desenvolver seus projetos artísticos com simplicidade e tranqüilidade. Foi assim que em 1995 nasceu o Atelier do Tatu, um espaço reservado para morar e trabalhar. O sítio do Tatu fica em uma frondosa área de 10 hectares de mata atlântica, onde num espaço reservado, Juan construiu um galpão dedicado a produção artesanal de peças de design, restauro de moveis antigos,cenografias e todo tipo de móveis em madeira e peças promocionais.Com cativa clientela para a produção de móveis, Juan atua fortemente na produção e construção de cenários para desfile, eventos, feiras e stands promocionais, além de peças institucionais como logomarcas em madeira e outros materiais. Engajado nas questões ambientais procura utilizar madeira certificada na produção de suas peças.Porquê Atelier do Tatu? Talvez pela quantidade de tocas de tatu que são encontradas na área. Embora difícil de ver pois o tatu tem hábitos noturnos , Juan garante que esquilos, tucanos , veados , cobras e outros animais silvestres podem ser vistos pelos mais atentos! Entrevista para o jornal Nó Cego. 1- Qual seu primeiro contato com a Arte? De criança tinha um amigo de meus pais ,Paul Klaussman que morava numa ilha do Delta do Rio Paraná,perto de Buenos Aires,ele pegava o barco de remo e saia pelos rios , pintando.Ele pintava passagens influenciado pelo impressionismo e uma vez por ano fazia uma exposição numa galeria de Buenos Aires.Ele me dava óleos e pinceis para eu brincar. Talvez seja a influencia mais remota que eu lembre Ah, com ele aprendi a observar. 2- Como você chegou aos Teares? Sempre tive atração pelas técnicas artesanais e a tecelagem

chegou com Ana Foss, artista têxtil Argentina, em 1974. 3- Qual é sua especialidade em Arte? Basicamente a fibra.Durante muito tempo os artistas utilizaram da matéria, seja óleo,mármore,etc para representar.A partir digamos dos anos sessenta a matéria passou a ser o tema.em sim mesmo.A procura de criação de uma linguagem do próprio material com que se trabalhava.No nosso caso, a criação de uma linguagem têxtil era fundamental,que acontece com as fibras comprimindo ,puxando,a agressividade do sisal em confronto com a suavidade da lã Nas minhas obras sempre explorei o volume,a luz a interatividade com o espectador 4- Você participou da Trienal de Tapeçaria. Conte como foi sua participação e nos dê mais detalhes deste evento. Na época da Primeira Trienal de Tapeçaria, no Museu de Arte Moderna de São Paulo,em 1976,eu vi, mais estava recém chegado e não me inscrevi. Na segunda trienal, mandei minha obra a Júri .Fui selecionado e expus uma obra chamada Convergência.Eram uma serie de faixas convergentes a um ponto e puxadas por um contrapeso,que mexendo nele variava a composição. Já na terceira Trienal eu trabalhei na organização, junto com Norberto Nicola e Eva Soban. Expus Paisagem sem titulo,que era uma instalação. Participei Hour Concour por fazer parte da comissão organizadora e do Júri de seleção e premiação. Na época eu era diretor do Centro Brasileiro da Tapeçaria Contemporânea. Além da exposição, importantíssima por ser um encontro da arte têxtil nacional, inserimos uma mostra de tecidos precolombinos, que de alguma maneira dava referencias a Tapeçaria Contemporânea. Lamentavelmente a partir de 1984 o MAM de SP não conseguiu dar continuidade as Trienais. 5- Quais são os artistas que estão mais próximos de você e como eles te influenciam? Eu fui influenciado por infinidade de artistas,mais particularmente na tapeçaria as influencias da Iugoslava Jagoda Buik e a polonesa Magdalena Abakanowits,no Brasil, sem duvida Norberto Nicola e Jaquez Douchez , os grandes motores da arte têxtil no Brasil. 6-

Você já conhece quais partes de nosso Planeta? Tem

viajado muito? Bom, percorri toda América do sul, de Terra do Fogo a Equador, O Chile de Allende, A Bolívia de Torres e o Peru de Velazco Alvarado.Conheço também Estados Unidos e Europa. Sinto falta de conhecer oriente 7- Como foi sua experiência no Atelier Linha Cruzada ? Trabalhei durante 3 anos no Sesc Fabrica da Pompéia,do inicio do projeto,dando aulas nas Oficinas de Criatividade.Apos isto tentei desenvolver um produto,a famosa arte aplicada,peças artesanais que cumpram bem a sua função,que não pretendam ser obras de arte, mais com uma concepção estética. De ai que surgiram os tapetes artesanais da Linha Cruzada. Na época a referencia era o Kilim, várias pessoas estavam produzindo tapetes com desenhos de Kilim,que eu sentia não ser esse o caminho, não que não goste do kilim, mais em geral ,copia... terminavam sendo tapetes sem a força tribal do kilim e mais caros que os próprios. Foi então que desenvolvi um tapete adaptando técnicas de tecelagem como tear com 4 quadros.Era importante conseguir solidez,por ser um tapete e não uma manta no chão. Desenvolvi um desenho que tinha muita influencia da cestaria indígena. Foi uma experiência que durou uns 6 ou 7 anos.Foi uma boa experiência. 8- Porquê Atelier do Tatu ? O que o Tatu tem a ver contigo? Nos fale chegou até aí. Embora sempre fui urbano, em 1991 senti a necessidade de estar mais perto da natureza .Foi ai que comprei uma terra ,no que resta de Mata Atlântica perto de São Paulo,que passou a se chamar Sítio do Tatu. Construí uma marcenaria e tenho me dedicado ao design e execução de moveis.A madeira e outro material fascinante.E assim que surgiu o Atelier do Tatu. Porque o tatu? ,bom algum nome tinha que ter, e como tinha muitas tocas... 9- Se pudesse dizer algo que todo mundo deste planeta ouvisse, o que diria? .Uy! Olhando pelas janelas estou vendo 360graus de floresta. Seria muita prepotência esperar que o mundo me escute dizendo Preservemos a natureza Pensemos em como resolver o problema de nosso lixo Trate aos outros como gosta de ser tratado Mais posso falar com meus vizinhos 10- Deixe uma mensagem para os leitores do Nó Cego, que são também sócios do Pequeno Museu da Tecelagem. .Bom, já por ser leitores e sócios temos muitas coisas em

comum ,o gosto pela tecelagem, a procura de informações.Não tem nada mais incrível e paradoxal que em pleno mundo globalizado,se utilize justamente a Internet, que e um pouco a ferramenta da globalização para resgatar o artesanal ,técnicas antiqüíssimas e as particularidades regionais. http://www.juanojea.com/esculturas.html 55 (11) 4147-1677 55 (11) 9155-8011

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