FALSUM COMMITTIT, QUI VERUM TACET - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Escrevinhação n.º 750
DA GRAVIDADE DO SER Redigido em 24 de março de 2009, dia de Santa Catarina da Suécia, quarta semana da Quaresma. Por Dartagnan da Silva Zanela “Sé é digno da vida aquele que vai, todos os dias, a luta por ela”. (Johann Goethe)
- - - - - + - - - - Não me agrada a idéia de ver qualquer pessoa como membro de um grupo formado por indivíduos que se vêem como
incapazes
circunstâncias.
ou
mesmo
Aceitar
tal
como
sendo
condição
vítimas é
das
literalmente
entregar em uma bandeja de lata toda a dignidade de nossa natureza para que ela seja atirada na lata de lixo da existência. Aliás, não há nada mais indigno de pena do que uma pessoa, dotada de meios de ação, clamar para que os outros sintam piedade delas. Não existe nada mais indigno do que uma pessoa dissimular indignação frente a algo que nem mesmo ela tento reverter ou melhorar, mesmo que em uma escala microssocial. Inexiste
em
todo
espetáculo
da
criação
algo
mais repugnante do que ter de ouvir o bradar ululante de um grupo de indivíduos (ou apensa um) que deseja transfigurar a realidade tal qual se apresenta para nossas vistas sem que, ao menos, lembrar-se que a maior realidade que há e
FALSUM COMMITTIT, QUI VERUM TACET - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - que molda a nossa maneira de ser e de agir é a nossa alma que, via de regra, é uma ilustre desconhecida na vida de pessoas desta estirpe deprimente. Pior que isso é vermos esse sentimento sendo disseminado em meio ao corpo societal através dos mais variados ardis onde todos, gradativamente, vão se vendo como detentores de uma ou outra espécie de direito que, por sua
deixa,
sendo
uma
são
quistos
espécie
de
pelos
valor
seus
reivindicadores
sacrossanto
que
está
como sendo
vilipendiado pela injusta ordem social. Que a ordem societal vigente não é plenamente justa, isso não há menor dúvida. Entretanto, ela não é mais injusta e menos digna do que os indivíduos que a alcunham desta forma. Ela não é nem melhor, nem pior, do que nós. Vendo por esse ângulo, a imagem parece ser patética por demais,
não
é
mesmo?
Como
pode
uma
sociedade
ser
tão
corrupta, deteriorada até a medula e injusta ao ponto de retorcer
as
vísceras
dos
cães
que
ladram
diante
das
caravanas sendo que ela é composta apenas por indivíduos que
se
auto-proclamam
(e
crêem
nisso)
como
pessoas
de
honestidade impoluta? Olha, dessa
mísera
dissimulado
sejamos
francos,
escrevinhação: ou
qualquer
ser
outro
ao
menos
na
picareta, adjetivo
leitura
mentiroso,
desta
ordem
valorativa em relação aos demais, em relação aos nossos
FALSUM COMMITTIT, QUI VERUM TACET - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - pares já é algo digno de vexame. Agora, o que dizer de uma pessoa que dissimula algo desta monta para ela mesma, o que dizer para uma pessoa que mente sobre si para si mesma no intento de sentir-se maior que a sua insignificância? Simplesmente estamos diante de uma pessoa que não
sabe
quem
ela
é,
e
muito
menos
o
que
ela
deseja
realmente ser. Esta pessoa é uma pessoa que simplesmente não tem um plano de si (de vida) porque ela desconhece o que seja a vida, o significado de sua existência e nem se importa com o que ela deveria ser. Se lhe for garantido o mínimo necessário para que ela possa continuar o seu fingimento histriônico para si mesmo e continuar a se auto-enganar com o seu tetrinho barato de “bom cidadão”, tudo continuará muito bem, mesmo que todo esse simulacro de bem esteja imerso no deserto cáustico do desconhecer-se a si mesmo. Victor
Emil
Frankl
em
sua
obra
EL
HOMBRE
DOLIENTE, nos ensina de maneira magistral que o ser humano tem
a
sua
dignidade
firmada
não
naquilo
que
ele
é
no
momento presente, mas sim, em algo que não é ele mesmo neste
momento,
mas
que,
é
muito
mais
Ele
em
qualquer
momento. Toda ação de elevação, de edificação da dignidade da pessoa humana é ordenado e orientado por algo que não é ele mesmo. Esse ordenamento, funda-se em um sentido que o indivíduo,
e
apenas
ele,
poderá
e
deverá
cumprir
para
FALSUM COMMITTIT, QUI VERUM TACET - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - poder-se realizar como pessoa na vivência da procura deste “eu” que se apresenta em seu horizonte. Tal postura permite que o indivíduo se autoafirme enquanto sujeito humano, porque ele, deste modo, sabe realmente o que ele deseja que sua vida é e será, justamente porque ele sabe muito bem o que ele é e deseja vir a ser. De certo modo, o eixo existencial do ser humano não deve se fixar, de modo algum, na mera sobrevivência do indivíduo, mas sim, coloca-se adiante de si para que ele possa transcender o estado atual de sua presença neste mundo para que, neste ato de negação de si, ele possa ser mais
ele
mesmo
que
ele
é
atualmente.
A
reflexão
e
a
ponderação sobre o sentido da vida humana, e da nossa em particular, permite nos assenhorearmos de nosso destino e, deste modo, tornando-nos capazes de nos reconhecer como seres
singulares
frente
a
sociedade.
Não
pelo
que
ela
convenciona reconhecer como digno em nós, mas sim, pelo que nós conhecemos como honrado em nossa pessoa. Doravante, o que mais espanta na atual é que justamente aqueles que detêm em suas mãos os meios de ação são justamente aqueles que mais rapidamente se entregam
a
voracidade
de
uma
permitem
o
disparate
bufo
de
vítima
da
vida
sem
dissimular
sociedade e do tal do sistema.
sentido a
e
condição
se de
FALSUM COMMITTIT, QUI VERUM TACET - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - E pior! A única perspectiva que esses elementos têm em seus queixumes e quanto as suas injustas condições materiais ou em relação a ignóbil arrecadação tributária do Estadossauro de nossa Pátria de desterrados. Não que esses não sejam problemas que mereçam nossa preocupação, mas, eles são os únicos? São os mais graves e os que mais contribuem
para
a
degeneração
de
nossa
sociedade?
Pelo
visto, dá para se notar que nós acabamos perdendo a noção mais elementar de hierarquia de valores, não é mesmo? Aliás, nós já paramos para refletir sobre as nossas
ações,
ponderamos
sobre
as
maneiras,
ativas
ou
passivas, que colaboramos para a degradação da vida em sociedade e da dignidade da vida humana em geral? Por um acaso você já fez para si, no silêncio do interior de sua alma, uma confissão franca sobre o que você é e faz na ordem do dia e da vida? Sem perante poderemos dignidade
o
uma
atitude
tribunal ser que
de
chamados essa
desta,
nossa de
ser
condição
de
confissão
consciência, humano
na
significa,
sincera
dificilmente plenitude porque
da ser
francamente humano, não é corresponder de modo servil ao clamor da maioria ou das expectativas massificadas, mas sim, procurar se elevar acima disso e assim poder olhar para o âmago de si e dizer para si mesmo o que somos, o que
FALSUM COMMITTIT, QUI VERUM TACET - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - não desejamos ser e assim, caminhar para a imagem que nos realizará enquanto pessoa. Nada mais, nada menos que isso.
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