Escola Secundária com 3º Ciclo de Vagos
Direcção Regional de
C u r s o E FA / S e c u n d á r i o – 2 0 0 8 / 0 9
Educação do Centro
Núcleo Gerador 4 – Identidade e Alteridade Unidade de Competência 4: Valorizar a diversidade e actuar segundo convicções próprias. DR1 – Reconhecer princípios de conduta baseados em códigos de lealdade institucional e comunitária Critério de evidência:
• Demonstrar empatia e reacção compassiva e solidária face ao outro. • Interpretar códigos deontológicos. • Relatar princípios de conduta e emitir opinião fundamentada. Nome: ______________________________________________________
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Ficha
Temos uma responsabilidade para com os outros Temos uma responsabilidade para com os outros, para com o próximo que se encontra a nosso cargo ou à nossa guarda, para quem é objecto do nosso cuidado, etc. Mas não só, a nossa responsabilidade é bem mais abrangente. Responsabilidade e dívida para com os outros Somos responsáveis pelo outro, não só devido à relação presente temos com todos os que nos rodeiam, com quem interagimos, mas também devido ao facto de usufruirmos, desde que nascemos, dos benefícios da civilização e da sociedade. Logo que nascemos passamos a ser devedores, contraímos uma dívida cultural para com as instituições sociais; somos, portanto, responsáveis pelo pagamento dessa dívida. Se outros foram solidários para connosco, então somos também responsáveis pelo pagamento de uma dívida de solidariedade. Teremos também uma dívida para com o futuro? Temos, de facto, uma responsabilidade moral para com as gerações futuras, pois a nossa acção de hoje não deve, não pode, prejudicar, comprometer ou inviabilizar aspectos fundamentais da vida e da sobrevivência humanas no futuro.
A acção moral pessoal está, portanto, estreitamente vinculada às mudanças da Humanidade; mas esta, para cada ser humano, começa por ser o rosto e a presença do outro, enquanto o outro que não é o meu "eu em mim mesmo", enquanto outro que é, ele próprio, um "eu em si mesmo" diferente de mim. Resumindo: Assim, relativamente à ideia de outro: • O outro está presente desde o início na formação da consciência de si, a identidade pessoal é construída num jogo de espelhos com os outros; • O outro deve ser objecto directo da nossa responsabilidade actual, temos para com o(s) outro(s) uma dívida de solidariedade. Como definiremos o conceito de outro? PROPOSTA 1: Apresente uma definição do papel do outro, sem consultar mais nenhuma informação adicional,
pretende-se apenas a sua ideia actual, sem aprofundar o seu estudo. ______________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________ CP - NG4 – DR1
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Apontaremos, agora, algumas informações teóricas adicionais É sempre importante começarmos com uma aproximação linguística. Qualquer dicionário dirá que outro é o «que não é o mesmo, o diferente, o distinto», mas também o que é «igual, semelhante» a mim. Dirá que vem do latim alter, que significava «outro diferente, um de dois» e que alter ego quer dizer «outro eu». Detectámos então a nível terminológico dois modos de conceber o outro: • como sendo diferente, um outro que não eu; o outro pensado como distinto de mim, como alteridade possuidora de qualidades distintivas; • como sendo o mesmo que eu, um outro eu; o outro pensado a partir da identidade comigo mesmo, o outro definido a partir de mim Assim esta dualidade nota-se também em dois termos que usamos para designar o outro: • Semelhante - o outro é o meu semelhante, meu sósia e meu irmão; dizer semelhante é reconhecer ao outro uma identidade e um parentesco comigo, o que pode ser acompanhado pelos sentimentos de simpatia, de solidariedade. • Próximo - o outro é o meu próximo mas que está a alguma distância de mim; dizer próximo é reconhecer uma proximidade que não é identidade, o que pode ser acompanhado por sentimentos de solicitude e de cuidado. PROPOSTA 2: leia com atenção as seguintes afirmações e comente-as.
1) O outro é simultaneamente o meu semelhante e o diferente de mim. 2) A relação intersubjectiva com o outro processa-se essencialmente pelo diálogo. 3) O outro abre-me a novas significações, aumenta o meu universo de sentido. 4) O outro é a fonte do que me torna num ser moral, ou seja, o outro é, antes de mais, aquele que faz nascer em mim a exigência moral.
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Adaptado e baseado a partir de Alfredo Reis / Mário Pissarra, Viagens na Filosofia, Porto Editora
PROPOSTA 3: Observe a tira de Banda Desenha, no lado esquerdo, o que pensa sobre ela?
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O outro e as minhas obrigações éticas Porque o «eu em si mesmo» perante o outro não pode ser indiferente, como o pode ser face às coisas; o outro possui uma dignidade própria que exige respeito, solicitude, cuidado, etc, isto é, exige um conjunto de atitudes éticas. O ser humano entra, pois, na esfera ética porque está ligado a um outro, perante o qual ele tem obrigações. E porque o outro me responsabiliza pelo cumprimento ou incumprimento das minhas obrigações, não é somente o sujeito da minha solicitude e do meu cuidado é também aquele perante o qual me sinto responsável. Ter obrigações significa estabelecer relações de interdependência em que, apesar disso, permanece a liberdade do compromisso para com o outro. O sentimento de ter obrigações para com o outro equivale à consciência de assumir deveres nas relações interpessoais. Qual é o primeiro dever face ao outro? Tratá-lo humanamente: "Em que consiste tratar o outro como outro, quer dizer, humanamente? Consiste em tentares pôr-te no seu lugar. Reconhecer alguém como semelhante implica acima de tudo a possibilidade de compreendermos a outra pessoa a partir de dentro, de adoptarmos por um momento o seu próprio ponto de vista. É algo que se me impõe perante os seres, como eu próprio, capazes de manejar símbolos. Afinal, sempre que falamos com outra pessoa o que fazemos é estabelecer um terreno no qual quem agora é «eu» sabe que se transformará num «tu» e vice-versa. Se não admitíssemos que existe qualquer coisa de fundamentalmente igual entre nós (a possibilidade de eu ser para outro o que o outro é para mim), não poderíamos trocar uma palavra que fosse. Pormonos no lugar do outro é algo mais do que o começo de toda a comunicação simbólica com ele: trata-se de levar em conta os seus direitos. E quando os direitos faltam é preciso compreender as suas razões. Porque há uma coisa a que qualquer homem tem direito frente aos outros homens, ainda que seja o pior de todos os homens: tem direito direito humano - a que um outro tente pôr-se no lugar dele e compreender o que ele faz e o que ele sente. Mesmo que seja para o condenar em nome de leis que toda a sociedade deve admitir. Numa palavra, pores-te no lugar do outro é tomá-lo a sério, considerá-lo tão plenamente real como tu próprio." F. Savater (2000), Ética para um Jovem, Lisboa, Ed. Presença, pp. 94-95.
PROPOSTA 4: Depois de ler o texto acima apresentado, pense sobre o que é nele referido, através das
Ideias Principais do Texto
seguintes questões: 1. – O que nele foi novo para si? 2. – Tem alguma discordância quanto ao que nele é dito? 3. – Qual é a afirmação que considera mais relevante? 4. – Aumentou em que aspectos a sua compreensão do conceito de outro? Resposta: ______________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________ • • • •
Pôr-se no lugar do outro. Compreendê-lo a partir de dentro = adoptar o seu próprio ponto de vista. Ter em conta os seus direitos. Tomar o outro a sério.
PROPOSTA 5: 1. - Descreva uma situação especialmente compassiva e solidária de alguém para com outra pessoa (que conheça por experiência própria). 2. - Apresente-a com o maior detalhe possível, por exemplo, com imagens, entrevistas, etc. 3. - Depois de reflectir e ponderar sobre os outros casos apresentados pelos seus colegas formandos, avalie criticamente as várias condutas das pessoas neles envolvidas.
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