“Nem melhor, nem pior, apenas uma escola diferente”, essa frase define muito bem o Salgueiro, sempre arrojado e marcante, original e atrevido, verdadeiramente uma escola forte, livre e solta, comprometida com seu tempo e nele pioneira, sempre surpreendente e inovadora, e é assim que desejamos no carnaval de 1989, livre e soberana em seu estilo, transmitindo liberdade e resistência. "Explode coração / Na maior felicidade / É lindo meu Salgueiro / Contagiando e sacudindo essa cidade". Os que talvez sejam os versos mais populares dos sambas-enredo das últimas décadas são emblemáticos de uma escola que provoca tanto furor e paixões. Uma mítica que nasceu a partir da união de duas agremiações da comunidade tijucana do Salgueiro, a Azul e Branco e a Depois eu Digo, em 1953. E que, logo depois, conseguiria angariar os componentes de outra escola do morro, a Unidos do Salgueiro. Com a fusão das escolas nasceu a Acadêmicos do Salgueiro, que revolucionou o conceito e a forma de desfile, introduzindo enredos inesperados e criativos. Na poesia e nas músicas dos compositores salgueirenses muito da história não-oficial do Brasil foi cantada e cantada com prioridade e emoção. Pela primeira vez personagens populares e lances históricos em que o povo foi o protagonista apareceram como enredos de uma escola de samba. Dos escaninhos esquecidos na memória nacional saltaram Chica da Silva, Chico Rei, Dona Beija, os Quilombos e manifestações do nosso folclore diretamente para a inspiração dos nossos compositores. Reescrevendo a História do Brasil a partir do seu ângulo, eles deram uma consistente contribuição que ainda não foi adequadamente avaliada. Uma das características do Salgueiro através dos seus enredos dos seus sambas, foi sempre buscar e traçar o nosso perfil de povo através de episódios e figuras que ficaram à margem da torrente histórica. Nesta busca, revelando tanta coisa desconhecida para tantos, os compositores salgueirenses vêm, ao longo dos anos, exercendo um papel fundamental no âmbito geral da cultura carioca com reflexos no resto do país. É uma incrível vitalidade que impulsiona o samba-enredo. Só em pensar que para cada enredo, a cada ano, surgem em cada Escola pelo menos vinte sambas, já dá para termos uma idéia de extraordinária riqueza deste folião.
"Vamos balançar a roseira, dar um susto na Portela, no Império, na Mangueira (...). Na roda de gente bamba, freqüentadores do samba vão conhecer o Salgueiro como primeiro em melodia e a cidade exclamará, em voz alta: chegou, chegou a Academia!!!"