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Apostolado Profano I Aos que quiserem descobrir minha causa e a origem do que defendo, olhem-se no espelho e perguntem ao natural, se l� viu coisa igual. Poder�o vociferar que desta arte abuso, por fragilidade de esp�rito, por falta de maturidade ou por caprichos emocionais. Mas se, por menos amor se acreditam em tantas besteiras e se cometem tantas bobagens, que se d� ao menos a tais pretensos advers�rios, o direito de defesa. Se voc�s podem condenar uma pessoa pelo que fala, v�s dizeis-me o erro de minha pronuncia. Mas atenta-vos! Poderei tamb�m denunci�-los. Pois falam por v�s mesmos, n�o pelo sagrado que defendem, apenas pela id�ia deste e pela conserva��o de seu poder. Toda vossa organiza��o, um bando de fan�ticos, igualmente supersticiosos, vive mais pelos s�mbolos que pelos ensinamentos deixados. Devo dizer que est�o mais pr�ximos de estar a me justificar, que a provar sua certeza. Tudo foi um erro desde o principio. Como pode condenar o adult�rio, se mesmo esse mestre foi fruto de um? N�o foi sua progenitora amasiada a outro homem, ap�s ter tido com o Rei? Este mesmo Rei, n�o foi o que enviou o casal at� uma regi�o proibida? Podem garantir-me, que n�o foi ali que teu mestre aprendeu todos os truques que sabia? Que m�rito pode haver se, tal sacrif�cio, j� era sabido e constava em contrato? Apenas uma desculpa para nos conduzir ao conformismo. Agora pe�o vosso testemunho. N�o foi na verdade vossa igreja erigida por um militar romano? Esta � a igreja que defendem. Uma organiza��o criada pelo homem, para substituir o Imp�rio Romano, com o apoio de dogmas de f�, mas da mesma forma agressiva. Mas em nenhuma das palavras, das que podemos admitir que vieram do vosso mestre, existe a ordem para tal organiza��o, nem para a conquista armada, nem mesmo orienta para tantos dogmas, nenhuma palavra sobre tanta burocracia religiosa! Acumularam riquezas e poderes, perseguiram, assassinaram, injuriaram, enquanto os homens s� queriam crescer! O pecado s� existe onde h� proibi��o. Proibi��o s� existe onde h� culpa. Culpa s� existe onde h� ignor�ncia. Ignor�ncia s� existe onde h� fanatismo.
O homem j� est� crescido. Est� numa fase de pr�-puberdade, deve estar livre para ver seus erros, desimpedido para corrigi-los. A tutela de vossa organiza��o est� dispensada. Precisamos mais do que esta consci�ncia velha e enferrujada. Vivam por vossas custas, se s�o t�o santos, cultivem vossos pr�prios v�veres. Deixe a riqueza, do homem e desta terra, ao homem! Pois, se estas s�o t�o materiais e conspurcadas de pecado, certamente n�o as merecem! Vivam em vossas vidas miser�veis, regadas de ren�ncia e abstin�ncia. Porque n�s, queremos e temos o direito de conhecer, experimentar e descobrir todas as sensa��es e prazeres da vida. Para este novo tempo, para as novas consci�ncias, uma cren�a n�o lhes faltar�. Mas vir�o a descobrir uma, que ter� dignidade e sabedoria. Com apoio � raz�o e � consci�ncia individual, com orienta��es simples e sem burocracias mirabolantes Com a for�a e o poder que sempre lhes pertenceram. Pois sempre existiram, bem antes de tantos imp�rios, mas nunca interfeririam, pelo respeito que sempre merecemos. Estes sim, sempre presentes em n�s, em nossos esp�ritos e cora��es, como deveria ser um deus, apenas aguardando o dia que despert�ssemos! Ao inv�s de nos fazer aceitar o sofrimento, nos ensinar�o a lutar. Ao inv�s de nos fazer aceitar as fatalidades, nos ensinar�o a prevenir. Ao inv�s de nos fazer aceitar o dom�nio, nos ensinar�o a autonomia. Ao inv�s de nos fazer aceitar o dogma, nos ensinar�o a raciocinar. Ao inv�s de nos fazer aceitar o pecado, nos ensinar�o a experimentar. Ao inv�s de nos fazer aceitar a culpa, nos ensinar�o a responsabilidade. Eles vivem nas trevas, de onde tudo veio. Eles vivem em n�s, n�s vivemos por eles. N�o ir�o quebrar o vaso, pois conhece bem o conte�do. N�o ir�o guard�-lo na adega, pois sabem bem como us�-lo. N�o ir�o trocar seu vinho, pois lhes valem muito sua serventia. N�o por�o pesadas cargas, pois se importam muito com nosso crescimento. II Que tal isso para co�ar suas barbas e fundir suas cucas: verbo � tudo que vem do verbal, mas tamb�m pode ser venial, at� mesmo genial de minha parte, pois assim � que sou: (avers�o) Sou aversivo a todo cl�ssico em todos os g�neros, como tamb�m em numero e grau. (convers�o) Sou conversivo, n�o convers�vel a converter esses cl�ssicos, a melhorar mesmo, sobre uma perspectiva mais sagaz. (Invers�o) N�o � simples assim. E? colocar a coisa toda dentro dessa sagacidade, n�o apenas inverter os significados. (Pervers�o) Estamos acertados, bem me dizem se me chamam de pervertido, pois verter � o meu forte, antes mesmo de haver uma vers�o, � o que � a pervers�o! (Revers�o) Exatamente assim, sou o reverso de suas medalhas lapidares, pretendo mesmo ser mortal�ssimo. Mato-me todos os dias e o que mais se pode dizer quando se trabalha? (Subvers�o) Vers�o das profundezas, versos abissais, � a regi�o que meu monstro verbal habita e eu nado e voc�s nada de entender. (Divers�o) Ficamos combinados assim. N�o sou subversivo, pois n�o h� sistema ou Estado em literatura. N�o sou reversivo, pois n�o vou reverter meus tempos aos seus, pret�rito imperfeito. N�o sou pervertido, pois n�o fa�o mais do que a inoc�ncia do original mere�a. Diverg�ncia � tudo o que pe�o. E � isso que pretendo ser: divertido!
Essas est�o aqui feitas, quase t�o perfeitas de um momento raro dessa minha vida miser�vel, desse mundo med�ocre. Foi pela ocasi�o de um noivado de casamento marcado de fam�lias aparentadas de mim e me vi ent�o intimado de comparecer para que fosse eu o orador da celebra��o. Cada qual parente do noivo e da noiva receberam seu quinh�o do dote tendo em troca dado essas tais mercadorias que se d�o a rec�m-casados. Vendo-me t�o afundado nesse suborno das consci�ncias, necess�rio para que se perdoe o excesso de confian�a entre os noivos e que por uma institui��o, se lhes permitam desfrutar desses direitos matrimoniais, ent�o rec�m-adquiridos, chego a uma id�ia tal que vai encant�-los tamb�m. No que me chegou a parte de receber meu quinh�o, reservei-me um instante da noiva em lugar afastado e creio eu que ambos ficamos igualmente satisfeitos com o que nos demos e trocamos pela festa, roubando a dor primeira do noivo, que ter� sua pequena e mesquinha vez de devorar estas carnes em preced�ncia a mim. S� espero que minha parte n�o a tenha feito t�o feliz que venha a sentir falta, mesmo em companhia de seu noivo e eu tenha de ensin�-la porque a fiz t�o sacra neste momento profano a essas institui��es da consci�ncia. Dessa noite guardo essas m�ximas que trocamos nos poucos minutos de descanso que nos dispusemos a nos oferecer tanto e t�o caro desejo. No que me resta em observa��o secund�ria, s� lhes � dado saber que � nesses momentos em que se alcan�a sabedoria sublime e plena, de mente aberta e fluindo. N�o ser� muito surpreendente se viermos a aprender mais com nossa amante, uma mulher distante em ocasi�es normais, por horas afinco, embora tenhamos a pretens�o de sermos os mestres de uma ci�ncia t�o deliciosa e envolvente. Por que toda Na��o ou Estado tem-se a necessidade da exist�ncia de destacamentos de seguran�a interna e externa? Para proteger aos cidad�os, por suposi��o. De onde vem o corpo destas tropas? V�m destes cidad�os, que comp�em o povo do Pa�s. A quem devem combater essas tropas? Inimigos do Estado e do Pa�s. Mas quem faz o Estado tamb�m n�o � o conjunto de cidad�os? Obviamente que sim. Poderia dizer-me ent�o por que o Estado, agora existente gra�as aos cidad�os, cria leis e instruem suas tropas para reprimir, prender e at� matar a raz�o primeira da exist�ncia da Lei, do Estado e das tropas, os cidad�os? Em nome dos princ�pios da P�tria. Por uma divis�ria e uma institucionaliza��o do assassinato, eis a real verdade dessa a��o, contra os pr�prios cidad�os, � revelia desses, contrariando muitas vezes a pr�pria Lei que pretende defender. E o que os cidad�os, desarmados e suspeitos, ilegais, podem agora fazer contra o monstro do Estado? N�o ria de mim ent�o se te falo que n�o existe Estado, j� que este nega seu senhor. N�o existe Lei, j� que seu real legislador teve seus direitos cassados. N�o existe raz�o, por mais argumentos que se fa�a, da forma��o dos destacamentos de seguran�a, sejam internos ou externos, pois um sup�e o outro, j� que em breve cuidar�o estes mesmos que j� n�o haja perigo contra a P�tria, pois todo suspeito morrer� ou ser� banido, sobrando apenas os eleitos, que se fizeram de poderosos e acabar�o aos poucos os cidad�os, os que lhes d�o e lhes justifica o poder que tem. Fariam muito melhor se soubessem o quanto se permitem danar por esses mesquinhos a quem deram poderes, aceitando tais abusos, porque lhes escapam a percep��o desse fato. S�o muito raros os que como n�s que, j� tendo visto o fato, negam o
fen�meno. E aqui estamos, infringindo a Lei, para executar outra tal que n�o tem exist�ncia f�sica nem medida,basta estarmos juntos, � o instinto da Natureza a quem nos entregamos os nossos desejos, sem pudor ou remorso. Meu querido, meu amado (assim ela me chama) Pode me dizer por que voc�s tem preced�ncia sobre n�s, quando muito mais seria proveitoso estar em nossas m�os certos deveres? S�o poucas, minha querida, que como voc� podem ver que, o que at� ent�o � compreendido por ser mulher, foi definido pelo homem. Voc� � uma em cem, mas logo ser�o cem em uma. Neste momento s� nos restar� pedir aposentadoria, pois sempre pertenceu � mulher a raz�o perfeita de como saber exercer esses deveres. Oh, n�o! Nem pensar (ela dizia me abra�ando) Tomo meu lugar no trono, mas � sobre ti que haverei de sentar e de sua parte me dar� esse apoio t�o deliciosos que me p�e entre as pernas e me faz ser t�o s�bia. S� assim aceito reinar, pois saiba que, mesmo rainha, ainda quero ser tua puta, pois me faz falta esse teu corpo que penetra no meu e me completa, me faz feliz. Ela folheava um livro sobre animais enquanto que eu lhe tomava a traseira, ambos assim, deitados na cama. Notaste meu delicioso (ela me oferecia seu rabo, uma vis�o do livro e um peda�o de sua sabedoria) que cada f�mea animal foi entregue um atributo especial de beleza e sedu��o? Ora, meu anjo de lux�ria! No que me diz respeito, a mulher � a mais bela dentre qualquer uma delas! Meu vingador! Como desmereces assim as outras f�meas?! Permita-me donzela desfrutada. Umas tem penachos multicoloridos de sobra � amostra e n�o h� nenhum mist�rio nisso. Ao contr�rio, tem escondido em uma parte graciosa e �nica, as mulheres, seu mais belo tufo de pelos que um homem poderia conhecer. J� noutras, seu corpo esguio fomenta o desejo de seus machos. E agora vem a mulher, cujo n�mero de curvas � igual � quantidade de formas harm�nicas e esculturais, de tal forma que no princ�pio, se consultarmos a maldita b�blia, at� uma serpente a preferiu para conhecer essa ci�ncia que somos alunos um do outro. E que um deus celerado puniu e condenou desde essa primeira manifesta��o desta ci�ncia, que ainda vai trazer � tona, a sabedoria que vai destron�-lo. Umas tem peito proeminente ou coroas na cabe�a. Agora, minha adorada, o que s�o teus seios (e os acariciei, fazendo-a gemer) sen�o tua prote��o, alimento a infantes e objetos sagrados do teu altar que se erguem aos c�us, trazendo ao del�rio este pobre mortal e at� os santos celestiais? E em tua cabe�a n�o tem o mais sedoso e perfumante fio de Ariadne que me encurta a vida, roubando-a aos golfos e me enredam nessa teia que guarda o ovo da sabedoria, que n�o me deixam mais me separar de ti, pelo contr�rio, me faz afundar ainda mais e muitas vezes em teu corpo, como se j� n�o o tivesse feito tantas vezes? Quem viveu como eu pode provar que eu digo a verdade. Ent�o experimentou as carnes das mais variadas para depois ter a minha e ainda quer me convencer de tuas boas inten��es e desejo para comigo? E acabar aos poucos somente em ti, pois o que tomo por prazer , por divers�o, das demais f�meas, o dou por merecimento e venera��o somente a ti (e a lambuzei com meu gozo no qual se somou o dela, em intensidade e qualidade, al�m de nossas possibilidades f�sicas, pois, isto sim � amor!) Ela veio por sobre mim l�nguida e solicitante do m,eu apoio, com olhos afundados em prazer e vis�o aberta pela sabedoria que nos consumia pela
gra�a do momento. Meu cetro encantado, de quem recebo a realeza e a sabedoria para reinar. Pode me dizer por que � t�o bom trepar sem cessar com meu amor? (Ela perguntava a mim e a meu membro,que ela tomou e encaixava na porta de seu templo sagrado) N�o o sentes? Diga-me voc� mesma. Oh! (Ela parou, pois quase lhe subia demais o prazer, quase a desfalecendo e quase a fazendo gozar abundantemente) Meu cetro, algo em mim pede por ti e devo satisfaz�-lo. Mas est� t�o longe e t�o dentro de mim que devo conduzi-lo por meus port�es at� l� e servir esse senhor de meu corpo e desejo a quem ofere�o meu prazer e minha alma, e o meu senhor � tu, meu delicioso vingador! Chamo-te vingador (Assim ela me falava), mas sabe como te amo. Tanto te quero e tanto me faz feliz que quase o tenho por meu Senhor e Deus. Antes tivesse vindo a descobrir tal fonte de saber compensador e delicioso como esse. Mas estava iludida com as fantasias das beatas por Cristo e seu Pai. Como pude me deixar desmerecer assim? S� agora eu estou completa e satisfeita, s� assim contigo pulsando dentro de minhas carnes me sinto possu�da da verdadeira felicidade e sabedoria, moradora do mais delicioso para�so e servida pelo mais delicioso fruto que tomo de ti, assim t�o despudoradamente e ilimitadamente, meu vingador! Diga-me meu degenerado! Meu vingador, meu amado sacerdote do profano, por que se entregam tanto as pessoas a coisas t�o estranhas e irreais quanto a Igreja, Deus, Cristo e os santos todos, malditos sejam por ter me oculto de ti e de tua fonte de saber! Ela arrepiou pela blasf�mia que o prazer a levou e sem pudor ou remorso a esta brindou com um generoso orgasmo. Meu vingador (ela disse j� mais calma, mas ainda cheia de desejo por mim) n�o fique bravo comigo. Eis que vou a partir de hoje considerar meu senhor, n�o meu servo sacerdote, como queres. Preciso eu muito mais de ti que tu mesmo a mim, a que fico honrada e lisonjeada, mas s� me pude coroar porque tenho teu cetro em minhas entranhas a me dar sabedoria t�o fodida e deliciosa. Meus princ�pios impedem-me de aceitar tanto, minha dama despudorada, eis que sou somente o escritor do profano, n�o um ministro ou o pr�prio senhor deste e s�o a eles que deve oferecer seu louvor e venera��o. Vou lhes apresentar, assim que voc� souber por que e no qu� s�o melhores e maiores que o Deus da Igreja e o Cristo, que sejam vencidos estes e vitoriosas as Trevas! N�o te estranhes quando te digo, Deus n�o foi mais divino que tu ou at� eu mesmo. Foi t�o real e vivo como n�s o somos. Aquele, que dizia ser seu filho, foi um bastardo, nascido de uma fecunda��o ileg�tima, por insemina��o artificial e n�o foi sem merecimento que foi julgado. A ele foi dado exatamente o objeto de seu prazer criptomasoquista, que foi a crucifica��o. Esta que se instituiu, como a religi�o verdadeira, ganhando por sobre as outras, por m�todos nem sempre piedosos e conclamou-se como Igreja Cat�lica Apost�lica Romana, n�o � sen�o um antro de celerados que, a exemplo de seu mestre, martiriza quem diverge da filosofia que conclamam como divina. Como se, esse ao se tornar m�rtir, lhe dessem a autoriza��o de martirizar as pessoas. As pobres mulheres, que negam sua condi��o primeira, servindo a este bastardo e sua Igreja como beatas, freiras ou s�rores, o fazem por uma raz�o muito sublime. Tendo suas fun��es naturais, espont�neas e leg�timas proibidas pela filosofia doentia do catolicismo, n�o � espantoso que prestem seu amor a ele desta forma, pois veja bem: est� esticado em vigas de madeira dura e na imagem nua, quase se pode ver
o que deveria ser seu divino membro (embora duvide que tenha tido). A pr�pria imagem � de madeira rija. Ora, pau por pau, na ignor�ncia de conhecer aquele que cont�m a carne e a carga necess�ria, para os afazeres divinos e sagrados que somos praticantes, serve-lhes muito bem este, castrado e est�ril, indiferente. Quando o desejo j� supera os limites do recato, muitas sabem como engolir a h�stia e servirem-se de velas bentas para satisfazerem-se. Por isso � que se sente um perfume quando se acendem tais velas: � o perfume das vias (que fa�o sagradas em ti) excelentemente preenchidas pelas velas bentas. Agora tem a conta do porqu� somos mais sagrados e santos que a Igreja e seus m�rtires? Oh, sim, meu vingador! (Ela estremecia novamente, pois a foda abria ambas as mentes para a sabedoria mais sublime e soberana no Universo, sem contar que lhe abria as carnes, a cada ofensiva de meu ar�ete em seus port�es). Mas tu me disseste que n�o quer ser meu senhor, pois h� muitos maiores que tu nessa deliciosa pr�tica que nos d� tanta sabedoria. Diga-me quem s�o e de onde vieram?! Minha deliciosa! Com que orgulho sinto que realmente te interessa vir a saber tanto, pedindo-me que ensines e te mostre aquilo em que j� �s mestra! Mas te direi, para que melhor desfrute deste momento e possa rir do pouco que sei diante de ti! Ajudarei-a a lembrar do nosso verdadeiro lar antes de me acabar... Que agrad�vel! Minha doce leoa, eles n�o gostam, mas n�o conhe�o outra forma de defini-los. S�o os esp�ritos das Trevas, advers�rios do Imp�rio das Luzes, do Deus da Igreja e seu Cristo, ou de qualquer outro nome pelo qual se conhecem os deuses, que se dizem representantes do Bem. Por conseq��ncia, na aus�ncia de outra defini��o, eles s�o o Mal, mas at� hoje n�o se tem not�cias de que tenham influ�do nos destinos do homem de forma arbitr�ria, como fazem seus oponentes, n�o imp�em a vontade deles, os que assim fazem s�o homens que n�o tem nenhuma representatividade no Reino das Trevas na Terra. Eles s�o ministros e amigos meus e dentre eles, tem o Soberano, o Esp�rito das Trevas, ele � o Leviathan, o Drag�o de Sete Cabe�as e Dez Chifres que ir� vencer o Cordeiro e seu Imp�rio das Luzes, no d�cimo tempo do primeiro, ap�s a vit�ria parcial do Cordeiro, pois as Trevas s�o mais poderosas que a Luz, que necessita das Trevas para trilhar seu caminho. Eu a levei pelas escadarias feitas h� tanto tempo atr�s, que j� s�o mais velhas que a pr�pria humanidade, al�m do meu templo sagrado que fiz para minha Deusa da Lua Negra, Lilith, conduzi-a por caminhos que at� eu mesmo me pro�bo de usar. Apresentei-a a todos e a deixei conversar, conhecer e amar a todos, enquanto esperava ao longe, pois ainda n�o sou digno de t�o honrada companhia. Ela j� o merece mesmo sem t�-los conhecido antes, pois toda sabedoria vem dela e das mulheres, como bem parece ter reconhecido meus amigos desta verdade. Mas o melhor para ela ainda viria. Ap�s ter amado e desfrutado da capacidade sexual de cada ministro das Trevas, eis que n�o mais podendo conter-se, vem o pr�prio Leviathan, que de t�o extasiado, vem em sua forma de poder terr�vel (embora reduzido) do Drag�o de Sete Cabe�as e Dez Chifres. Ela n�o teve medo e estava trepando com o Soberano das Trevas e eu, mesmo de longe tremi, porque ver a gl�ria do poder me fraquejava os sentidos. Al�m do mais, sou um simples escritor do profano, ver o pr�prio Soberano Leviathan era mais do que esperava merecer.
Ela desceu e emergiu das Trevas, exultante e iluminada pelo prazer e pela sabedoria que o sexo traz, mais ainda agora que amou o Leviathan, vinha ela cercada pelo prazer dele na forma de labaredas do Fogo Negro em torno de seu corpo exausto, por�m completamente satisfeita. A levei de volta e em tempo para o casamento. O tempo que se passou de toda essa aventura correu em tempo paralelo e desvinculado do tempo mortal, de forma que, em meia hora, teve seu tempo de eternidade para desfrutar dos meus amigos e Soberano. N�o notaram nossa falta nem a mudan�a que se operou em sua beleza e car�ter, agora que encontrou sua justa heran�a como filha das Trevas. Ela casou-se e a senti enojada por isso, pois agora teria que repartir com esse ?esposo leg�timo?, segundo a ?Lei? e ?Religi�o?, seus momentos na vida. Mas ela n�o se eximir� de me vir visitar, para me consolar ou at� me aconselhar, quando ela for de vontade pr�pria, caminho livre e acess�vel ao Reino das Trevas, em qualquer parte que esteja. N�o deixar� t�o cedo de querer montar em meus amigos, ministros das Trevas e domar a f�ria do Soberano Leviathan dentro de suas entranhas, devorando-os atrav�s de seus sacros port�es, deste divino templo que toda mulher tem, aonde devo prestar culto, louvor e venera��o. De vez em quando ela me permitir� desfrut�-la, em nome dos bons tempos, da amizade e de ser servo t�o fiel e eficiente nesses assuntos da pr�tica sagrada do sexo. III Eu estava � toa, passeando pela pra�a central da cidade, junto a tantos outros humanos e pobres diabos, tentando sobreviver. Entretido, em pensar nas solu��es dos tantos problemas que nos atingem todo dia. Nesses momentos, o n�vel de irritabilidade chega a ser neur�tico, todos � sua volta parece-se com formas anormais de human�ides. Num estado emocional destes, os poucos momentos que dispomos nos valem muito, n�o devem ser interrompidos ou perturbados, por qualquer motivo que seja. Mas foi o que aconteceu, meu precioso tempo foi interrompido por um vulto, que ficava na minha frente a murmurar sons sem nexo. Neste momento, os demais sentidos est�o todos anestesiados. Somente ap�s meus nervos se acalmarem, � que eu pude visualizar e ouvir melhor, quem me detinha e com que prop�sito. Pelo que falava, n�o parecia ser mais do que um dos milhares de crentes que povoam o centro da cidade, a querer converter as pessoas para a f�, pregando o evangelho. Mas visualmente era algo muito diferente, era uma magn�fica mulher, na flor da beleza madura, morena, alta, esguia, com volumes perfeitos, tudo nos lugares certos e curvas harm�nicas Uma mulher, como nunca eu havia visto na minha longa exist�ncia, um exemplar �nico, que mostra bem como tais criaturas s�o aben�oadas pela natureza. Pensei no desperd�cio, que a loucura na f� nesse deus retardado fez, ao privar do mundo da conviv�ncia com essa beleza. Uma injusti�a, usar tais e tao fartos atributos em algo tao est�ril e irracional. Logo decidi que devia fazer algo para recupera-la a vida normal, eu tinha esse dever com o mundo e iria converte-la de volta aos prazeres materiais. Mas eu era um pobre diabo, enfeiti�ado pela beleza dessa mulher. Como vergonha e sinceridade n�o s�o exatamente minhas qualidades, comecei a fingir de pecador arrependido, caindo de joelhos diante desta, clamando pela miseric�rdia divina: -Oh, Senhor! Foi Tu, meu Deus que enviaste este anjo para que eu pudesse me arrepender de meus pecados! Qu�o grande � Tua miseric�rdia, Senhor,
mostrando sua magnific�ncia para este pobre servo pecador! Am�m! Aleluia! -Calma, bom homem! N�o sou um anjo de Deus, apenas uma servidora do Nosso Senhor, Todo Poderoso. Se o cavalheiro quiser, posso receber sua confiss�o e absolve-lo em nome de Deus Pai Todo Poderoso, pois a miseric�rdia do Senhor � grande e a piedade, imensa. O seu arrependimento ser� ouvido por Ele, com certeza. Abracei suas perfeitas e roli�as pernas, encostando o lado do meu rosto no seu colo, sentindo o cheiro suave que seu sexo desprendia, imitando uma pessoa tomada por um grande fervor e arrependimento. -N�o me iluda. Eu sei que Deus Pai a mandou por misteriosos des�gnios, para que eu pudesse expurgar todos os meus pecados, pagando penitencia,fazendo oferendas e cultos ao grande e louv�vel Deus! Permita-me, anjo, quero me arrepender! -Amigo, irm�o, esta muito emocionado! Eu sei que seu arrependimento � grande, mas tente se controlar, por favor! Meu abra�o j� lhe causava arrepios e suores, que em sua inoc�ncia, n�o conseguia explica-los e controla-los. N�o era o suficiente ainda, ela estar confusa e indecisa se evitava meu abra�o, ou se o acolhia como forma de meu arrependimento. Eu queria mais, queria corrompe-la, abracei-a fortemente, levando seu colo de encontro ao meu nariz e minha boca, onde minha l�ngua lasciva j� se contorcia, querendo beber desta fonte. Minhas m�os, tamb�m inquietas, come�aram a lhe entrar pelo tecido de sua saia, percorrendo lentamente a penugem que cobria sua pele, at� chegar em suas coxas, bunda e calcinha, que iam sendo apalpados e explorados sofregamente. A coitada, mais confusa e maravilhada pelas caricias que recebia, n�o conseguia mais me refutar. Visivelmente sentindo que lhe come�ava a aparecer o desejo e a excita��o, ela pediu-me respeitosamente que parasse. -Tome esse endere�o. L� eu o esperarei, para que se possa confessar melhor. Aqui na pra�a existem muitos curiosos e dem�nios, que fariam voc� cair em tenta��o novamente. L� na igreja, estaremos seguros e mais perto de Deus. Despediu-se com um sorriso e um aperto de m�o. Permaneci alguns momentos, ainda de joelhos, tentando imaginar de que forma eu a envolveria em meus bra�os, para despertar-lhe o desejo natural e inalien�vel que todo ser tem.
N�o tive sossego no resto do dia e muito menos de noite, tentando planejar cada detalhe da minha confiss�o, que eu utilizaria para converter esta delicia, ao mundo das pervers�es. No belo dia marcado para nosso encontro, era dif�cil disfar�ar o nervosismo e a excita��o. Tinha de me controlar ou sen�o meu disfarce de pecador arrependido cairia, mais o disfarce de gente, imediatamente ela veria, pelos cornos e cauda, que eu sou um dem�nio. Entrar numa igreja, para n�s n�o � mais um empecilho, gra�as ao trabalho de conscientiza��o no Inferno e a decad�ncia no Para�so. Ela estava no confession�rio, esperando-me, com seu habito sagrado e uma b�blia. Nada disso me amedrontavam mais, nem significavam algo para mim. Ela estava mais bela e atraente, naquela t�nica sagrada e ar angelical.
-Aqui estou eu, meu anjo, para confessar meus pecados! -Sente-se aqui perto de mim. Quero ouvir bem seus pecados. -Minha adorada. O meu pecado � de desejar possuir carnalmente uma servidora de Deus. Quero meter com ela mil vezes, anjo de minha vida. Seu corpo � o motivo do meu pecado, a tenta��o � grande e n�o consigo conter-me. Por favor, ajude-me! -O que dizes, blasfemador, herege? Cometeu o sacril�gio de desejar possuir carnalmente esta serva de Deus, na casa do Senhor, diante do altar? Deveras pagar uma penitencia muito alta! Venha! O altar nos espera para come�armos a rezar pela sua absolvi��o! Dito isso, ela me arrastou at� perto do altar e sentamos juntos nos bancos centrais da frente. Foi quando ela abriu a toga e deixou claro, ao pegar meu instrumento sagrado, qual era sua inten��o e minha penitencia. Os frescores de seus corpos e seus detalhes �ntimos eram tao perfeitos quanto minha imagina��o demon�aca adivinhava. Meus cornos se contorciam de prazer, ao pensarem o quanto deveria ser delicioso, descarregar parte do meu ser e energia, num jato, dentro daquela deliciosa gruta. Iniciei o interl�dio, pondo-me atr�s dela, para executar minha posi��o predileta: enquanto meu cacete penetrava-lhe no rabo, uma de minhas m�os ocupava-se de um de seus seios volumosos, enquanto que a outra lhe excitava a �mida, macia e felpuda xana. Ela tremia de prazer e sua xana j� come�ava a escorrer aquele liquido precioso e perfumado de f�mea. A cadencia aumentava e nossos corpos uniam-se, mais e mais. At� o valioso instante de plena excita��o, quando nos derramamos em um orgasmo delicioso e duradouro. Mal eu tirei meu cacete de seu rabo e ela j� se p�s a chupa-lo, oferecendo sua xana para minhas chupadas. Isso n�s fizemos at� que ela, j� excitada, gozou em meu rosto, recebendo o mesmo, naquela garganta gulosa, de minha parte. Ficamos excitados mais ainda, sem deixar-me chances de tomar a iniciativa, ela j� se posicionara com suas ancas pr�ximas ao meu ventre, iniciando a penetra��o do meu cacete naquele port�o das delicias, que era sua xana. A excita��o que nos tomava, come�ou a nos transfigurar, eu pude ver sua aureola e asas de pomba branca e acho que ela pode ver meus chifres, minha cauda espetada e minhas asas de morcego. Mas ela n�o desengatou, pelo contrario, come�ou a mover-se mais excitada e lasciva por sobre meu cacete. As chamas que comp�em meu ser n�o ag�entaram tamanha excita��o. Comecei a ser consumido, minhas chamas subiram, como uma coluna s�lida, em dire��o a sua xana �mida, que tamb�m j� gozava sua luz liquida sobre mim. Tivemos o tipo de orgasmo raro e �nico no universo, que s� � poss�vel quando h� copula entre os esp�ritos, este orgasmo � mais completo e recompensador que existe. Depois que nos separamos, nunca mais a vi. Talvez ela esteja em outra pra�a, tentando salvar mais uma alma pelos m�todos que lhe ensinei. Gostaria de encontra-la, principalmente quando descobri que a igreja onde fizemos nosso culto profano foi demolida, pois j� tinha sido dessacralizada e abandonada j� a muito tempo, de forma que, nenhum de n�s cometeu um sacril�gio, nem profanado um lugar sagrado com nossos ritos sexuais. Eu vou, constantemente � pra�a central da cidade, na esperan�a de encontra-la, mas s� encontro outras mulheres crentes, que tamb�m mereceram
ter essa li��o, mas nenhuma se comparou a esta. Por isso, mulheres, prestem aten��o! Se querem sua felicidade, ela esta na plena realiza��o dos desejos. Para tanto, � necess�rio achar um comedor capaz o suficiente, nem mais, nem menos. S� h� um jeito de acharem seu comedor ideal: � desfrutando! IV Estava ocupado com estas, forma curta e r�pida de expor o rid�culo dos conceitos e consci�ncias, at� ent�o existentes, quando veio me ver um homem, em meu quarto, o que n�o permito sen�o a mulheres, sem ser convidado, sem entrar pela porta ou invadir minha privacidade pela janela. -A paz esteja contigo. -A paz esteja na tua casa, para que n�o apodre�a mais pela senilidade! -N�o seja tua l�ngua tua orienta��o ou acabar� mordendo-a e morrendo pelo seu pr�prio veneno. -Uma l�mpada � respons�vel por sua luz ou sua chama? Veja estas m�os. Elas s�o t�o respons�veis quanto minha l�ngua e n�o s�o a l�mpada, mas a chama e a luz delas te incomodam. Devo eu te dizer por que ou tamb�m conhece o conte�do da minha l�mpada? -Eu sou o que moldou a l�mpada, lhe pus o �leo para queimar e a acendi. Por que n�o me serve esta l�mpada para combater a escurid�o? -Porque a chama que lhe � agrad�vel � muito pequena para mim. Tenho a meus cuidados a l�mpada que diz que formou, troquei o �leo por outro mais fino e raro, apesar disso a entornei e agora por inteiro se incendeia, para o desespero e tormenta das l�mpadas que lhe servem, t�o conformadas e acomodadas com a d�bil luz que lhes permite ter. -As chamas v�o quebrar tua l�mpada, com tanto calor. -Tanto melhor! Estarei livre de ti e meu �leo ir� incendiar toda tua morada e te vencerei! -Tu, queres me vencer, a mim que sou Senhor de todo o universo e redentor das pessoas que tem sua pequena l�mpada e a mant�m agrad�vel a mim? -N�o achas poss�vel? Espere at� minha chama ser vista pelos olhos imbecis de tuas pessoas. No mesmo momento turvar�o o �leo que destes a elas, trocar�o a chama que acendestes pela minha. Ent�o teu poder ficar� solto no vazio, sem ter o que comandar. Para teu desespero, tuas pessoas ainda v�o ver-te como �s, n�o como lhe descrevem seus oleiros, os que espalhaste pelo mundo para conquistar as consci�ncia, pela manipula��o ou pela for�a. Agora, o que me diz, Nazareno? -De fato, quer se tornar o cego que vai guiar os cegos ao abismo... -Chama de abismo o conhecimento pleno? Realmente! Convenceu as pobres mentes disso para que permane�am ignorantes, pois s� assim consegue exercer poder sobre elas! -Elas v�m a mim porque sou o Redentor e a salva��o do Mundo. Pode duvidar e provar o contr�rio?
-Redimir�s a ti, cabe a ti salvar-te pelos teus meios e aos outros, cada qual escolha o seu. Ou n�o percebeu, apesar de ser o Verbo Encarnado, que teu Pai e voc� mesmo dependem da exist�ncia do material, para justificarem a vossa pr�pria? No que ganharia um esp�rito formar a carne? Por que ela veio a existir no teu Reino, como se fosse para ser conservada, tratada como animal para exibi��o ou abate, como a rebanhos, cercados e adestrados? A quem mostrariam este rebanho, se � �nico teu Pai? Porque n�o vejo outra raz�o, sen�o esta. E n�o me diga que foi por amor, sen�o Ele saberia perdoar este gado (homem), quando este come�ou a conhecer sua condi��o como ser racional. E como poderia este conhecer, sen�o pela raz�o que j� lhe era pr�pria, j� que o homem veio a existir por outros meios, que n�o o divino. Como poderia o homem ter falhado com o Pai se, em tua filosofia, um sup�em ao outro e ambos s�o como um na raz�o, na alma e no corpo? E? esta raz�o, vinda de mim mesmo, comum ao homem, pr�prio dele mesmo, originado das evolu��es, que n�o me permite aceit�-lo. D� a verdadeira compreens�o ao gado que lhe resta e observa se n�o fazem o mesmo! -Foi ent�o pela miseric�rdia. -Oh sim! Eu sei bem que miseric�rdia tiveste, tu e teu Pai, com todos os cientistas e pensadores que s� queriam trazer um pouco da luz deste verdadeiro conhecer: os matastes! E? assim que v�s demonstrais a bondade que dever�eis ter? -Eu sou o respons�vel pelo conhecimento! Voc� o recebe de mim. -Imposs�vel, a menos que concorde com minhas id�ias e se assim fosse, teria negado teu Pai e esses massacres, teria feito algo para ajudar-nos e teria feito algo para mostrar a tua Igreja o quanto de absurdos esta cometia pelo poder e em nome de Deus! -Conhe�o-te bem Siron. Tamb�m me conheces. Embora tua ess�ncia tenha vindo me perturbar, antes que tu viesses a existir, quando eu estava em peregrina��o pelo deserto, antes de come�ar minha prega��o na Terra. Apesar disso podemos ser amigos. -Perdeu tua chance e teu tempo! Antes tivesse vindo me ajudar e consolar. N�o me avisou sobre a crueldade desse mundo, apesar de cat�lico, n�o pude combater teus infames jovens, que me relegaram ao esquecimento, porque era diferente, me discriminaram. Na depress�o, prestes a acabar com o pouco de sobriedade que me restava, algu�m me levantou (e n�o foi voc�). Eu me assustei de in�cio, pois normalmente s�o considerados dem�nios. Mas eles sim, foram meus amigos. Ainda sofro, ainda me despreza teu mundo crist�o. Mas agora estou amadurecendo, porque soube descobrir a verdadeira sabedoria e reconhecer o Reino das Trevas, aonde vim eu a saber onde est� meu mundo real, meus familiares reais. Voc� veio a se concretizar, sabe o quanto o mundo de teu Pai foi ingrato e ainda o � aos pensadores. Eu tamb�m estou aqui, mas n�o vou refor�ar esse sistema de domina��o! Farei ruir esse mundo baseado nessa filosofia superficial do Imp�rio das Luzes que teu Pai fundou e faz as pessoas julgarem pela apar�ncia tudo que lhes oferece aos olhos! Farei com que as pessoas venham logo a descobrirem estupefatas, da verdade dessas coisas sobre teu mundo crist�o e teu Imp�rio. Mesmo que tenha o seu tempo de j�bilo e vit�ria, voc� sabe e n�o preciso dizer, que as Trevas ir�o prevalecer, j� que o poder e sabedoria destas s�o superiores em intensidade e qualidade aos teus! -Ent�o por que n�o me mostras teu poder, Siron?
-N�o posso. Sou um mero escritor, n�o um dos ministros das Trevas. -Ent�o me permita! Era a minha vizinha, que j� vinha mostrando grande afei��o por mim. Escutou nossa discuss�o, viu que eu falava com sinceridade e tomou minha defesa. O que � muito surpreendente, pois eu a conhecia bem, como uma cat�lica de um fervor que nem eu mesmo poderia supor! E l� estava ela a desafiar seu Cristo por mim! Ela apontava seu dedo acusador a Cristo e parece que, toda a culpa dos assassinatos cometidos em seu nome, caiu sobre ele, que desapareceu. Ela tremeu, gritou e chorou, porque n�o conseguia entender o que aconteceu e o que tinha feito! Eu a abracei, tentando acalm�-la, aos poucos foi se tranq�ilizando e algo de dentro dela, pr�prio dela, parecia despertar de anos de agonia e pesadelo, abafado pelos preceitos crist�os de moral, virtude e pureza. J� calma, foi embora e fez quest�o de me mostrar: ela quebrou toda a cole��o de imagens de santos que tinha, rasgou todos os livros e enc�clicas papais, incinerou a b�blia junto com os in�meros crucifixos e ros�rios que tinha. -Nesse momento todo, o senhor morava ao meu lado e s� agora o entendo! Devo ter sido um tormento para voc�, querendo traz�-lo a essa inf�mia em que estava presa e convencida de ser a religi�o verdadeira, do Deus verdadeiro! Quantas vezes me trouxe alegria e satisfa��o de explicar muito melhor que os padres das par�quias, certos trechos desse livro maldito, a b�blia, nesses momentos de cristianismo, desse meu passado turbulento e terr�vel! Ainda assim o afastava de mim, pois ofendi ao senhor! Beijei-lhe com desejo, na boca murmurante e a levei para o templo aonde eu iria inici�-la na pr�tica do verdadeiro culto e lhe mostrar quem � o Soberano, de quem sou apenas o escritor. E ela aprendeu r�pida, f�cil e gratamente a li��o. V Sabe porque tem tantas pessoas que rezam e pensam em Deus? Est�o todas preocupadas com a salva��o da alma. Sem d�vida, dedicar um dia de cada semana ou mesmo de um m�s e ir a missa ou coisas do g�nero s�o capazes, pela ingenuidade do sujeito, de deixar aliviada at� as consci�ncias mais culpadas. At� mesmo os sacerdotes e santos das religi�es n�o escapam. Somos os ?eternum pecatorum?, estamos compulsoriamente condenados por uma instru��o dogm�tica. A raz�o existencial de uma religi�o poderia estar baseada na premissa primeira da exist�ncia justamente do que querem combater e evitar? Sem o pecado n�o h� culpa nem condena��o, conseq�entemente n�o haveria tanta necessidade que a humanidade tem em afundar-se em religi�es e cultos que expiem esse pecado que nem se tem mais conta ou mem�ria (diria at� mesmo culpabilidade). Podemos at� mesmo admitir que tenha existido esse tal deus, de qualquer que seja a religi�o, que fez em seguida o homem. Mas todo processo da exist�ncia da pr�pria humanidade e at� das institui��es religiosas s� se tornou poss�vel gra�as a esse tal pecado. Tendo partido dele mesmo, resta-nos adivinhar por que esta criatura divina a cometeu, n�o outra e o que a levou a tal � revelia e desconhecimento de deus (tanto que o castigo
� dado depois que se tomou conhecimento do fato, o que demonstra que este deus n�o � tanto assim onisciente e onipresente). E? como se o Criador e a criatura fossem seres completamente distintos e distantes, o que n�o � muito racional ou l�gico, quando encaramos a rela��o de deus com o homem, que dogmaticamente � tida como integradora, ambicompensadora e ambireferencial. Pelo que poder�amos admitir ent�o, j� que este deus n�o era t�o poderosos e que o homem n�o era t�o dependente e integrado a este deus, � que n�o s� eram seres distintos, distantes e independentes entre si, eram completos estranhos numa rela��o on�rica entre um ser de dotes supremos, se comparados aos do homem que era considerado o primeiro, e este homem dominado por este, por formas outras que n�o as sobrenaturais atribu�veis a este deus (o que se provou n�o o ser). Como este pecado foi assim definido pelo julgamento deste deus contra um erro do homem, s� percebido ao ter sido verificado o fato (como j� foi considerado) como pode este homem t�-lo cometido sem ter no��o de tal justi�a e da pena que incorria em comet�-lo? Ele j� tinha no��o, sem d�vida e o que o levou a comet�-lo � porque sua no��o pessoal assim decidiu, porque em sua pr�pria consci�ncia isso n�o era pecado, a princ�pio! S� assim pode ser compreendido tal fato, este deus n�o era t�o poderoso nem t�o senhor do homem. Este, apesar de ter sido criado pelo primeiro, j� tinha uma consci�ncia pr�pria e anterior ao fato o que estranhamente � a nega��o do princ�pio dogm�tico que o homem conheceu a consci�ncia ap�s o fato, de que o homem era criatura deste deus e dele recebera as primeiras no��es e a este deus deveria servir e seguir estas no��es, assim como a consci�ncia deste deus (ou sua justi�a, a seu gosto). E que o princ�pio do pecado s� se tornou real quando este deus puniu-o por julgamento deste, um ato que para o homem era natural e instintivo, causado e assumido por sua consci�ncia pessoal e individual, distinta e desvinculada do seu Criador (o que, pela l�gica, � imposs�vel ou improv�vel, sem que levemos a considerar as causas e conseq��ncias necess�rias a tal, como j� o descrevemos). Este deus, sem d�vida, deve ter sido um ser e Senhor do homem, dono de uma consci�ncia e de uma justi�a que, por elas, condenou o homem. O homem, sem d�vida, acreditou ser este deus seu Criador porque assim lhe ensinaram mas apesar disso j� tinha no��es e consci�ncias pr�prias e desvinculadas do seu Senhor que o era ent�o, apenas fisicamente, n�o espiritualmente como querem os dogmas e as religi�es. N�o existe qualquer outra considera��o a ser feita a respeito que possa ter mais raz�o e l�gica que esta, embora sendo antidogm�tica e contr�ria a id�ia que se subtende numa rela��o entre deus e homem, que por hora se requereu t�o necess�ria ao passar dos anos e da evolu��o dessa mesma humanidade sem a qual ter�amos s�rios problemas existenciais. Mas creio que j� amadurecemos bastante e j� est� na hora de renegar este passado e consci�ncia estranha � nossa condi��o e realidade. Pois, retomando a quest�o, n�o somos culpados de pecado algum nem somos tanto assim servos deste ser que se nomeou deus e que pela ideologia dele (n�o a nossa) nos culpamos e cumprimos uma pena por uma justi�a baseada nessa ideologia alien�gena, estranha e imposta ao homem. Tomamos o fruto e erramos para ele mas para n�s n�o foi erro sen�o nem ter�amos feito. Foi um ato natural e at� consciente de nossa parte, n�o existe outra explica��o, sendo assim, dessas considera��es s� resta mesmo as conclus�es j� alinhadas, mais nenhuma outra. S� como �ltima considera��o devemos por conseq��ncia a essas conclus�es, n�o mais dever satisfa��es aos sacerdotes, representantes desta estranha justi�a e ser megal�mano assim como desprezar seus cultos, conselhos e moralismos j� que est�o baseados em falsos dogmas de um falso deus, de uma falsa religi�o.
E? l�gico, por tanto que n�o me incomodo, com o que as pessoas iludidas por esta fantasia de salva��o da alma fazem ou dizem, preocupo-me mais com o que diretamente me diz respeito, que me atinge e pode prejudicar minha vida e meu futuro. Vencer os obst�culos que colocam para o avan�o pessoal, que s�o in�meros e multiplicam-se na mesma ordem e pot�ncia de nossas capacidades de raciocinar com l�gica, porque num mundo constru�do sobre uma base t�o irreal, a raz�o pesa e corr�i com sua criticidade.E logo todo o castelo cai, pois se pode, com a mesma facilidade que aqui desmascaramos este deus, elucidar demais quest�es e fatos (fen�menos) que ocorrem na sociedade que, ao olhar e pensar cr�ticos, n�o s�o mais s�lidos que este deus. E de fato, podemos dizer que isso � poss�vel por ser tudo isso parte de um todo de refer�ncias, valores e normas que podemos chamar de Imp�rio das Luzes, pois nossa sociedade baseia-se na religi�o, na id�ia de deus e na id�ia de Luz como uma coisa s�, uma id�ia b�sica e simplista, superficial e aparente que, justamente por ser apenas uma fr�gil pel�cula de conceitos absurdos, n�o suportariam o pensar cr�tico, cujo olhar penetrante revolve os argumentos e os testa � exaust�o e logo os vence. Para todo o sistema sobreviver � preciso evitar a reflex�o, a medita��o, o discernimento e a cr�tica mais profunda, s�o esses que realmente destoem sem piedade esse sistema de apar�ncias, n�o a rebeldia tola e descabida, que s� fortalece o sistema e o alimenta de um ar de modernidade e mudan�a falsos, pois as condi��es b�sicas e revoltantes de sua exist�ncia permanecem e permanecer�o sempre, enquanto os reais cr�ticos puderem estar sob vigil�ncia e isolados dos demais, sem possibilidades de divulgar seu pensamento ou participar, com a capacidade e poderes reais que deveriam ter, se esse sistema fosse realmente uma sociedade (sistema da uni�o de pessoas com acordos m�tuos e participa��o aberta a todos os associados).O que n�o � dif�cil ver que na realidade o sentido que se encontra na sociedade que se pratica � outro e revoltante: um grupo de poucos determinando as a��es, comportamentos e at� as consci�ncias de bilh�es. E? dessa forma que a religi�o pode ajudar na sociedade. Ambas tem seus princ�pios e raz�es de exist�ncia baseadas no dom�nio do individual e do geral, do particular ao p�blico, tudo se encontra dessa forma e com base nesses princ�pios e raz�es, determinados e controlados. Posso ir muito mais longe e ser muito mais abrangente se o quiser, por hora, me deixa muito alegre, com essa pequena semente nas consci�ncias, que ser� desenvolvida e tomar� forma conforme os gostos dos senhores, por enquanto leitores, mas participantes no futuro. VI Nunca vou me esquecer do dia em que tudo foi ficando nebuloso aos poucos para mim. Estava at� ent�o muito contente e instalado na fr�gil balsa de n�ufrago que nos equipam antes de nos soltar pelo oceano imenso da vida. Meus portos, meus pais, deram-me as primeiras orienta��es, pude contar com eles em v�rias situa��es antes de tomar em m�os os remos e remar por mim, me fazer navegar ao gosto dos ventos da minha mente distorcida. Mas n�o era assim no princ�pio. Era realmente um n�ufrago entre muitos, diria realmente esfor�ado em participar da imensa corrente em que me encontrava, seguindo as ondas que eram produzidas para mim de algum lugar, ignorava a origem e serventia, mas me ajudaram durante algum tempo, neste meu princ�pio. At� este momento, nosso oriente em comum era apontado para a dire��o de uma cruz, que tomei tamb�m como referencia para mim porque n�o conhecia outra refer�ncia, outro farol que este que aquela corrente apontava, mesmo sem entender direito o porqu�, aceitei e compreendi o que a cruz significava e porque toda aquela corrente de n�ufragos dirigia-se
para ela. Eu concordei por enquanto, na minha inoc�ncia desse princ�pio de vida e acreditei que s� existia essa dire��o, pois a corrente de t�o imensa, n�o se via os limites e encontrava-me bem no meio dela, um tanto perdido e inocente, devo me perdoar por um princ�pio de vida t�o crente e confiante na corrente que me cercava e na cruz, distante e calada, para a qual me ensinaram a me dirigir, na promessa do porto t�o esperado e desejado, tranq�ilo, seco e seguro, que havia onde a cruz estava cravada e para onde toda essa corrente, na qual eu nasci, se dirigia. Eu apenas seguia para n�o ser um n�ufrago da corrente de n�ufragos. Achava que dessa forma estava correto e estava no m�nimo encaminhado para a salva��o. Salvar-me de ser n�ufrago e solit�rio, nesse imenso oceano da vida. Mas n�o estava seguro! Certamente que n�o! Haviam n�ufragos de balsas, n�ufragos com b�ias ou at� sem nada e n�ufragos com botes, barcos, iates, alguns tinham at� transatl�nticos! Meus pais, meu porto, numa certa data, jogaram minha balsa em meio a lanchas. Estes n�ufragos com lanchas ignoraram completamente minha condi��o, ignoraram at� minha presen�a e sem piedade, passaram sobre minha balsa com suas lanchas, in�meras e repetidas vezes. Lutei para me manter na balsa e dentro da corrente, lutei para que os n�ufragos com lanchas me notassem, lancei v�rios sinais, mas eles n�o queriam me compreender! Eu era apenas um m�sero n�ufrago de balsa, inocente e desinformado. Eles trituraram minha pobre balsa com as h�lices do desprezo, da discrimina��o, da ridiculariza��o, da chacota, da marginaliza��o, do isolamento, sem motivo, apenas porque eu tinha por balsa minha base para navegar pelo oceano imenso da vida. Machucado, retalhado, abandonado, humilhado, sem saber nadar ou navegar sem minha balsa, deixei a superf�cie e comecei a afundar nas profundezas, a corrente e a superf�cie respir�vel foi ficando mais distante e mais imposs�vel de se retornar. E por que iria? N�o fui tra�do em minha confian�a e cren�a na corrente e no fato de que todos pareciam seguir a cruz? Por que ent�o me vitimaram, por que estou agora afogando na repulsa e na revolta? Minha dignidade foi seriamente dilacerada, junto com a cren�a e a confian�a na corrente e na cruz. Eu afundava e ia observando como, apesar dos esfor�os, n�o se deslocavam do lugar, n�o mudavam as t�cnicas de navega��o, n�o avan�avam, n�o progrediam, continuavam os mesmos, apesar de seus esfor�os, que eram in�teis. Quanto mais afundava, mais eu percebia o qu�o miser�vel e mesquinha era essa corrente, o qu�o miser�vel eram sua cren�a e orienta��o e muito provavelmente, a mentira que era a cruz. Das profundezas n�o se v� a cruz. Se fosse t�o importante seria vista. Se fosse t�o forte, teria me salvo e punido os miser�veis que me condenaram a morrer afogado. Mas a cruz, que j� na superf�cie, era distante e calada, agora nem vis�vel se fazia, passei a duvidar e criticar a cruz e a corrente que a seguia, assim como os est�pidos n�ufragos que se fazem de l�deres da corrente, bem como seus filhos cretinos, que me assassinaram a lucidez. Mais rapidamente comecei a afundar, a press�o das �guas come�aram a se fazer presentes e sentidas. Rompi com meu porto, com a educa��o, com a cren�a, com tudo aquilo que eu fora na superf�cie e comecei a me reestruturar. A press�o das �guas come�ou a me triturar e desfacelar, j� n�o me reconhecia, eu tinha certeza por�m de que seria capaz de me adaptar conforme a profundeza que estivesse. Mesmo aqui nas profundezas, encontrei muita coisa cheia de g�s, o que fatalmente iria me levar de volta � superf�cie. Soube evit�-las e aprendi a me deslocar na profundidade, em busca das coisas nutritivas. De vez em quando, voltava a olhar para a superf�cie e via que continuavam no mesmo lugar. �s vezes eu estava adiante deles, �s vezes atr�s deles e �s vezes
logo abaixo deles. Aos poucos, nutrido com as coisas certas, fui me adaptando e me transformando at� que as profundezas se tornaram meu lar. ainda respondia, por uma quest�o de honra a meu porto, meus pais, embora fosse mais raro e mais distante a troca de sinais. Eles se preocupavam comigo e quase n�o me entendem mais e nem eu a eles. Foi h� pouco tempo, muitos outros j� estiveram como eu na profundidade, hoje mesmo existem muitos aqui, embora estejam um pouco distantes de onde estou. Tomei conhecimento deles pelo produto que fabricam, muitos nutritivos, outros nem tanto, outros muito gasosos. Gra�as a este contato, n�o fico muito deprimido, nem me considerando o �nico da esp�cie. Gra�as a essa nutri��o, tornou-se suport�vel minha situa��o, nas profundas �guas da raz�o e do pensamento cr�tico, foi com a ajuda deles que v�ria vezes pude juntar aos poucos meus cacos e retomar a lucidez, agora uma lucidez de profundidade. Minha vida nessas regi�es abissais da reflex�o tornou-se agrad�vel e deliciosa. Realmente gostaria de agradec�-los e por isso tamb�m tento produzir coisas nutritivas para que um dia, algu�m possa deliciar-se com elas. Foi quando descobri que n�o � t�o bom alimentar-se desses suculentos produtos. E? muito mais saboroso produzi-los e ser� o meu maior deleite quando algu�m se aproveitar dos meus e satisfazer sua fome por esses refinados pratos. Agora o que me agradou mesmo foi a minha mais recente descoberta. Estava em busca de mais alimento e a produzir minhas guloseimas quando uma sereia encontrou-me. Ou melhor, eu li sobre ela, que soube como me convencer, por m�todos sutis, vir a conhec�-la, por isso digo que ela que me encontrou, n�o o inverso. Fascinado com a id�ia de sua beleza e sabedoria, quis encontr�-la, para deixar minha vida nas profundezas ainda mais deliciosa. De tanto procur�-la, acabei achando tamb�m nereidas, trit�es, serpentes marinhas, drag�es abissais e demais criaturas das mais profundas profundezas. N�o existe, a meu ver, um porto �nico para o qual se possa se dirigir, mas creio que posso encontrar ao menos um epicentro e de l� procurar a moradia dessa sereia e dizer o quanto a admiro e a amo. T�o ocupado na busca, que nem me dei conta mais de quanto prazer tinha em comer e fazer coisas nutritivas, passou a ser algo natural e inerente � minha pessoa. Nem notei sobretudo, uma terceira e grande muta��o durante a busca, fruto das novas produ��es e nutri��es que fazia e consumia. Tanto, que me espantei quando uma bel�ssima nereida me chamou, interessada por mim, eu ignorava o porqu�, afinal eu era (ou pensava ser) um n�ufrago. -Como � teu nome, belo e jovem trit�o? -N�o sou trit�o, bela mulher-serpente-marinha, sou um n�ufrago, esses seres da superf�cie. -Nessa profundeza, com essa apar�ncia? N�o estou entendendo tua piada, trit�o. -Eu n�o estou dizendo piada alguma... -Veja, confuso trit�o, tua imagem em meu espelho e diga-me se eu n�o digo a verdade... Olhei e vi minhas orelhas como barbatanas de peixe. A braba que deixei crescer de t�o ocupado na busca, mais parecia com algas pretas a balan�ar nas �guas. Minhas m�os e p�s mais pareciam com a de um anf�bio e n�o podia negar. Tinha uma bela, forte e longa cauda, desenvolvida aos poucos e certamente fundamental para me deslocar na profundidade. N�o era mais um n�ufrago, era um trit�o e nem percebi. Estava procurando o reino dos trit�es e demais criaturas abissais para viver,tornar-me uma delas no
futuro e j� havia me tornado uma delas, sem que percebesse. A nereida, notando minha surpresa e desconhecimento sobre a minha condi��o sorriu, deu uma discreta risada, mas sem a inten��o de magoar, mas pela com�dia da situa��o, acreditou que eu dissera a verdade, quanto � de eu ter sido um n�ufrago. Vi seus olhos brilharem com compaix�o por mim, por ter me atrapalhado todo com meu novo aparato, como se nunca o tivesse usado, s� por ter tomado conhecimento agora, como uma crian�a que de repente v� seus bra�os longos ao alcan�ar a puberdade. Perde-se toda a coordena��o motora. Muito prestimosa, prop�s-se a me ensinar a controlar conscientemente essa minha forma nova. Na companhia dela eu flui por v�rios recifes, escarpas, cavernas, plan�cies, montanhas, planaltos, depress�es e abismos. A vida no oceano profundo � t�o imensa sen�o maior que a da superf�cie, mais rico, mais agrad�vel. Trocamos muitas id�ias, conversamos muito sobre tudo, sobre todas a s coisas. Sentia que ela come�ava a demonstrar certo orgulho e admira��o por mim, e eu comecei a me apaixonar por ela. Chegou um dia ent�o, que ela teria de me apresentar ao restante do seu povo, aos seus pais e ao Soberano de toda a imensa profundeza desse oceano que � a vida. Receberam-me muito bem, eu j� praticamente era parte deste povo admir�vel das profundezas abissais, tive tanta aceita��o e amizade como nunca havia sonhado, mais do que recebi na superf�cie... Para facilitar minha vida e adapta��o nessa nova fam�lia, rompi com meu pr�prio passado, a �ltima coisa que me ligava � superf�cie, mudei meu nome e me apresentei como Siron, mais adequado para a transforma��o que se operou, transformando meu nome anterior. Minha amiga nereida fez ent�o a minha apresenta��o ao Soberano desse incr�vel abismo, um drag�o terr�vel, de sete cabe�as e dez chifres, mais conhecido na superf�cie por Leviathan e � sua bela esposa, Nahema. Tomei coragem e lhe perguntei: -Soberano Leviathan, pode dizer-me onde est� tua bela e divina filha Lilith, Deusa da Lua Negra? A nereida olhou-me apavorada e temerosa. O pr�prio Sobrerano olhou-me com surpresa e riu uma sonora gargalhada, junto com sua esposa. -Deusa do qu�? Ah, minha filha, que bom comediante trouxeste a nosso lar! Que mais sabe fazer esse jovem trit�o? Quem ficou chocado e embara�ado depois disso fui eu, mas n�o tenho muita culpa se estava mal informado. -Como sabe sobre mim? Sobre meu nome? Com os diabos, quem �s tu? -Minha filha! J� nos disse. E? Siron. Falamos muito e comentamos muito sobre ele e suas obras deliciosas. Ele � o escritor Siron. O pr�prio. Agora sim
havia ficado completamente confuso, abobalhado e perdido.
-Mas claro! Ele... � Siron Kabet! Como pude me esquecer! -V�s... Conhecem-me antes mesmo de me ter encontrado? -Lemos suas obras. Simplesmente o melhor prato que pudemos nos deliciar, uma obra simplesmente suculenta.
-Oh, puxa! Nem sei o que dizer... H�... Lilith... -Por favor! Sem Deusa da Lua Negra, sim? -De qualquer forma. J� sabe o quanto a amo, suponho...? -Bem... Deixemos isso para depois... Nem tinha ci�ncia, mas tornei-me um mito na terra dos meus mitos, amigos, deuses-dem�nios, que nessa profundeza s� nos resta t�-los como companheiros e orientadores. E eu era um mito a eles! Mesmo que Lilith esteja casada com Samael, ela me d� muita aten��o e carinhos especiais. Talvez essa informa��o de que Lilith � esposa de Samael esteja errada tamb�m. N�o que a quero desposar, mas sim amar em toda a capacidade e conseq��ncia que todo amor leva (a c�pula), sem a necessidade de um compromisso. Quando voc� estiver meio � deriva e achar que viu um monstro marinho revirar as ondas e derrubar navios imensos, pode ter certeza que sou eu, me divertindo �s custas da imbecilidade dos n�ufragos da superf�cie, a quem odeio e me devem muitas explica��es, desculpas e justi�a. Eles escolheram a pior forma de reconhecerem o erro. Eu os ajudo a submergir na pr�pria culpa, como merecem. Agora que tenho minhas convic��es e certezas, firmados em s�lidas bases e me tornei um trit�o, com uma vaga possibilidade de ser amado por Lilith, posso me dar ao luxo de fazer essas incurs�es � superf�cie, com toda a pot�ncia das minhas mand�bulas cr�ticas e estra�alhar aos pouquinhos esse mundo besta dos n�ufragos da superf�cie.