cronologia_desejos undefined undefined Mais... undefined [Fechar] undefined [Fechar] undefined
Cronologia dos Desejos Para que surgisse o que hoje definimos por Cosmos no Universo, as part�culas que outrora eram dispersas, desejaram combinar-se. O primeiro desejo foi at�mico e vem a explicar porque se tem tanta satisfa��o em realizar os nossos, � pela explos�o de prazer a n�veis energ�ticos, como v�em, mesmo as part�culas desejam, n�o � preciso ser uma criatura sexuada para isso. J� que falamos em energia, as primeiras forma��es originaram entidades energ�ticas, por hoje definidas como deidades, em seus diversos nomes conhecidos. Possuidoras ou n�o de consci�ncia e vontade, ainda eram vis�veis quando a humanidade nascera, que em sua inoc�ncia acreditou ser estas manifesta��es a prova da exist�ncia destas deidades. Mas at� esta era, muita coisa ainda se passou, portanto, sem queimar etapas, continuemos a evolu��o do desejo. Passada essa fase, satisfeito o desejo, essas primeiras formas associadas, por serem energ�ticas, ainda eram muito inst�veis e perme�veis, de forma que muitas, pelas mar�s c�smicas, acabavam se encontrando, colidindo ou se fundindo com outras, algo nem sempre recebido com boa vontade pelas part�culas formadoras deste aglomerado, gerando muitos conflitos e explos�es, desta vez de ira. Era o desejo de privacidade, exclusividade, manuten��o da ordem coletiva. Homens tamb�m s�o explosivos nestes assuntos, o segundo em intensidade na qualidade de mobiliza��o de nossas paix�es depois do da associa��o, que foi o desejo primordial. Estamos nos projetando novamente ao presente, n�o podemos nos perder, ainda h� muito que saber da evolu��o do desejo! Mas como v�em, estamos apenas perpetuando estes, de uma maneira ou outra, mesmo que neguemos ou fujamos, realizamos sempre ao menos um desejo, desta cadeia de desejos que somos formados. Tanto para garantir a congrega��o quanto para evitar invas�es de outras nuvens energ�ticas, era necess�rio condensar a forma, torn�-la mais coesa, mais s�lida, at� podemos dizer mais concreta, real. � o desejo de ordem, organiza��o, prote��o, estrutura��o e quaisquer outros sin�nimos que pudermos arrumar. Assim as congrega��es tornaram-se mais particulares, mais exclusivas e passaram a discriminar os n�veis energ�ticos componentes da congrega��o. Mas n�o devemos confundir isso com a discrimina��o racial ou de outro g�nero que se pratica na humanidade. Aqui a quest�o � meramente estrutural, enquanto que n�s praticamos um est�pido preconceito �tico e �tnico, resultante da dem�ncia latente. Mas como isso pode
acontecer a uma ra�a que se autodenomina inteligente � caso para um estudo hist�rico social psicol�gico, que est� bem longe de ser simples reflexo destes desejos primordiais que formaram toda coisa existente. Prossiguemos com nosso relato e pesquisa, caso haja interesse de outros pesquisadores, que seja feito o estudo das causas dessa dem�ncia latente do ser humano. A condensa��o da energia limita os movimentos da nuvem, por esta se tornar mais pesada, mas � vantajosa no sentido de prote��o. Ou, em proje��o maior para atacar. Pela forma��o da pr�pria nuvem, ou por sua condensa��o para torn�-la mais segura, torna-se sedenta, at� belicosa, por energias que teve de renunciar ao se condensar, atacando assim, por sua forma��o estrutural ou por fome, outras forma��es, apossando-se de parte ou do todo das nuvens atacadas, formando um novo, mais complexo, mais organizado ou mais condensado formato de nuvem, que podemos at� considerar, por novas e complexas entidades, estas sim com mais possibilidade de serem dotadas de consci�ncia e vontade, tanto que atacam sabendo que s� assim se sacia este desejo, o da alimenta��o, da complementa��o por algo que lhe falta. Um desejo que move e � movido pelos anteriores, um triunvirato que ir� mover e dar origem a todos os demais desejos, que iremos descrev�-los logo a seguir. Conforme iam se condensando, aumentava o vazio, o meio em que estavam permeadas. Assim, as mar�s c�smicas come�aram a exercer uma press�o, enquanto que nas nuvens come�ava a aparecer o fen�meno da gravidade que, conforme concentrava mais as energias, as fazia expandirem-se, uma pequena e primal demonstra��o do que ocorre nos s�is. Nessa transforma��o de energia bruta em refinada, ou melhor dizer, luminosa, aumentava as necessidades de complementa��o, o que decerto ia trazendo mais componentes diversificados, mais complexidade � nuvem e dentro desta, na combina��o ou fus�o de seus elementos, originavam-se outros, alguns luminosos, outros pesados, ou seja, com magnetismo, que pode ser entendido por forca gravitacional. Assim aos poucos se formava um n�cleo pesado e uma aura leve perif�rica, algo que � uma vaga origem das gal�xias. Em pouco tempo, formavam-se os planetas e em ao menos um dentre doze desenvolve-se vida, que seguindo o padr�o universal de evolu��o, chega-se �s esp�cies atuais, dentre as quais originou-se a esp�cie humana, por enquanto a �nica que se registra como racional. O resto da historia conhecemos bem. Embora o mist�rio esteja longe de ser solucionado: como � que uma ra�a que tem tend�ncias racionais pode acabar em tantas humilha��es e atitudes, nem praticadas pela mais rele e insignificante forma de vida? Talvez seja exatamente este o paradoxo da humanidade: conquistou-se a racionalidade abrindo m�o de uma verdadeira evolu��o existencial. Justamente por ser t�o racional que o Homem � t�o bestial. Pensa demais, mas n�o mede conseq��ncias. Quem o sabe, que responda, mas quem o quer saber? Desvendar os desejos que move o Homem, para que se saiba seu destino, pois seremos o que fazemos, conforme tais desejos, assumidos ou disfar�ados, permitidos ou perseguidos. � o fim. Fecham-se rapidamente E cedo demais As portas da tarde. Uma gigantesca nuvem Vem reclamar o trono do sol. Logo, vem a chuva Num imenso len�ol de �gua. Mas de onde vem t�o negra nuvem T�o carregada de �gua como de id�ias?
Como tal cortina de vapor espessa Pode fazer frente ao poder do sol? Logo a luz cai Pois n�o pode resistir A este poder da natureza. Velas s�o acesas Pelos cantos da sala. Com a minha tento entender Por que gosto tanto da chuva? Por que aprecio ainda mais o black-out, Sem falar do �xtase que me trazem os trovoes? A chuva da tr�gua Mas a nuvem continua suspensa Como um aviso de que a noite ser� longa, Que deveremos passar sem luz. Quanto mais demora, mais euf�rico fico. As cordas do c�u Erguem-se dos dedos brancos. Uma p�lida e fugaz lembran�a De que h� luz e temos sol. Mas conforme a chama sobe, A vela derrete e some, Junto com um pouco de nossas esperan�as Que matamos ao fim de cada dia. Pequenas almas Surgindo de frestas. Muitas sombras estranhas Conforme o bruxulear Da aura p�rea da vela Que j� est� nas ultimas, Mas vai sem deixar remorsos Do quanto deu de si sem recompensas, Como fazemos com nossos anci�os, Logo � substitu�da por uma nova. T�midas estrelas Brilhando no meio Da floresta da casa. Como uma congrega��o, Como a reuni�o de for�as, Para manter a ultima esperan�a, H� muito, abandonada pelos mais aflitos, H� muito, espezinhada pelo meu sarcasmo. Como querendo segurar as bordas do mundo, Prendem entre os dedos a borda do pires, Testemunha do esfor�o deste numeral albino E cabelos em chamas, Para afastar temores, Para afugentar sombras. Mas eu vejo como elas carregam as rugas E como eles distorcem os tra�os, Auxiliados pela pr�pria debilidade da vela. Vejo que os objetos parecem orar, Ou pelo restabelecimento da luz, Ou para que nunca termine a escurid�o. Alguns, porque gostam do dom�nio humano, Como a poltrona, onde sentado, escrevo, Mas muitos, porque s� nas sombras tem movimento, Ganham a vida e a liberdade
Que qualquer coisa tem. O fervor da reuni�o N�o combina com o Ferver do pires, Que n�o laceiam as bases Das velas postas recentemente, Deixando algumas tortas, Outras com perigo iminente De dar luz a outros objetos. Uma pequena e sutil demonstra��o, Da verdadeira cren�a humana E o estado em que se encontra, Junto com as razoes de exist�ncia E as raz�es de ci�ncia? Quando tudo passar, se passar, Quando os doutores se acalmarem, Talvez me expliquem porque estou t�o pacifico, Sentindo-me em casa, ente os meus. O carrilh�o Como se lan�asse Suas correntes Para nos enforcar, Anuncia a oitava. Uma nota surda, Mas grave demais, Nos ferindo o ouvido, Com medo da cripta E de sua senhoria. Vejo que o pr�prio apartamento, Como in�meros outros da metr�pole, S�o as criptas dos vivos, Sem muitas diferen�as, A n�o ser no seu rigor. Aqui se faz acender velas, Para manter a esperan�a da vida. L�, se ressente a dor da morte, um voto de saudades se acende. Passos nervosos, Dos que tinham algo a ver, Perdendo o programa da tev�, Abrem novas dimens�es Do horror que se cria, Uma vez dentro da escurid�o. Cada passo, Provoca eco E o passo ecoado Parece se multiplicar, Como se entrasse nos outros c�modos E prosseguissem sozinhos a marchar. Mesmo quando h� uma pausa, Para que se fa�a a meia volta E se pise sobre os pr�prios passos. Passos de vida pr�pria, Sem p�s, sem dono, Sem dire��o, sem destino, Ganham personalidade, Peso e tons amea�adores, Como se denunciassem A visita dos seres noturnos.
Penso ent�o, Que tais seres N�o sejam al�m Dos pr�prios passos do homem, Que teimam em pisar por trilhas, Que se sabe que n�o levam a lugar algum. S� com o jantar servido Escapa-se um pouco De situa��o t�o s�bria. Est�magos vazios N�o tem tempo para pensar, Muito menos temer. Afinal, � mais importante Manter este ritual rotineiro De satisfazer necessidades t�o primarias. Na mesa de jantar Permanece-se, a conversar, At� a comida assentar. Satisfeitos os apetites, Avan�ada a noite, O sono toma seu lugar, A roda se dispersa, Todos v�o dormir, S� agora a noite Tem seu trabalho funcional Reconhecido, dentro do normal. Quando me deito, A luz retorna, Iluminando o quarto Com uma l�mpada faiscante. O que prova que mesmo a luz, T�o desejada e saudada, Pode tornar-se Inc�moda e inconveniente. Meu protesto Passa pelo interruptor, Silenciando a l�mpada, Para me reencontrar com as sombras, Que me acolhem com ternura, Melhor que os demais, Tenho meu descanso. Daqui sairei inteiro, Mas n�o sei dos demais Que, com o grito furtado, S� podem afogar-se Em seus temores E no pr�prio sangue. A noite � justa, Mas tamb�m tem fome. -Venha, meu pequeno admirador. Estar� bem aquecido com minha mortalha, Mas para prosseguir em meu reino, Deve tomar esta canja sangrenta. Dentro da noite tenho minha fam�lia, Noite adentro at� alcan�ar meu sumo prazer.
-Devagar, meu garoto, n�o v� se engasgar. � preciso apreciar, sorver aos poucos, S� assim se sobrevive ao gozo da sabedoria. A noite consome, mas tamb�m complementa. De uma vida in�til, transforma em grande tesouro. -Aos que se encontram em mim, De mim sobreviver�, Pois s� os que sabem, me conhecem, N�o os que tentam aparentar que sabem. Nada sei, mas tento ser bom aluno.