ANTIBIÓTICOS CONSIDERAÇÕES GERAIS I Profª Miriam Moreira Mussi
ANTIBIÓTICOS: importância Fármacos curativos Importância ainda maior nos países em desenvolvimento (doenças infecciosas) Muito receitados (30% de todos os pacientes hospitalizados)
Usados de modo incorreto→ aparecimento de patógenos resistentes→ necessidade de novos fármacos→↑ dos custos da assistência médica
ANTIBIÓTICOS: finalidade Inibir / matar os microorganismos infecciosos e ter efeitos mínimos ou nenhum efeito sobre o receptor Tal tipo de tratamento é denominado quimioterapia ( também se aplica ao tratamento das doenças neoplásicas com drogas)
ANTIBIÓTICOS: Conceito • São substâncias produzidas por microorganismos (bactérias, fungos, actinomicetos)
• Suprimem o crescimento ou matam outros microorganismos • Atuam em concentrações muito baixas • O uso comum estende o termo para incluir agentes antimicrobianos sintéticos (sulfas, quinolonas)
ANTIBIÓTICOS: histórico 1929: Fleming: descoberta da penicilina 1935: Domagk: efeito terapêutico do Prontosil 1938: sulfapiridina: 1ª sulfa a ser comercializada 1939: Chain e Florey: obtenção da penicilina 1941: uso clínico da penicilina ...... FOCO ATUAL:
desenvolvimento de atb semi-sintéticos com propriedades mais desejáveis ou diferentes espectros de atividade
ANTIBIÓTICOS
CLASSIFICAÇÕES
ESTRUTURA QUÍMICA Sulfonamidas e drogas relacionadas: sulfametoxazol, dapsona (DDS, sulfona)
Quinolonas: norfloxacino, ciprofloxacino Antibióticos β-lactâmicos: penicilinas, cefalosporinas, carbapenemas, monobactâmicos
Tetraciclinas: doxiciclina Derivados do nitrobenzeno: cloranfenicol
ESTRUTURA QUÍMICA Aminoglicosídeos: gentamicina, neomicina Macrolídeos: eritromicina, roxitromicina, azitromicina
Polipeptídicos: polimixina B, bacitracina Glicopeptídicos: vancomicina, teicoplanina Poliênicos: anfotericina B, nistatina
MECANISMO DE AÇÃO inibição da síntese da parede celular: penicilinas, cefalosporinas, vancomicina, bacitracina
Alteração da permeabilidade da membrana celular: anfotericina B, nistatina, polimixina
Inibição reversível da síntese proteica: ATB bacteriostáticos: tetraciclinas, cloranfenicol, eritromicina, clindamicina
MECANISMO DE AÇÃO Alteração da síntese de proteínas levando à morte celular: aminoglicosídeos Alteração do metabolismo bacteriano dos ácidos nucléicos: rifampicina (inibição da RNApolimerase), quinolonas (inibição das topoisomerases)
Antimetabólitos:
trimetoprima e sulfonamidas ( bloqueiam enzimas essenciais no metabolismo do folato)
ESPECTRO DE ATIVIDADE Espectro estreito: Penicilina G Estreptomicina Eritromicina Espectro amplo Tetraciclinas Cloranfenicol
TIPO DE AÇÃO Bacteriostática: Sulfonamidas Tetraciclinas Cloranfenicol Eritromicina
Bactericida: Penicilinas Cefalosporinas Vancomicina Aminoglicosídeos Polipeptídicos Quinolonas Rifampicina
ORIGEM FUNGOS
BACTÉRIAS
ACTINOMICETOS
Penicilina
Polimixina B
Aminoglicosídeos
Cefalosporina
Colistina
Macrolídeos
Griseolfulvina
Bacitracina
Tetraciclinas
Tirotricina
cloranfenicol
PROBLEMAS COM O USO DE ANTIBIÓTICOS TOXICIDADE: Irritação Local: Irritação gástrica Dor e formação de abcessos (VIM) Tromboflebites (VIV) Antibióticos irritantes: eritromicina, tetraciclinas, cloranfenicol, certas cefalosporinas
PROBLEMAS COM O USO DE ANTIBIÓTICOS Toxicidade sistêmica:
Fármacos com ↑ IT: penicilinas, algumas cefalosporinas, eritromicina
Fármacos com ↓ IT: AMG: oto e nefrotoxicidade
Fármacos com ↓↓ IT:
Tetraciclinas: lesão hepática e renal
Polimixina B: toxicidades renal e neurológica
Cloranfenicol: depressão da MO
Vancomicina: perda da audição e lesão renal Anfotericina B: toxicidades renal, medular e neurológica
PROBLEMAS COM O USO DE ANTIBIÓTICOS REAÇÕES DE HIPERSENSIBILIDADE: Mais comuns com: Penicilinas Cefalosporinas Sulfonamidas
PROBLEMAS COM O USO DE ANTIBIÓTICOS RESISTÊNCIA ÀS DROGAS: Resistência Natural: O microorganismo carece do processo metabólico ou do sítio-alvo afetado pela droga Resistência dos bacilos gram-negativos à penicilina G Resistência do M. tuberculosis às tetraciclinas
Não constitui um problema clínico significativo
PROBLEMAS COM O USO DE ANTIBIÓTICOS RESISTÊNCIA ÀS DROGAS: Resistência Adquirida: Desenvolvimento de resistência por um microorganismo (anteriormente sensível), devido ao uso de um ATB durante certo período de tempo. Pode se dar através de: Mutação Transferência gênica Constitui um problema clínico significativo
PROBLEMAS COM O USO DE ANTIBIÓTICOS RESISTÊNCIA ÀS DROGAS: Resistência Adquirida: Mutação Alteração genética hereditária e estável que ocorre, de modo espontâneo e aleatório, entre os microorganismos. De etapa única: uma única mutação gênica, a resistência surge rapidamente. Ex: resistência da E.coli e do S.aureus à rifampicina
De múltiplas etapas: várias modificações gênicas, surge gradualmente. Ex: resistência à eritromicina, tetraciclinas e cloranfenicol
O FÁRMACO NÃO ATINGE O SEU ALVO Ausência, mutação ou perda de porinas: “impermeabilidade do germe ao ATB” Ex: resistência de gram-negativos aos aminoglicosídeos e às tetraciclinas
Bombas de efluxo Ex: resistência às tetraciclinas, eritromicina e fluorquinolonas
PROBLEMAS COM O USO DE ANTIBIÓTICOS RESISTÊNCIA ÀS DROGAS: Resistência Adquirida: Transferência gênica Pode se dar principalmente por: Conjugação: contato sexual através da formação de uma ponte ou pilus sexual, podendo envolver o DNA cromossômico ou extra-cromossômico (de plasmídio) Ex: resistência dos bacilos da febre tifóide ao cloranfenicol, resistência do Haemophilus e gonococo à penicilina
Transdução: transferência de resistência por meio de um bacteriófago. Ex: resistência à penicilina, eritromicina e cloranfenicol
PROBLEMAS COM O USO DE ANTIBIÓTICOS RESISTÊNCIA ÀS DROGAS: Existem 3 categorias gerais: 1) o fármaco não atinge o seu alvo 2) o fármaco é inativado 3) o alvo é alterado
Alteração das porinas
Bombas de efluxo
Antibiótico
TETRACICLINAS QUINOLONAS
Bombas no interior da bactéria fazem com que, assim que o antibiótico entre, seja “jogado fora” Porina
Entrada
Saída
Cell wall
Interior da bactéri Bomba Ativa
O FÁRMACO É INATIVADO: Produção de enzimas inativantes: β-lactamases produzidas por estafilococos, gonococos e Haemophilus: inativam a penicilina G
Acetiltransferases, fosfotransferases e adeniltransferases: inativam os aminoglicosídeos: produzidas por E.coli
CAT: acetila o cloranfenicol : produzida por E.coli, H. influenzae e S.typhi
Inativação do Antibiótico
As enzimas destroem o antibiótico ou impedem que ele se ligue ao sítio de ação Antibiótico destruído
Antibiótico alterado, Previne a ligação
Antibiótico
Enzyme
Sítio de Ação
Parede Celular
Interior da bactéri
Ação das β-lactamases:
Modificação Estrutural do Sítio de Ação
QUINOLONAS RIFAMPICINA BETA LACTÂMICOS MACROLIDEOS
Com a mudança estrutural o antibiótico perde a capacidade de se ligar ao sítio
Antibiótico
Sítio Modificado
Parede Celular
Alteração estrutural do sítio de ação: Ligação bloqueada
Interior da bactéri
O ALVO É ALTERADO Alteração das proteínas fixadoras de penicilinas: PRP (pneumocococos resistentes à penicilina) Mutação do alvo natural: resistência às fluorquinolonas Alteração da RNA-polimerase: resistência à rifampicina Alteração da diidrofolatoredutase: resistência à trimetoprima
PROBLEMAS COM O USO DE ANTIBIÓTICOS RESISTÊNCIA CRUZADA: é mais comum entre fármacos relacionados quimicamente ou através do seu mecanismo de ação Sulfonamidas Tetraciclinas é parcial nos aminoglicosídeos
PREVENÇÃO DA RESISTÊNCIA A ANTIBIÓTICOS não usar de modo indiscriminado e inadequado utilizar por período de tempo adequado preferir o uso de ATB de ação rápida e seletivos (espectro estreito) Utilizar associação de fármacos quando houver necessidade de tratamento prolongado. Ex: TBC as infecções por microorganismos notáveis pelo desenvolvimento de resistência (S.aureus, E.coli, M. tuberculosis, Proteus) devem ser tratadas intensivamente
PROBLEMAS COM O USO DE ANTIBIÓTICOS SUPERINFECÇÃO: É o surgimento de uma nova infecção em função da terapia antimicrobiana Está comumente associada ao uso de ATB de amplo espectro ( penicilinas de amplo espectro, cefalosporinas, tetraciclinas, cloranfenicol)
Locais afetados: orofaringe, intestino, TR, TGU, pele
PROBLEMAS COM O USO DE ANTIBIÓTICOS SUPERINFECÇÃO: É mais comum quando as defesas do hospedeiro estão comprometidas: terapia com corticóides Leucemias e outras neoplasias ( particularmente quando tratadas com agentes antineoplásicos)
Síndrome de imunodeficiência adquirida (AIDS) Agranulocitose Diabetes, lupus eritematoso disseminado
SUPERINFECÇÃO: microrganismos causadores e tratamento Candida albicans : diarréia, vulvovaginite, “sapinho”; tratamento: nistatina, clotrimazol
estafilococos : enterite; tratamento: cloxacilina ou congêneres Clostridium difficile : enterocolite pseudomembranosa; tratamento: vancomicina e metronidazol
Proteus : ITU, enterite; tratamento: cefalosporina, gentamicina Pseudomonas : ITU, enterite; tratamento: carbenicilina, piperacilina, gentamicina
CANDIDÍASE ORAL
Medidas para minimizar as superinfecções Utilizar um antimicrobiano específico (espectro estreito) sempre que possivel Não utilizar antimicrobianos para o tratamento desnecessariamente (ex: infecções virais) Não prolongar desnecessariamente a terapia antimicrobiana
PROBLEMAS COM O USO DE ANTIBIÓTICOS DEFICIÊNCIAS NUTRICIONAIS O uso prolongado de ATB pode resultar em deficiências de: Vitaminas do complexo B Vitamina K Neomicina mucosa intestinal
anormalidades morfológicas da Esteatorréia e síndrome de má absorção