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GERAIS
VIOLÊNCIA NAS ESTRADAS
Chuva provoca dois graves acidentes nas BRs de Minas. Jornalista morre após microônibus sair da pista em Sete Lagoas e caminhões pegam fogo e motorista fica preso nas ferragens
Mortes no asfalto molhado FOTOS PAULO FILGUEIRAS
TELMA GOMES Duas pessoas morreram e outras nove ficaram feridas em dois acidentes ontem à tarde, em conseqüência do asfalto molhado por causa da chuva que castigou Minas. Em Sete Lagoas, na região Central, a 70 quilômetros de Belo Horizonte, um microônibus que transportava um grupo de jornalistas saiu da pista e tombou. O repórter paulista Sérgio Alberto Ayarroio, de 34 anos, da revista Pequenas Empresas Grandes Negócios, morreu no local. Em Sabará, na Grande BH, uma batida entre três caminhões causou a morte de um dos motoristas e tumultuou o trânsito na BR-381, no trecho entre a capital e João Monlevade, que é apontado como um dos mais violentos das estradas federais no Estado. Na madrugada de sábado, dez pessoas morreram e 29 ficaram feridas num acidente com um ônibus na mesma rodovia. O acidente com o microônibus placa GVQ 0499, da empresa Houston Executive, foi às 16h20 no km 487 da BR-040. Segundo Carlos Eduardo da Silva, que viajava no coletivo, o veículo saiu de traseira, bateu no canteiro central e, em seguida, tombou na pista, arrastando-se no asfalto até bater numa proteção. “Eu e mais três colegas fomos atirado para fora. Um deles foi o Sérgio, que ficou preso debaixo do ônibus. Não sei como escapei apenas com escoriações”, afirmou, acrescentando que a pista estava molhada, mas não chovia no momento do acidente. O motorista José Pedro Crispin, de 64, e os jornalistas Ivan de Oliveira, de Nova Iguaçu (RJ), e Cézar Bresolin, de Porto Alegre (RS), sofreram fraturas e foram levados para o hospital municipal de Sete Lagoas, antes de serem transferidos para BH. Já os jornalistas Paulo Morais, Carlos Eduardo da Silva e Licinaira Mendes Moreira, de Belo Horizonte, Jorge Alexandre, de Uberlândia, Marcos Vilela e José Augusto Ferraz, de São Paulo, e Bruno D’Agostini, do Rio de Janeiro, tiveram escoriações e luxações, sendo socorridos em hospitais da capital. O grupo retornava de Sete Lagoas, onde participou do lançamento do utilitário Ducato, na fábrica da Iveco – divisão de veículos comerciais médios da Fiat Automóveis no Brasil. O acidente na BR-381, em Sabará, foi às 13h20, no km 418. O motorista do caminhão VW placa MDD 9028, de Lindóia do Sul (SC), Dagmar Orlei Bertol, de 24, perdeu o controle do veículo e rodou ao entrar numa curva, sentido Caeté/BH. O VW foi atingido na traseira pelo Mercedes 709, HUV 8951,
Acidente na BR-381, em Sabará, envolveu três caminhões e dois deles pegaram fogo, matando um motorista que não conseguiu escapar das chamas que tomaram conta da cabine de Virginópolis, dirigido por Roni Célio Ferreira de Andrade, de 42, que seguia em sentido contrário e foi parar no acostamento. O condutor do Mercedes GLT 8510, de João Monlevade, que não foi identificado, estava logo atrás, não conseguiu parar e bateu na lateral do VW. Os dois veículos se incendiaram e o caminhoneiro do Mercedes morreu carbonizado, preso às ferragens. Houve engarrafamentos superior a 5 quilômetros na pista BH/Caeté.
PRAÇA DA LIBERDADE O trânsito ficou lento na região central de Belo Horizonte, nas proximidades da Praça da Liberdade, por causa de um acidente na avenida Bias Fortes esquina com a rua Bahia, no bairro Funcionários, às 9h. Segundo a polícia, o Jipe Cherokee placa GWC 2961, conduzido pelo empresário do ramo de confecção Luigi Gentilini, de 30, seguia no sentido Centro/Praça quando ficou desgovernado e atravessou o canteiro central, derrubando o semáforo para passageiros e uma placa de sinalização. O veículo parou capotado na pista contrária.
Microônibus que transportava grupo de jornalistas tombou na pista da BR-040, próximo a Sete Lagoas, após bater no canteiro central
CONTAGEM
Depoimento frustrante
RENATO WEIL
Ismael não se lembra bem do atropelamento que matou duas mulheres
O mecânico Ismael Gomes Gonzaga, de 33 anos, uma das vítimas do atropelamento provocado pela estudante Aline Silva Ribeiro na madrugada de domingo, em Contagem, que perdeu o controle de seu Fiat Palio quando trafegava pela avenida Tito Fulgêncio, bairro Jardim Industrial, foi ouvido, ontem à tarde, pela titular da Delegacia de Acidentes de Veículos de Contagem, Adriana de Barros Monteiro. Duas mulheres, Antônia Luciene dos Santos, de 23, e Odenice Fernandes Ribeiro, de 44, morreram no local. Ismael disse em seu depoimento que estava voltando para casa em companhia de um amigo, o eletricista Juventino Rodrigues da Silva, de 27. Eles tinham acabado de conhecer a faxineira Antônia Luciene e a auxiliar de serviços gerais Odenice. Segundo o mecânico, ele não
BHTRANS AMPARADA NA LEI A 6ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Minas reconheceu ontem o direito da BHTrans de exercer o poder de polícia de trânsito em Belo Horizonte, garantindo o desempenho da fiscalização do trânsito por meio de seus agentes públicos. O TJ confirmou a sentença de agosto de 2004, quando a 3ª Vara da Fazenda Municipal decidiu a favor da BHTrans em ação civil pública movida pelo Ministério Público. Ontem, três desembargadores que julgaram recurso do MP, entenderam ser legal e inequívoco o poder de polícia de trânsito da BHTrans, que está integrada ao Sistema Nacional de Trânsito e amparada pela legislação vigente. conseguiu ver a aproximação do carro e nem tem certeza se estava em alta velocidade. “Não consegui ver quem estava dirigindo. Tudo aconteceu rapidamente e de repente vi o carro subindo na calçada. Só depois tive condições de ver que quem estava ao volante era
uma mulher”, disse ele, que sofreu escoriações por todo o corpo, além de ter machucado a testa, uma das mãos e a coluna. De acordo com a delegada, a estudante deve ser ouvida novamente até o fim de semana. Quanto a Juventino, ela vai espe-
rar pela sua recuperação para tomar o depoimento. Ele permanecia internado, ontem, no ProntoSocorro João XXIII, com traumatismo craniano.
PROJETO DE LEI Tramita na Câmara dos Deputados, em Brasília, projeto de lei que permite aos menores de 18 anos, nos seis meses que antecederem a maioridade, matricular-se em auto-escola ou a ter aulas com instrutor de trânsito autorizado. Mas se o aprendiz for flagrado na direção de veículos desacompanhado de instrutor ficará impedido de obter a carteira pelo período de 2 anos. Pode ser punido também o instrutor que permitir ou facilitar o adolescente dirigir carro sem licença. Se a lei for aprovada no Congresso, os adolescentes vão precisar esperar pelos 18 anos para fazer o exame de rua e tirar a carteira de habilitação.