ESTADO DE MINAS - QUINTA-FEIRA, 2 DE JANEIRO DE 2003
PÁGINA 26
GERAIS
[email protected]
❚ HOMICÍDIOS
❚ TRÂNSITO
PELO MENOS ONZE PESSOAS MORRERAM ASSASSINADAS NO PRIMEIRO DIA DO ANO. NÚMERO É SUPERIOR AO REGISTRADO NO ANO PASSADO. TRÁFICO DE DROGAS SERIA RESPONSÁVEL POR 80% DOS CRIMES
POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL DIVULGA HOJE O BALANÇO OFICIAL DA OPERAÇÃO ANO-NOVO
Reveillon violento na região metropolitana
Estradas registram sete mortes durante feriado
GISLENE ALENCAR
O reveillon foi violento em Belo Horizonte e região metropolitana. Onze pessoas foram assassinadas no primeiro dia do ano. No mesmo período do ano passado foram notificados nove homicídios pela Polícia Militar (PM). O número de homicídios na capital e região metropolitana aumentou no ano passado. O último levantamento divulgado pela Divisão de Crimes Contra a Vida (DCcV), em novembro, revelou que foram 748 contra os 699 notificados em todo 2001. A PM responsabiliza o tráfico de drogas por 80% das mortes. Um dos assassinatos mais chocantes foi o do pedreiro Ronaldo Ferreira Gomes, de 24 anos, bairro Milionários, no Barreiro, em Belo Horizonte. Ele estava comemorando o reveillon em um bar, na rua Ponta Grossa, quando um homem chegou e disparou dois tiros que acertaram o peito e as costas. A mulher dele, Gláucia Ladislau Pinto, de 20 anos, contou que pediu socorro a um motorista que estava passando em um Fiat Uno, mas por azar o pneu do carro furou e o rapaz morreu antes de chegar ao hospital. O corpo ficou estendido na praça do Cristo, a alguns metros do bar. O filho do policial civil Antônio da Cruz, o estudante T., de 16 anos, foi atingido por quatro tiros, sendo um na cabeça, outro no pescoço e dois nas costas. O corpo foi encontrado por volta das 8h30 em um terreno baldio, na avenida Waldomiro Lobo, bairro Guarani, região Norte da capital. De acordo com a perícia, o corpo já estava bem rígido e ele deve ter sido assassinado antes das 6h. O pai da vítima contou aos policiais que o rapaz, que se mudou para o bairro em setembro, tinha discutido com um grupo e logo depois ido para um bar passar o reveillon com uma turma de amigos. Segundo testemunhas, T. saiu do bar acompanhado de dois rapazes e passaram pelo
LUIZ FERNANDO CAMPOS
O início do ano começa com um saldo de pelo menos 7 mortes nas rodovias de Minas Gerais. Durante a Operação Ano Novo, que teve início às 0h de segunda-feira e durou até às 24h de terça-feira, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) registrou cinco mortes e 58 feridos, num total de 92 acidentes nas estradas federais que cortam o Estado. A PRF divulga hoje o balanço final dos acidentes de ontem. Nas rodovias estaduais, mais duas pessoas morreram e cinco ficaram gravemente feridas em um acidente no final da tarde de ontem, próximo a Itabirito, a 55 quilômetros de Belo Horizonte. A provável causa do acidente foi a pista molhada pela chuva que atingia o Km 54 da BR-356. O Fiat Palio, de placa GRM-9197, rodou na pista e se chocou contra o Celta, placa GZT-6280. A passageira do Palio Damaris dos Santos, de 28 anos, e uma passageira do Celta, Leinice Andrade, de 53, morreram na hora. Os feridos – Renato Pires, de 41, Neuza Porto, de
57, Magda Antuna, de 54, Maria Alice dos Santos, de 49, e Renato Júnior, de 8- foram levados para o Pronto-socorro do Hospital João XXIII. Às 15h de ontem, no Km 409 da BR-381, em Roças Novas, distrito de Caeté, a 59 quilômetros da capital, quatro veículos – um Gol, de placa BLU3620, o Corsa, placa GMX9244, o Corsa, de placa GZQ8104, e o Escort, placa GWM5270 – se envolveram em um acidente que deixou quatro pessoas gravemente feridas. Sônia Gomes, de 40, Solange Campos, de 30, Luciana Rodrigues, de 31 e uma mulher identificada como Verônica foram levadas para o HPS. Em Felixlândia, a 195 quilômetros de BH, um outro acidente no início da tarde fez uma vítima fatal. No final da tarde, houve um aumento significativo do número de veículos que chegava à capital. De acordo com a PRF, a volta para a casa foi considerada um pouco acima do normal para feriados. Mas os policiais acreditam que o grande volume de carros será no domingo, já que muitas pessoas preferiram emendar o feriado.
❚ RESCALDO MARIA TEREZA CORRÊIA
DRAMA
Perícia inicia as investigações sobre a morte do jovem T., no bairro Guarani, região Norte da capital lote para cortar caminho para voltar para casa. A Polícia Militar disse que tudo indica que tenha sido um acerto de contas. O local onde o corpo foi encontrado é usado para uso de drogas, segundo a polícia.
No Havaí, região Oeste, João Alves de Oliveira, de 49 anos, foi atingido no peito e na cabeça. Ele foi encaminhado para o Hospital Santa Rita, mas não resistiu e morreu. No Novo Arão Reis, região Norte, Marce-
SEM PISTA À tarde, ocorreram mais dois homicídios em BH e região metropolitana. Em Contagem, no bairro Parque São João, Ironildo Pereira de Souza foi assassinado com tiros na cabeça dentro de sua casa. Na rua Dom Silvério, 300, bairro Belmonte, região Nordeste, dois homens levaram vários tiros, sendo que um deles morreu no local. O outro, Ernane Marques Jardim, de 26 anos, foi levado para o ProntoSocorro João XXIII. A Polícia Militar não tem pista dos assassinos e não sabe a causa dos crimes.
lo Aristóteles da Silva, de 20 anos, foi atingido por cinco tiros. Flávio Antônio de Carvalho, de 29 anos, foi atingido com um tiro no peito na rua Sofia, bairro Jardim Europa, em Venda Nova. No Centro de BH, um homem não identificado foi assassinado na rua Tamoios. No Morro do Papagaio, CentroSul, Paulo César Ferreira de Matos, 20 anos, recebeu dois tiros na cabeça. No Bairro Landi, em Ribeirão das Neves, o corpo de Anderson Luiz Damaceno, de 25 anos, conhecido como “Maradona”, foi encontrado às margens de um córrego. Em Vespasiano, no Morro Alto, Paulo Roberto Cabral, de 40, foi assassinado com dois tiros.
Chuva provoca transtornos Os transtornos trazidos pelas chuvas dos últimos dias ainda podiam ser observados, ontem, em algumas regiões da cidade. As árvores que caíram no Centro continuavam acumuladas à beira das calçadas e, no bairro São Luiz, na Pampulha, duas casas foram invadidas pela água, que abriu um grande buraco na rua. As árvores derrubadas pela chuva nas ruas Tupinambás, Guarani e Carijós, no centro da cidade foram serradas por funcionários da prefeitura, mas troncos e galhos atrapalhavam o caminho dos pedestres. “Aqui é ponto de ônibus e as árvores atrapalham o movimento do pessoal, que às vezes têm que correr para entrar no carro”, reclama o ven-
dedor ambulante José Pedro da Silva, que tem ponto na rua Tupinambás. O administrador de empresas Tompson Humberto de Freitas, morador da rua Expedicionário Nilo Morais Pinheiro, no bairro São Luiz, teve a casa inundada. “A água subiu a quase dois metros, e além de ter destruído móveis, eletrodomésticos e um carro, ainda derrubou o muro e atingiu a casa vizinha”. Segundo informações da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (CEDEC), desde do temporal de terça-feira até ontem foram registradas apenas ocorrências comuns em períodos chuvosos. O Corpo de Bombeiros também não registrou nenhum acontecimento grave.
Falso médico preso no pronto-socorro O maior hospital de urgência e emergência do Estado, Hospital de Pronto-Socorro João XXIII (HPS), falhou em sua segurança. A equipe do plantão policial da unidade, prendeu, ontem, um homem que falsamente se identificava por médico e estava tendo acesso aos pacientes internados. De acordo com os policiais não é a primeira vez que, C.G, de 27 anos, entra no HPS e “visita os pacientes”. No entanto, das outras vezes, sempre que era reconhecido pelos funcionários ele conseguia fugir. Foi encontrado com ele, um estetoscópio e uma tesoura cirúrgica. C.G foi encaminhado à Delegacia Seccional Centro e segundo o delegado de plantão, Ilson Fernandes, o acusado será
encaminhado para um hospital psiquiátrico. “Percebemos que ele não é uma pessoa perigosa, mas podemos notar que houve uma falha no controle de entrada de pessoas dentro do hospital”. A diretoria do hospital foi procurada mas não quis comentar sobre o assunto. O número de atendimentos no HPS, durante o reveillon foi menor que o registrado no ano passado. Apenas dois homens foram atendidos com queimaduras decorrentes da queima de fogos de artifício, enquanto em 2001 foram 12 pessoas que receberam tratamento na unidade. O hospital também registrou queda de 15% com relação a atendimentos de agressões físicas e ferimentos a faca
e tiros. Entre às 7h de terçafeira até às 7h de ontem foram 410 pessoas atendidas pela equipe de 40 médicos que estavam de plantão. Segundo o coordenador da equipe, o médico Luis Alberto Sabino Silva, no horário de pico, da meia-noite às 7h de ontem foram 125 ocorrências. As estatísticas mostram que a maioria dos atendimentos foram de agressão física envolvendo familiares ou pessoas conhecidas. “O indivíduo depressivo fica violento quando ingere bebida alcóolica e tende a agredir as pessoas mais próximas”, explicou Silva. De acordo com o médico, o número de atendimentos do reveillon foi igual ao registrado
em um feriado comum.
TRANSTORNO Na tarde de ontem, um caminhão que descarregava material cirúrgico dentro do hospital atrapalhou a vida de quem esperava a liberação do corpo de parentes para o IML. A carreta, de cerca de 20 metros, ocupou a entrada da garagem e impediu a entrada do rabecão. Familiares estavam indignados com o atraso, e muitos esperavam desde a noite de terça-feira. No final da tarde, a direção do HPS providenciou a retirada do caminhão e alegou que os procedimentos de liberação de cadáveres estavam atrasados devido à alteração do movimento no hospital.
Uberlândia registra recorde de ocorrências TEREZINHA MOREIRA
O ano de 2002 bateu recorde negativo de registro de ocorrências policiais em Uberlândia, no Triângulo Mineiro. Segundo informações da Polícia Militar, durante o ano foram registradas 100,5 mil ocorrências no município. De acordo com o capitão Itiene, responsável pelo Centro de Operações Policiais Militares (Copom), do 17° Batalhão de Polícia Militar, a cidade nunca tinha chegado a 100 mil ocorrências em um ano. No entanto, segundo ele,
a elevação de ocorrências não significa aumento da violência na cidade. "Ultimamente, a Polícia Militar está atendendo muitas ocorrências sociais. Quando somos acionados pela população para socorrer animais atropelados ou levar pessoas feridas para as unidades de saúde, por falta de estrutura das Unidades de Atendimento Integrado (UAIs) e hospitais, temos de registrar ocorrências e isto ocorre com freqüência", explica o capitão. Um dos exemplos de ocorrências de pequeno porte regis-
tradas na cidade, foi a noite do reveillon em Uberlândia, promovida pela prefeitura e que reuniu cerca de 25 mil pessoas na avenida Anselmo Alves dos Santos. Durante toda a festa, foram registradas 200 ocorrências. O primeiro dia de 2003, em Uberlândia, foi relativamente tranqüilo, apesar do registro de dez ocorrências, entre elas, duas tentativas de homicídio, um roubo a ônibus do transporte urbano e três roubos a pedestres. A ocorrência que teve mais destaque foi uma manifestação dos
presos na Colônia Penal Professor Jacy de Assis. A revolta aconteceu porque três adolescentes que tentaram levar drogas para alguns presos, foram barradas na revista, quando entravam para fazer visitas. “Elas iriam entregar o entorpecente aos presos e, com certeza, eles já sabiam que iriam receber o produto e, como não receberam, se revoltaram e ameaçaram fazer uma rebelião. Mas, a guarda da Colônia Penal foi reforçada e tudo está sob controle”, garante o capitão Itiene.
JAIR AMARAL
DESTRUIÇÃO
Estragos ainda podem ser vistos nas ruas do bairro São Luiz
❚ PAULA CÂNDIDO
Prefeito é ferido por tiro Um homem tentou matar, na madrugada de ontem, o prefeito de Paula Cândido, na Zona da Mata, a 263 quilômetros de Belo Horizonte. O suspeito do crime é o comerciante José Antônio da Silva, conhecido como Zezé, de 26 anos. Segundo a polícia militar de Viçosa, responsável pelas investigações, José Antônio teria disparado vários tiros contra o prefeito Antônio Agatão de Magalhães, de 43 anos, e o irmão dele, Adilson de Magalhães, de 25 anos. As duas vítimas foram atingidas, mas não correm risco. Aparentemente, a tentativa de assassinato não teve motivação política. Policiais contaram
que o irmão do prefeito, Adilson, e o agressor teriam discutido na semana passada. As autoridades não souberam informar a causa da briga. Ontem, o comerciante decidiu se vingar e fez os disparos, atingindo também o prefeito, que estaria em companhia de Adilson. Os dois irmãos foram feridos no braço e encaminhados para o Hospital São Sebastião, em Viçosa. O crime aconteceu na rodovia 280, por volta das 2h. Ainda de acordo com a polícia, José Antônio fugiu da cidade em um carro. A PM vai abrir inquérito para apurar o caso, mas já citou o comerciante como autor da tentativa de homicídio.