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ESTADO DE MINAS - TERÇA-FEIRA, 3 DE SETEMBRO DE 2002
GERAIS
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❚ RODOVIAS
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NÚMERO DE DESASTRES NO SÁBADO E DOMINGO FOI O MAIOR EM FINS DE SEMANA NÃO PROLONGADOS, ATRÁS APENAS DO FERIADO DO CARNAVAL
Acidentes batem recorde em Minas As rodovias mineiras protagonizaram o segundo final de semana mais violento deste ano, em número de acidentes. Foram 11 mortos e 117 feridos da madrugada de sexta-feira até as 24h de domingo, em 209 desastres. O número é recorde em finais de semana não-prolongados e só fica atrás do registrado no Carnaval, com 325 acidentes e 17 mortos, de acordo com números da Polícia Rodoviária Federal (PRF) (veja quadro). As chuvas que atingiram o Estado e a imprudência dos motoristas são apontadas como as principais responsáveis pelas batidas e saídas de pista, que continuaram ontem. Pela manhã, uma colisão envolvendo um carro e dois caminhões na BR-381, a campeã de ocorrências em Minas, encerrou a seqüência de tragédias, com a morte de uma pessoa. O choque aconteceu na BR381, em Sabará, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. A carreta Mercedes-Benz, placa GLI-3128, trafegava pelo km 440 da rodovia, quando o motorista perdeu o controle do veículo, rodou na pista e bateu de frente com o Fiat Uno de placa GTB7974, que seguia no sentido de Vitória (ES). Com a força da batida, o carro foi lançado sobre o caminhão que vinha atrás, de placa GNJ-8403. O motorista Agostinho
TEMPO INSTÁVEL As chuvas, um dos fatores responsáveis pelo aumento no número de acidente, devem ficar mais freqüentes neste mês. “A chuva tende a aumentar especialmente no Sul, Leste e Zona da Mata de Minas”, anuncia o meteorologista Luiz Ladeia, do 5º Distrito de Meteorologia. O frio dos últimos dias, que culminou com a segunda madrugada mais fria desde 1990 (10,6º de domingo para segundafeira), dará uma trégua a partir de amanhã, de acordo com as previsões meteorológicas. Antes, porém, deve provocar geadas no Sul do Estado. de Oliveira Júnior, de 37 anos, morreu na hora. Os passageiros Welerson de Oliveira Pereira, de 36, com graves ferimentos, e Aleci Francisco da Silva, de 49, levemente machucado, foram socorridos no Hospital de Pronto-Socorro João XXIII. O trecho onde aconteceu o acidente é o líder no número de mortes na BR-381. De janeiro a junho deste ano, o percurso entre Belo Horizonte e João Monlevade registrou 411 acidentes. Foram
254 feridos e 25 mortos, vítimas, em geral, da irresponsabilidade de motoristas e das más condições da pista, cheias de curvas, buracos e com sinalização precária. “Chovendo então, vira um coquetel: a imprudência junto com a pista molhada e mal conservada”, observa o sub-chefe do Núcleo de Operações Especiais da Polícia Rodoviária Federal, Ésio Dias Bitencourt. Ele defende seu argumento dizendo que 22,8% dos acidentes são colisões traseiras, porque os motoristas não mantêm a distância mínima sugerida, 13,94% são saídas de pista pelo excesso de velocidade e 2,73% são batidas frontais – acidentes que mais matam – pela imperícia ou imprudência na hora de ultrapassar. A BR-381, com 821 quilômetros ligando Espírito Santo, Minas e São Paulo, concentra 30,55% de todas as tragédias registradas nos dez mil quilômetros da malha rodoviária federal no Estado. Nova Era, João Monlevade/BH, a Serra de Igarapé e Três Corações/Pouso Alegre são os trechos onde mais ocorrem acidentes. Para reduzir as estatísticas, a PRF já prepara um esquema especial para o próximo fim de semana. “Vamos ter viaturas de reforço nas partes críticas, radares e fiscalização”, adverte o policial rodoviário.
RENATO WEIL
PISTA TRAIÇOEIRA
Acidente na BR-381, a mais perigosa do Estado, deu seqüência aos trágicos números do final de semana
❚ PROTESTO
CATEGORIA SE QUEIXA DO RISCO DE TRAFEGAR PELAS RUAS DE BH E DOS IMPOSTOS E TAXAS COBRADOS DOS QUE TRABALHAM SOBRE DUAS RODAS
Motoboys cobram mais segurança LUIZ FERNANDO CAMPOS
Ao som do buzinaço, um protesto com cerca de 300 motoboys, no início da tarde de ontem, ocupou as principais ruas do Centro de Belo Horizonte. Eles reclamam da falta de condições de trabalho e o crescente número de acidentes na capital, além da taxa cobrada pelo uso do baú em motocicletas, prevista na resolução 2.598, de 1998, do Conselho Nacional de Trânsito (Contran). Segundo representantes da categoria, a taxa, de R$ 85, é mais um dos vários impostos pagos por esses profissionais, que acabam tendo o orçamento familiar comprometido. Atualmente, cerca de 56 mil motociclistas rodam na cidade. Pouco após o protesto, no final da tarde de ontem, um acidente entre duas motos causou a morte de um dos condutores. A manifestação terminou com uma concentração na Praça da
Liberdade, por volta das 13h, em frente ao Palácio, quando os manifestantes entregaram um documento a um dos chefes de segurança do governador Itamar Franco (sem partido), que prometeu repassá-lo a ele. O documento fala da falta de apoio à categoria por parte do governo e sugere a promoção de campanhas educativas no trânsito. O mesmo documento foi entregue ao chefe do Departamento de Trânsito de Minas Gerais (Detran/MG), Otto Teixeira Filho. Procurado no final da tarde de ontem, ele não foi encontrado pela reportagem para falar sobre o assunto. “O salário médio de um motociclista é de R$ 366, e os custos com taxas e impostos somam R$ 240”, afirma o presidente do movimento Sobre Duas Rodas Há Uma Vida, Lídio Fernandes Costa, que organizou o protesto. A taxa pelo uso do baú, de R$ 85,
se divide em duas. A primeira, de R$ 60, se refere à mudança de veículo de transporte de passageiro para mercadoria, cobrada pelo Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) e pelo Instituto Nacional de Metrologia (Inmetro). A segunda, de R$ 25, diz respeito à mudança no documento, exigida pelo Detran. Fernandes afirmou que pretende entrar com processo na Justiça para impedir a cobrança. Como se não bastasse, o perigo nas ruas é intenso. Segundo ele, dados do Detran revelam que, no ano passado, 4.160 motociclistas se envolveram em acidentes de trânsito. Um acidente na tarde de ontem, no bairro Gameleira, na região Oeste, causou a morte do motociclista Lucas Levir Machado, de 36 anos. Na colisão, Antônio Armelindo Magalhães, de 32 anos, teve ferimentos no braço e no tórax e não corre risco de morte.
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RENATO WEIL
NO GRITO
Motociclistas fazem manifestação diante do Palácio da Liberdade e entregam documento ao governador
CYAN
MAGENTA
AMARELO
PRETO