GERAIS/POLÍCIA
15 de setembro de 2000 Sexta-feira
ESTADO DE MINAS Página 31
▼
Terror no Alto Vera Cruz
Acidente mata sete pessoas
Quatro pessoas são feridas e uma é executada por gangues em guerra pelo tráfico
NEWTON CUNHA
A
acirrada disputa por novos pontos de distribuição de drogas e brigas de gangues rivais no Alto Vera Cruz, uma das regiões mais violentas da capital, acabou em tragédia ontem de madrugada, com a execução do estudante Fernando Gomes de Assis, 19 anos, morto a tiros pela turma de Antônio Marcos da Silva, 23, o “Almeirão”. Outras quatro pessoas, que se opunham à gangue de “Almeirão”, também foram feridas pelos tiros. Após rastreamento, todos os criminosos foram presos em flagrante por policiais do 22º Batalhão da PM. O conflito se acirrou semanas atrás, quando, segundo “Almeirão”, membros da gangue de “Baixo” – uma referência a quem mora na parte baixa do bairro, teriam invadido sua casa na tentativa de matá-lo. O plano falhou e “Almeirão” escapou ileso, mas prometeu vingar-se de todos. Ontem de magrugada, ele deparou com os “invasores” na esquina de ruas Leopoldo Gomes e Desembargador Saraiva, no centro da favela do Alto Vera Cruz. Fortemente armados, a gangue de “Almeirão” rendeu seus inimigos, dentre eles Fernando. Todos foram obrigados a deitar no chão, antes de “Almeirão” ordenar o fuzilamento em massa. Vários disparos foram feitos a curta distância, mas so-
Homem morre em armadilha UBERLÂNDIA RUTE ROCHA SUCURSAL TRIÂNGULO
Uma armadilha colocada em uma torneadora acabou matando Hueidson Rocha Mundim, de 44 anos, que teria arrombado a empresa, situada no bairro Custódio Pereira, em Uberlândia, durante a madrugada de ontem. Depois de ter o estabelecimento arrombado várias vezes, o proprietário, Sílvio Ferreira, que está foragido mas deve se apresentar à polícia nas próximas horas, instalou uma armadilha com espingarda amarrada a um cordão, que, ao ser tocado, provocava o disparo. Esta não foi a primeira vez que a armadilha funcionou. Há alguns meses, um rapaz tentou entrar e foi ferido nas pernas, porém sem gravidade. Hueidson também foi atingido na perna, mas acabou morrendo por hemorragia interna. Seu corpo foi encontrado por volta das 8 horas, quando os funcionários chegaram à empresa. Até a tarde de ontem, o boletim de ocorrência não havia chegado à delegacia de Homicídios, mas, segundo o delegado Marco Antônio Noronha, o fato é inédito em Uberlândia. Ele explicou ainda que as investigações serão direcionadas para apurar se o caso configura ou não homicídio culposo. “Temos que descobrir se houve ou não excesso por parte do proprietário na defesa do patrimônio”, explicou.
● DESMANCHE Três homens foram detidos ontem a noite sob suspeita de envolvimento com o desmanche de veículos. Uma denúncia anônima levou os policiais militares até a rua Nísio Torres, 121, no bairro Ouro Preto, região da Pampulha, onde estariam sendo desmanchados motos e carros. De acordo com os militares, no local foram encontradas sete motos e cinco automóveis, supostamente com documentação e identificação de chassis irregulares.
mente Fernando foi atingido fatalmente. Ele morreu no local. As outras vítimas – Sérgio Marques dos Santos, 20, Wladmir Morais de Deus, 19, João Paulo Pereira de Oliveira, 18, e Anderson dos Anjos, 21, foram atingidos de raspão e conseguiram escapar da morte. Temendo ser preso, “Almeirão” fugiu do local acompanhado de Cleverson Oliveira Alvarenga, 20, Ulisses Lima Rocha, 20, e Cleyton Lopes Pereira, 19. O quarteto foi preso ainda de madrugada na casa da namorada de Ulisses, localizada no Alto Vera Cruz. Com os membros da gangue, a polícis apreendeu quatro armas, dentre elas uma pistola semi-automática Glook calibre 380, de fabricação austríaca. Segundos os militares, a arma é feita de titânio, um material altamente leve e resistente e que não é identificado por detectores de metais. “Almeirão” evitou falar sobre as armas, alegando que conseguiu todo equipamento em confrontos com outras gangues. Ele também negou ser traficante e que apenas cometeu o crime para não ser morto, uma vez que já estava jurado de morte. O caso foi registrado na Divisão de Crimes contra a Vida. As outras vítimas feridas pelos tiros foram socorridas no Hospital de Pronto Socorro de Belo Horizonte e liberadas ontem mesmo.
LANDERCY HEMERSON
FOTOS RENATO WEIL
PM consegue prender, em flagrante, a gangue de “Almeirão”, que matou um e feriu quatro
FERNANDO FOI o único a morrer no ataque da gangue, que usou até pistola de titânio
Investigação em ritmo lento Uma semana após o suposto assalto à fábrica de biscoitos Vovó Delma, localizada na rua dos Italianos, bairro Flamengo, Contagem, ao lado da casa do ex-policial civil Marco Túlio Prata, o “Pratinha”, as investigações sobre o caso estão praticamente paradas. “Pratinha”, que acredita que ele era o verdadeiro alvo dos quatro homens que invadiram a fábrica, forjando o assalto, foi o autor das denúncias que provocaram as exonerações do superintendente Geral de Polícia Civil, delegado Nilton Ribeiro, e do superintendente de Polícia Metropolitana, delegado Antônio Carlos Faria, suspeitos de envolvimento com caças-níqueis em Belo Horizonte. Um dia após o crime, o novo superintendente Geral de Polícia, delegado José Antônio de Moraes, determinou que o caso fosse apurado com prioridade absoluta, uma vez que “Pratinha” chegou a trocar tiros com os supostos assaltantes para impedir o assalto. O próprio “Pratinha” garante que tudo foi simulado para atraí-lo para a morte, em virtude das graves denúncias que registrou contra os dois policiais. Apesar das determinações do novo superintendente, as investigações estão sendo realizadas
Sete pessoas morreram ontem a noite num acidente no km 378 da rodovia BR 381 (antiga BR 262), no município de Bom Jesus do Amparo. De acordo com as primeiras informações que chegaram na central de operações da Polícia Rodoviária Federal, o acidente envolveu um caminhão tanque, uma perua Parati e um VW Gol. Os dois carros seguiam no sentido BH/João Monlevade, quando foram colhidos pelo caminhão que trafegava na direção oposta. Na Parati morreram o motorista José Gerônimo Mariano, 42 anos, o aposentado Nicodemos Mariano da Silva, 70, sua esposa Léia Margarida da Silva, 60, e as filhas do casal Rosiléia Mariana da Silva, 36, e Maria Imaculada Conceição Silva Aguiar, 46. No Gol morreu o seu condutor, que até o final da noite não havia sido identificado, e a esposa dele Julia Márcia de Oliveira Hoskem, 39. A filha do casal, Elisa de Oliveira Hoskem, 15, foi socorrida no Hospital de Itabira em estado grave. Já o motorista do caminhão, identificado como Alcino de Amorim, 64 anos, foi socorrido no pronto socorro do Hospital João XXIII.
lentamente. O caso foi registrado no 4º Distrito Policial de Contagem, bairro Flamengo, e, segundo o delegado Cleber Barone, somente a hipótese de assalto está sendo investigada, o que contraria as ordens do superintendente Moraes. “Ainda não temos nenhum indício de que possa ter ocorrido um atentado contra o ex-policial. Por este motivo, estamos investigando uma tentativa de assalto que foi abortada pela ação do ex-policial civil”, explicou o delegado. Outro mistério que cerca o caso ainda não foi desvendado. No dia do assalto, “Pratinha” garante que conseguiu balear gravemente pelos menos três dos assaltantes, mas nenhum deles foi localizado em hospitais da região. O delegado Barone diz que sua equipe chegou a constatar que uma pessoa morreu no dia seguinte ao assalto em um hospital da Região Metropolitana, vítima de uma tiro no olho. “Não podemos divulgar o nome do hospital para não prejudicar as investigações. Vamos investigar a vida da vítima e ver se ele teve alguma participação no assalto”, salienta o delegado, reticente. Nos próximos dias, Barone garante que vai ouvir “Pratinha” e as principais testemunhas do assalto.(NC)
O B I T U Á R I O Belo Horizonte PADRE FRANCISCO TROMBERT, 83 anos. Membro da Congregação dos Lazaristas da Sociedade São Vicente de Paulo, faleceu ontem em Santa Bárbara, onde será sepultado hoje, às 9h, no Cemitério Municipal, após Missa de Corpo Presente. Procedente de Mariana, fez seu estudos religiosos no Caraça. Iniciou seu sacerdócio em Petrópolis, com atuação também em Fortaleza (CE) e Irati (PR). Depois desta perengrinação, voltou ao Caraça. Foi professor de várias matérias, superior do Patronado Afonso Pena e do Engenho, este nas terras do Caraça. Gostava de citar com alegria sua família de nove irmãos, sendo que cinco dos quais se tornaram religiosos. CRESO FERRAZ DO AMARAL, 72 anos, faleceu dia 8 deste. Nascido em São Pau-
lo, era representante aposentado. Deixa viúva D. Ivete Lúcia Jorge Ferraz do Amaral, a filha Ângela F. Ferraz, advogada, e
suas netas Débora e Vanessa F. do Amaral.
● A divulgação nesta coluna é gratuita