18967346 Ponto Dos Concursos 2

  • June 2020
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CURSOS ON-LINE – ECONOMIA I – PROF. MOZART FOSCHETE

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AULA 1: INTRODUZINDO A ECONOMIA

Nessa nossa primeira aula, nós vamos apresentar alguns conceitos básicos e específicos da Economia, que serão muito importantes para o nosso aprendizado dos tópicos que veremos mais adiante, de nível intermediário e até mais avançados da teoria econômica. Para aqueles que já estudaram Economia ou que já são iniciados nesta disciplina, este tópico será útil como revisão daqueles conceitos.1

1.1. Mas, afinal, de que trata a Economia? Durante toda a nossa vida somos afetados pelas condições econômicas da comunidade em que vivemos. As roupas que vestimos, os alimentos que comemos, a escola que freqüentamos, o salário que recebemos, os problemas do desemprego e da inflação, são todos fatores ligados diretamente às condições econômicas. Você certamente já se fez uma série de perguntas relacionas à condição econômica dos países e das pessoas e para as quais nunca encontrou respostas satisfatórias. São perguntas do tipo: -Por que existem umas poucas economias ditas desenvolvidas enquanto em um elevado número de países as condições de vida ainda são bastante precárias? Por que algumas pessoas são ricas, enquanto muitas ainda enfrentam o problema de não ter moradia nem alimentação adequada? Por que algumas pessoas recebem altos salários, enquanto outras ganham apenas o suficiente para a sua sobrevivência? Por que existe tanto desemprego? Por que há períodos em que os preços sobem persistentemente, enquanto, em outros, os 1

As eventuais notas explicativas que apareceriam em notas de rodapé foram jogadas para o final do texto.

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preços permanecem relativamente estáveis? Por que o Brasil e outros países têm uma dívida externa tão elevada e, aparentemente, são incapazes de pagá-la? O estudo da Economia objetiva a compreensão de todos esses problemas, fornecendo respostas a essas e a diversas outras questões. A ciência econômica pode nos proporcionar um melhor entendimento de como funciona o sistema sócioeconômico que nos cerca, e o que pode ser feito para prevenir, corrigir ou pelo menos aliviar problemas como a pobreza, o desemprego e a inflação. Em geral, os estudantes, ao iniciarem seu estudo, querem uma definição de Economia. Existem diversas como, por exemplo: .

“A economia é o estudo da maneira pela qual os homens utilizam recursos produtivos para produzir mercadorias e serviços para satisfazer as necessidades dos membros da sociedade.”

Agora um outro ponto importante a registrar: você já percebeu o quanto as pessoas são insaciáveis? De uma forma geral, quanto mais elas têm, mais elas querem, concorda? Se conseguem um primeiro emprego para ganharem R$ 500, ficam fora de si de contentes. Passados, porém, os primeiros dias ou meses, o encanto do primeiro emprego acaba e a pessoa passa a procurar ou a se preparar para um emprego melhor, que pague mais. E quando conseguem este emprego melhor, a coisa não pára aí. A pessoa continua cada vez querendo mais e melhor. O mesmo ocorre quando a gente compra o primeiro carro que, na maioria dos casos, não é lá essas coisas! Passada a euforia inicial, a gente já está pensando em adquirir um outro mais novo e mais vistoso. E assim vai. Tudo isso leva-nos à conclusão de que as necessidades humanas são ilimitadas. De um modo geral, quando as www.pontodosconcursos.com.br

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necessidades básicas (alimentação, moradia, vestuário) são atendidas, o indivíduo passa a sentir outras necessidades, como educação, lazer, melhoria de seu padrão de vida – melhor casa, melhores roupas, um automóvel mais novo, e assim por diante. Uma vez atendidas plenamente as necessidades ditas materiais, o indivíduo passa a ter outro tipo de necessidade: a estima dos amigos, o reconhecimento e aceitação de seu grupo social, necessidade de status e coisas do gênero. Para satisfazer a maior quantidade possível dessas necessidades, a sociedade conta com recursos como terra, mão-de-obra, máquinas, equipamentos, conhecimentos técnicos e muitos outros. Esses recursos, no entanto, são bastante limitados e, portanto, nem todas as necessidades podem ser simultaneamente satisfeitas. As escassez de recursos, então, torna-se o problema fundamental de cada sociedade. Como resultado, a sociedade, através do instrumental analítico fornecido pela ciência econômica – princípios, teorias, modelos -, procura usar os recursos escassos tão eficientemente quanto possível, a fim de produzir o máximo de bens e serviços que deseja. O campo de atuação da Economia seria, assim, o estudo da escassez e a administração eficiente dos recursos. Eficiência, aqui, significa reduzir o desperdício ao mínimo. Em outras palavras, pode-se dizer que... ...uma economia estará produzindo da forma mais eficiente possível quando não pode aumentar a produção de um bem sem reduzir a produção

Observe-se que, se não houvesse escassez, quer dizer, se todos os recursos fossem abundantemente disponíveis, não haveria necessidade de se estudar economia. 1.2 Alguns conceitos econômicos básicos

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Antes de entrarmos na teoria econômica propriamente dita, é interessante que sejam conceituados alguns termos econômicos que serão bastante usados ao longo do texto e cujo conhecimento é essencial para uma melhor compreensão do assunto. Assim, temos: Bens e serviços – são o resultado do processo produtivo. Bens são as coisas concretas, tangíveis, como roupas, televisores, sapatos, canetas, etc; serviços são coisas intangíveis, como transporte, educação, saúde, intermediação financeira, comunicações, etc. Fatores de produção - este é um termo típico do “economês”. Fatores de produção são todos os recursos utilizados na produção dos bens e serviços para a satisfação de necessidades ou desejos do homem. Englobam desde os recursos naturais não-renováveis, como terra e água, até máquinas, equipamentos, recursos humanos, galpões, conhecimento técnico, capacidade empresarial, e muitos outros. Convenientemente, todos esses recursos produtivos são classificados, de uma forma simplificada, em três categorias: a) Terra – compreendendo todos os recursos naturais não-renováveis, como terra, água e ar. b) Trabalho – correspondendo aos recursos físicos, mentais e intelectuais do homem, aplicados na produção. c) Capital – englobando todos os recursos “produzidos” para serem utilizados na produção de outros bens, incluindo aí, principalmente, máquinas, equipamentos e prédios. Os bens, por sua vez, podem ser classificados de diversas formas, dependendo de sua natureza, da quantidade disponível, de seu destino, de quem os consome, da fase em que se encontra no processo produtivo etc. Assim, temos: -Bens livres – são aqueles que, apesar de serem limitados em quantidade, existem em relativa abundância. O uso de parte desses bens, por alguém, não afeta ou reduz seu www.pontodosconcursos.com.br

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consumo por outra pessoa. São exemplos de bens livres o ar, a água do mar, etc. Por existirem em abundância, não têm preço, não caracterizando um problema econômico. -Bens econômicos – são aqueles bens relativamente escassos, não sendo suficientes para atender a todos. Como tal, têm um valor (preço) de mercado. -Bens intermediários – são bens que ainda vão sofrer algum tipo de transformação, não estando, portanto, disponíveis para o consumidor. Como exemplos, podem ser citados o couro (que ainda vai entrar na fabricação do sapato), a madeira (que vai virar móvel), o tecido (que vai ser usado na produção de roupas), etc. -Bens finais – são os bens já disponíveis para o consumidor, seja nas lojas, seja nas padarias ou nos supermercados. Um aspecto importante a registrar é que o destino de um bem é que o caracteriza como bem intermediário ou bem final. Assim, por exemplo, a farinha de trigo tanto pode ser um como outro. A farinha que está na padaria para a fabricação de pães é um bem intermediário; já a farinha de trigo vendida no varejo, nas mercearias e supermercados, é um bem final, pois está ali disponível para o consumidor comprá-la. E se você adquirir um farol para seu carro numa loja de auto-peças, você classificaria este farol como bem intermediário ou como bem final?2 -Bens de consumo – são os bens destinados à satisfação de necessidades pessoais, como, por exemplo, arroz, roupas, automóveis. Os bens de consumo se classificam em três tipos: os bens de consumo não-duráveis – que são aqueles que se esgotam de imediato, no ato de sua utilização pelo consumidor, como é o caso de alimentos e bebidas; – os bens de consumo duráveis – que são aqueles que têm uma vida útil, não se 2

Você acertou se respondeu que o farol é, nesse caso, um bem final, pois foi adquirido por um consumidor. Se tivesse sido adquirido por um fabricante de carros, seria considerado um bem intermediário.

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esgotando de imediato com o seu uso, como, por exemplo, os automóveis e os eletrodomésticos; – e, por fim, existem aqueles bens que, a rigor, não se enquadram nem no primeiro grupo nem no segundo, e que são, por isso mesmo, chamados de bens semi-duráveis – como são exemplos o vidro, a roupa e calçados. Você seria capaz de citar pelo menos mais um exemplo de cada um desses tipos de bens de consumo? Mas, continuemos com nossa classificação de bens: -Bens de capital – são os bens produzidos para serem utilizados na produção de outros bens, não se destinando ao consumo final dos indivíduos, como é o caso das máquinas e equipamentos, de prédios e galpões. -Bens complementares – são bens consumidos conjuntamente, isto é, o consumo do bem X leva ao consumo do bem Y, como, por exemplo, carro e pneu, pão e manteiga. Quais mais? -Bens substitutos – são bens consumidos de forma concorrente, isto é, o consumo do bem X exclui o consumo do bem Y, sendo exemplo clássico a manteiga e a margarina, ou dois carros de um mesmo padrão, porém de marcas diferentes. Esses bens são também chamados na teoria econômica de bens sucedâneos ou bens concorrentes. A variação na renda real e o consumo de bens Existe ainda uma outra classificação de bens quando nós associamos o seu consumo a uma variação da renda real do consumidor3. Assim, por exemplo, há alguns bens cujo 3

Veja que estamos falando de renda “real” e não simplesmente de renda. O conceito de renda real está relacionado com os preços dos produtos. Assim, por exemplo, se, num período qualquer, os preços sobem 15% e o seu salário cresce, também, 15%, você não está nem melhor, nem pior do que antes. Sua renda “nominal’ cresceu 15%, mas sua renda real permaneceu do mesmo jeito. Agora, se os preços subiram 15% e seu salário cresceu 25%, você está melhor agora, pois pode comprar mais bens agora do que antes, já que sua renda nominal cresceu mais que a inflação. Ou seja, sua renda real, agora, está maior que antes. Pelo mesmo raciocínio, se os preços subiram 15% e seu salário só foi corrigido em 8%, no período, houve, então, uma queda em sua renda real e você ficou mais pobre.

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consumo cai quando a renda real do consumidor aumenta e vice-versa. Estes bens são chamados de bens inferiores; há outros bens cujo consumo aumenta quando a renda real aumenta e vice-versa, ainda que não seja na mesma proporção. Estes bens são denominados bens normais. Há, ainda, um terceiro tipo de bem cujo consumo cresce proporcionalmente mais que o crescimento da renda real do consumidor (e vice-versa). A estes geralmente se dá o nome de bens superiores. E o que são bens públicos e bens privados? Ah, já ia me esquecendo de falar desses dois tipos de bens – muito importantes, principalmente para quem vai estudar finanças públicas. Então vamos lá: Bens públicos são aqueles bens cujo consumidor não é individualmente identificado nem a quantidade consumida é determinada. Mais ainda, o consumo deste bem por alguém não exclui a possibilidade de outrem consumi-lo na mesma intensidade. O exemplo típico é a segurança nacional, o serviço de polícia e de corpo de bombeiros. Uma vez oferecidos esses serviços, todos, querendo ou não, se beneficiam deles. Como não se sabe quem consumiu o bem ou serviço e nem quanto foi consumido por cada um, não há como cobrar do indivíduo por seu consumo. Nesse caso, o setor privado não tem nenhum interesse em oferecer esse bem ou serviço, cabendo ao Estado fornecê-lo, cobrando, para tanto, um imposto de todos. Já bens privados, ao contrário, são aqueles cujo consumidor e a quantidade por ele consumida são conhecidos. Nesse caso, o benefício e a satisfação do consumo se esgotam no próprio consumidor e, portanto, cabe a ele pagar pelo mesmo. Como, nesse caso, são conhecidos tanto o consumidor como a quantidade que ele adquiriu, fica fácil cobrar dele por este consumo. Assim sendo, o setor privado terá interesse em fornecer esse bem ou serviço. É o caso de automóveis, roupas, calçados e eletrodomésticos. www.pontodosconcursos.com.br

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Há, ainda, um terceiro tipo de bem cujo consumidor é identificado, mas o benefício decorrente do seu consumo extrapola o consumidor individual, terminando por atingir, direta ou indiretamente, toda a sociedade. É o caso da educação e da saúde. Por esse motivo, esses bens podem ser oferecidos tanto pelo setor privado, como pelo Estado, atuando ambos de forma complementar. A esses bens costuma-se dar o nome de bens semipúblicos ou meritórios. 1.3. Consumo X investimento Dois conceitos que, também, devem ser introduzidos desde já são o consumo e o investimento. Ambos são gastos, porém de natureza diferente. Consumo refere-se aos gastos ou despesas com bens e serviços que satisfazem necessidades pessoais, como são os gastos com alimentação, automóveis, saúde, vestuário e lazer. Já investimento referese às despesas voltadas para a ampliação da capacidade produtiva da economia. Exemplos típicos de gastos de investimento seriam a construção de uma hidroelétrica, a construção ou ampliação de uma fábrica, a aquisição de novas máquinas e equipamentos por uma firma, etc. Relacionada ao investimento está a poupança – que pode ser definida como a parte da renda dos indivíduos ou das empresas que não é gasta. É importante frisar que sem poupança não há investimento. Alguém na economia tem de poupar, isto é, sacrificar consumo, para que haja recursos que financiem o investimento. De outra parte, cumpre destacar que, em termos econômicos, nem sempre o que se constitui ou se denomina de investimento para um indivíduo o será para a economia. Assim, por exemplo, se você adquire um lote, isso pode se constituir num “bom investimento” para você mas, é preciso considerar que esta operação em nada alterou a economia, já que sua capacidade produtiva continua a mesma. Assim, economicamente falando, esta aquisição de um lote que, para você, pode ter sido um bom negócio ou um “bom www.pontodosconcursos.com.br

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investimento”, não se constitui em investimento para a economia. Da mesma forma, uma aplicação individual em caderneta de poupança ou em depósito bancário a prazo, com ganho de juros, ainda que comumente seja chamada de “investimento”, não passa de uma poupança que, posteriormente, poderá ou não dar origem a novos investimentos, isto é, a gastos que ampliem a capacidade produtiva de uma empresa ou do país. 1.4. Microeconomia versus Macroeconomia A Economia é estudada em dois campos ou níveis distintos: de um lado, temos a microeconomia que estuda o comportamento econômico dos agentes econômicos como os consumidores, os proprietários dos recursos produtivos e as empresas produtoras; também estuda a determinação e as variações dos preços dos recursos produtivos – como já visto, chamados de fatores de produção - e dos bens e serviços tomados cada um de per si. À microeconomia cabe, ainda, o estudo da produção da firma e dos diversos tipos de mercados - concorrência perfeita e oligopólio, por exemplo onde atuam os ofertantes e demandantes de bens e serviços. Assim, quando se falar na demanda e na oferta de sal, ou de carros, de roupas, de passagens aéreas, etc, estamos falando de microeconomia. De outra parte, temos a macroeconomia - que trata da atividade econômica em nível agregado. À macroeconomia cabe o estudo do nível da produção total de um país, da renda nacional, da produção industrial ou da produção agrícola como um todo. Ademais, a macroeconomia está preocupada com a determinação do nível de emprego e do nível geral de preços. Assim, o estudo da produção de uma firma – por maior que ela seja - situa-se no campo da microeconomia, enquanto o estudo do setor industrial é um tópico da macroeconomia. Da mesma forma, se você estuda a atividade econômica de uma fazenda, você está dentro da microeconomia; já o www.pontodosconcursos.com.br

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estudo da agricultura macroeconomia.

como

um

todo

pertence

à

A rigor, o interesse pelo estudo e desenvolvimento da moderna Macroeconomia ocorreu a partir da Grande Depressão do início dos anos trinta, tendo recebido impulso especial com a publicação da Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda, de John Maynard Keynes, em 1936. Desde então, os estudos macroeconômicos estão voltados para a compreensão das causas das grandes flutuações no nível do produto global e do emprego e na proposição de políticas de prevenção contra aquelas flutuações de forma que a atividade econômica opere sempre próxima do pleno emprego. Importante considerar que o estudo da macroeconomia pode ser enfocado no curto e no longo prazos. No curto prazo, a análise está voltada para a determinação do nível de produção efetiva, em um dado período, e na definição de medidas de política econômica que podem ser adotadas para elevar esta produção caso esteja abaixo do nível do produto potencial da economia - definido este pelo pleno emprego dos fatores de produção. No longo prazo, o enfoque macroeconômico está centrado na Teoria do Crescimento, onde são analisados os fatores que determinam o nível e a taxa de crescimento da economia. Trata-se, na verdade, de um tópico mais avançado da macroeconomia e que, como tal, só será abordado por nós no curso de Economia II. 1.5. O sistema econômico: agentes e fluxos Uma descrição do sistema econômico como um todo deve considerar, de um lado, os tipos de agentes econômicos que nele atuam e, de outro, os fluxos por ele gerados. Se considerarmos, por simplificação, uma economia fechada, isto é, sem relações econômicas com outros países (sem exportações e importações, por exemplo), podemos identificar os seguintes agentes que atuam no sistema econômico: www.pontodosconcursos.com.br

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. As unidades familiares . As empresas. . O governo. No sistema econômico, às unidades familiares cabe o papel de fornecer os recursos produtivos às empresas (recursos naturais, mão-de-obra, capital, capacidade empresarial, etc.), recebendo, em troca, uma remuneração – isto é, uma renda - que, num momento seguinte, será voltada para adquirir das empresas bens e serviços de que necessitam. As empresas, por seu turno, demandam das unidades familiares os recursos produtivos de que precisam, remunerando-as com uma renda (salários, aluguéis, juros e lucros), enquanto ofertam para as mesmas os bens e serviços que produzem. Ao governo cabe o papel principal de regulador da atividade econômica e de provedor dos chamados “bens públicos”- dos quais são exemplos, como já vimos, a segurança nacional, o serviço de polícia, a administração da justiça - além de garantir o fornecimento dos chamados “bens meritórios”, como educação e saúde. Para o desempenho dessas atividades, o governo arrecada impostos dos agentes econômicos como, por exemplo, o imposto de renda (IR) e o imposto sobre produtos industrializados (IPI). Num modelo mais completo, teríamos de incluir um quarto agente econômico, denominado comumente de resto do mundo, que responde pelas importações e exportações de bens e serviços do país. O funcionamento rotineiro do sistema econômico é melhor retratado através do fluxo circular da atividade econômica, conforme ilustrado na Figura 1.1. A rigor, é possível identificar naquela figura quatro fluxos do sistema econômico, bastante distintos. Um primeiro fluxo pode ser visto na parte inferior da Figura 1.1., constituído dos fatores de produção que fluem das famílias para as empresas; um segundo, se www.pontodosconcursos.com.br

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constitui do fluxo de renda - correspondendo aos pagamentos pelas empresas aos proprietários dos fatores de produção utilizados, e que são traduzidos nos salários, aluguéis, juros e lucros. Na parte superior da Figura 1.1., temos mais dois fluxos: um seria o dos bens e serviços ofertados pelas empresas às unidades familiares, denominado de fluxo de produtos; o outro é caracterizado pelos pagamentos das famílias às empresas pela compra daqueles bens e serviços. Pela sua natureza, esses quatro fluxos costumam ser unificados em dois fluxos distintos: i) fluxos reais – assim considerados o fluxo de fatores de produção e o fluxo de produtos; e, ii) fluxos monetários – correspondendo ao fluxo de renda e ao fluxo de pagamentos, pelas famílias, dos bens e serviços fornecidos pelas empresas. Figura 1.1 Pagamentos pelos bens e serviços de consumo Bens e serviços de consumo Empresas

Famílias Fatores produtivos - trabalho, terra e capital Salários, ordenados, aluguéis, juros e lucros

É importante ressaltar que, se excluirmos o governo, o preço dos produtos ofertados no mercado pelas empresas corresponde exatamente ao custo de produção (lembrando que, do ponto de vista econômico, os lucros, como qualquer outro tipo de renda, fazem parte dos custos). Em outras palavras, não havendo governo, o valor global dos produtos ofertados é igual, por definição, à soma de todos os salários, juros, aluguéis e lucros pagos ao longo de todo o processo

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produtivo, em todas as suas etapas4. Havendo governo, o valor dos produtos no mercado será acrescido dos impostos indiretos (basicamente, o imposto sobre produtos industrializados – IPI -, o imposto sobre a circulação de mercadorias e serviços – ICMS - e o imposto sobre serviços – ISS), deduzindo-se os subsídios governamentais. Note-se que, para que o sistema funcione em equilíbrio5, é necessário que todos os bens e serviços produzidos sejam vendidos. Como o valor da renda gerada no processo produtivo é igual ao valor dos produtos ofertados, isso significa que, para que a economia funcione de forma equilibrada, é necessário que todos gastem a renda que receberam das empresas, ou se nem todos gastarem, é necessário que alguém gaste no lugar deles. 1.6. Vazamentos e injeções Ocorre, no entanto, que existem diversos obstáculos que, a princípio, impedem que toda a renda auferida pelos indivíduos retorne às empresas sob a forma de compra de bens e serviços. Esses obstáculos – chamados de vazamentos – são a poupança (S), os impostos (T) e as importações (M). Esses três obstáculos reduzem seus gastos, concorrendo para “sobrar” produtos nas prateleiras das lojas. E por que isso acontece? É fácil explicar: suponha que você recebe um salário de R$2000,00. Para que a economia funcione bem, isto é, equilibradamente, você deveria gastar todo este seu salário (já que o valor da renda total é igual, por definição, ao valor total dos produtos). Mas, aí vem o governo e lhe tira, na fonte, R$200,00 a título de imposto de renda (sem falar na contribuição previdenciária – que também 4

Deve ser lembrado que as matérias –primas se constituem em custos para uma firma isolada. Porém, quando analisada a economia, no agregado, o valor das matérias-primas compradas por uma firma corresponde aos salários, juros, aluguéis e lucros pagos na etapa anterior e que, portanto, já foram computados como custos da firma que as produziu. Assim, no agregado, as matérias-primas desaparecem. Este ponto ficará claro mais adiante, no Capítulo de “contabilidade nacional”. 5 “Equilíbrio”, em economia, significa igualdade entre a oferta e a demanda, seja a nível global, de toda a economia, seja a nível de um produto específico, como calçados, café, automóveis, etc.

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não deixa de ser um imposto!). Assim, mesmo que você queira gastar todo o seu salário comprando produtos, você só poderá comprar R$1800,00 – que é o que lhe sobrou depois de retirado o IR. Mas, além disso, você ainda resolve fazer uma poupançazinha mensal de, digamos, R$150,00 para, mais à frente - quem sabe? – comprar um carrinho usado. Ao tomar esta decisão, você estará deixando de gastar mais R$150,00 na compra de produtos. Nessas alturas, você já reduziu suas compras em R$350,00. E depois de tudo isso, você (ou outra pessoa) ainda decide importar um microcomputador dos Estados Unidos. Mas, com que dinheiro você vai pagar esta importação? Certamente, com parte de seu salário. Digamos que você gaste R$100,00 por mês com esta importação. Ora, o dinheiro que você gasta comprando bens do exterior faz reduzir o seu dinheiro disponível para gastar aqui dentro. No final, somando estas três parcelas, você deixou de gastar, isto é, de comprar bens e serviços dentro do País, R$450,00! A esse seus “não-gastos” se dá o nome de vazamentos. Assim, dos R$2000,00 de seu salário, você só terá comprado R$1550,00 em mercadorias e serviços. Se nada for feito para compensar aqueles vazamentos, muitas empresas não terão como vender todos os bens e serviços que produziram e, em conseqüência, certamente tenderão a reduzir sua produção no próximo período – o que poderá se traduzir em crise econômica com desemprego. Para evitar que tal aconteça, é necessário criar mecanismos ou gastos compensatórios para cada vazamento. Esses gastos - chamados de injeções – são constituídos dos investimentos (I) – que compensam a poupança -, dos gastos do governo (G) – que devem equivaler ao montante arrecadado sob a forma de impostos -, e as exportações (X) – que devem, na medida do possível, ser iguais ao valor das importações, para que o setor externo fique equilibrado. Ocorre, no entanto, que os agentes econômicos que poupam – isto é, as pessoas – não guardam qualquer relação com os agentes econômicos que fazem investimentos – isto é, as empresas. Ademais, a motivação para poupar é diferente www.pontodosconcursos.com.br

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da motivação para investir. Assim, é perfeitamente plausível que, em determinado ano ou período, o valor das poupanças seja diferente do valor dos investimentos, podendo um ser maior que o outro. Da mesma forma, o governo tanto pode manter seu orçamento equilibrado, como pode gastar mais do que arrecada sob a forma de impostos (ou até gastar menos!!!). Também é bastante possível que o valor das exportações ora seja maior, ora seja menor que o valor das importações. Resumindo: o valor total das injeções tanto pode ser maior, como pode ser menor, como pode até ser igual ao valor das injeções. Obviamente, cada uma dessas situações traz conseqüências diferentes para a economia do país, como veremos a seguir. 1.7. Situações de equilíbrio e de desequilíbrio macroeconômico Antes de analisarmos essas três hipóteses, é importante introduzir o conceito de “equilíbrio” em Economia. Equilíbrio refere-se a uma situação de mercado que, uma vez atingido, tende a persistir. O equilíbrio de mercado ocorre quando a quantidade demandada de um produto é igual à quantidade ofertada desse produto. O equilíbrio pode se dar tanto a nível de um produto ou serviço tomado isoladamente, como a nível da economia como um todo. Assim, tanto se pode dizer que o mercado de automóveis está em equilíbrio, como se pode dizer que a economia brasileira está em equilíbrio. Da mesma forma, pode-se também dizer que o mercado tal e tal está em desequilíbrio – o que ocorre quando a demanda é maior ou menor que a oferta naquele mercado. Com esse conceito de equilíbrio em mente, vejamos as três situações que uma economia pode enfrentar quando se compara o valor das injeções com o valor dos vazamentos:

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Suponha, em primeiro lugar, que as injeções sejam menores que os vazamentos. Isso quer dizer que ou os empresários não estão confiantes no desempenho da economia nos próximos anos e, como tal, não estão dispostos a fazer muitos investimentos (ampliarem suas fábricas, ou criar novas indústrias) e, portanto, está sobrando poupança nos bancos, ou o país está exportando menos do que importando ou, apenas para raciocinar, o governo está gastando menos do que está arrecadando (será isso possível?!!!). Não importa qual seja a razão, mas se os vazamentos são maiores que as injeções, isso significa que está havendo menos compras do que deveria haver. Em termos econômicos, isto quer dizer que a demanda agregada está fraca, menor do que a oferta agregada de bens e serviços. Se assim é, qual deve ser a conseqüência disso para a economia como um todo? Você certamente já deduziu o que deverá acontecer a partir daí: os empresários, percebendo que seus produtos não estão sendo todos vendidos, e que está havendo uma formação indesejada de estoques nas empresas, começam a reduzir a produção. E reduzir produção significa reduzir o nível de emprego e, numa cadeia de conseqüências, a redução do emprego implicará queda da renda das pessoas, que implicará um menor consumo, etc. A economia entra, assim, num círculo vicioso de recessão, com baixo nível de emprego-renda-consumo. Esta é a conseqüência mais direta de uma situação onde as injeções – isto é, os gastos agregados – são menores que os vazamentos (que são os não-gastos), a nível macroeconômico. Vejamos, agora, a situação em que as injeções são maiores do que os vazamentos. Isso quer dizer que está havendo um volume de compras muito grande na economia. Os empresários estão otimistas com o futuro da economia e estão fazendo muitos gastos de investimentos; o governo deve, também, estar gastando mais do que arrecada em impostos e, também, pode ser que as exportações estão www.pontodosconcursos.com.br

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acima das importações. Nesta situação, os lojistas, vendo que seus estoques estão acabando, fazem mais e mais pedidos às fábricas, obrigando estas a aumentarem a produção. O resultado disso é certamente mais crescimento econômico com mais geração de emprego. Dependendo da resposta mais ou menos rápida do setor produtivo, a pressão das compras em excesso pode (e deve) pressionar os preços para cima, dando início a um processo inflacionário. Num primeiro momento, haverá crescimento econômico com inflação. Mas, com o passar do tempo, os agentes econômicos começam a perceber que a inflação está lhes causando perdas e mais perdas reais e, em conseqüência, passam a exigir correções compensatórias de salários, surgem mecanismos automáticos de correções de aluguéis e dos valores de contratos de fornecedores, as taxas de juros se elevam para cobrir as taxas de inflação. Entra-se, então, no chamado círculo vicioso da inflação assim descrito: a inflação gera correções de salários e de outras rendas que geram mais inflação e que gera mais correções, e assim por diante. O final deste processo é a conhecida espiral inflacionária de difícil controle e que acaba por paralisar a atividade produtiva, entrando o país, novamente, na estagnação econômica. Ou, como se diz no jargão econômico, na estagflação, caracterizada pelo pior dos dois mundos: estagnação com inflação! Temos, por fim, a terceira situação, que é aquela em que o valor total das injeções se iguala com o valor total dos vazamentos, ou, em termos econômicos, trata-se de uma situação em que a chamada oferta agregada de bens e serviços é igual à chamada demanda agregada por esses produtos. Nesta situação, tudo o que se deixou de comprar por causa da poupança, dos impostos arrecadados pelo governo e das importações foi exatamente compensado pelos gastos de investimentos, do governo e de exportações. Não sobra nem falta produto. Nesta hipótese, pode-se, então, afirmar que o sistema econômico estará em uma situação de equilíbrio estável – uma situação em que a economia cresce a taxas moderadas – digamos, entre 3% e 5%, - sem pressões www.pontodosconcursos.com.br

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inflacionárias. Seria esta a situação “ideal” da economia – que é o que geralmente acontece com as economias desenvolvidas, como a Alemanha, a França, os Estados Unidos, o Canadá e outros. 1.8. Outros conceitos econômicos relevantes Existem, ainda, alguns outros conceitos econômicos bastante relevantes e que certamente ajudarão você a entender melhor os tópicos macroeconômicos que estaremos desenvolvendo em aulas mais à frente. Senão, vejamos: i) Variáveis fluxo e variáveis-estoque Existem dois tipos de variáveis econômicas: as variáveisfluxo e as variáveis-estoque. As variáveis-fluxos são aquelas que são medidas em um determinado período, tais como ano, trimestre, mês, semana, etc., podendo ser citados os seguintes exemplos: .salários pagos num determinado mês; .exportações e importações no trimestre; .lucro das empresas no quadrimestre; .consumo de bens e serviços no ano; .o número de nascimentos e óbitos na semana; .a variação dos preços no semestre. Já as variáveis-estoque são aquelas medidas em uma determinada data, sendo exemplos: .O estoque de mercadorias numa loja; .o capital investido numa fábrica; .a dívida externa do país; .o estoque de capital do país; .a dívida interna do governo; .a população de um país; www.pontodosconcursos.com.br

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.a quantidade de moeda em circulação no país; Deve ficar claro que existe uma inter-relação entre as variáveis-fluxo e as variáveis estoque, como pode ser visto no exemplo de uma torneira que esteja despejando água (variável-fluxo) num reservatório. O volume de água que existe em determinado momento no reservatório é uma variável-estoque, mas este volume é afetado a cada momento pela vazão de água da torneira. Em outros termos, a variávelestoque (nível da água no reservatório) é influenciada pelo valor da variável-fluxo (que é a vazão da água da torneira). A mesma coisa se passa em Economia. A dívida externa de um determinado país – que, em qualquer momento, é uma variável-estoque – é influenciado entre um momento e outro pelos fluxos de empréstimos e de amortizações feitas no período. Da mesma forma, existe, hoje ou agora, um estoque de automóveis no país ou numa cidade, mas com contínua produção de carros (fluxo), aquele estoque vai se alterando com o passar dos dias, dos meses ou do ano. ii) Mercados Todos temos na cabeça um quase perfeito conhecimento do que seja mercado. Mas, se você pergunta a um seu colega o que ele entende por “mercado”, é quase certo que ele vai gaguejar, dissimular, tentar explicar, mas no fundo não vai saber definir o que seja esta palavra. Então, vamos lá, tentar clarear a cabeça de seu amigo: Mercado é lugar no qual compradores e vendedores se encontram para comprar ou vender bens, serviços e recursos. Existe um mercado para cada bem ou serviço, como também existe o mercado para um país como um todo. Você tanto houve falar no mercado de automóveis ou no mercado de feijão, como no mercado brasileiro de café, de trabalho, etc. E, dependendo do número de agentes que atuam em determinado mercado – quantos compradores e ofertadores existem do produto – este mercado receberá uma www.pontodosconcursos.com.br

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denominação diferente (como monopólio, oligopólio, etc), mas isso será visto com mais detalhes na próxima aula. iii) Função Por fim, um outro termo que aparece muito nos textos de economia é “função”. Uma função nada mais é que uma relação matemática entre os valores de duas ou mais variáveis. A função mostra como o valor de uma determinada variável – chamada “variável dependente” – depende do ou varia com o valor de uma ou mais variáveis - chamadas “independentes”. Assim, por exemplo, a função-demanda de um produto no mercado mostra a relação entre a quantidade demandada de um produto num período e o preço deste produto (mantendo o valor das demais variáveis constante!). À medida que variamos os preços de determinado produto, vão variando também as quantidades demandadas desse produto. Você seria capaz de lembrar de alguma outra função, em Economia? Se não se lembra, dê uma olhada nos exemplos que aparecem na “nota de rodapé” abaixo6. 1.9. Resumindo esta nossa primeira aula Em resumo, esta nossa primeira aula serviu para introduzir aqueles não iniciados em Economia ao mundo maravilhoso desta Ciência. Para aqueles que já têm uma certa base na disciplina, esta aula deve ter sido útil para relembrar conceitos básicos que nos serão bastante úteis quando começarmos a estudar a Macroeconomia, já a partir da terceira aula. Hoje, nós vimos os diversos conceitos de bens, o conceito e a diferença de consumo e investimento, revisamos 6

São inúmeros os exemplos de “função” na teoria econômica, como a função consumo (C = bYd), a função poupança (S = sYd), a função oferta (Qs = fP); a função investimento (I = i r), e tantos outros.

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o funcionamento do sistema econômico – seus fluxos e agentes – e, por fim, analisamos o conceito de “equilíbrio” econômico, enfocando as situações de equilíbrio e desequilíbrio macroeconômico e suas conseqüências para o nível de emprego, de renda e de produto. Na nossa próxima aula – a 2ª de uma série de 12 aulas nós continuaremos introduzindo alguns conceitos econômicos básicos, quando vamos estudar os tipos de mercado existentes e a lei da oferta e da procura. Até nossa próxima aula, mas, antes, dê uma olhada nos exercícios de revisão do que foi visto até aqui. Uma boa sorte para você, um abraço e até nosso próximo encontro! _________________________

Exercícios de revisão: 1. Complete: I - Só a limitação física não produz escassez; o ar e a água do mar são limitados em quantidade, mas não caracterizam um problema econômico, porque, em circunstâncias normais, não são _________________, porque___________________ II - Economia e escassez estão tão interligados que um bem escasso é chamado de ___________________________, e um bem que não é escasso é denominado de _____________________. III -Os recursos que entram no processo produtivo são chamados de ____________________. Já o resultado do processo de produção é chamado de __________________________. IV - Classifique os itens abaixo (terra, trabalho ou capital): 1. Terra usada para uma barragem ____________________ 2. Terra usada numa horta _____________________ 3. Um triturador de milho _________________________

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CURSOS ON-LINE – ECONOMIA I – PROF. MOZART FOSCHETE 22 4. Uma batedeira de bolo _______________________ 5. Os serviços de uma empregada doméstica _____________ 6. A água usada por engarrafador de cerveja ______________ V - Na terminologia econômica, os meios (ou fatores de produção) produzidos são chamados de _________________________. VI - Recordando, faça a distinção entre: - Bens e serviços; - Bens de consumo e bens de capital; - Poupança e investimento. 2. Com relação ao fluxo circular da atividade econômica, para que o sistema econômico funcione em equilíbrio, é necessário e suficiente que: a) S = I; b) G = T e S = I; c) S = I e X = M; d) G = S, T = M e X = I; e) S = I, T = G e X = M. 3. Com relação, ainda, ao ciclo da atividade econômica, marque C (certo) ou E (errado) sentenças abaixo. a) ( ) A oferta de bens e serviços é tipicamente um fluxo real. b) ( ) O sistema econômico conta com dois mercados distintos: um de fatores de produção e outro de bens e serviços. c) ( ) O sistema econômico estará em equilíbrio se, e somente se, o total de poupança for igual ao total de investimentos. d) ( ) As empresas, as unidades familiares e o governo são os agentes econômicos do sistema. e) ( ) O sistema econômico só estará em equilíbrio se todas as rendas geradas no processo produtivo forem gastas. f) ( ) A poupança se constitui numa “injeção” do fluxo monetário. g) ( ) As unidades familiares são os agentes demandantes tanto dos fatores de produção como dos bens e serviços. h) ( ) Se o total de injeções for igual ao total de vazamentos, o sistema econômico estará em equilíbrio, mas sem qualquer estímulo à expansão. i) ( ) Se o total das injeções for menor que o total de vazamentos, haverá recessão com inflação. www.pontodosconcursos.com.br

CURSOS ON-LINE – ECONOMIA I – PROF. MOZART FOSCHETE 23 j) ( ) As importações são consideradas vazamentos no fluxo de renda. k) ( ) O processo produtivo dá origem a dois fluxos distintos: o da renda (pagamento aos fatores de produção) e o fluxo real (oferta e procura dos bens e serviços). l) ( ) O processo produtivo mostra que a economia sempre e obrigatoriamente estará em equilíbrio, já que o valor da renda gerada é, por definição, igual ao valor dos bens e serviços produzidos. m) ( ) Os gastos do governo são considerados “injeções”, desde que sejam iguais ao montante dos impostos arrecadados. n) (

) Os serviços dos fatores de produção fluem das famílias para as empresas, enquanto o fluxo contrário, da renda, destina-se ao pagamento de salários, aluguéis, juros e lucros.

.............. Gabarito com alguns comentários: 1. I - escassos; existem em relativa abundância; II - bem econômico; bem livre; III - fatores de produção; bens e serviços; IV - 1. terra; 2. terra; 3. capital; 4. capital; 5. trabalho; 6. terra. V - bens de capital; VI- ambos são o resultado do processo produtivo; bens: são coisas concretas, tangíveis; serviços: são coisas intangíveis; bens de consumo: são bens destinados a satisfazer necessidades pessoais; bens de capital: são bens produzidos para produzir outros bens (ex. máquinas); poupança: é a parte da renda que não é gasta ou consumida; investimentos: são gastos voltados para aumentar a capacidade produtiva da firma ou do país. 2. E 3. a) C;

b ) C;

c) E - Comentário: Recorde-se que, para que o sistema econômico funcione em equilíbrio, é necessário que todas as rendas sejam gastas. Se o proprietário da renda, por algum motivo não gastá-la inteiramente (porque quis poupar uma parte, ou porque o governo lhe tomou uma parte via impostos), alguém tem de gastá-la em seu lugar. Assim, não basta que a poupança seja igual aos investimentos para a economia estar em equilíbrio; é necessário que todas as demais injeções sejam iguais aos respectivos vazamentos. Do contrário, ou sobra ou falta produto na economia, provocando, assim, uma situação de desequilíbrio. d) C – Comentário: Esta afirmativa está correta desde que a análise esteja considerando uma economia “fechada”, isto é, sem relações comerciais e financeiras com o exterior. Se “abrirmos” a economia, ou seja, considerando-se uma economia “aberta”, temos de acrescentar entre os agentes econômicos o “setor externo” ou o “resto do mundo”. www.pontodosconcursos.com.br

CURSOS ON-LINE – ECONOMIA I – PROF. MOZART FOSCHETE 24 e) C – Comentário: veja comentário do item (c), acima. f) E; g) E – Comentário: As unidades familiares ofertam recursos ou fatores produtivos e demandam bens e serviços das empresas. Já estas últimas demandam fatores produtivos e ofertam bens e serviços para as famílias. h) E – Comentário: Sim, o sistema econômico estará em equilíbrio, mas haverá estímulo, sim, ao crescimento. Ao verem que todos os seus produtos foram vendidos, as empresas estarão interessadas em produzir mais no próximo ano. Neste caso, a economia crescerá a taxas moderadas, algo entre 3% e 5% ao ano. i ) E;

j)C;

k) C;

l)E – Comentário: Realmente, por definição matemática, o valor total das rendas é igual ao valor total dos bens e serviços. Mas, para a análise do equilíbrio importa mesmo é verificar se todas as rendas foram gastas, adquirindo todos os produtos oferecidos. m) E – Comentário: Os gastos do governo são considerados injeções, independentemente de serem iguais, maiores ou menores do que os impostos arrecadados. Em economia, gastos são sempre injeções (inclusive o consumo das famílias). n ) C. Até nossa próxima aula! .-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.--.-.-.-.-.-.-.-.

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AULA 2: ESTUDO DO MERCADO: DEMANDA E OFERTA Nesta nossa 2ª aula, nós continuaremos discutindo tópicos de microeconomia que serão fundamentais para o nosso entendimento da Macroeconomia – que é, como você sabe, o objetivo maior de nosso curso de Economia I. Nós vamos aqui desenvolver uma teoria simples do funcionamento do mercado, sua estrutura, a atuação da lei da oferta e da demanda e como são definidos os preços numa economia capitalista, onde o governo não interfere na economia.

2.1. Introdução Costuma-se dizer que, numa economia capitalista, os problemas econômicos relativos à decisão sobre que tipos de produtos devem ser produzidos e a que preços serão vendidos esses produtos são resolvidos normalmente pelo livre jogo das forças de mercado – isto é, pelo livre funcionamento da oferta e da demanda. Nesta hipótese, as decisões e escolhas econômicas são individualizadas e feitas pelos consumidores – que são os demandantes dos bens e serviços – e pelos produtores – que são os ofertantes. Agindo de acordo com seus próprios interesses, os indivíduos, afetando e sendo afetados pelo sistema de preços, tomam as decisões que maximizarão a satisfação coletiva. Nosso propósito nesta nossa segunda aula não é desenvolver uma teoria completa da demanda e da oferta e de determinação de todos os preços numa economia. Nosso objetivo aqui é, antes, o de introduzir uma visão simplificada

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de como atua um sistema de preços e sua influência na alocação de recursos escassos. Ocorre, porém, que a determinação do preço e da quantidade produzida de um bem ou serviço depende essencialmente do número de agentes econômicos – demandantes e ofertantes – existentes nesse mercado. Por isso, é interessante caracterizar, antes, os diversos tipos de mercado existentes. O mercado, como você sabe, é o local onde se encontram os vendedores e compradores de determinados bens e serviços. Antigamente, a palavra mercado tinha uma conotação estritamente geográfica, mas isso já está deixando de ser assim. Hoje, com os avanços tecnológicos nas comunicações, as transações econômicas podem se realizar sem contato pessoal direto entre comprador e vendedor, tal como ocorre nas compras e vendas pela internet. Dito isso, vamos, então, conhecer os diversos tipos ou estruturas de mercado existentes.

2.2. Estruturas de mercado Um mercado é constituído de compradores e vendedores. A palavra mercado pode tanto se referir a uma economia como um todo – o mercado brasileiro ou mercado de São Paulo, por exemplo – ou a um produto ou um setor específico qualquer – o mercado de trabalho, o mercado agrícola, o mercado de automóveis, de calçados ou de livros. Observa-se, de outra parte, que as relações entre compradores e vendedores seguem padrões diferentes, dependendo do tamanho desse mercado, do número de agentes econômicos (vendedores e compradores) que nele atuam e até mesmo do tipo de produto comercializado. Como resultado, a forma como os preços são determinados varia de acordo com as características de cada mercado. Essas

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características permitem diferenciar quatro estruturas básicas de mercado: i) Concorrência perfeita ii) Monopólio iii) Oligopólio iv) Concorrência monopolística. Geralmente, na literatura econômica, o monopólio, o oligopólio e a concorrência monopolística são chamados de mercados imperfeitos. Vejamos, então, as características distintivas de cada um desses mercados.

. A concorrência perfeita Falemos, primeiro, da concorrência perfeita: para que um mercado seja caracterizado como de concorrência perfeita é necessário que preencha as seguintes condições básicas: a) existência de um número elevado de vendedores e compradores independentes, cada qual muito pequeno em relação a esse mercado como um todo, sendo, em conseqüência, incapaz de afetar os níveis de oferta e procura do produto e o seu preço. A essa característica costuma-se denominar de “atomização”. b) todas as firmas desse mercado vendem produtos homogêneos (idênticos ou substitutos próximos), de tal modo que os compradores possam comparar os preços; c) conhecimento ou informação perfeita das condições do mercado, tanto pelos vendedores como pelos compradores, para que todos possam competir em pé de igualdade; d) livre entrada e saída de empresas no mercado, ou seja, não há restrições para que uma empresa nova entre no mercado ou dele queira sair; e inexistência de www.pontodosconcursos.com.br

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associações de produtores visando impedir ou inibir a entrada de novas empresas. d) perfeita mobilidade de fatores de produção, significando que a mão-de-obra e outros fatores produtivos de uma empresa para outra ou de uma região para outra. Na concorrência perfeita, é o mercado que estabelece o preço do produto, eliminando toda e qualquer possível exploração do consumidor, fazendo com que os preços sejam “justos”, no sentido de que sejam iguais aos custos (incluindo nesses o chamado “lucro normal”). O produtor, por ser um “átomo” nesse mercado, recebe o preço como dado, não tendo qualquer poder de alterá-lo. Examinando as características distintivas do mercado de concorrência perfeita, você já deve ter percebido que este mercado não é facilmente encontrado na prática. O exemplo mais próximo de um mercado de concorrência perfeita seria a bolsa de valores: o produto ali transacionado é homogêneo – digamos, uma ação ordinária do Banco do Brasil; existem diariamente milhares de compradores e de vendedores desta ação; todos os agentes econômicos que ali atuam têm perfeito conhecimento dos preços praticados para esta ação; e, por fim, há livre entrada de compradores e vendedores nesse mercado. Um outro mercado também citado como próximo da concorrência perfeita é o de produtos agrícolas, como parece ocorrer, por exemplo, com o mercado de arroz – um produto padronizado, existindo milhares de vendedores e de compradores desse produto no mercado.

. Monopólio O monopólio é um tipo de mercado diametralmente oposto à concorrência perfeita. É o caso limite onde só existe um produtor ou fornecedor de um bem ou serviço. Nessa situação, o monopolista tem controle absoluto sobre o preço

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de seu produto. Mas, isso não significa que o monopolista fixará o preço no nível mais alto que ele puder. Na verdade, considerando que a demanda pelo seu produto pode reagir ao aumento de preço, o monopolista irá fixá-lo no nível em que seus lucros totais sejam maximizados – o que pode ocorrer a um preço relativamente baixo. Exemplos de monopólio são as empresas fornecedoras de energia elétrica, algumas de telefonia e a própria Petrobrás. Uma figura de comportamento similar ao monopólio e que é pouco divulgada e conhecida é o monopsônio – caracterizado pelo mercado onde existe um só comprador do produto considerado. Seu poder de estabelecer o preço é o mesmo do monopólio. Um exemplo comum desse tipo de mercado ocorre com os pequenos e inúmeros produtores de leite da zona oeste de Minas Gerais que, sem alternativa, se vêem obrigados a vender o produto para apenas uma grande empresa pasteurizadora sem concorrentes na região. Nesta situação, a empresa compradora (única da região) tem perfeitas condições de impor os preços para a compra do leite.

. Oligopólio O oligopólio é um tipo de mercado que se diferencia da concorrência perfeita pelas seguintes características principais: a) o mercado é dominado por um número pequeno de grandes empresas; b) na maioria dos casos, muito embora possa haver diferenciação entre os produtos das diversas firmas, eles são perfeitos substitutos entre si, como é o caso do setor de eletrodomésticos, sabão em pó, automóveis, cimento, etc. c) como, na maioria dos casos, 80% a 90% do mercado é dominado por um pequeno número de grandes

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empresas, existe um relativo controle de preços por estas firmas, através de acordos ou conluios; d) as empresas do setor tentam ganhar mercado através de uma massiva publicidade, e nunca através de redução de preços; e) a ação de uma firma afeta as demais, tornando-as interdependentes, apresentando, geralmente, um firma maior que se comporta como líder das demais. São inúmeros os exemplos de mercados oligopolísticos. Aliás, a característica dominante da economia brasileira é o alto grau de oligopolização de suas indústrias, como são exemplos a indústria automobilística, a indústria de aparelhos de tv, de geladeiras, de aparelhos de som, de cimento, de sabonetes, de pasta de dente, e inúmeros outros.

. Concorrência monopolística Concorrência monopolística é um mercado onde existem várias pequenas empresas disputando o mesmo tipo de cliente, caracterizando uma situação mais ou menos eqüidistante da concorrência perfeita e do monopólio. Geralmente é encontrada no mercado de varejo. Suas características principais são: a) geralmente cada empresa tem seu próprio produto que, embora possa ser substituto próximo dos demais, apresenta característica diferenciadora de firma para firma; b) são todas firmas de porte e poder de concorrência relativamente semelhantes, o que limita bastante seu controle sobre seu preço; Exemplos de concorrência monopolística são as butiques de um shopping, os restaurantes, as escolas privadas, as padarias, as pequenas mercearias, etc.

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São essas as principais estruturas de mercado existentes. Feita esta abordagem, temos, agora, condições de analisar como funcionam as forças de mercado – isto é, a oferta e a demanda - num sistema econômico capitalista, e como são determinados os preços dos bens e serviços em geral, sem que o governo interfira nesse processo.

2.3. Um exemplo simples de como funciona o mercado Para iniciar, vamos supor que numa determinada cidade exista uma feira livre onde são vendidas semanalmente, entre outros produtos, uma certa quantidade X de laranjas e uma quantidade Y de maçãs. Suponhamos mais que, por uma razão qualquer, verifica-se uma mudança na preferência dos consumidores e, em conseqüência, a demanda por laranjas tenha aumentado (talvez porque alguém tenha espalhado o boato de que a laranja é melhor para a saúde do que a maçã). Dado que a renda ou o poder aquisitivo dos consumidores não se alterou, esta preferência por mais laranjas só será satisfeita se ocorrer uma queda na demanda por maçã. Como a produção de maçãs e de laranjas permanece inicialmente a mesma de antes, o que acontecerá com os preços desses dois produtos? Ora, o aumento na procura de laranjas provocará uma falta deste produto, enquanto a queda na demanda por maçã provocará um excesso de oferta deste produto. Em conseqüência, o preço da laranja se elevará, enquanto os vendedores tratarão de reduzir o preço da maçã para acabar com o estoque. Como, agora, os lucros da venda de laranjas são maiores, os produtores irão transferir recursos (ou fatores) da produção de maçãs para a de laranjas, aumentando a oferta destas e reduzindo a oferta daquelas. Obviamente, com o aumento da quantidade de laranjas, seus preços deverão cair um pouco, enquanto os preços das www.pontodosconcursos.com.br

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maçãs (agora, reduzidos) se elevarão ligeiramente. Enquanto o preço das laranjas for compensador (mais lucrativo), os produtores continuarão transferindo recursos para sua produção – isto é, até que o conseqüente declínio de seus preços não mais compense essa transferência. No final desse processo, os níveis de produção e de preços de ambos os produtos se estabilizarão – com o preço da laranja mais alto e o da maçã mais baixo que inicialmente – enquanto se registrou uma alteração na utilização dos recursos produtivos entre os dois produtos. E lembre-se que todas essas mudanças ocorreram em função de uma simples mudança no gosto dos consumidores e da conseqüente atuação do mecanismo de preços de mercado. Se entendemos bem esse mecanismo, podemos agora analisar mais concretamente o comportamento dos consumidores e dos produtores, isto é, da demanda e da oferta. Comecemos pela demanda.

2.4. A lei da demanda Suponha que você vá a um restaurante para almoçar com seus parentes e o garçom lhe entregue o cardápio. O que influencia a sua escolha? Ainda que lhe pareça embaraçoso admitir, é forçoso reconhecer que a primeira coisa que você olha é o preço dos diversos pratos. O preço, sem dúvida, é o principal fator que influencia a compra de qualquer produto pelo consumidor. Mas, você há de convir que a escolha de uma determinado prato - digamos, peixe - irá depender não só de seu preço mas, também, do preço de outras carnes, do preço das massas etc., que servem como substitutos. Obviamente, quanto mais alto o preço do peixe em relação aos demais pratos, mais propenso você estará a pedir carne de vaca, frango ou mesmo massas. Mas, se os preços forem mais ou menos iguais ou se, para você, a diferença de preços

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não pesar muito, você escolherá de acordo com seu gosto. De qualquer modo, você escolherá pratos e outros complementos tendo em vista o que você pode ou está disposto a gastar, isto é, de acordo com sua renda. Se considerarmos que o restaurante onde você está é freqüentado por outras pessoas de sua cidade, podemos também concluir que a quantidade de filé, de frango ou de massa vendida por esse restaurante, no período do almoço, dependerá, também, do número de habitantes da cidade. Deve-se esperar que, numa cidade pequena, os freqüentadores de restaurantes são em menor número que numa cidade grande. E assim por diante. Vemos com esse exemplo simples que sua escolha – e, generalizando, a das demais pessoas - foi influenciada por diversos fatores ou variáveis que, de modo geral, serão as mesmas que o influenciarão em outras ocasiões ou em outras escolhas. Dessa forma, podemos listar pelo menos cinco fatores principais que influenciam a quantidade de um bem qualquer demandada pelos consumidores de um determinado mercado, a saber: · Preço do bem (Px) · Preços de outros bens substitutos ou concorrentes (Pc) · Gosto ou preferência do consumidor (G) · Nível de renda do consumidor (Y) . Tamanho do Mercado (M) ou, em linguagem matemática, podemos dizer que a quantidade demandada (Qd) de um bem X é expressa por: QdX = f(Px, Pc, G, Y, M) Como é difícil dimensionar a influência ou o peso exato de cada um desses fatores na demanda por um bem, os economistas costumam fazer variar um desses fatores (por exemplo, preço subindo, preço caindo) e ver seu efeito sobre a demanda por um bem, enquanto os demais fatores www.pontodosconcursos.com.br

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permanecem constantes. A questão, então, seria: O que acontece com a demanda por um produto X se seu preço variar, enquanto a renda, o gosto e o preço de outros produtos não variam? Simplificadamente, então, QdX = f(P) com tudo o mais permanecendo constante (esta é a conhecida condição ceteris paribus). Normalmente, teremos uma relação inversa entre o preço do bem e a quantidade demandada. Quando o preço do bem cai, o bem fica mais barato em relação ao preço de seus concorrentes e, em conseqüência, os consumidores estarão dispostos a adquirir maiores quantidades desse bem. Se o preço se elevar, a reação dos consumidores será oposta. Daí, podemos derivar a seguinte definição da lei da demanda: A escala de demanda de mercado de um produto qualquer mostra as diferentes quantidades que os consumidores estão dispostos e aptos a adquirir em um dado período de tempo, quando o seu preço varia. A escala de demanda de mercado é o resultado da soma das escalas de demanda de todos os indivíduos no mercado. Vamos supor que uma pesquisa de mercado junto aos potenciais compradores de um produto qualquer (digamos, sandálias Melissa) apontou os resultados constantes da Tabela 2.1, onde estão relacionados diferentes preços e diferentes quantidades demandadas daquele produto. Tabela 2.1 ESCALA DE DEMANDA DE MERCADO DA MELISSA Preço (R$ por par)

Quantidade demandada (por mês)

200

1.000

160

1.500

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120

2.500

80

4.000

40

6.000

A Tabela 2.1 mostra que, ao alto preço de R$ 200,00, apenas 1.000 pares seriam comprados por mês. Se o preço caísse para, digamos, R$ 120,00, os consumidores adquiririam 2.500 pares, e assim por diante. Ou seja, à medida que o preço se reduz, maiores serão as quantidades demandadas e vice-versa. Essas informações podem ser colocadas num gráfico cartesiano, gerando a curva de demanda de mercado, tendo no eixo vertical os diferentes preços e no eixo horizontal as respectivas quantidades demandadas, conforme mostra a Figura 2.1. Figura 2.1

P 200 160 120 80 40 1000 1500

2500 4000 6000

Como se constata, a curva de demanda é negativamente inclinada (da esquerda para a direita) indicando que os consumidores estarão dispostos e aptos a comprar mais de uma mercadoria a preços mais baixos. Isso é conhecido como a lei da demanda e ocorre por duas razões principais: primeiro, porque à medida que o preço de uma mercadoria baixa, os indivíduos substituem outras mercadorias por esta

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em seu consumo; segundo, porque quando o preço baixa os consumidores se tornam “mais ricos” em termos reais. Mas uma questão importante é: qual será o preço deste produto (no caso, Melissa), já que temos vários preços e várias quantidades? Infelizmente, ainda não temos condições de saber. Precisamos, antes, analisar o outro lado do mercado – o lado dos produtores ou ofertantes.

2.5. A lei da oferta A exemplo da demanda, as quantidades ofertadas de um bem qualquer dependem de vários fatores, valendo mencionar os seguintes: i) o preço do produto considerado (Px) – obviamente, quanto maior for o preço de um bem (ceteris paribus), maior será a quantidade que os produtores gostariam de oferecer no mercado; ii) preços de outros bens (Pi)– se os preços de outros bens (de tecnologia de produção semelhante) subirem e o preço do bem X não se alterar, os produtores procurarão reduzir a produção de X e tentarão produzir esses bens cujos preços estão subindo; iii) preços dos fatores de produção (Pf)– o preço dos fatores determina o custo de produção. Se o preço dos fatores se elevar, os custos se elevarão, o que pode provocar uma queda na produção e conseqüente redução da oferta de um bem; e, ainda, iv) o nível da tecnologia empregada (T) – quanto mais moderna a tecnologia adotada no processo produtivo, maior é a quantidade produzida por fator empregado, reduzindo o custo de produção e, portanto, aumentando a oferta do produto para qualquer nível de preço.

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Assim, as quantidades ofertadas de um produto X qualquer, podem, matematicamente, ser representadas da seguinte forma: QsX = f(Px, Pi, Pf, T) onde, Qsx representa a quantidade ofertada do bem X (o s – símbolo de oferta – vem do inglês supply). Também, a exemplo do que foi dito no caso da demanda, os economistas costumam considerar fatores os Pi, Pf e T invariáveis e, então, analisam preliminarmente os efeitos de variações no preço do produto (Px) sobre as quantidades ofertadas. Com esta hipótese de ceteris paribus, a quantidade ofertada de um produto qualquer, X, passa a ser definida por: QsX = f(P) Ou seja, A oferta é definida como “as diferentes quantidades de um bem ou serviço que os produtores estão dispostos e aptos a vender, durante um certo tempo, a diferentes preços, ceteris paribus”. E, intuitivamente, podemos afirmar, com a hipótese ceteris paribus, de que quanto maior o preço de um bem, mais interessante se torna produzi-lo e, portanto, a oferta será maior e vice-versa. A Tabela 2.2 mostra dados hipotéticos de vários níveis de preços e as diferentes quantidades que os produtores estarão dispostos e aptos a oferecer no mercado (no caso, também de sandálias Melissa). Tabela 2.2 ESCALA DE OFERTA DE MERCADO DA MELISSA Preço (R$ por

Quantidade ofertada

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par)

(por mês)

200

5.000

160

4.000

120

2.500

80

1.000

40

500

A Tabela 2.2 mostra que, ao alto preço de R$ 200,00 por par, os produtores estarão dispostos a oferecer 5.000 pares no mercado, enquanto que ao baixo preço de R$ 80,00, por exemplo, eles oferecerão apenas 1.000 pares, e assim por diante. Ou seja, ao contrário dos consumidores, à medida que o preço se reduz, menores serão as quantidades que os produtores estarão dispostos a vender no mercado. A representação gráfica da escala de oferta nos fornece a curva de oferta, conforme mostra a Figura 2.2. Figura 2.2 Px

200 S

160 120 80 40 500

1000

2500

4000

6000

Qsx

Conforme você pode verificar, a curva de oferta é, em geral, positivamente inclinada (da esquerda para a direita), indicando o fato de que quanto mais altos forem os preços, maiores quantidades de um produto serão ofertadas no

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mercado. Trata-se de uma relação direta entre preços e quantidades ofertadas. Conhecido, agora, o comportamento de ambos os lados – isto é, dos consumidores e dos produtores – diante de variações nos preços, já temos condições de verificar a que preço o produto será vendido no mercado.

2.6. Preço de Equilíbrio O preço de equilíbrio é aquele em que a quantidade de uma mercadoria que os consumidores estão dispostos e aptos a adquirir, durante um determinado tempo, é exatamente igual à quantidade que os produtores estão dispostos e aptos a oferecer no mercado. Para descobrir que preço é esse, podemos analisar a Figura 2.3, onde estão desenhadas as curvas de demanda e de oferta tal qual as desenhamos anteriormente. Figura 2.3 P

S

200 160 120 80 40

D 1000 2000 3000 4000 5000 Q

Suponhamos que o preço seja, inicialmente, fixado em R$ 200,00 o par. A esse preço, a demanda por Melissa será de apenas 1.000 pares por mês, enquanto a oferta será de 5.000 www.pontodosconcursos.com.br

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pares. Assim, há um excesso de oferta e, conseqüentemente, os preços começam a cair. Mas, é bom observar que os preços não vão despencar de repente. Os preços vão caindo aos poucos, enquanto houver produto sobrando. E, de outra parte, vale notar que, à medida que P vai caindo, a oferta vai se reduzindo e a demanda vai se elevando. Agora, suponhamos que os preços sejam fixados em R$ 80,00 o par. A esse preço, os consumidores estarão dispostos a comprar 4.000 pares, mas os produtores só ofertarão 2.000 pares. Há, então, um excesso de demanda em relação à oferta e, conseqüentemente, os preços começam a se elevar. Mas, observe-se que, à medida que os preços vão se elevando, a demanda vai-se reduzindo e a oferta vai-se expandindo. Os preços continuam subindo enquanto a demanda for maior que a oferta. Ao final desse processo de ajustamento vemos que, ao preço de R$ 120,00 o par, a quantidade demandada de Melissa será de 3.000 pares, igualando exatamente a quantidade ofertada. Como a esse preço a demanda e a oferta são iguais, não haverá pressão para que o preço caia ou se eleve. Este, então, é o preço de equilíbrio. Resumindo tudo isso, temos: D<S

P se reduz

D>S

P se eleva

D=S

P não se altera

2.7. Variações na Demanda e na Oferta Como você viu, na definição da curva de demanda por um bem, fizemos a hipótese de que todos os demais fatores que a afetam (renda, gosto, etc.) permaneceram inalteradas. Agora, vamos imaginar uma situação em que esses fatores que, por hipótese, estavam constantes, variem (sempre cada um isoladamente). O que nós vamos observar é que, se qualquer desses fatores se alterar, a curva de www.pontodosconcursos.com.br

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demanda também se modificará. Assim, por exemplo, se a renda (real) dos consumidores se elevar, se suas preferências pela mercadoria aumentarem, ou se os preços dos bens substitutos se tornarem mais altos, haverá um aumento na demanda do bem considerado para qualquer preço anterior. Assim, no caso da sandália Melissa, por exemplo, ocorrendo alguns dos fatos acima, uma maior quantidade de Melissa será demandada aos níveis de preços de R$ 140,00 ou de R$ 120,00, etc., o que deslocará a curva de demanda para cima e para a direita, como mostra a Figura 2.4. Como haverá um excesso de demanda, o novo preço de equilíbrio será, agora, mais alto. Figura 3.4.

Figura 3.5 P

P

S1 S2 160

S

140

140 120 D2

D

D1 3000 3500

Q

3000

3500

Q

O mesmo pode ser dito em relação à curva de oferta de uma mercadoria. Também aqui, se o preço dos fatores se reduzir, ou se a tecnologia melhorar ou, ainda, se o número ou tamanho dos produtores aumentar, haverá um aumento na oferta do produto para qualquer preço anterior. Assim, ocorrendo um dos fatores acima, a oferta de Melissa será maior aos preços de R$ 160,00, R$ 140,00, etc., provocando um deslocamento da curva de oferta para baixo e para a direita, como mostra a Figura 3.5. Como haverá um excesso

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de oferta sobre a demanda, a tendência será uma redução do preço de equilíbrio. Observe, no entanto, que a alteração da demanda ou da oferta pode ocorrer em virtude de variações no preço do produto considerado e não, necessariamente, por variações daqueles fatores que estavam, por hipótese, constantes (gasto dos consumidores, nível de renda dos consumidores, custo de produção, preço de produtos substitutos, etc). Dessa diferença surgem dois conceitos distintos: i) Variação da quantidade demandada (ou ofertada) – ocorre quando o preço do bem considerado varia, implicando um deslocamento ao longo da curva de demanda (ou de oferta). ii) Variação da demanda (oferta) – ocorre quando outros fatores, exceto o preço, variam, implicando deslocamento da curva de demanda para a direita ou esquerda (caso seja um dos fatores que influem na demanda) ou da curva de oferta (caso se trate de um fator que afete a oferta).

2.8. Resumo desta 2ª aula Bem, nesta 2ª aula, nós vimos os diversos tipos de mercado existentes, suas características distintivas e, a seguir, vimos como funciona o mercado de um produto qualquer, analisando a famosa lei da oferta e da procura – uma lei que, apesar de várias tentativas de presidentes e dirigentes políticos para revogá-la, permanece imutável e eterna. O perfeito entendimento do funcionamento desta lei será fundamental para a compreensão dos tópicos de macroeconomia que veremos mais adiante. Antes de encerrar esta nossa aula, porém, gostaria de mostrar a você, no Apêndice a seguir, uma outra forma um

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pouco mais analítica, com um tratamento matemático, das funções demanda e oferta, tal como costuma aparecer nos exercícios e provas de concursos sobre esse tema. ................................................ APÊNDICE: UMA ILUSTRAÇÃO MATEMÁTICA DAS

FUNÇÕES DEMANDA E OFERTA

1. A função demanda Vamos supor que a demanda pelo bem X seja expressa matematicamente da seguinte forma: QdX = f(Px, Y, Pc) Onde, Y é o nível de renda e Pc o preço do produto concorrente. Se, por hipótese, a função demanda fosse linear, e colocando números na expressão acima, poderíamos ter, por exemplo: Qdx = -3Px – 1,5Pc + 0,1Y Supondo, agora, que as variáveis assumam os seguintes valores: Px = 8 Pc = 10 Y = 800 e, substituindo esses valores na função acima, teremos: Qdx = (-3 x8) – (1,5 x 10) + (0,1 x 800) Qdx = - 24 – 15 + 80 Qdx = 41 Ou seja, com os valores acima para Px, Pc Y, a quantidade demandada do bem X será de 41 unidades por unidade de tempo. www.pontodosconcursos.com.br

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Agora, vamos supor que a condição ceteris paribus prevaleça para os valores de Pc e de Y (isto é, que seus valores permaneçam constantes em 10 e 800, respectivamente. Com esta hipótese, a curva de demanda do bem X será dada por: Qdx = -3Px – 1,5 x 10 + 0,1 x 800 Qdx = -3Px – 15 + 80 Qdx = 65 – 3Px E a representação gráfica dessa última expressão será: Px 21,7

Dx 65

Qx

O gráfico acima mostra que, se o preço de x cair a zero, a quantidade máxima do bem X que os seus consumidores iriam adquirir seria 65 unidades. Da mesma forma, R$21,70 seria o preço que anularia a demanda de X, ou seja, este seria um preço que nenhum consumidor estaria disposto a pagar por este bem. Agora, vamos supor que a renda do consumidor subisse para 1000, e fazendo as devidas substituições na equação original acima, teremos um novo valor (mais alto) para a quantidade demandada, ou seja: Qdx = -3Px – 1,5 x 10 + 0,1 x 1000 Qdx = 85 – 3Px (que é nova curva de demanda) Esta nova quantidade demandada de X maior que a anterior é representada graficamente por um deslocamento para cima e para a direita da curva de demanda, como no gráfico abaixo: Px

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CURSOS ON-LINE – ECONOMIA I – PROF. MOZART FOSCHETE 28,3 21,7

Dx 65

D’x 85

Qx

Como o aumento da renda do consumidor provocou um aumento na quantidade demandada do bem X, este bem é, então, um bem normal (conforme nós já vimos na nossa Aula 1). Vamos supor, agora, que ao invés do nível de renda, o preço do bem C é que tivesse variado de, digamos, 10 para 14. Neste caso, fazendo as devidas substituições, teríamos: Qdx = -3Px – 1,5 x 14 + 0,1 x 800 Qdx = 59 – 3Px (que fornece a nova curva da demanda) e a curva de demanda teria se deslocado para a esquerda. Como o aumento do preço do bem C reduziu a demanda do bem X, estes dois bens são complementares1. Observe que nós poderíamos ter chegado a essas mesmas conclusões apenas analisando os sinais dos coeficientes das variáveis na função demanda. Assim: i)

Pela equação de demanda original, podemos ver que o coeficiente da variável renda é positivo (+0,1): isto significa que se a renda aumentar, o valor da Qd, aumentará também. Daí, podemos concluir que o bem X é um bem normal.

ii)

Caso o sinal do coeficiente da renda fosse negativo, um aumento da renda diminuiria a Qd e, portanto, o bem X seria inferior.

1

O conceito de bens complementares, substitutos, inferior, normal, superior, etc., foi desenvolvido em nossa Aula 1. Se você já esqueceu esses conceitos, dê uma revisitada naquela aula.

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iii)

O sinal do coeficiente do preço do outro bem (C) é negativo (-1,5). Isso significa que se o preço do bem aumentar, a Qdx diminuirá e, logo, X e C são complementares (se o preço do carro aumentar, ceteris paribus. Já se o sinal do coeficiente do bem C fosse positivo, um aumento de Pc aumentaria também a Qdx e, conseqüentemente, X e C seriam substitutos ou concorrentes.

2. A função oferta Se, por hipótese, a função oferta fosse linear, nós poderíamos representar esta função, por exemplo, por: Qsx = 5Px – 4Pi onde Qsx = quantidade ofertada do bem X; Pi = preços das matérias-primas para a fabricação de X. Assim, supondo Pi = 5 constante, a função oferta passa a ser: Qsx = 5px – 20 Esta função fornece a curva de oferta apresentada no gráfico abaixo. Px Qsx = 5px -20 4

Qsx E por que a curva altura do preço de da oferta acima, estarão dispostos

de oferta intercepta o eixo dos preços na 4 reais? Isso ocorre porque, pela equação pode-se deduzir que os produtores só a oferecer o bem X no mercado se os

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preços se situarem acima de 4 reais. Para preços abaixo de 4 reais, o custo das matérias-primas torna impraticável a produção deste bem. Se, por exemplo, Px = 3, e substituindo este preço na equação acima, teríamos uma produção negativa igual a 5 unidades (mas, claro, não existe produção negativa!). Já se Px = 4 reais, a produção seria zero. Para qualquer outro preço acima de 4, a produção se torna positiva e só a partir daí a análise da curva de oferta deste bem se torna relevante. Agora, imagine que o preço das matérias-primas (Pi) se eleve para 7,50. Nesta hipótese, teríamos: Qsx = 5Px – 4 x 7,50 Qsx = 5Px – 30 Agora, a oferta se torna compensadora a preços maiores que 6 reais, o que desloca a curva de oferta para cima, conforme se pode ver no gráfico abaixo: Px Qsx = 5Px -30 Qsx = 5Px - 20 6 4 Qsx _________________

Exercícios de revisão (com gabarito comentado ao final) Observação: Primeiro, tente fazer os exercícios e só depois vá até o gabarito para verificar seu desempenho. Assinale a alternativa correta: www.pontodosconcursos.com.br

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1. A quantidade demandada de um produto qualquer é influenciada pelos fatores abaixo, exceto: a) custo ou tecnologia de produção; b) gosto ou preferência do consumidor; c) nível de renda dos consumidores; d) preço do produto considerado; e)preço de produtos substitutos. 2. A quantidade ofertada de um produto qualquer é afetada pelos fatores abaixo, exceto: a) preço dos produtos com técnica de produção semelhante; b) renda dos consumidores; c) preço do produto considerado; d) custo ou tecnologia de produção. 3. Os fatores abaixo causam variação da demanda (deslocamento da curva), exceto: a) um aumento da renda real dos consumidores; b) mudança na preferência dos consumidores; c) mudança no preço dos produtos substitutos; d) mudança no preço do produto considerado; e) crescimento da população do mercado considerado. 4. Os fatores abaixo causam um deslocamento da curva de oferta, exceto: a) redução dos custos de produção; b) saída do mercado de diversos produtores; c) mudança do gosto ou preferência do mercado consumidor; d) variação do preço dos produtos de tecnologia similar; e) todas as alternativas anteriores. 5. Suponha que um determinado tipo de sandália feminina entrou na moda. A partir desta informação, pode-se esperar: a) um deslocamento da curva de demanda para a direita, e conseqüente redução de seu preço; b) um deslocamento da curva de oferta para a direita, e conseqüente queda no preço da sandália; c) um deslocamento tanto da curva de demanda como da curva de oferta para a direita; d) um deslocamento da curva de demanda para a direita e conseqüente aumento do novo preço de equilíbrio; e) um deslocamento ao longo das curvas de oferta e de demanda.

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CURSOS ON-LINE – ECONOMIA I – PROF. MOZART FOSCHETE 6. Com relação às curvas de oferta e demanda, estão corretas as afirmativas abaixo, exceto: a) se o preço do produto considerado se alterar, as duas curvas se deslocam; b) se o preço do produto substituto se elevar a curva de demanda se desloca para a direita; c) se o custo de produção se reduzir, a curva de oferta se desloca para a direita e para baixo; d) a curva de demanda não é afetada pela tecnologia de produção; e) o preço de equilíbrio é aquele que iguala as quantidades ofertadas e demandadas. 7. Numa economia em concorrência perfeita, as curvas de oferta e procura de determinado bem são Qs = 4P + 4 e Qd = 16 – 2P, onde Qs, Qd e p são, respectivamente, quantidades ofertadas e demandadas e P o preço. Neste caso, o preço e a quantidade de equilíbrio são, respectivamente: a) 120 e 20,00; b) indeterminados; c) 12 e 2,00; d) 10 e 15,00; e) 2,00 e 12. 8. Considerando os dados da questão 15, anterior, e supondo que o governo tabelou o preço de venda desse produto em 1,00, haverá um excesso de demanda igual a: a) 4 unidades; b) 14 unidades; c) 10 unidades; d) 6 unidades; e) impossível de definir. 9. Se a curva de demanda permanecer inalterada, deslocando-se para menos a curva da oferta: a) as quantidades transacionadas diminuem, mas o preço de equilíbrio não se altera; b) as quantidades transacionadas se reduzem, e o preço de equilíbrio deve se elevar; c) o preço de equilíbrio se altera para mais e somente a oferta crescerá; d) o preço de equilíbrio e as quantidades transacionadas movimentam-se na mesma direção, ambos se elevam;

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CURSOS ON-LINE – ECONOMIA I – PROF. MOZART FOSCHETE e) o preço de equilíbrio e as quantidades transacionadas se movimentam na mesma direção, ambos se reduzem. 10. Numa indústria em concorrência perfeita, a curva de oferta é definida por Qs = 600P – 1000, enquanto a curva de demanda é definida por Qd = 4500 – 400P. Neste caso, a quantidade transacionada de equilíbrio (Qe) e o preço de equilíbrio (Pe) serão, respectivamente: a) 2,00 a 5,50; b) 2300 e 5,50; c) 5,00 e 4500; d) 20,00 e 5500; e) 5,50 e 5500. 11. Sabe-se que o bem X é substituto do bem Y e que o mercado de X encontra-se em equilíbrio. Se ocorrer uma redução no preço de Y, com tudo o mais permanecendo constante, haverá repercussões no mercado de X. Não havendo tempo para que este mercado se reequilibre, observar-se-á a constituição de um excesso da: a) demanda sobre a oferta no mercado, com tendência à elevação do preço de X; b) oferta sobre a demanda no mercado, com tendência à redução do preço de X; c) demanda sobre a oferta no mercado, com tendência à redução do preço de X; d) oferta sobre a demanda no mercado, com tendência à elevação do preço de X; e) oferta sobre a demanda no mercado, com tendência à elevação do preço de Y. 12. Sabe-se que X é complementar de Y. Se ocorrer uma queda do preço de Y, ceteris paribus, haverá repercussões no mercado de X, levando-o, num primeiro momento, a uma situação de desequilíbrio. Caso haja tempo para que o mercado de X se reequilibre, deve-se esperar: a) uma redução do preço de X, porque a curva de oferta desse bem se deslocará para a direita, mantendo-se fixa a posição da curva de demanda; b) uma elevação do preço de X, porque a curva de oferta desse bem se deslocará para a esquerda, mantendo-se fixa a posição da curva de demanda. c) uma redução do preço de X, porque a curva de demanda desse bem se deslocará para a esquerda, mantendo-se fixa a posição da curva de oferta; www.pontodosconcursos.com.br

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CURSOS ON-LINE – ECONOMIA I – PROF. MOZART FOSCHETE d) uma elevação do preço de X, porque a curva de demanda desse bem se deslocará para a direita, mantendo-se fixa a posição da curva de oferta; e) uma elevação do preço de X, porque a curva de demanda desse bem se deslocará para a direita, mantendo-se fixa a posição da curva de oferta; 13. Sabe-se que X é um bem inferior. Se ocorrer um aumento na renda dos consumidores do bem, com tudo o mais permanecendo constante, haverá repercussões no mercado de X, levando-o, num primeiro impacto, a uma situação de desequilíbrio. Caso haja tempo para que o mercado se reequilibre, deve-se esperar: a) uma elevação do preço de X, porque a curva de oferta desse bem se deslocará para a esquerda, mantendo-se fixa a posição da curva de demanda; b) uma redução do preço de X, porque a curva de oferta desse bem se deslocará para a esquerda, mantendo-se fixa a posição da curva de demanda; c) uma redução do preço de X, porque a curva de demanda desse bem se deslocará para a esquerda, mantendo-se fixa a posição da curva de oferta; d) uma elevação do preço de X, porque a curva de demanda desse bem se deslocará para a direita, mantendo-se fixa a posição da curva de oferta. 14. Suponha que o mercado de X está equilibrado ao nível de Po e Qo e que X é substituto de outro bem Y. Se ocorrer um aumento no preço de Y, ceteris paribus, deve-se esperar: a) uma elevação do preço de X, porque a curva de demanda desse bem se deslocará para a direita, mantendo-se fixa a posição da curva de oferta; b) uma redução do preço de X, porque a curva de demanda desse bem se deslocará para a esquerda, mantendo-se fixa a posição da curva de oferta; c) uma redução do preço de X, porque a curva de oferta desse bem se deslocará para a direita, mantendo-se fixa a posição da curva de demanda; d) uma elevação do preço de X, porque a curva de oferta desse bem se deslocará para a esquerda, mantendo-se fixa a posição da curva de demanda.

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CURSOS ON-LINE – ECONOMIA I – PROF. MOZART FOSCHETE ESTRUTURAS DE MERCADO 15. São características da concorrência perfeita, exceto: a) atomização de vendedores e compradores; b) livre entrada e saída de compradores e vendedores; c) perfeito conhecimento das condições do mercado (preço e quantidade) pelos agentes econômicos; d) pequeno número de grandes empresas vendendo uma grande variedade de produto; e) produtos homogêneos. 16. São características do oligopólio, exceto: a) alto grau de controle sobre os preços pelas empresas participantes; b) grande nº de pequenas empresas vendendo produtos bastante diferenciados; c) as empresas não fazem guerra de preços; d) as empresas fazem guerra de publicidade; e) existe uma “interdependência” entre as empresas. 17. Com relação ao monopólio, estão corretas as afirmativas abaixo, exceto: a) só existe um produtor do produto; b) o monopolista fixa o preço no nível que bem entender, isto é, fixa-o sempre no nível mais alto; c) em princípio, o monopólio é proibido por lei; d) o produto não tem substituto próximo. 18. Com relação à concorrência monopolística, estão corretas as afirmativas abaixo, exceto: a) muitas empresas vendendo produtos diferenciados, mas próximos substitutos; b) a diferenciação de produto pode ser real ou imaginária (criada pela propaganda); c) é uma forma de organização típica do mercado de varejo; d) há concorrência extrapreço, como propaganda e embalagens do produto; e) as empresas têm total controle sobre seus preços. 19. Muitos vendedores e um só comprador definem o mercado como: a) oligopólio; b) concorrência perfeita; c) concorrência monopolística; d) monopólio; www.pontodosconcursos.com.br

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CURSOS ON-LINE – ECONOMIA I – PROF. MOZART FOSCHETE e) monopsônio. 20. A forma de concorrência imperfeita, onde a oferta de um bem qualquer está concentrada em um limitado número de empresas capazes de afetarem os preços de mercado, denomina-se: a) monopólio; b) monopsônio; c) oligopólio; d) oligopsônio; e) concorrência monopolística. 21. Das atividades econômicas abaixo a que mais se aproxima de um monopólio é: a) a dos produtores de arroz do Estado de Goiás; b) a dos fabricantes de sabão em pó; c) a dos proprietários de postos de gasolina e de padarias; d) a compra e venda de ações nas Bolsas de Valores; e) a de fornecimento de energia elétrica pela CEB. 22. A concorrência extrapreço não é possível nem eficaz: a) no oligopólio de produto diferenciado; b) na concorrência perfeita. c) no oligopólio de produto padronizado; d) no monopólio; e) na concorrência monopolística; 23. Com relação aos diversos tipos de mercado, marque V (verdadeiro) ou F (falso) nas afirmativas abaixo. a) ( ) Num mercado de concorrência perfeita, as firmas não têm controle sobre o preço do produto. b) ( ) Num mercado oligopolístico, as empresas têm grande controle sobre o preço do produto. c) ( ) Monopsônio é o mercado onde só há um vendedor ou produtor de determinado produto. d) ( ) A “atomização” de produtores e vendedores é uma característica do mercado de concorrência monopolística. e) ( ) Num mercado de concorrência perfeita, o produto das inúmeras firmas participantes é padronizado. ) Uma das características do oligopólio é que as firmas f) ( não fazem guerra de preço, mas fazem guerra de publicidade. g) ( ) Na concorrência monopolística, tanto os vendedores como os compradores têm perfeito conhecimento (informações) sobre os preços e quantidades negociadas.

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CURSOS ON-LINE – ECONOMIA I – PROF. MOZART FOSCHETE h) ( ) Num mercado de oligopólio, há livre entrada e saída de vendedores e de compradores. ) No mercado em concorrência monopolística, as i) ( empresas são pequenas e vendem produtos diferentes mas bastante próximos substitutos. j) ( ) Para a empresa que funciona em mercado perfeitamente competitivo, não há risco de “sobrar” produto ao preço de mercado. k) ( ) Por não ter concorrente, uma firma monopolística tenderá a fixar o preço no nível mais alto para aumentar seus lucros. _____________ GABARITO 1. a > o custo ou tecnologia de produção é um fator que afeta a oferta e não a demanda; 2. b > a renda afeta a demanda e não a oferta; 3. d > a mudança no preço do produto considerado causa deslocamento na curva (ou seja, variação na quantidade demandada; 4. c > mudança de gosto ou de preferência do consumidor é um fator de demanda; 5. d > veja item 2.7. do texto; 6. a > a variação de preço provoca um deslocamento ao longo das duas curvas (de oferta e de demanda), e não das duas curvas; 7. e > Solução: Em equilíbrio, a Qs = Qd; assim, fazendo as devidas substituições, teremos: 4P +4 = 16 – 2P 6P = 12 P=2 Substituindo o valor de P encontrado, nas equações originais, encontramos os valores de Qs e Qd, ou seja: Q = 12. A resposta então é P = 2 e Q = 12. 8. d > é só você substituir P = 1 nas duas equações, achando os valores de Qs e de Qd; a diferença entre as duas responde a questão. 9. b > é só desenhar um gráfico com as duas curvas de oferta e de demanda, e deslocar a curva de oferta para a

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CURSOS ON-LINE – ECONOMIA I – PROF. MOZART FOSCHETE esquerda, e verificar o novo P e a compará-los com a posição original.

nova Q e depois

10. b > veja exercício 7; 11. b > A curva do bem X se deslocará a esquerda e sobrará produto no mercado e, assim, seu preço deve cair; 12. e > A curva de demanda se desloca para a direita e faltará produto; 13. c > como se trata de um bem inferior, um aumento na renda do consumidor provoca uma redução na sua demanda. 14. a > deixamos pra você a dedução; 15. d (se você tiver dúvida quanto às questões de 15 a 23, dê uma revisada no item 2.2. do texto); 16. b

17. b

18. e

19. e dF;

23. aV;

bV;

cF;

iV;

jV;

kF.

20. c eV;

21. e fV;

22. b; gV;

hF;

....................... Até nossa próxima aula! Aliás, nossa 3ª aula é sobre ELASTICIDADE-PREÇO – que serviu como “aula demonstrativa” – lembra-se? Assim, nossa próxima aula (que será a 4ª) já será de macroeconomia! Até lá, então!

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AULA 3 – A ELASTICIDADE E SUAS APLICAÇÕES Neste encontro vamos tratar de um dos temas mais importantes da teoria econômica e que se aplica a qualquer assunto econômico: a elasticidade. Embora seja um conceito comumente usado no estudo das variações que ocorrem na demanda de um produto quando seu preço varia, ela aparece também no estudo os efeitos da taxa de câmbio sobre as exportações e importações de um país, no efeito da taxa de juros sobre o nível da poupança e do investimento, enfim em praticamente todos os temas econômicos. Mas, o que vem a ser elasticidade? Qual a sua aplicação e utilidade? 1.

O conceito de elasticidade

Na teoria econômica, o termo elasticidade significa sensibilidade. Na realidade, a elasticidade mostra quão sensíveis são os consumidores de um produto X (ou seus produtores), quando o seu preço sofre uma variação para mais ou para menos. Em outras palavras, a elasticidade serve para medir a reação – grande ou pequena – desses consumidores (ou de seus produtores) diante de uma variação do preço do produto X. Neste caso, teríamos a chamada elasticidade-preço da demanda (ou, no caso dos produtores, a elasticidade-preço da oferta) por este produto. O mesmo raciocínio poderia ser aplicado em relação a uma variação na renda real dos consumidores. Neste caso, estaríamos medindo o quanto a demanda pelo bem X é sensível a uma variação na renda dos consumidores – e teríamos, então, a chamada elasticidade-renda. Mas, não vamos misturar as coisas: Vamos, primeiro, nos fixar no conceito de elasticidade-preço. Depois analisaremos a questão da elasticidaderenda. 2.

A elasticidade-preço (Ep) da demanda

É fácil constatar que as pessoas reagem com intensidade diferente diante de variações dos preços dos diferentes produtos. Se o sal sobe de preço, as pessoas não vão deixar de comprá-lo por causa disso e, provavelmente, nem vão reduzir a quantidade que costumam comprar desse produto – já que o sal é essencial para elas. Também e por razões

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diferentes, as pessoas não devem reagir muito a um aumento no preço de uma bala e, aqui, isso se explicaria pelo fato de que o preço da bala é muito baixo e não afeta o bolso do consumidor. Sabe-se, também, que as pessoas não reagem muito a um aumento do preço da gasolina – e, neste caso, isso se deve provavelmente ao fato de que a gasolina, sendo essencial para quem tem carro, não tem um substituto e o jeito é arcar com este aumento. De outra parte, porém, se produtos como automóveis, ou passagens aéreas e outros, subirem de preço, é bastante provável que sua demanda se reduza significativamente. Com esses exemplos, podemos ver que a reação das pessoas a uma variação do preço de um produto depende muito do tipo de produto. Em alguns casos, a reação pode ser muito grande, em outros pequena e em uns poucos casos nem reação há. E note-se que é importante – para os produtores/vendedores, principalmente – saber se o consumidor do produto X reage muito ou pouco a um variação – aumento ou redução – do seu preço, pois isso vai ajudar o produtor a estabelecer um preço “ótimo” para seu produto – ou seja, um preço onde sua receita pode ser máxima. E para conhecer a elasticidade-preço da demanda pelo produto X é preciso calculá-la. E é o que vamos fazer a seguir. 3.

Calculando a elasticidade-preço da demanda

Suponha-se o seguinte comportamento da demanda de dois bens X e Y: Demanda de X Px 1º instante

10

2º instante 12

Demanda de Y

Qdx

Py

Qdy

100

20

80

60

24

76

Note-se que, entre o primeiro e o segundo instante, o preço de ambos os produtos subiu 20%. No entanto, é fácil verificar que a reação do consumidor – medida pelas quantidades adquiridas (Qd) - foi bastante diferente nos dois casos. Enquanto no caso do produto X, a demanda se reduziu 40% (caindo de 100 para 60), no caso do produto Y a quantidade demandada só se reduziu 5% (caindo apenas 4 unidades de um total de 80). Diante desse exemplo, pode-se concluir que a demanda do consumidor pelo produto X é mais sensível a uma variação do preço do

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que a do produto Y. Esta sensibilidade – maior ou menor – pode ser medida pelo chamado coeficiente de elasticidade-preço da demanda (Ep) - que mede a variação percentual na quantidade demandada de um produto em conseqüência de uma variação percentual em seu preço. Veja que se trata de variações percentuais na quantidade e no preço e não variações absolutas. Isso porque variações absolutas não nos dizem nada. Um aumento de R$ 100,00 (isto é, uma variação absoluta) no preço de um carro não significa quase nada, ao passo que uma variação de R$ 10,00 no preço do quilo de feijão poderá até derrubar o Ministro da Agricultura. Matematicamente, a elasticidade-preço da demanda é definida pela fórmula: Ep =

Variação percentual na quantidade demandada Variação percentual no preço

O numerador desta fração – ou seja, a variação percentual na quantidade demandada, é dada por: ∆Q , onde∆Q = Q2 − Q1 Q

e o denominador – isto é, a variação percentual no preço, é dada por:

∆P , onde∆P = P2 − P1 P Assim, temos: ∆Q ∆ %Q Q = Ep = P ∆ ∆% P P

No exemplo numérico acima, nós teríamos no caso do bem X: Epx =

40% =2 20%

E, no caso do bem Y:

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Epy =

5% = 0,251 20%

Uma questão que se coloca é a seguinte: para o cálculo da elasticidade, deve-se tomar o preço (P) e a quantidade (Q) originais ou o novo preço e a nova quantidade? Tudo depende da convenção. Suponha um produto com uma curva de demanda como ilustrado na Figura 1. No ponto A, temos que, ao preço (P) de R$ 10,00 a unidade, a quantidade demandada (Q) é de 100 unidades; no ponto B, ao preço de R$ 6,00, a Q é de 180 unidades. Figura 1

Agora, suponha que o preço caia de R$ 10,00 (preço inicial) para R$ 6,00 (novo preço) e, em conseqüência, a Qd aumente de 100 unidades (inicial) para 180 (nova quantidade). Como calcular a elasticidade no arco AB? A solução no caso é tomarmos a quantidade média (ou, preço médio (ou,

10 + 6 ), e teríamos: 2

100 + 180 ) e o 2

1

Note-se que, na realidade, o valor encontrado seria um número negativo, já que as variações da demanda (40% e 5%) são negativas. Mas, para efeito de interpretação da elasticidade-preço da demanda, o que importa é o valor absoluto desta.

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∆Q 80 (2) Q( m é d i o) 140 80 8 640 Ep = = = × = = 114 , 4 ∆P 140 4 560 8 P( m é d i o )

Alternativamente, ao invés de tomarmos o P e o Q médios, nós poderíamos usar o P e Q originais (mas aí estaríamos medindo a elasticidade no ponto A), ou então, poderíamos usar o P e o Q novos (mas aí estaríamos medindo a elasticidade no ponto B). A elasticidade-preço da demanda no ponto A será, então:

∆Q 80 80 10 800 Q0 = 100 = × = = 2,0 Ep = ∆P 4 100 4 400 P0 10 e a elasticidade-preço no ponto B será: ∆Q 80 Q1 180 80 6 480 Ep = = = = 0,67 x = 4 180 4 720 ∆P 6 P1

Por convenção, utiliza-se mais comumente a primeira fórmula, isto é, tomam-se a quantidade e o preço médios, quando se tratar do cálculo da elasticidade-preço no arco A-B (isto é, no intervalo entre os pontos A e B). 4. Classificação da elasticidade e receita total Como dissemos no início, o conceito de elasticidade tem muitas aplicações úteis. Conhecendo-se a elasticidade de um produto, podemos saber se a receita total (P x Q) irá ou não aumentar diante de uma queda ou de um aumento nos preços. Tudo vai depender da intensidade da reação dos consumidores diante de variações nos preços. Há três situações possíveis: 1ª - A variação percentual na quantidade é maior que a variação percentual no preço, ou seja, na fórmula da elasticidade, o numerador é (1)

Na realidade, normalmente, o valor da elasticidade-preço da demanda é negativo porque um aumento do preço (efeito positivo) provoca uma queda na demanda (efeito negativo) e vice-versa. Mas nós esquecemos o sinal e consideramos o valor absoluto da elasticidade.

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maior que o denominador e, então, em termos absolutos, isto é, desprezando-se o sinal (que, no caso da demanda é sempre negativo) a Ep > 1. Nesse caso, a demanda deste produto denomina-se elástica

em relação a seu preço.

2ª - A variação percentual na quantidade é igual à variação percentual no preço: então, em termos absolutos, Ep = 1 e a demanda deste bem

apresenta elasticidade unitária em relação ao seu preço.

3ª - A variação percentual na quantidade é menor que a variação percentual no preço: então, Ep < 1 e a demanda denomina-se inelástica a preço.

Adicionalmente, há ainda dois casos, um tanto raros, é verdade, a considerar: a) quando a curva de demanda é inteiramente horizontal ao nível de um determinado preço e, nesta hipótese, temos uma demanda infinitamente elástica a preço; b) quando a curva de demanda é inteiramente vertical – o que demonstra que a quantidade demandada é insensível a variações no preço do produto e, nesta hipótese, temos uma demanda totalmente inelástica a preço. Elasticidade-preço X receita dos produtores E agora vem a pergunta: qual a importância ou utilidade de se saber se a demanda de um produto é elástica ou inelástica? A resposta é simples: é a magnitude da elasticidade-preço que vai orientar o produtor/vendedor se ele deve aumentar ou reduzir seu preço para aumentar sua receita. Se o valor numérico da elasticidade-preço é alto – isto é, maior que 1, em valor absoluto, e, portanto, a demanda é elástica -, significa que os consumidores reagem muito a variações de preços do produto – ou, em outras palavras, se o preço aumentar um pouco, os consumidores reduzirão muito sua demanda daquele produto. O inverso também é verdadeiro: se ele reduzir um pouco seu preço, suas vendas deverão aumentar muito. O mesmo raciocínio vale para o caso em que o valor numérico da elasticidade-preço seja pequeno - isto é, menor que 1 em valor absoluto, sendo, portanto, a demanda inelástica. Assim entendido, podemos tirar as seguintes conclusões relativamente aos efeitos de variações de preços sobre a receita total do vendedor:

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i) - Se o produto tem uma demanda elástica, um aumento de P provocará uma queda na receita total porque a redução percentual da quantidade demandada será maior que o aumento percentual de preços. Nesse caso, o produtor deve baixar o preço para aumentar a receita. Isso ocorre porque a quantidade demandada aumentará percentualmente mais que a perda percentual de preços. ii) - Se a elasticidade-preço da demanda é unitária, a receita total não se alterará com aumentos ou reduções de preços. Isso porque, se o produtor aumentar o preço em 10%, a quantidade demandada cairá 10%; se ele reduzir o preço em 10%, a quantidade aumentará 10%, e assim por diante. iii) - Se o produto for inelástico, uma queda de preços provocará uma queda de receita total porque a redução percentual de P não será compensada pelo aumento percentual da quantidade demandada. Nesse caso, o produtor deve aumentar o preço para aumentar sua receita total, já que a quantidade demandada cairá percentualmente menos que o aumento percentual nos preços. 6. Fatores que influenciam a magnitude da elasticidade-preço Mas, afinal de contas, o que leva um produto a ter uma demanda elástica ou inelástica? Ou como identificar, sem necessidade de fazer cálculos, um produto de demanda elástica ou inelástica? Embora rigorosamente só se possa afirmar que a demanda do produto X é elástica ou não em relação a variações em seu preço a partir de uma pesquisa específica, os produtos possuem certas características que nos permitem concluir a priori se eles são mais ou menos elásticos a variações em seu preço3, a saber: i) Essencialidade do produto – parece claro que quanto maior o grau de utilidade ou de essencialidade do produto para o consumidor, menos elástica (ou seja, mais inelástica) tende a ser sua demanda. De fato, se o produto é essencial para o consumidor, aumentos em seu preço reduzirão pouco ou quase nada suas compras. Da mesma forma, reduções de preço desses produtos não deverão provocar aumentos em sua compras, pois o consumidor tende a comprar um certa quantidade – digamos, fixa – dos mesmos. É o que ocorre, geralmente, com os bens de primeira necessidade, como alimentos, serviços de saúde ou de educação – que sabidamente têm demanda inelástica a preço. De outra

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Essas características foram apontadas pioneiramente pelo famoso economista inglês Alfred Marshall (18421924) em seus Principles of Economics.

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parte, produtos supérfluos, para o consumidor, como jóias e perfumes, tendem a ter demanda elástica a preço. ii) Quantidade de substitutos – também parece inquestionável a afirmação de que, se o produto tiver muitos substitutos próximos, um aumento de seu preço deve estimular o consumidor a mudar de produto, reduzindo, portanto, a demanda daquele cujo preço se elevou (se o preço do Palio se elevar, o consumidor tenderá a substitui-lo por Gol 1000, ou por Fiesta, etc). Ou seja, quanto mais substitutos houver para um produto X, mais elástica a preço será sua demanda. Obviamente, o contrário ocorre na hipótese de o produto não ter substitutos próximos (como é o caso do sal). Nesta hipótese, mesmo ocorrendo um aumento do preço do produto, o consumidor tenderá a continuar adquirindo a mesma quantidade de antes, por simples falta de opção – o que torna sua demanda inelástica a preço. iii) Peso no orçamento do consumidor – quanto menor for o preço do produto, menos ele pesará no bolso do consumidor, como é o caso da caixa de fósforos. Assim, aumentos no preço de um produto “barato”, tendem a não alterar a demanda daquele produto, como seria o caso se o preço da caixa de fósforos passasse de 20 centavos para 30 centavos (um aumento de 50%!). Nesta hipótese, a demanda desses produtos ditos “baratos” tende a ser inelástica a preço, ocorrendo o contrário no caso dos produtos mais caros, como carros, passagens aéreas, etc.

iv) Nível de preço – este é um aspecto pouco abordado pelos livrostextos de Economia, mas a verdade – facilmente comprovável – é que se o preço do produto estiver na parte superior da curva de demanda, mais elástica tende a ser sua demanda, ocorrendo o contrário se o preço estiver na parte inferior da curva4. 7. Elasticidade da oferta O conceito da elasticidade também se aplica no caso da oferta, para medirmos a reação dos produtores às variações de preço. Em síntese, podemos assim definir a elasticidade-preço da oferta: 4

Isso é certamente verdade no caso de uma curva de demanda retilínea, negativamente inclinada, e é geralmente válido para a demanda expressa por uma curva propriamente dita.

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A “elasticidade-preço da oferta mede a variação percentual na quantidade ofertada de uma mercadoria em conseqüência de uma dada variação percentual em seu preço”. A exemplo da elasticidade da demanda, podemos obter diferentes valores para a elasticidade da oferta conforme utilizemos o preço e a quantidade originais ou novos. Também aqui, por convenção, é preferível utilizarmos P e Q médios, sendo a fórmula de cálculo dada por: Ep = Variação percentual na quantidade ofertada Variação percentual no preço ou,

∆Q ∆ % Q Q( mé d i o) Ep = = ∆P ∆% P P( mé d i o)

Tomando por exemplo a curva de oferta da Figura 2, suponha que, ao preço inicial de R$ 10,00 por quilo, os produtores estarão dispostos a vender 200kg de arroz; se o preço se elevar para R$ 15,00, a oferta crescerá para 280kg. Vamos calcular a elasticidade desta curva de oferta no arco AB.

Figura 2

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CURSOS ON-LINE – ECONOMIA I – PROFESSOR MOZART FOSCHETE ∆%Q 80 Q( m é d i o ) 80 12,5 1000 240 Ep = = = × = = 0,83 ∆% P 5 240 5 1200 P( mé d i o) 12,5

Dependendo do número que se obtém, após este cálculo, a elasticidadepreço da oferta também será classificada como: i)

elástica , se o coeficiente encontrado for maior que 1,0;

ii)

unitária, se o coeficiente encontrado for igual a 1,0;

iii)

inelástica, se o coeficiente encontrado for menor que 1,0,

valendo lembrar que, como os preços e quantidades ofertadas variam na mesma direção, o coeficiente da elasticidade-preço da oferta terá sempre um sinal positivo. 8. Elasticidade-preço-cruzada Diferentemente da elasticidade-preço anterior, esta elasticidade-preçocruzada mede a sensibilidade da demanda do bem X a variações nos preços do bem Y. Matematicamente, é medida pela razão entre as variações percentuais da quantidade demandada de um bem X e as variações percentuais de preço do bem Y. Ou: E xy =

∆%Q x ∆ % Py

Esta razão pode assumir valores negativos e positivos ou, ainda, ser igual a zero. – Se o resultado for < 0, isto é, negativo, os dois bens são complementares. – Se o resultado for > 0, isto é, positivo, os dois bens são substitutos ou sucedâneos. – Se o resultado for = 0, os dois bens não guardam qualquer relação de consumo entre si. Exemplo: Suponha que X seja manteiga e Y seja margarina (dois produtos tipicamente substitutos). Se o preço de Y subir (+), a quantidade demandada de manteiga deve aumentar ( + ). Logo, dividindo-se um valor positivo por outro positivo, o resultado será um valor positivo e, portanto os bens são substitutos.

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Analise a hipótese de X = pneu e Y = carro. O que deve ocorrer, caso o preço do carro aumente (ceteris paribrus)? 9. Elasticidade-renda A elasticidade-renda (Er) mede a razão entre a variação percentual da quantidade demandada de um bem X e a variação percentual da renda real do consumidor. Ou: Er =

∆%Qx ∆ %R

Dependendo do valor do coeficiente da elasticidade-renda obtido, o bem será classificado em bem inferior, ou bem normal ou bem superior. Assim, por exemplo, suponha que a renda dos consumidores tenha se elevado, num certo período de R$ 1.000,00 para R$ 1.300,00, em conseqüência, a quantidade demandada dos bens A, B, C e D, se alteraram de Qd0 para Qd1, conforme a tabela a seguir:

Bens

Qd0

Qd1

A

20

18

B

25

30

C

30

78

D

10

15

E

40

40

Utilizando a fórmula acima, podemos calcular a elasticidade-renda para os cinco bens acima, assim: i)

Er (bem A) =

− 10% = - 0,33 30%

ii)

Er (bem B) =

20% = 0,66 30%

iii)

Er (bem C) =

30% = 1,0 30%

iv)

Er (bem D) =

50% = 1,67 30%

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v)

Er (bem E) =

0% =0 30%

Observe-se que a quantidade demandada do bem A diminuiu quando a renda aumentou. Quando se verifica esta relação inversa entre variação na renda do consumidor e a conseqüente variação no consumo de um bem, este bem é denominado de bem inferior – como é o caso do bem A. Em conseqüência, o coeficiente da elasticidade-renda dos bens inferiores é negativo, refletindo o fato de que, no caso desses bens, o seu consumo cai quando a renda cresce. No caso do bem B, verificamos que o seu consumo cresceu quando a renda cresceu, embora tenha crescido proporcionalmente menos que o crescimento da renda – o que forneceu um coeficiente da elasticidaderenda positivo, porém menor que 1, ou seja, a demanda desse bem inelástica a renda. Estes bens são denominados bens normais – que são aqueles cuja demanda tende a acompanhar a direção da variação renda. Se a renda cai, o seu consumo também cai; se a renda cresce, o seu consumo também cresce, ainda que não na mesma intensidade. No caso do bem C, o aumento do consumo se deu na mesma intensidade do aumento na renda (ambos cresceram 30%), e por isso, o coeficiente da elasticidade-renda foi positivo, igual a 1, ou seja, a elasticidade-renda é unitária. Estes bens também são classificados como bens normais. No caso do bem D, o consumo cresceu proporcionalmente mais que o crescimento na renda, dando um coeficiente de elasticidade-renda positivo maior que 1 – ou seja, a elasticidade-renda neste caso é elástica. Estes bens são denominados bens superiores. Por fim, temos o caso do bem E, cujo consumo não se alterou em decorrência do aumento da renda, fornecendo um coeficiente de elasticidade-renda igual a 0. Esses bens anelásticos a renda são também considerados bens normais, geralmente se aplicando ao caso dos bens de consumo saciado (alimentos básicos, por exemplo). Em síntese, em relação à elasticidade-renda, temos as seguintes conclusões: – Se o resultado desta razão for positivo maior que 1,0, o produto é dito “bem superior”. –

Se o resultado situar-se entre 0 e 1,0 o bem é normal.

– Se o resultado for menor que 0, isto é, negativo, o produto é chamado de “bem inferior”.

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10. Escassez, Tabelamento e Incidência Tributária 10.1 Escassez e excedente – tabelamento Muitas vezes, o governo se vê obrigado a intervir no mercado através do controle de preços ou tabelamento, com o objetivo de proteger os consumidores. Isso ocorre sempre que um país atravessa um período de aceleração inflacionária, ou quando o governo percebe a ação ou comportamento de grupos de empresas – os oligopólios – que tentam tirar proveito de seu “poder de mercado” reajustando abusivamente seus preços. Ao perceber que os preços que vigorarão no mercado serão muito elevados, o governo resolve intervir, fixando um preço máximo para a venda do produto – e que será, necessariamente, menor do que o preço que vigoraria no mercado. No Brasil, essa prática foi muito comum nos anos 80 e 90 do século passado, como mostraram as experiências do Plano Cruzado, em 1986; do Plano Bresser, em 1987; do Plano Verão (Mailson), em 1989 e do Plano Collor II (ou Zélia), em 1991. Esses foram momentos bem marcantes de “congelamentos” de preços que, no fundo, se traduzem em verdadeiros tabelamentos. Afora esses momentos, existiam, ainda, os controles permanentes de preços pela SUNAB, CIP, “Câmaras Setoriais”, etc. Não importa a forma, nem o órgão, nem o porquê do controle ou do tabelamento de preços. O que importa, do ponto de vista da análise econômica, é conhecer as conseqüências desse tabelamento. Para tanto, vamos partir da Figura 3: Figura 3

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O governo resolve tabelar o preço de x ao nível de P1. Pelo mercado, o preço de equilíbrio seria Pe. Ao nível de P1 a QD é maior que Qs surgindo um excedente da demanda sobre a oferta igual a QD - QS. Esse excedente forçaria o preço a subir até Pe – o que é impedido pelo

congelamento. Com isso, surge uma demanda insatisfeita (igual a QD – Qs), existindo diversas soluções para o problema, a saber: (i) Aparecem as filas: Toda vez que, num mercado, houver excesso de demanda, surgirão filas, seja nas bilheterias dos teatros, seja à porta dos açougues, seja nos balcões das lojas, sendo que somente os que chegarem primeiro serão atendidos. (ii) Surgem as vendas preferenciais: Quando a demanda para um concerto musical é maior que o número de bilhetes, muitas vendas são feitas “por debaixo do pano”. Os promotores do espetáculo reservam uma parte dos ingressos para convidados ilustres, para políticos ou para fregueses mais regulares. (iii) Surge o mercado negro: Sabendo que vai faltar ingresso, para burlar o tabelamento, reduzem a quantidade contida no próprio produto, vendendo-o, porém, ao preço tabelado. Assim, por exemplo, o rolo de papel higiênico, antes com 45 metros, passa a 40 metros, o quilo de carne passa a ter 900 gramas, o sabonete já não faz tanta espuma como anteriormente, etc. Como se vê, o controle ou congelamento de preços, ainda que seja um instrumento útil para estancar temporariamente um processo inflacionário, provoca sempre outras distorções no mercado. 10.2 Incidência tributária Qual será o efeito da imposição, pelo governo, de um imposto sobre a venda de uma mercadoria? Quem pagará este imposto? O leitor menos atento responderá que o imposto será pago pelo consumidor. No entanto, isso pode ou não ser verdade. Tudo dependerá das elasticidades da demanda e da oferta. Mas, antes de mais nada, é preciso distinguir dois tipos de impostos: (i) o imposto específico – que é um valor fixo que incide sobre o preço de venda, digamos, R$ 10,00; e (ii) o imposto ad valorem – que é um percentual que recai sobre o valor da venda, digamos, 15%.. Analisemos os dois casos: a) Imposto específico www.pontodosconcursos.com.br

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O primeiro efeito do lançamento de um imposto específico é o deslocamento da curva da oferta, igual, verticalmente, ao montante do imposto. Isso se explica pelo fato de que a curva de oferta representa as quantidades que serão oferecidas pelo produtor em relação aos preços praticados no mercado. Para qualquer preço P de mercado, o produtor subtrai o imposto T, ficando com a diferença. Ou seja, o produtor receberá o valor P2 que será dado por: P2 = P 1 - T O que ocorrerá com o preço e a quantidade de equilíbrio? A resposta está ilustrada na Figura 4. A decretação de um imposto específico desloca, como já foi dito, a curva de oferta para a esquerda. O novo ponto de equilíbrio se dá onde a nova curva de oferta (S1) corta a curva de demanda. Antes, P0 e Q0 eram, respectivamente, o preço e a

quantidade de equilíbrio. Agora, o equilíbrio se dá em P1 e Q1. Do preço P1 o vendedor receberá apenas P2 (= P1 - T). Como P2 é menor que P0,

a oferta do produtor cai para Q1.

Figura 4

Neste exemplo, sobre quem recai efetivamente o imposto? Pode-se dividir o montante do imposto (= P1 - P2) em duas parcelas, a

saber: (i)

P1 = P1 – P0 que corresponde ao aumento do preço de equilíbrio –

e, por conseqüência, representa a parcela do imposto a ser paga pelo consumidor. (ii)

P2 = P0 – P2 que corresponde à redução no preço recebido pelo

produtor – e que, por conseqüência, representa a parcela a ser paga pelo produtor.

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Qual das duas parcelas é a maior? Isto irá depender da elasticidade da demanda e da oferta. Observemos a Figura 5, onde são apresentadas duas curvas de demanda. Dx e Dy, sendo Dx mais elástica (mais “deitada”) que Dy. Ambas as curvas cruzam, inicialmente, a curva de oferta S0 no mesmo ponto, definindo o preço e quantidade de equilíbrio inicial em P0 e Q0.

Com a decretação de um imposto específico, T, a curva de oferta se desloca para S1. O novo preço de equilíbrio se dará no ponto onde as

duas curvas de demanda cruzam com nova curva de oferta (S1). No

caso do produto de demanda Dy, o novo preço será P2 e a quantidade transacionada será Q2. Já para o produto de demanda Dx (mais elástica), o preço será P1 (menor que P2) e a quantidade transacional

será Q1.

Figura 5

Lembre-se que o aumento do preço pós-imposto representa a parcela do imposto repassada ao consumidor. No caso presente, o repasse maior ocorreu no produto Dy (menos elástico). Isto se explica pelo fato de que um produto de demanda inelástica implica que os consumidores não reagem muito às variações de preços. Se isto é fato, o produtor repassará o máximo do imposto ao preço, sabendo que os consumidores não reduzirão muito suas compras do produto. b) Imposto ad valorem

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Trata-se de um imposto que incide sobre o valor da venda, representando, no caso, um percentual da receita do vendedor (ou produtor). Assim, por exemplo, se o imposto (t%) for 20%, o produtor receberá efetivamente apenas 80% do preço de mercado, isto é, receberá P*, que será dado por: P* = (1 – t%)P Qual será o efeito da decretação de um imposto ad valorem? Graficamente, a curva de oferta se tornará mais vertical, sendo o coeficiente angular da nova curva de oferta (S1) dado pela taxa do imposto, como mostra a Figura 6. Figura 6

Figura 7

Pela Figura 7, com o deslocamento da curva de oferta, tanto o preço como a quantidade de equilíbrio se alteram de P0 e Q0 para P1 e Q1, respectivamente.

Tal como no caso do imposto específico, aqui, também, o montante do imposto será dividido em duas parcelas: ∆P1 = P1 − P0 , que será paga pelo consumidor e ∆P2 = P0 − P2 , que será paga pelo produtor.

10.3 Política de preços mínimos Com o objetivo de proteger os agricultores das flutuações climáticas que, necessariamente, afetam sua colheita e, daí, alteram os preços de mercado, o governo adota a chamada “política de preços mínimos” ou “garantia de preços mínimos”.

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Tal política se justifica pelo fato de que se houver uma boa safra, digamos, de milho, sua oferta será grande e, em conseqüência, seus preços serão baixos, podendo, inclusive, ficar abaixo dos custos de produção. Sendo a demanda por produtos agrícolas geralmente inelástica, com uma baixa de preços, a receita dos produtores se reduzirá. Com isso, os produtores não terão qualquer estímulo para plantar milho no próximo ano, quando, então, haverá escassez do produto e conseqüente aumento de preços. Para evitar essas flutuações e os prejuízos para os produtores e para os consumidores, o governo interfere no mercado fixando “preços mínimos” que garantam uma remuneração compensatória aos produtores. Este “preço mínimo de garantia” só será usado pelo produtor se, por excesso de oferta, “o preço de mercado” se situar abaixo do preço de garantia. Para entender as conseqüências da adoção de uma política de preços de garantia, consideremos a Figura 8 que, hipoteticamente, reflete o mercado de milho, onde S é a oferta, D é a curva de demanda, Pe é o

preço de equilíbrio determinado pelas forças de mercado (oferta e demanda) e Pm é o preço mínimo fixado pelo governo. Figura 8

Como o Pm é maior que o preço de mercado (Pe), a receita garantida aos produtores será OPm x OQs (ou igual à área OPmCQsO). Se não houvesse o preço de garantia, a receita dos produtores seria dada pelo preço de mercado multiplicado pela quantidade vendida, ou, OPe x OQs, que, obviamente, seria menor que a anterior, já que Pe < Pm.

Para garantir aos produtores a receita definida pelo preço mínimo, o governo dispõe de duas alternativas: www.pontodosconcursos.com.br

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i) fixa o preço em Pm e compra o excedente de milho, ou seja, BQs ao preço de Pm ; ou ii) deixa que o milho seja vendido ao preço de mercado, Pe, e concede a

cada agricultor um subsídio, em dinheiro, igual a Pm - Pe para cada saca vendida. A questão, então, é: qual dos dois programas é mais caro para o governo? Antes de responder, vale lembrar que, em qualquer alternativa, a receita dos produtores será dada pelo retângulo OPmACO. Se o governo optar pelo primeiro programa, isto é, comprar o excedente, a despesa dos consumidores (DC) será dada por OPm x OB (= OPmABO) e, conseqüentemente, a despesa do governo (DG) será OPm x BQs (= BACQsB). Observando que quanto maior a parcela paga pelos consumidores, menor será a despesa do governo, e considerando que a demanda por milho tem alta probabilidade de ser inelástica, a despesa dos consumidores será maior no primeiro programa, compra do excedente pelo governo. Isto porque, quando a demanda é inelástica, um aumento do preço do produto de Pe para Pm eleva a receita do vendedor (isto é, aumenta a despesa dos consumidores). Se esta é aumentada, significa que a do governo diminui. (Observe-se que não se consideram, aqui, os custos de armazenamento, nem as eventuais receitas que o governo terá, mais tarde, com a venda de seu estoque). 11. Algumas conclusões-resumo desta nossa primeira aula Aprendemos, hoje, então, o que é a elasticidade nos seus diversos conceitos – elasticidade-preço da demanda e da oferta, a elasticidaderenda e a elasticidade-preço-cruzada. Aprendemos, também, como calculá-la e como interpretar os resultados encontrados. Fomos mais além, analisando casos específicos de sua aplicação, como no caso de políticas governamentais de tabelamento de preços, no caso da incidência e do ônus do imposto sobre os consumidores (e, eventualmente, sobre os produtores) e no caso das políticas de garantidas de abastecimento postas em prática pelo Governo. Nas nossas próximas aulas, veremos outras aplicações deste importante conceito econômico, principalmente quando abordarmos a questão dos

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investimentos, da poupança, do mercado monetário e do comércio exterior e do balanço de pagamentos. Uma boa sorte para você, um abraço e até nosso próximo encontro! ______________

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Exercícios de fixação: I)

Exercícios resolvidos: 1. A elasticidade-preço da demanda do produto A é –0,1. Se o preço desse produto aumentar em 2%, quanto deverá diminuir a quantidade demandada? Solução: Utilizando a fórmula de cálculo da elasticidade-preço e fazendo as devidas substituições pelos números dados pelo problema, tem-se: Ep =

∆%Qd ∆%Qd = = −0,1 ∆% P − 2%

Efetuando a conta acima, tem-se que a variação percentual da quantidade demandada (∆%Qd) é igual a –2%. Ou seja, a quantidade demandada deverá cair 2%. 2. A elasticidade-preço da demanda de um bem é –1,8 e a quantidade demandada ao preço de mercado é de 5.000 unidades. Caso o preço do bem sofra uma redução de 5%, qual deverá ser a nova quantidade demandada? Solução: Novamente, vamos utilizar a fórmula da elasticidade-preço, com as devidas substituições: Ep =

∆%Qd ∆%Qd = = −1,8 ∆% P − 5%

Ou seja, ∆%Qd = -5% x -1,8 = 9%; assim, a quantidade demandada teria aumentado em 9%, ou em 450 unidades (9% de 5.000 unidades). Deste modo, a nova quantidade passará a ser: 5.450. 3. Sabe-se que a demanda de um bem X qualquer é elástica a preço. Assim, se o preço desse bem aumentar, tudo o mais permanecendo constante, o gasto total do consumidor deste bem deve aumentar, cair ou permanecer constante? Solução: Para que a demanda de um bem seja elástica a preço, é necessário que a ∆%Qd > ∆%P. Esta é a condição para que o resultado seja maior que 1 (em valor absoluto). Ora, se um aumento, digamos, de 10% no preço do produto provocar, digamos, uma queda na quantidade demandada de 20% (logo ∆%Qd > ∆%P), a despesa ou gasto total do consumidor deve cair. 4. Suponha-se a seguinte função demanda linear: Qdx = 600 – 5Px Esta equação fornece uma curva de demanda representada por um linha reta tal como representado no seguinte gráfico abaixo. Pede-se: calcule a elasticidade-preço nas seguintes hipóteses: www.pontodosconcursos.com.br

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i) P = 90; ii) P = 60;

e, P = 30.

120 90 60 30 0 150 300 450 600 Solução: O ponto médio corresponde ao preço de 60 (igual à média entre zero e 120) e à quantidade de 300 (média entre zero e 600). i) Vamos calcular a Ep correspondente ao preço de 60, utilizando como referência para o cálculo o preço de 120 (que reduz a quantidade demandada para zero). Temos: Px

Qd

60

300

120

0 Ep =

∆%Qd 100% = =1 ∆% P 100%

ii) Agora, vamos calcular a Ep para o preço de 30. A este preço, a quantidade demandada é 450 (Qd= 600 - 5 . 30 = 450). Assim, vamos calcular a Ep caso o preço suba de 30 para 60: Px

Ep=

Qd

30

450

60

300

P ∆Q 30 150 4500 . = . = = 0,33 Q ∆P 450 30 13500

iii) Considerando, agora, uma queda do preço de 90 (onde a quantidade demandada é 150) para 60, temos: Px

Qd

90

150

60

300 Ep =

90 150 . =3 150 30

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Dos cálculos acima, pode-se concluir que uma curva de demanda representada por uma linha reta tem elasticidade unitária no seu ponto médio, sendo elástica aos preços acima do ponto médio e inelástica aos preços abaixo do ponto médio. 5. Numa indústria em concorrência perfeita, a curva de oferta de um produto qualquer é definida por Qs = 600P – 1000, na ausência de impostos, enquanto a curva de demanda é definida por Qd = 4500 – 400P. Suponha, então, que o Governo lance um imposto específico T = 1,00 sobre este produto. Calcule a quantidade transacionada de equilíbrio (Qe) e o preço de equilíbrio (Pe) antes e depois do imposto. Solução: Em equilíbrio, a quantidade ofertada (Qs) é igual à quantidade demandada (Qd), ou Qs = Qd Substituindo nesta igualdade, os valores de Qs e de Qd, temos: 600P – 1000 = 4500 – 400P ou, 1000P = 5500 e, P = 5,50 Para acharmos a quantidade transacionada de equilíbrio, substituímos o valor encontrado para P nas duas equações dadas pelo problema, assim: Qs = 600 x 5,50 – 1000 = 2.300 Qd = 4500 – 400 x 5,50 = 2.300 Logo, antes do imposto a quantidade transacionada de equilíbrio é 2.300 e o preço de equilíbrio é 5,50. Vamos agora calcular a quantidade e o preço de equilíbrio depois do imposto (T = 1): Antes de fazermos as devidas substituições, é bom lembrar que, agora, qualquer que seja o preço de venda do produto, para o produtor o preço será um real a menos, já que ele tem de recolher para o governo este imposto. Assim, se ele vender o produto por 5,00, para ele é 4,00; se ele vender por 7,00, para ele é 6,00. Quanto ao consumidor, o preço que ele paga é sempre o preço que estiver no mercado. Se o preço for 5,00, para ele é mesmo 5,00; se o preço for 7,00, ele pagará este preço, independentemente de ter ou não um imposto embutido no preço. Assim, o imposto só vai afetar a equação da oferta. Para sabermos qual a quantidade ofertada, após o imposto, temos de retirar do preço (P) o imposto, ficando assim a equação da oferta: Qs = 600(P-1) – 1000 A equação da demanda, como foi dito, não é afetada, já que, para o consumidor, o preço P é de fato o preço que ele paga. Assim, igualando as duas equações, teremos: 600(P-1) – 1000 = 4500 – 400P ou, 600P – 600 - 1000 = 4500 – 400P 1000P = 6100 e, P = 6,10 www.pontodosconcursos.com.br

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Ou seja, o imposto de 1,00 elevou o preço de 5,50 para 6,10. A este novo preço a quantidade ofertada será: Qs = 600 x (6,10 – 1) – 1000 = 2.060 e a quantidade demandada será: Qd = 4500 – 400 x 6,10 = 2.060. Assim, o efeito do imposto foi elevar o preço para o consumidor (de 5,50 para 6,10) – o que fez a quantidade demandada cair – e reduzir o preço recebido pelo produtor (6,10 – 1,00 = 5,10) – o que fez, também, a quantidade ofertada cair.

II – Exercícios propostos (veja gabarito ao final) Múltpla escolha: Assinale a alternativa que responde a proposição: 1. Se a receita total se eleva quando o preço se reduz, pode-se dizer, então, que a demanda é: a) inelástica; b) tem elasticidade unitária; c) vertical; d) elástica; e) horizontal. 2. A demanda por um produto é mais elástica: a) quanto maior for o nº de bens substitutos disponíveis; b) quanto menor for a proporção da renda do consumidor despendida no produto; c) quanto menor for o período de tempo considerado; d) quanto mais essencial for o produto; e) depende de preferência do mercado. 3. A elasticidade-cruzada da procura de um bem X em relação ao preço do bem Y é – 1,5. A partir desta informação pode-se concluir que o bem X é: a) substituto do bem Y, com demanda elástica em relação ao preço de Y; b) complementar ao bem Y, com demanda elástica em relação ao preço de Y; c) substituto do bem Y, com demanda inelástica em relação ao preço de Y; d) complementar do Y, com demanda inelástica em relação ao preço de Y; e) os dois bens não estão relacionados no consumo. 4. A proporção da renda gasta na aquisição de carne cresce à medida que aumenta a renda do indivíduo (mantidos constantes os preços). Logo, a elasticidade-renda da procura da carne é, para ele: a) zero; b) negativa; c) menor que 1; d) maior que 1. www.pontodosconcursos.com.br

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5. A elasticidade-preço da demanda do bem X é 0,5. Daí, pode-se concluir que: a) um aumento no preço de X deve provocar um aumento na sua demanda em proporção maior que a redução do preço; b) uma redução do preço de X deve aumentar a demanda em proporção maior que a redução do preço; c) uma redução do preço de X provoca um aumento da demanda em proporção menor que a redução no preço; d) é impossível afirmar qualquer coisa sem conhecer o mercado do bem. 6. Num mercado em concorrência perfeita, na ausência de imposto, a curva de oferta de um determinado produto é dada por Qs = 600P – 900 e a curva de demanda é dada por Qd = 3500 - 200P. O governo, então, decide decretar um imposto específico T = 2. Neste caso, os preços de equilíbrio, antes e após o imposto, são, respectivamente: a) 5,50 e 6,20; b) 6,75 e 5,50; c) 5,50 e 7,00; d) 5,50 e 6,75; e) 7,00 e 5,50. 7. O governo lança um imposto específico (T) sobre determinado produto fabricado em regime de concorrência perfeita. Pode-se garantir que, a curto prazo, o ônus do imposto: a) incidirá totalmente sobre o consumidor; b) recairá inteiramente sobre o produtor; c) será dividido entre produtores e consumidores, conforme o poder político de cada grupo; d) será dividido entre dois grupos (produtores e consumidores), de acordo com as elasticidades-preço da oferta e da demanda; e) nada pode ser afirmado a priori, sem se conhecer o produto. 8. A carga paga pelos consumidores, por um imposto unitário, arrecadado dos produtores será: a) maior quanto mais elástica for a curva de demanda; b) maior quanto mais inelástica for a curva de demanda; c) maior quanto mais inelástica for a curva de oferta; d) maior quanto menor o controle do Governo sobre o mercado; e) sempre maior que a carga paga pelos produtores.

9. A proporção da renda gasta na aquisição do bem X cresce à medida que aumenta a renda real dos indivíduos. A partir desta afirmativa, pode-se concluir que: a) a elasticidade-renda da procura deste bem é menor que 1 e X é um bem inferior; b) a elasticidade-renda da procura é igual a 1 e o bem é normal; c) a elasticidade-renda da procura é maior que 1 e o bem é normal;

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d) a elasticidade-renda da procura é negativa e o bem é inferior; e) a elasticidade-renda da procura é maior que 1 e X é um bem superior. 10. A elasticidade cruzada da demanda do bem X em relação ao preço do bem Y é – 0,5. A partir desta informação, pode-se concluir que o bem X é: a) substituto bruto do item Y, com demanda elástica em relação ao preço de Y; b) complementar do bem Y, com demanda inelástica em relação ao preço de Y; c) substituto bruto do bem Y, com demanda inelástica em relação ao preço de Y; d) complementar bruto do bem Y, com demanda elástica em relação ao preço de Y; e) complementar do bem Y, com elasticidade unitária em relação ao preço de Y. 11. Se a elasticidade-arco da procura por carne for igual a –2 e se o preço do quilo passar de R$ 9,00 para R$ 11,00, a queda percentual na quantidade procurada será de: a) 20%; b) 50%; c) 30%; d) 25%; e) 40%. 12. (Questão da prova do concurso para Auditor do Tesouro Municipal –Recife-2003) Considerando uma curva de demanda representada por uma linha reta, é correto afirmar: a) no ponto médio da “curva” de demanda, a elasticidade-preço da demanda é zero; b) o valor absoluto da elasticidade-preço da demanda é igual a 1 e constante em todos os pontos da “curva” de demanda; c) o valor absoluto da elasticidade-preço da demanda é maior que 1 para todos os pontos da “curva” de demanda; d) a elasticidade-preço da demanda varia ao longo da “curva” de demanda; e) quando P = 0, a elasticidade-preço da demanda é igual a 1. 13. (Questão da prova de Analista de Planejamento e Orçamento – MPOG – 2003) Considerando uma curva de demanda por um determinado bem, pode-se afirmar que: a) independente do formato da curva de demanda, a elasticidade-preço da demanda é constante ao longo da curva de demanda, qualquer que sejam os preços e quantidades; b) na versão linear da curva de demanda, a elasticidade-preço da demanda é 1 quando Q = zero; c) na versão linear da curva de demanda, a elasticidade-preço da demanda é zero quando p = zero; d) independente do formato da curva de demanda, a elasticidade nunca pode ter o seu valor absoluto inferior à unidade; e) não é possível calcular o valor da elasticidade-preço da demanda ao longo de uma curva de demanda linear. 14. (Questão da prova TCU –Analista de Finanças e Controle Externo – 2000) Sobre a incidência de um imposto sobre a venda de uma mercadoria específica é correto afirmar que:

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a) em um mercado concorrencial aumentará os preços se a demanda for inelástica e a oferta elástica; b) haverá aumento de preço de preço se a curva de demanda for totalmente elástica e o mercado for concorrencial; c) implicará um aumento de preços apenas em mercados oligopolizados; d) não provocará aumento nos preços em mercados concorrenciais, podendo provocalo em mercados oligopolizados, dependendo das elasticidades da oferta e da demanda; e) não provocará aumento de preços se a demanda for inelástica e o mercado concorrencial. ____________________ Gabarito dos exercícios propostos: 2. a 3. b 1. d 6. c 7. d 8. b 11. e 12. d 13. c _____________________

4. d 9. e 14. d

5. c 10. b

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AULA 4: INTRODUÇÃO À MACROECONOMIA Nas nossas três primeiras aulas, nós fizemos uma introdução-revisão de alguns conceitos da Microeconomia que certamente vão nos ajudar muito no entendimento da Macroeconomia – que é, a partir desta Aula 4, o objeto central de nosso curso. Nós, agora, vamos dar um salto, e passar a estudar a economia do país como um todo, analisando as variáveis que determinam o volume da produção total de bens e serviços, o nível do emprego e o nível geral de preços do sistema econômico. Nesta nossa Aula de n° 4, nós vamos abordar os grandes agregados da economia, como são chamados o produto interno bruto, o investimento bruto, a renda nacional, e outros conceitos relevantes. Bem-vindo, então, ao maravilhoso mundo da Macroeconomia!

4.1. O sistema econômico: agentes e fluxos A teoria macroeconomia é a parte da teoria econômica que estuda o funcionamento da economia como um todo. Cabe à macroeconomia identificar e medir as variáveis que determinam o volume da produção total de bens e serviços, o nível do emprego e o nível geral de preços do sistema econômico, bem como os agentes econômicos que atuam nesse sistema, realizando transações de todos os tipos e naturezas. Como foi dito em nossa Aula 1, uma descrição do sistema econômico como um todo deve considerar, de um lado, os tipos de agentes econômicos que nele atuam e, de outro, os fluxos por ele gerados. Se considerarmos, por simplificação, uma economia fechada, isto é, sem relações econômicas com outros países (sem exportações e importações, por exemplo), podemos identificar os seguintes agentes que atuam no sistema econômico:

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. As unidades familiares . As empresas . O governo No sistema econômico, às unidades familiares cabe o papel de fornecer os recursos produtivos às empresas (recursos naturais, mão-de-obra, capital, capacidade empresarial, etc.), recebendo, em troca, uma remuneração ou renda – (que pode ser: salários, aluguéis, juros e lucros) - que, num momento seguinte, será voltada para adquirir das empresas bens e serviços de que necessitam. As empresas, por seu turno, demandam das unidades familiares os recursos produtivos de que precisam, remunerandoas com uma renda (salários, aluguéis, juros e lucros), enquanto ofertam para as mesmas os bens e serviços que produzem. Ao governo cabe o papel principal de regulador da atividade econômica e de provedor dos chamados “bens públicos”- dos quais são exemplos, como já vimos, a segurança nacional, o serviço de polícia, a administração da justiça - além de garantir o fornecimento dos denominados “bens meritórios”, como educação e saúde. Para o desempenho dessas atividades, o governo arrecada impostos dos agentes econômicos como, por exemplo, o imposto de renda (IR) e o imposto sobre produtos industrializados (IPI). Na contabilidade nacional, o governo é constituído pelos órgãos da chamada Administração Direta – basicamente, os Ministérios e as Secretarias - considerados os três níveis de governo: federal, estadual e municipal. Como o governo, em regra, não tem o objetivo de auferir lucro, as empresas públicas e sociedades de economia mista, das quais o governo seja acionista, são incluídas no item empresas (no setor privado). Num modelo mais completo, teríamos de incluir um quarto agente econômico, denominado comumente de resto do mundo e que responde pelas importações e exportações de bens e serviços do país.

4.2. Conceitos Básicos: a Mensuração do Produto e da Renda e da Despesa www.pontodosconcursos.com.br

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A contabilidade nacional proporciona medidas agregadas do valor de mercado dos bens e serviços finais produzidos na Economia durante um certo período, geralmente um ano. Dependendo dos itens computados nesta medição, obtêm-se diferentes medidas deste produto. Assim, por exemplo, temos o conceito Produto Interno Bruto que pode ser definido assim:

Produto interno bruto (PIB) corresponde à soma dos valores de todos os bens e serviços finais produzidos em uma economia, durante um certo período.3 Há três aspectos que devemos observar nessa definição: primeiro, que estamos falando de bens e serviços finais – o que quer dizer que, para evitar a dupla contagem, não podemos somar o valor da produção do aço e/ou o valor da produção da borracha, etc. – que são matérias-primas – com o valor do carro, pois no valor deste – que é um bem final – já estão incluídos os valores das matérias-primas utilizadas em sua produção. Um outro aspecto a observar é que, na contabilidade nacional, a produção é entendida como qualquer atividade que aumente a quantidade e/ou valor do bem ou serviço. Assim, considera-se produção não somente a transformação de uma matéria-prima num produto novo, mas também as atividades de transporte, de intermediação financeira, de comercialização, e de prestação de serviços em geral. Um terceiro ponto a ser observado é que não entram no cálculo do valor do Produto as transações que envolvam troca de ativos que não foram produzidos no ano ou período considerado, como, por exemplo, a compra e venda de imóveis e de carros usados. E de onde vem o valor do produto de um país? O valor do PIB é o resultado do produto dos três setores produtivos, a saber: I - Setor Primário – constituído pela produção agropecuária, tendo como principais componentes a produção agrícola propriamente dita (arroz, milho, soja, etc.), a produção da www.pontodosconcursos.com.br

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pecuária (abate de gado, suínos, etc.) e a produção extrativa vegetal (borracha, carvão vegetal, etc.); II - Setor Secundário – constituído pela produção do setor industrial e tendo como principais subsetores: indústria extrativa mineral (petróleo, ouro, minério de ferro, etc.), indústria da construção civil (prédios, estradas, barragens, etc.), indústria de transformação (mecânica, eletrônica, têxtil, etc.) e serviços industriais de utilidade pública (energia elétrica, saneamento, etc.); III - Setor Terciário – constituído pelo setor de serviços, tendo como principais subsetores: transportes e comunicações, intermediação financeira, setor governo (exceto empresas estatais), comércio, saúde e educação (privadas), turismo e lazer, etc.

4.3. Os diversos conceitos de produto – uma análise mais detalhada O produto interno bruto (PIB) de um país é dado pelo valor de todos os bens e serviços que foram produzidos durante um certo período de tempo, geralmente um ano. Seu valor é medido pelo lado dos custos de produção, traduzidos estes nas despesas realizadas pelas empresas com a remuneração dos fatores utilizados na produção (salários, aluguéis, juros e lucros). A contrapartida do valor do produto global ou do valor agregado dessas despesas é dada pela renda interna que corresponde à soma daquelas rendas recebidas pelos proprietários dos fatores de produção. Se o produto for avaliado aos preços de mercado, devese acrescentar a essas rendas a receita auferida pelo governo, ou seja, os impostos indiretos, deduzidos os subsídios. Constata-se, então, que o valor do produto e da renda são duas medidas distintas do mesmo fluxo de bens e serviços gerados na atividade econômica. Muitas vezes o estudante se vê confuso diante de conceitos como “produto interno”, “produto líquido”, “renda nacional”, “renda pessoal”, e tantos outros. Mas, afinal, todos esses termos se referem à mesma coisa ou são conceitos e medidas diferentes? www.pontodosconcursos.com.br

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Na realidade, todos estes conceitos referem-se a coisas semelhantes, mas não iguais. O que distingue um conceito do outro são alguns itens que entram no cálculo de um mas não entram no outro. Por exemplo, a diferença entre qualquer produto “líquido” e seu correspondente “bruto” consiste na “depreciação” que entra no cálculo somente deste último. O Quadro I, a seguir, mostra de que forma são calculados os diversos conceitos de produto e de renda, possibilitando uma comparação entre ambos.

QUADRO I Ótica do produto (+)Salários pagos: (+)Aluguéis: (+)Juros: (+)Lucros

1.300 900 700 1.100

Ótica da renda (+)Salários pagos: (+)Aluguéis: (+)Juros: (+)Lucros:

1.300 900 700 1.100

= Produto Interno Líquido a custo de fatores(cf): 4.000 (+) Depreciação: 300

= Renda Interna Líquida: 4.000 (+) Depreciação: 300

=Prod. Interno Bruto(cf):4.300 (-) Renda líquida enviada ao exterior: -200

=Renda Interna Bruta: 4.300 (-) Renda líquida enviada ao exterior: -200

=Prod. Nacional Bruto (cf):4.100 (+) Impostos indiretos(*): 600 (-) Subsídios: -100 =Prod.Nacional Bruto(pm):4.600

(*) IPI/ICMS/ISS

=Renda Nacional Bruta: 4.100 (-) Depreciação: -300 =Renda Nacional líquida: 3.800 (-) Lucros retidos: -500 (-) Contr.Previdendenciárias:-700 (+) Transferências Govern.: 600 (+) Transf. Empresariais: 100 = Renda Pessoal: 3.300 (-) Impostos diretos(**): 400 = Renda Pessoa Disponível: 2.900 (**) IR/IPVA/IPTU

Pelo Quadro I, acima, pode-se concluir que: www.pontodosconcursos.com.br

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a) A diferença entre o produto a custo de fatores e o produto a preços de mercado reside na inclusão, neste último, dos impostos indiretos e na retirada dos subsídios. b) A diferença entre o produto interno e o produto nacional e entre a renda interna e a renda nacional reside na renda líquida enviada ao exterior. c) A diferença entre o produto líquido e o produto bruto reside na depreciação; De uma forma geral, nos Estados Unidos e outros países desenvolvidos, utiliza-se mais comumente, para efeito de análise da atividade econômica, o conceito de Produto Nacional Bruto (PNB). Isso se explica porque o PNB desses países costuma ser maior que o seu PIB – porque eles recebem mais renda do exterior do que enviam para o exterior. Já nos países subdesenvolvidos, o Brasil entre eles, usa-se geralmente o conceito de Produto Interno Bruto (PIB) - que, no caso desses países, costuma ser maior que o PNB, uma vez que a renda que esses países recebem do exterior tende a ser menor que a renda por eles enviada ao exterior. A Ótica das Despesas Como foi dito anteriormente, o valor do produto é igual ao valor da renda gerada e, por sua vez, é igual à despesa agregada, isto é, ao valor do fluxo de bens e serviços transacionados na economia. As despesas agregadas se compõem das seguintes categorias de gastos: a) Despesas pessoais de consumo (C) – incluindo aí os gastos das famílias com bens de consumo (alimentos, automóveis, etc.) e serviços (saúde, lazer, etc.). b) Investimento privado bruto (I) – incluindo edificações, fábricas, equipamentos, máquinas e variações de estoques. Vale lembrar que só são computados os bens e serviços “novos”, isto é, produzidos e vendidos (ou comprados) no ano considerado. Assim, a compra de um edifício com 5 anos de construção, ou de um carro usado não é computada no valor www.pontodosconcursos.com.br

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do PIB deste ano. Isto porque o valor deste edifício e deste carro já foi apurado no PIB do ano em que foram produzidos. c) Gastos do governo (G) – incluem os dispêndios do governo com os seguintes itens: i) despesas correntes - aí incluídas as compras de bens e serviços para o funcionamento normal das agências governamentais e o pagamento de funcionários civis e militares. ii) despesas de capital - compra de bens e serviços voltados para investimentos (construção de escolas, hospitais, estradas, etc.). Não entram nestes gastos do governo: as transferências governamentais, nem os dispêndios das empresas públicas (tipo Petrobrás, Vale do Rio Doce, Eletrobrás, etc.). Estes últimos são contabilizados no setor secundário, como setor privado. d) Exportações líquidas (X - M) – aqui entendidas como o valor total das exportações de bens e serviços menos o valor das importações de bens e serviços. Ou seja, pela ótica ou abordagem da despesa, o valor do produto interno bruto, a preços de mercado, é dado pela equação abaixo: PIBpm= C + I + G + X - M

4.4. O Valor Adicionado Para calcular o valor do PIB, todos os bens e serviços devem ser contados só uma e única vez. Para tanto, deve-se computar somente os valores dos bens finais já que estes incluem todos os custos intermediários (matérias-primas) das diversas etapas do processo produtivo. Assim, por exemplo, as estatísticas oficiais contam o valor do pão vendido ao consumidor, mas não somam a este valor o preço da farinha de trigo, já que este está incluído no preço final do pão. Da mesma forma, se se computa o preço do automóvel vendido ao consumidor, não se deve adicionar a este o preço do aço e outros www.pontodosconcursos.com.br

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componentes do carro. Do contrário, haveria o problema da “dupla contagem”. Aparentemente, a maneira mais fácil de se medir o valor do PIB é considerar os valores dos bens finais. Mas, alternativamente, pode-se chegar ao mesmo resultado somando o “valor adicionado” pela empresa em cada estágio do processo produtivo. Valor adicionado é igual ao valor do produto vendido pela empresa menos o custo dos produtos intermediários comprados pela empresa e seus fornecedores. Um exemplo de cálculo do valor adicionado:

Tabela 1 (PRODUÇÃO HIPOTÉTICA DE CIGARROS)

Pela Tabela 1, verifica-se que o valor do PIB é igual ao valor do bem final (=100), vendido pela loja ou bar ao consumidor. Alternativamente, se somarmos os valores adicionados ou acrescidos por cada empresa em cada etapa ou estágio, encontraremos o mesmo valor para o produto (24 + 27 + 18 + 12 + 19 = 100).

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4.5. Produto nominal X produto real O valor do produto varia de um ano para outro. Geralmente, o valor do produto no ano t é nominalmente maior do que o valor do produto registrado no ano t–1, isto é, no ano anterior. Esta diferença de valor pode ser explicada por duas variáveis: por variação dos preços (P) e/ou por variações nas quantidades produzidas (Q). A partir desta constatação, é possível distinguir dois conceitos muito importantes da contabilidade nacional: o produto nominal e o produto real. O produto nominal – também chamado de produto a preços correntes - corresponde ao valor do produto medido aos preços vigentes no ano de referência. Matematicamente, é obtido pelo somatório do valor da produção de todos os bens e serviços finais de uma economia. Ou formalmente: Produto nominal = ∑ Pi x Qi onde i varia de 1 a n produtos. Pela fórmula acima, verifica-se que o produto nominal pode aumentar ou diminuir em função tanto dos preços quanto das quantidades produzidas dos bens e serviços finais. Já o produto real – também chamado de produto a preços constantes - corresponde à quantidade física de bens e serviços produzidos pela economia. Ou seja, o produto real somente varia se houver uma variação na quantidade física efetivamente produzida. E parece óbvio que quanto maiores as quantidades produzidas de todos os bens ou serviços, maiores e melhores são as condições médias de vida dos cidadãos, já que aumentos na produção implicam aumentos no nível de renda e, por conseqüência, do nível de consumo da população. Assim, o que interessa saber não é se o produto nominal está crescendo de um ano para o outro – já que este aumento pode ser causado simplesmente por um aumento dos preços – e sim saber se o produto real está também crescendo ou não.

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Como o valor do produto nominal de um determinado ano embute variações no nível médio de preços e também eventuais variações no quantum físico produzido, para que possamos saber o valor do produto real daquele ano e podermos verificar se este valor é ou não maior do que o do ano anterior, é necessário que sejam anuladas ou isoladas as variações no produto provocadas por variações nos preços. Se fizermos isso, qualquer variação para mais ou para menos no valor do produto será explicada por variações nas quantidade produzidas. Este processo não é muito complicado. Ao contrário, é até muito simples, conforme mostraremos a seguir. Considere, primeiramente, os dados constantes da Tabela 2, abaixo: Tabela 2

(1)

(2)

(3)

(4)

(5)

Anos

Produto nominal (R$ mil)

Deflator implícito do Produto

Produto real (base: 2001)

Taxa de crescimento real (%)

1999

275.000

132,0

369.583

--

2000

343.750

158,4

384.982

4,2

2001

395.312

177,4

395.312

?

2002

420.080

191,6

388.946

?

2003

454.430

202,5

398.103

?

A título de exercício, suponha que, para os anos compreendidos entre 1999 e 2003, o produto nominal registrou os valores que aparecem na Coluna 2. Como se pode ver, os valores nominais do produto cresceram muito de um ano para o outro – o que certamente pode ser explicado por aumentos de preços e também por aumentos na quantidade física de bens e serviços produzidos. Temos, então, de isolar ou eliminar as variações do produto nominal causadas por aumentos de preços – o chamado “efeito-preço”. Depois que fizermos isso, as eventuais diferenças entre os valores do produto de um ano para o outro serão www.pontodosconcursos.com.br

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creditadas exclusivamente a variações produzido – isto é, no produto real.

no

quantum

físico

Para eliminarmos o efeito-preço, é preciso que adotemos um índice de preços qualquer. No caso do produto interno ou nacional, geralmente é utilizado o chamado deflator implícito do produto (DIP) – que é calculado tomando por base as variações de preços dos produtos agrícolas, dos produtos industriais e dos serviços (setores que formam o PIB), ponderados pelo tamanho de cada setor. Por hipótese, imaginamos que o índice médio anual do DIP que, num determinado ano-base, digamos 1995, era 100,0, com o aumento dos preços registrou, de 1999 a 2003, os valores constantes da Coluna 3, da Tabela 2. A diferença percentual do índice de um ano para o outro seria, grosso modo, a taxa de inflação do ano, medida por este DIP. Vamos, então, calcular agora o valor do produto real para cada ano daquela série. Para tanto, já temos duas variáveis importantes: os valores do produto nominal e o índice de preços. Para encontrarmos o valor do produto real usamos a seguinte técnica: 1° - escolhemos um determinado ano da série para servir como referência ou, como se diz em economia, como ano-base. Esta escolha é aleatória, podendo ser qualquer ano. No exemplo acima, tomamos como ano-base o ano de 2001; 2° - uma vez escolhido o ano-base, o próximo passo é multiplicar o valor do produto nominal de cada ano pelo índice de preço do ano-base (no caso presente, por 117,4) e dividir o resultado encontrado pelo índice de preço do respectivo ano. Para um melhor entendimento, vamos achar o valor do produto real do ano 2000: 1° passo: multiplicamos o valor do produto nominal deste ano – 343.750 – por 177,4, encontrando 60.981.250; 2º passo: dividimos o valor encontrado acima pelo índice de preço do ano 2000, ou:

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60.981.250 : 158,4 = 384.982 >> que é o valor do produto real do ano 2000, quando medido aos preços vigentes no ano 2001. Procedendo assim para todos os demais anos da série, encontramos os valores constantes da Coluna 4. Pelo que se pode verificar, agora os valores dos produtos são mais próximos um do outro, já não havendo as discrepâncias observadas nos valores do produto nominal da Coluna 2 – discrepâncias estas decorrentes das variações de preço de um ano para outro. Como, agora, todos os produtos estão medidos aos preços vigentes em 2001 (ano escolhido para ser o ano-base), qualquer diferença entre eles é real. Para calcularmos a taxa de crescimento real de um ano para o outro, basta dividir o valor do produto real do ano t+1 pelo valor produto real do ano t; em seguida, subtraímos uma unidade do quociente encontrado e multiplicamos o resultado por 100. Vamos calcular, por exemplo, a taxa de crescimento real em 2000: 384.982 : 369.583 = 1,0417 1,0417 – 1,0 = 0,0417 0,0417 x 100 = 4,17% ou 4,2%. Deixamos para você o cálculo da taxa de crescimento real para os demais anos1.

4.6. As Contas Nacionais do Brasil As Contas Nacionais do Brasil sempre foram calculadas pela Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro (FGV-RJ), mas a partir de 1986, esta tarefa passou a ser da responsabilidade do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O Sistema de Contas Nacionais no Brasil adotado pelo IBGE, segue grosso modo o sistema criado por Richard Stone que é, também, o sistema adotado e recomendado pelas Nações Unidas 1

Você acertou se encontrou os seguintes resultados: 2,7% para 2001; -1,6% para 2002 e 2,4% para 2003.

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para seus países-membros – sistema este que se baseia em quatro contas, a saber: i. Conta 1 – Produto Produção);

Interno

Bruto

(ou

Conta

da

ii. Conta 2 – Renda Nacional Disponível Bruta (ou Conta da Apropriação); iii. Conta 3 – Conta de Capital; iv. Conta 4 – Conta Transações Correntes com o Resto do Mundo. Existe, ainda, uma Conta 5 – que corresponde à Conta do Governo – mas que é apresentada à parte, denominada Conta Corrente das Administrações Públicas – e cujos lançamentos não têm contrapartida com as demais contas do Sistema de Contas Nacionais. Os lançamentos dos valores dessas contas seguem os preceitos contábeis das partidas dobradas que obedecem a dois princípios: i)

em cada conta, o total de débitos deve ser igual ao total de créditos;

ii)

a todo crédito lançado em um conta corresponde um débito lançado em outra conta e vice-versa.

Com essas considerações, apresentamos, a seguir, um modelo das Contas Nacionais utilizado no Brasil, tendo como referência as quatro Contas mencionadas acima, além da Conta do Governo, seguido de um comentário sucinto sobre cada Conta. (Observação: Estas contas são mostradas aqui mais para você ter uma visão de como são apresentadas as Contas Nacionais do Brasil, do que por qualquer outra razão. Você não deve se preocupar muito em entender essas contas, exceto, talvez, no tocante à Conta de Capital (formação bruta de capital fixo X poupança) que, recorrentemente tem sido objeto de questões nas provas de concursos públicos de Macroceconomia).

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Conta 1 – Conta Produto Interno Bruto Débito 1.1.Produto Interno Bruto, a custo de fatores (2.4) 1.1.1.Remuneração dos empregados (2.4.1) 1.1.1. Excedente operacional bruto (2.4.2) 1.2. Tributos Indiretos (2.7) 1.3. (-) Subsídios (2.8)

Produto Interno Bruto (PIB)

Crédito 1.4. Consumo Final das Famílias (2.1) 1.5. Consumo Final das Administrações Públicas (2.2) 1.6.Formação Bruta de Capital Fixo (3.1) 1.7. Variação de estoques (3.2) 1.8. Exportações de Bens e Serviços não-fatores (4.1) 1.9. (-) Importações de Bens e Serviços não-fatores (4.5)

Dispêndio Correspondente ao PIB

Comentários: Como se pode ver, a Conta do Produto Interno Bruto apresenta, do lado do débito, o pagamento das empresas aos fatores de produção, valendo observar que o excedente operacional bruto corresponde a todas as rendas pagas na economia, excluídos os salários e ordenados pagos aos empregados. Ainda do lado do débito são somados os impostos indiretos (IPI/ICMS/ISS) e retirados os subsídios. O resultado final corresponde, assim, ao produto interno bruto a preços de mercado. Do lado do crédito, o que as empresas receberam dos agentes que adquiriram os bens e serviços finais que elas produziram, perfazendo o chamado “dispêndio correspondente ao PIB” – que, em termos econômicos, equivale à despesa interna bruta, a preços de mercado.

Conta 2 – Renda Nacional Disponível Bruta Débito

Crédito

2.1. Consumo final das famílias (1.4) 2.4. Produto Interno Bruto a custo de fa2.2. Consumo final das adm.públicas (1.5) tores (1.1) 2.3. Poupança bruta (3.3) 2.4.1.Remuneração dos empregados (1.1.1) 2.4.2. Excedente operacional bruto (1.1.2) 2.5. Remuneração de empregados, líquida, recebida do Resto do Mundo(4.2-4.6) 2.6.Outros rendimentos, líquidos, recebidos Resto do Mundo (4.3-4.7) 2.7. Tributos indiretos (1.2) 2.8. (-) Subsídios (1.3) 2.9. Transferências unilaterais, líquidas, recebidas do Resto do Mundo(4.4-4.8)

Utilização da Renda Nacional

Apropriação da Renda Nacional

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CURSOS ON-LINE – ECONOMIA I – PROF. MOZART FOSCHETE 2 Disponível Bruta

Disponível Bruta

Comentários: A conta acima descreve, do lado do débito, como as famílias e o governo utilizam a renda recebida – destinando parte ao consumo e parte à poupança; já do lado do crédito, aparecem as rendas recebidas pelas famílias e pelo governo (impostos líquidos dos subsídios) mais o resultado líquido dos recebimentos e transferências do e para o exterior.

Conta 3 – Conta de Capital Débito 3.1. Formação bruta de capital fixo (1.6) 3.1.1 Construção 3.1.1.1 Administrações públicas 3.1.1.2 Empresas e famílias 3.1.2 Máquinas e equipamentos 3.1.2.1 Administrações Públicas 3.1.2.2 Empresas e famílias 3.1.3 Outros 3.2. Variação dos estoques (1.7)

Acumulação Bruta Interna

Crédito 3.3. Poupança bruta (2.3) 3.4. Menos: Saldo em transações correntes com o Resto do Mundo (4.9)

Financiamento da Acumulação Bruta Interna

Comentários: Na Conta de Capital, são lançados do lado do débito as aplicações da economia na formação bruta de capital fixo (investimentos brutos) e nas variações de estoques (contabilmente considerados como investimentos para as empresas); já do lado do crédito, são lançadas as fontes de financiamento daquelas aplicações, constituídas da poupança bruta da economia (valendo notar que esta é composta pela poupança bruta do setor privado - que é igual à poupança líquida do setor privado mais a depreciação - mais a poupança do Governo em conta corrente), mais a poupança externa – representada esta última pelo saldo em conta corrente do balanço de pagamentos.

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Conta 4 – Transações Correntes com o Resto do Mundo Débito 4.1. Exportações de bens e serviços (1.8) 4.2. Remuneração dos Empregados recebida do Resto do Mundo (2.5 + 4.6) 4.3. Outros rendimentos recebidos do Resto do Mundo (2.6 + 4.7) 4.4. Transferências unilaterais recebidas do Resto do Mundo (2.9 + 4.8)

Recebimentos Correntes

Crédito 4.5. Importações de bens e serviços (1.9) 4.6. Remuneração dos empregados paga ao Resto do Mundo (4.2 – 2.5) 4.7. Outros rendimentos pagos ao Resto do Mundo (4.3 – 2.6) 4.8. Transferências Unilaterais pagas ao Resto do Mundo (4.4 – 2.9) 4.9. Saldo das transações correntes com o Resto do Mundo (3.4)

Utilização dos recebimentos correntes

Comentários: Nessa conta, são registrados, do lado do débito, os gastos dos não-residentes (estrangeiros) com a aquisição dos bens e serviços produzidos internamente (exportações de bens e serviços), além dos rendimentos e transferências (rendas e donativos) recebidos do Resto do Mundo. Do lado do crédito, são lançados os pagamentos pelos bens e serviços importados pelo país, mais as rendas e transferências (doações) enviadas para o Resto do Mundo, aparecendo, ainda, deste lado, o saldo do balanço de pagamentos em conta corrente.

A conta corrente das Administrações Públicas Comentário: A Conta Corrente das Administrações Públicas é apresentada em separado, complementando as quatro contas anteriores, e nela são mostradas as transações correntes do governo. Do lado do débito, são lançados os itens de despesa do governo – traduzidas no consumo final (que é composto dos gastos correntes com pessoal e na compra de bens e serviços), além do subsídios concedidos pelo governo ao setor produtivo e aos consumidores, mais as transferências (sendo essas constituídas das pensões e aposentadorias pagas pelo INSS) e o pagamento de juros da dívida interna pública que, tecnicamente são também considerados como transferências do governo ao setor privado. Note-se que nesta conta não aparecem as despesas de capital do governo que, na realidade são incluídas no item “formação bruta de capital fixo”, na Conta Produto Interno Bruto. Do lado do crédito, aparecem as receitas correntes do governo, aí incluídos os impostos indiretos e diretos e outras receitas correntes – valendo lembrar que as contribuições previdenciárias estão incluídas nessas últimas. www.pontodosconcursos.com.br

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Conta Corrente das Administrações Públicas Débito

Crédito

Consumo final das Administrações Públicas Tributos indiretos .Salários e encargos Tributos diretos .outras compras de bens e serviços Outras receitas correntes líquidas Subsídios Transferência de Assistência e Previdência Juros da Dívida Pública Interna Poupança em Conta Corrente Total da utilização da receita corrente

Total da receita corrente

4.7. O investimento bruto total e a poupança da economia Um tópico que, recorrentemente, tem aparecido nas provas de Macroeconomia é a questão do investimento bruto1 versus a formação da poupança necessária para ao seu financiamento. O investimento total bruto da economia – que corresponde aos gastos totais da economia com bens de capital (máquinas, equipamentos, edificações, construções de infraestrutura) assim se decompõe: i) Investimento bruto – que é constituído pelos investimentos do governo e do setor privado; e, ii) Variação de estoques. Investimento bruto X investimento líquido O termo investimento bruto corresponde, em Economia, às compras de bens de capital novos pelas empresas e pelo governo, com o objetivo de ampliar ou melhorar a sua capacidade produtiva.

1

Na Contabilidade nacional, o investimento bruto é chamado de “formação bruta de capital fixo”. Para efeitos didáticos, continuaremos usando neste texto o termo “investimento bruto” – que é o mais comumente usado nos textos de macroeconomia.

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Ocorre, no entanto, que uma parte dos bens de capital em uso na economia sofre desgaste físico no processo produtivo – o que representa uma perda ou decréscimo no valor do estoque de capital. A esse fenômeno se dá o nome de depreciação. Se retirarmos do investimento bruto o valor da depreciação, encontraremos o chamado investimento líquido – que representa o acréscimo líquido ocorrido no estoque de capital da economia no período considerado. Ou seja, Investimento bruto menos depreciação = investimento líquido Um exemplo: Suponha que a economia disponha de 20 máquinas no início do ano, sendo este, portanto, o seu estoque de capital naquele momento. Se, ao longo do ano, são produzidas e compradas cinco máquinas novas, mas duas das máquinas existentes no início do ano, de tanto serem usadas, se tornam imprestáveis para a produção e têm de ser substituídas por duas das máquinas novas, teremos a seguinte situação: O investimento bruto da economia foi de 5 máquinas novas, mas o investimento líquido foi de apenas 3 novas máquinas – que corresponde ao acréscimo de fato ocorrido no estoque de capital. A variação de estoques X o investimento Quando a produção não é totalmente vendida no ano, ocorrem as chamadas variações positivas de estoques na economia. Esses bens que não foram vendidos, estarão certamente disponíveis para vendas no futuro mais ou menos breve. Mas, até que isso aconteça, essas variações de estoques constituem um aumento no patrimônio das empresas e, como tal, são consideradas como investimento da economia. Somando-se esta variação de estoques aos investimentos brutos, tem-se o chamado investimento total.

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A poupança da economia E de onde vêem os recursos para financiar o investimento da economia? A resposta é muito simples: da poupança. Numa economia aberta e com governo, a poupança da economia vem de quatro fontes principais: i)

poupança líquida do setor privado – que se compõe da poupança das famílias – que corresponde à parte da sua renda que elas não gastam e que geralmente é aplicada no mercado financeiro – e da poupança das empresas – que resulta dos lucros não-distribuídos;

ii)

depreciação2;

iii)

poupança do governo em conta corrente (Sg);

iv)

poupança externa (Se) – que corresponde à diferença entre os recebimentos e os pagamentos efetuados pelo Resto do Mundo relativos às transações correntes3

A soma da poupança líquida do setor privado com a depreciação é denominada de poupança bruta do setor privado (Sp). Por outro lado, a soma da poupança bruta do setor privado com a poupança do governo em conta corrente é denominada de poupança interna bruta ou simplesmente poupança interna.

A identidade entre a poupança e o investimento As definições contidas no item anterior contabilmente, ser resumidas no seguinte quadro poderíamos chamar de Conta Consolidada de Capital: 2

podem, – que

Lembre-se que as empresas registram a depreciação, em sua contabilidade, como uma despesa, mas na verdade isso não representa nenhum desembolso monetário para a empresa – resultando, assim, em última análise, como mais um recurso à disposição da empresa para o financiamento de seus investimentos. 3 Observe-se que uma “poupança externa positiva” equivale, na verdade, a um déficit no Balanço de Pagamentos em Conta Corrente do país. Ou seja, o país estará, nesta hipótese, recebendo poupança exaterna para financiar seus gastos a maiores.

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Gastos de investimento

Poupança

Investimento total bruto

Poupança total

Investimento bruto / setor privado(Ip) Poupança bruta do setor privado (Sp)1 Investimento do governo (Ig) Poupança do governo em c.corr. (Sg) Variação de estoques (∆est) Poupança externa (Se)

1

Lembre-se que a poupança bruta do setor privado é igual à soma da poupança líquida + a depreciação.

Logo, Ip + Ig + ∆est. = Sp + Sg + Se (1) Para simplificar, podemos incluir a variação de estoques no item “investimento privado” (Ip), assim: Ip + Ig = Sp + Sg + Se

(2)

Déficit público Uma observação importante que deve ser feita é que a poupança do governo em conta corrente, registrada nas contas nacionais, é o resultado apenas da receita corrente do governo menos os seus gastos correntes (gastos de custeio, subsídios, transferências e pagamento de juros), não se computando os gastos com bens de capital, isto é, os gastos de investimento do governo. Para se apurar o déficit do governo – ou melhor, o déficit público (DP) - é necessário acrescentar as despesas de investimento do governo àqueles gastos correntes, deduzindo o total encontrado da receita corrente do governo. Ou, dito de outra forma: DP = Ig – Sg (3) E substituindo a equação (3) na equação (2) e mudando as variáveis de lado, pode-se ter: Ig – Sg = Sp + Se – Ip Ou, DP = (Sp – Ip) + Se (4). www.pontodosconcursos.com.br

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Pela equação (4), pode-se perceber que, pela ótica da Contabilidade Nacional, o déficit público é financiado pelo excesso da poupança bruta sobre o investimento privado e pela poupança externa, isto é, pela poupança do Resto do Mundo – que, como já foi dito, corresponde ao déficit do país no balanço de transações correntes.

4.8. Carga Tributária Um tema que tem sido objeto de discussões permanentes na sociedade é a questão do alto nível de impostos cobrados pelo governo, isto é, a carga tributária. Alguns afirmam que a carga tributária no Brasil é por demais elevada; outros afirmam exatamente o contrário. Obviamente, quando se diz que a carga tributária é elevada ou é baixa, deve-se ter em mente algum padrão de comparação. No caso, a comparação é com outros países. Mas, para que esta comparação seja feita, é necessário que todos os países usem o mesmo critério de cálculo, do contrário estaremos comparando laranjas com abacaxis. Assim, o que se tem feito é seguir os modelos aceitos pelas Nações Unidas no tocante aos critérios de medição das contas nacionais. Com relação à carga tributária, há dois conceitos: o de carga tributária bruta (CTB) e o de carga tributária líquida (CTL). Para o cálculo desses dois conceitos, usam-se as seguintes fórmulas: CTB = Total de impostos PIBpm CTL = Total de impostos – transferências – subsídios PIBpm Vale lembrar que no total dos impostos devem ser incluídos os impostos diretos e indiretos bem como as contribuições previdenciárias. No Brasil, de acordo com as estatísticas oficiais, a carga tributária (bruta e líquida) cresceu sistematicamente nas últimas www.pontodosconcursos.com.br

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três décadas, acentuando-se este crescimento mais ainda a partir do governo Fernando Henrique. As estatísticas indicam que, ao final de 2004, a carga tributária bruta atingiu algo como 38% do PIB – a mais alta entre todos os países em desenvolvimento e uma das maiores do mundo, equiparando-se à de países altamente desenvolvidos, como a Suécia e Noruega – países onde o retorno que a sociedade recebe do setor público – sob a forma de educação, saúde, lazer, transporte coletivo – é reconhecidamente elevado, nada comparado com o que ocorre em países como o Brasil onde serviço prestado pelo Governo à população está longe de ser satisfatório. ______________________

EXERCÍCIOS DE REVISÃO: I) Exercícios resolvidos: - Com base nos seguintes dados hipotéticos das contas nacionais, responda às questões de 1 a 10: salários pagos pelas empresas privadas: salários pagos pelo governo: depreciação dos equipamentos juros: lucros totais: aluguéis: renda líquida enviada ao exterior: impostos diretos: impostos indiretos: subsídios: contribuições previdenciárias: lucros retidos: compras de bens e serviços pelo governo: formação bruta de capital fixo (FBKF): exportações: importações: gastos de consumo privado: transferências governamentais: transferências empresariais:

300 110 40 100 400 150 50 90 200 50 70 150 90 120 180 130 800 110 30

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CURSOS ON-LINE – ECONOMIA I – PROF. MOZART FOSCHETE 10 1. Os gastos de consumo do governo e sua poupança são, respectivamente: c) 200 e 10; d) 200 e 0; e) 10 e 5. a) 90 e 10; b) 110 e 90; Solução: (A solução dos exercícios de 1 a 5 pode ser encontrada no Quadro I, do texto): -Os gastos de consumo do governo são constituídos das despesas com pessoal mais as compras de bens ou serviços, ou seja: 110 + 90 = 200 -Já a poupança do governo é obtida, deduzindo-se da arrecadação total (que é igual à soma dos impostos diretos + indiretos + contribuições previdenciárias + outras receitas correntes, se houver) menos as despesas correntes ( = gastos de consumo + transferências + subsídios), ou seja: Total de impostos: 90 + 200 + 70 = 360 Despesas correntes: 200 + 110 + 50 = 360 Logo, 360 – 360 = 0 >> ou seja, a poupança é zero. A resposta, portanto, é a letra d.

2. O produto nacional bruto a preços de mercado é igual a: b) 1.300; c) 1.100; d) 1.400; a) 1.200;

e) 1.500.

Solução: No cálculo do PNBpm entram os impostos indiretos menos os subsídios (porque é a preços de mercado), + depreciação (porque é produto bruto) e menos a renda líquida enviada ao exterior (porque é nacional). Logo: PNBpm = PILcf + depreciação + impostos indiretos – subsídios + renda recebida do exterior – renda enviada ao exterior. O PILcf = S + A + J + L = 410 + 150 + 400 + 100 = 1.060 PNBpm = 1060 + 40 + 200 – 50 – 50 = 1.200. A resposta, portanto, é a letra a. 3. A renda nacional líquida: a) 1.000; b) 1.010;

c) 1.020;

d) 1.030;

e) 1.040.

Solução: A resposta correta é a letra b. Deixamos para você a solução desta questão. Para tanto, consulte o Quadro I, do texto.

4. A renda pessoal disponível (RPD) é: a) 810; b) 850; c) 910;

d) 950;

e) 840.

Solução: Pelo Quadro I, a RPD é assim encontrada: Partindo da renda nacional líquida (encontrada na questão 3, anterior), devem ser deduzidos: - os lucros retidos (LR); - contribuições previdenciárias (CP); - os impostos indiretos(imp.ind.); e somadas: as transferências governamentais (TG) e as transferências empresariais (TE), se houver. Assim: RPD = RNL – LR – CP – Imp. Dir. + TG + TE www.pontodosconcursos.com.br

CURSOS ON-LINE – ECONOMIA I – PROF. MOZART FOSCHETE 11 RPD = 1.010 – 150 - 70 – 90 + 110 + 30 RPD = 840 e, portanto, a resposta correta é a letra e. 5. A despesa nacional, exclusive variação de estoques, é: d) 1.040; a) 940; b) 860; c) 1.100;

e) 1.250.

Solução: A resposta correta é a letra c. Deixamos para você a solução desta questão, lembrando que se trata de despesa nacional, e, portanto, você deve incluir no cálculo a renda líquida enviada ao exterior.

Observação: as respostas das questões de 6 a 11 encontram-se ao final desta série. Antes de resolver estas questões, releia a parte do texto sobre Produto Nominal e Produto Real. 6. O conceito de PIB real per capita consiste: a) no volume total de mercadorias e serviços finais por habitante, avaliado a partir do produto a preços constantes; b) na medida do desenvolvimento econômico e social de uma sociedade; c) no indicador da evolução de preços da economia; d) os itens b e c estão corretos; e) nenhuma das alternativas anteriores. 7. Assinale a única afirmativa incorreta. a) Os preços se alteram e, por isso, as alterações no valor do PIB não indicam de modo preciso as modificações da produção física ou do produto real. b) Produto real é o produto medido com os preços mantidos constantes, como se estes não tivessem se alterado de um ano para outro. c) As alterações do produto real dão uma boa indicação da variação da produção física entre dois períodos. d) As variações do produto real são o resultado da variação física e dos preços do produto. e) O produto nominal incorpora as variações físicas e de preços do produto. 8. No ano-base que tipo de relacionamento existe entre o PIB a preços correntes e o PIB a preços constantes: a) o PIB a preços constantes > o PIB a preços correntes; b) o PIB a preços constantes = o PIB a preços correntes; c) o PIB a preços constantes < o PIB a preços correntes; d) os dois PIBs não são relacionados; e) os dois PIBs sempre terão valores distintos. 9. A diferença entre o PIB e o PNB é expressa: a) pela diferença entre as exportações e importações de mercadorias; b) pela renda líquida enviada (ou recebida) do exterior; c) pela diferença entre as exportações e importações de mercadorias e serviços; d) pelo valor da depreciação; www.pontodosconcursos.com.br

CURSOS ON-LINE – ECONOMIA I – PROF. MOZART FOSCHETE 12 e) pela diferença entre impostos indiretos e subsídios. 10. Assinale a opção correta. a) As transferências líquidas de renda ao exterior equivalem à diferença entre rendas de fatores produtivos pagos ao exterior e rendas de fatores recebidas do exterior. b) Em uma economia aberta, as exportações representam uma proporção constante do PIB. c) Em geral, nas economias desenvolvidas, o PNB é menor que o PIB. d) A renda líquida enviada ou recebida do exterior corresponde, em valor, à diferença entre o total das exportações e o total das importações. e) Todas as afirmativas estão erradas. 11. Se uma empresa compra uma mercadoria por CR$ 2.000,00 e apenas a revende, sem qualquer transformação física, por CR$ 2.500,00, então o valor agregado ou adicionado pela empresa é igual a: b) 2.500; c) 500; d) 4.500; e) 2.000. a) zero;

Gabarito das questões de 6 a 11: 7. d; 8 . b; 6. a;

9 . b;

10. b;

11. a

Até a semana que vem, com a nossa 5ª aula – que versará sobre o Balanço de Pagamentos e Taxa de Câmbio. Um abraço para você, e até lá!

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Aula 5: O Balanço de Pagamentos e a taxa de câmbio Vamos, nesta nossa 5ª Aula, falar um pouco sobre comércio exterior. Em comércio exterior, apenas dois tópicos têm sido objeto de questões de provas de concursos públicos: o balanço de pagamentos e sua estrutura e a taxa de câmbio e sua influência sobre o balanço de pagamentos de um país. A gente começa, primeiramente, pelo Balanço de Pagamentos, sua estrutura e composição e, depois, tratamos da taxa de câmbio. Então vamos lá.

II – Balanço de Pagamentos 5.1 Conceitos Básicos O que é e para que serve o Balanço de Pagamentos? A resposta é muito simples: O Balanço de Pagamentos (BP) de um país nada mais é que um registro sistematizado de todas as transações comerciais e financeiras de um país com o resto do mundo. Ou, de acordo com a definição mais técnica do Fundo Monetário Internacional (FMI), e adotada pelo Banco Central do Brasil, o Balanço de Pagamentos consiste no registro sistemático de todas as transações econômicas realizadas, durante um certo período, entre www.pontodosconcursos.com.br

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residentes do país e residentes de outros países ditos estrangeiros.” O propósito principal desse registro é informar às autoridades monetárias sobre a situação das contas externas do país, de modo a auxiliá-las na formulação das políticas monetária, fiscal, cambial e comercial. Objetivamente, o BP contém o registro contábil de todas as transações de bens e serviços, as transferências de propriedades, as variações de ouro monetário, as transferências unilaterais de divisas e as variações de Direitos Especiais de Saque (DES) de uma economia com o resto do mundo. Os componentes do Balanço de Pagamentos são comumente apresentados em coluna, sendo os valores lançados em diferentes grupos de contas. Como conseqüência da adoção do critério das “partidas dobradas”, a soma do saldo de todas as contas, em seu conjunto, deve necessariamente ser igual a zero. Note-se que, a despeito dos esforços do FMI, a estrutura e o registro do BP ainda diferem de um país para outro. Neste texto, seguiremos a estrutura e nomenclatura adotada pelo Banco Central do Brasil.

5.2. A contabilidade do Balanço de Pagamentos No BP, utilizando o sistema de registro contábil, todas as transações são registradas com duas entradas - ou seja, o sistema de "partidas dobradas": uma a débito e outra a crédito. Em conseqüência, contabilmente, o BP está sempre em equilíbrio, o que não significa que tenha havido equilíbrio de fato entre pagamentos e recebimentos do exterior. Normalmente, qualquer transação de um residente no país com um residente no exterior gera um "haver" (direito) ou uma "obrigação", no exterior. Assim, por exemplo, uma venda de café ao exterior (exportação) dá lugar a um "haver" e é registrada a crédito, com sinal positivo, na balança comercial. Simultaneamente, haverá um registro, com sinal negativo, na conta "haveres em moeda no exterior", significando uma saída dessas divisas para aplicação nas reservas do país no exterior. www.pontodosconcursos.com.br

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Isso se explica pelo simples fato de que as divisas (digamos, dólares) não entram, de fato, no país: elas são depositadas numa conta do banco brasileiro (que intermediou a operação) em um banco conveniado no exterior (Citybank, Bankboston, Credit Lyonais, Mitsubishi Bank, etc). Assim, contabilmente, o Banco Central registra a “entrada” (sinal positivo) das divisas no item “exportações” da balança comercial e, simultaneamente, registra sua saída no item “haveres em moeda no exterior”, com sinal negativo. O sinal desta saída é negativo, mas na verdade, significa que as reservas do Brasil, no exterior, se elevaram naquele instante. Inversamente, a compra de uma máquina do exterior por um residente no país (uma importação) gera uma "obrigação" e é lançada a débito no item "importações", da balança comercial, com sinal negativo, e a crédito, isto é, com sinal positivo, na conta "haveres em moeda no exterior". Contabilmente, significa que foram sacadas divisas de nossas reservas no exterior, que foram internalizadas no País (por isso o sinal positivo) para pagamento da importação da máquina. O sinal positivo neste item “haveres em moeda no exterior” significa que houve uma diminuição das reservas internacionais aplicadas no exterior. Observe-se, então, que a contrapartida (partidas dobradas) destas duas transações corresponderá, no caso, a um movimento de capitais, já que os pagamentos não são realizados em moedas e sim através de movimentação de contas bancárias.

5.3. A estrutura do balanço de pagamentos O BP é constituído de diversas contas e subcontas, sendo duas as contas principais: a Conta (ou balança) de Transações Correntes e a Conta de Capital, como se vê na Tabela 5.1. De acordo com os critérios de escrituração ou de contabilização adotados pelo Banco Central, algumas observações se fazem necessárias, relativamente às principais contas do Balanço de Pagamentos que aparecem naquela Tabela, a saber:

A- Conta de transações correntes www.pontodosconcursos.com.br

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Trata-se, sem dúvida, da mais importante conta do BP, e engloba todas as transações de mercadorias e serviços e as transferências unilaterais. Um superávit na conta de transações correntes significa que o país "vendeu" mais mercadorias e serviços do que "comprou" do exterior, possibilitando ao país quitar obrigações contraídas anteriormente, ou adquirir ativos no exterior ou, ainda, aumentar suas reservas internacionais. Se for registrado um déficit em conta corrente, as implicações serão opostas às acima mencionadas. Conforme você pode observar na Tabela 5.1. a conta de transações correntes – ou, simplesmente, conta corrente do BP - se compõem de: 1. Balança comercial A balança comercial registra todas as transações referentes somente às exportações e importações de mercadorias. Como foi descrito acima, se uma determinada importação foi paga à vista, a operação é registrada a débito (sinal negativo) em “importações” e a crédito (sinal positivo) no item “haveres em moeda no exterior”. Caso essa importação seja financiada - isto é, não envolve pagamentos à vista e, portanto, não afeta a posição das reservas internacionais do país (haveres em moeda no exterior) - faz-se o lançamento a débito em "importações" e a crédito em "financiamentos", na conta de capital. 2. Balança de serviços Com relação ao registro dos diversos itens da conta de serviços, vale mencionar o seguinte: i) Transportes: inclui todas as receitas e despesas com frete e o valor das passagens de viajantes, desde que se trate de uma operação entre um residente e um não-residente. Ou seja, a compra de uma passagem aérea da VARIG, para a França, por brasileiro residente no Brasil, não será registrada no BP. Mas, se ele comprar esta passagem da Air France, ainda que seja no Brasil e em reais (R$), tal operação será devidamente registrada na conta de “transportes”. TABELA 5.1 __________________________________________________

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ESTRUTURA DO BALANÇO DE PAGAMENTOS A) Balança de transações correntes (=1+2+3) 1. Balança Comercial (=a+b) a) Exportações b) Importações 2. Balança de Serviços (=a+b+c+d+e+f+g) a) transportes (fretes/passagens) b) seguros c) viagens internacionais (turismo) d)despesas governamentais (embaixadas,consulados, etc) e) pagamento de juros da dívida externa f) remessa de lucros e dividendos g)outros serviços(royalties,patentes,bolsas de estudos,etc) 3. Transferências unilaterais (donativos) B) Conta de capitais (autônomos) a) empréstimos de médio e longo prazos b) financiamentos c) investimentos e reinvestimentos diretos d) amortização da dívida externa e) outros capitais (de curto prazo). C) Erros e omissões D) Resultado do Balanço de Pagamentos (=A+B+C) E) Demonstrativo do Resultado do Balanço de Pagamentos (capitais compensatórios) a) Operações de regularização (FMI, BIRD, BID) b)Haveres em moeda no exterior:aumento(-)ou redução(+) c) Ouro monetário: aumento (-) ou redução (+) d) Direitos especiais de Saque (DES)

ii) Viagens internacionais: registra as despesas e receitas com viajantes, não incluídas no item anterior, isto é, em “transportes”. Exemplos: a compra de US$ 4.000,00 para viagem

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de um brasileiro ao exterior ou a troca de dólares por reais feita por turistas estrangeiros numa agência bancária no Brasil. iii) Lucros e dividendos: refere-se à parte dos lucros que as empresas multinacionais, com investimentos no Brasil, remetem ao exterior (despesa) ou que empresas brasileiras, com investimento no exterior, remetem para o Brasil (receita). Note-se que os "lucros reinvestidos"- isto é, a parte dos lucros que não foi efetivamente remetida ao exterior - é registrada, também, como remessa de lucros (sinal negativo), sendo, em contrapartida, registrada como uma entrada (sinal positivo) no item "investimentos e reinvestimentos diretos", da conta de capital. Tal procedimento se explica pela necessidade de se manter um controle mais objetivo dos investimentos estrangeiros no país. iv) Juros: refere-se ao pagamento dos juros da dívida externa (despesa) e dos juros de financiamentos de importações adquiridas a prazo. Se o país receber juros de fora, o registro, claro, é feito com sinal positivo. v) Despesas governamentais: referem-se aos gastos com manutenção de embaixadas, consulados, etc., no exterior (despesas) e aos recebimentos de outros países para suas representações diplomáticas no Brasil (receitas). 3. Transferências unilaterais Trata-se de donativos ou doações, sem a contrapartida de pagamentos por parte de quem recebe. Se forem feitas em moeda, o registro é normal, ou seja, a crédito - se for um recebimento, - e a débito - se for uma saída, lançando-se o mesmo valor, com sinal trocado em "haveres em moeda no exterior". Se a doação for em espécie, isto é, em mercadorias, são feitos dois lançamentos: se se tratar de uma entrada ou recebimento de doações, faz um registro a débito em importações, e outro a crédito (sinal positivo) em "doações", não alterando, assim, o resultado do BP.

B. Conta de Capitais (autônomos)

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Esta conta registra apenas o movimento dos chamados capitais autônomos- isto é, os capitais que entram ou saem como resultado da livre operação das forças de mercado (oferta e demanda). Neste sentido, distinguem-se dos chamados capitais compensatórios - que são os capitais movimentados exclusivamente pelo Banco Central e que aparecem no "Demonstrativo do Resultado do BP". Fazem parte da Conta de Capitais autônomos os seguintes movimentos financeiros: a) Empréstimos: registra os empréstimos de curto, médio e longo prazos, obtidos junto aos bancos privados, no exterior. b) Financiamentos: referem-se aos financiamentos de importações adquiridas para pagamento a prazo. Neste caso, como já foi dito, há, também, dois registros: um a débito, em "importações", e outro, a crédito, em "financiamentos". c) Investimentos e reinvestimentos diretos: referem-se aos chamados "capitais de risco" que as empresas estrangeiras aplicam no Brasil (entrada), ou que empresas nacionais aplicam no exterior (saída). Note-se que essas aplicações tanto podem ser no setor produtivo, como podem ocorrer no mercado de capitais (bolsas de valores) ou em títulos do mercado financeiro. d) Amortizações: referem-se ao pagamento (ou recebimento) de parte do principal da dívida externa ou de financiamentos concedidos anteriormente.

C - Erros e Omissões Como os registros do BP são feitos com base em estimativas – ainda que bastante seguras - há sempre a possibilidade de "desvios" nos lançamentos. Assim, é provável que os dados sobre uma ou outra ou outra operação não seja oportuna e devidamente registrada, existindo, inclusive, a hipótese de operações ainda em “trânsito” que não foram ainda registradas em todos os computadores dos diversos órgãos envolvidos com o comércio exterior. Este item procura minimizar os efeitos de tais falhas.

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D - Resultado do Balanço de Pagamentos A soma do saldo em Transações Correntes mais o saldo da Conta de Capitais, mais Erros e Omissões, fornece o resultado do BP. Sendo positivo, o Balanço de Pagamentos terá um superávit; se for negativo, haverá um déficit; e se for nulo (isto é, um saldo zero), haverá um equilíbrio.

E- Demonstrativo do Resultado do BP Se houver um equilíbrio no BP, as contas do Demonstrativo do Resultado não serão alteradas. Se, no entanto, houver um déficit, o Demonstrativo mostrará como foi financiado este déficit; e se houver um superávit, o Demonstrativo indicará para onde foi enviado o saldo positivo obtido. Para tanto, existem as seguintes sub-contas: a) Contas de regularização: referem-se às operações com organismos internacionais (FMI, Banco Mundial, Banco Interamericano de Desenvolvimento, Eximbanks, etc), tendo como objetivo financiar possíveis déficits do BP. Note-se que tais operações podem ocorrer mesmo se, ao final, o BP registrar um superávit, dado que tais financiamentos são contratados preventivamente, antes de se fechar o BP. b) Haveres em moeda no exterior: as Autoridades Monetárias dispõem de um estoque de moedas estrangeiras e de títulos externos de curto prazo aplicados no exterior, como resultado de superávits do BP de anos anteriores. Assim, se o BP apresentar um superávit, haverá um aumento desses haveres e o valor aparecerá com sinal negativo (indicando uma saída de haveres para o exterior). Se houver um déficit, o contrário ocorrerá. c) Ouro monetário: registra as aquisições de ouro nãomonetário e as vendas de ouro pelas autoridades monetárias. No primeiro caso, o registro é feito com sinal negativo no item “variações” (saída de divisas) e, com sinal positivo no item “monetização do ouro”; no segundo caso, com sinal positivo no item “variações” (entrada de divisas) e, com sinal negativo, em “desmonetização do ouro”.

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d) Direitos Especiais de Saque (DES) - trata-se de um tipo de moeda escritural criada pelo Fundo Monetário Internacional. O país dispõe de um fundo de recursos em DES, no FMI, e pode movimentá-lo se necessário.

5.4.Um exemplo numérico Para facilitar a compreensão da estrutura do balanço de pagamentos e seus respectivos lançamentos contábeis, vamos dar um exemplo numérico hipotético. Assim, suponhamos que as operações entre residentes e não-residentes de um certo país foram, em determinado ano, as seguintes (valores em dólares): i) o país importa mercadorias no valor de 300 milhões, sendo 250 milhões com pagamento à vista e 50 milhões financiados a longo prazo; ii) o país recebeu 30 milhões em investimento direto, sendo 10 milhões sem cobertura cambial, isto é, sob a forma de equipamentos. iii) as exportações do país atingiram, no período, 350 milhões, pagas à vista; iv) o país pagou, à vista, 30 milhões de fretes; v) o país remeteu ao exterior 60 milhões, sendo 30 milhões referentes a juros da dívida externa; 20 milhões de remessas de lucros e 10 milhões de amortizações. vi) o país recebeu 15 milhões como donativos, sendo que 5 milhões foram em espécie, isto é, em mercadorias. vii) o FMI emprestou ao país 25 milhões para a regularização do déficit do BP. viii) os gastos de turistas estrangeiros no país atingiram a soma de 5 milhões, enquanto os turistas nacionais gastaram no exterior 10 milhões. ix) o país fez empréstimos no exterior no montante de 15 milhões.

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A tabela a seguir mostra a contabilização das operações acima: Contabilização do Balanço de Pagamentos _____________________________________________________ _____Operações________________ i

!

ii

!

iii

!

iv

!

v

!

vi

!

vii

!

viii

!

ix

-------------------------------------------------------------------------Exportações

+350

Importações -300

-10

-5

Fretes

-30

Juros

-30

Lucros

-20

Amortizações

-10

Transferências Unilat.

+15

Turismo de brasileiros

-10

Turismo de estrangeiros

+5

Empréstimos do exterior

+15

Empréstimos do FMI

+25

Financiamentos +50 Investimentos diretos +30 Haveres no exterior+250 -20 –350 +30 +60

-10

-25

-5

-15

_____________________________________________________ A montagem do balanço de pagamentos fica, então, assim: A - Balança de Transações Correntes (= 1+2+3)..: -35 1. Balança comercial: +35 a) Exportações: +350 b) Importações: -315 2. Balança der serviços: -85 a) Fretes: -30 b) Juros:

-30

c) Lucros: -20 www.pontodosconcursos.com.br

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d) Turismo: -5 3. Transferências unilaterais: +15 B - Conta de Capitais (autônomos)..: +85 a) Empréstimos do exterior: +15 b) Financiamentos: +50 c) Investimentos diretos: 30 d) Amortizações: -10 C - Resultado do balanço de pagamentos (= A+B)..:+50 D- Demonstrativo do Resultado:-50 a) Empréstimos do FMI: +25 b) Haveres no exterior: -75

5.5. Transações Sobre a Linha e Sob a Linha As transações internacionais classificadas em duas categorias:

de

um

país

podem

ser

a) Transações sobre (ou acima) da linha - também chamadas operações autônomas, são aquelas transações que se realizam entre residentes e não-residentes, motivadas apenas pelas forças de mercado, espontaneamente, sem interferência das Autoridades Monetárias. São exemplos das transações sobre a linha: as exportações, as importações, a captação de empréstimos por empresas nacionais, os investimentos diretos, os financiamentos, o pagamento de transportes, os seguros, as viagens internacionais1, etc.. b) Transações sob ou abaixo da linha - também chamadas de movimentos compensatórios ou induzidos de capitais, são aquelas operações destinadas a cobrir eventuais déficits do balanço de pagamentos (ou a aplicar eventuais superávits). Estas operações são decorrentes do saldo (positivo ou negativo) das transações autônomas. São exemplos de tais transações os empréstimos obtidos pelas Autoridades Monetárias junto ao FMI 1

Embora, tecnicamente, o termo “operações autônomas” se aplique a todas essas operações de mercado, geralmente o termo é aplicado mais aos movimentos de capitais privados.

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com a finalidade de financiar déficits do BP, ou ainda, as variações, para mais ou para menos, ocorridas nas reservas internacionais do país (inclusive ouro monetário). Note-se que esses "movimentos compensatórios ou induzidos" são sempre um resultado da ação das Autoridades Monetárias para equilibrar o BP ou mesmo para a formação de reservas internacionais.

5.6. Conceito de equilíbrio do balanço de pagamentos Quando o BP está em equilíbrio? Em princípio, considera-se o BP em equilíbrio quando a soma do saldo da Conta de Transações Correntes com o saldo da Conta de Capitais (mais erros e omissões) se anulam. Um segundo conceito seria aquele que considera o BP sempre em equilíbrio, após o movimento de capitais compensatórios - isto é, após a Conta do Demonstrativo do Resultado. Alega-se, para tanto, que, por definição, o BP sempre é encerrado em equilíbrio, já que eventuais déficits decorrentes da soma das transações correntes e da conta de capitais terão que ser cobertos ou por empréstimos ou por variações dos havers no exterior. A despeito de todos esses conceitos, o que parece importar mesmo é o conceito de equilíbrio da Conta de Transações Correntes - já que é esta conta que mostra, realmente, se o país comprou mais mercadorias e serviços do que vendeu ao exterior isto é, se o país "gastou" mais divisas do que recebeu. Isto porque, se houver um déficit de transações correntes, este déficit implicará, necessariamente, ou mais endividamento do país no exterior ou em mais investimentos externos no país (significando aumento de ativos nacionais de propriedade de estrangeiros). Assim considerado, é importante que o país mantenha um relativo equilíbrio de suas contas correntes, o que, em última análise, significa realizar um esforço maior para aumentar suas exportações de mercadorias e obter um superávit na balança comercial para compensar o crônico e inevitável déficit da balança de serviços.

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O ajustamento do balanço de pagamentos e as principais políticas que se poderia adotar para se corrigir desequilíbrios externos da economia são descritos a seguir.

5.7. O saldo em conta corrente: uma interpretação econômica2 A balança de serviços compreende duas categorias distintas: i) os serviços não-fatores – que não representam remuneração aos fatores de produção e que são constituídos pelos transportes, seguros, turismo e despesas governamentais; ii) os serviços fatores – que representam o pagamento aos fatores de produção, sendo constituídos pelos juros da dívida externa, as remessas de lucros, os pagamentos de salários, os aluguéis de equipamentos, os pagamentos de assistência técnica e royalties. A balança de transações correntes, como foi visto, se constitui, basicamente, de vendas e de compras de bens e serviços ao exterior. A diferença entre os pagamentos e recebimentos do exterior, nessa conta, dá origem a dois conceitos que, embora na prática às vezes são usados como sinônimos, são bastante distintos do ponto de vista econômico: a transferência líquida de recursos e a renda líquida recebida ou enviada ao exterior. Tecnicamente, a transferência líquida de recursos ao exterior corresponde à diferença entre as exportações de bens e serviços não-fatores e as importações de bens e serviços nãofatores. Ou seja, corresponde ao saldo da balança comercial mais o saldo da balança de serviços não-fatores. A essa diferença, com sinal trocado, se dá o nome de hiato de recursos – que indica o quanto o país consome a mais sobre aquilo que produz. De outra parte, a renda recebida (+) ou enviada (-) ao exterior corresponde ao saldo de serviços fatores mais as transferências unilaterais. Assim, em síntese, tem-se: 2

Vide M. H. Simonsen e R.P.Cysne – Macroeconomia – Ed. Atlas/FGV Editora, R.J., 1995, Cap. 2.

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Saldo do BP em conta corrente = transferência líquida de recursos para o exterior + renda líquida recebida (ou - renda enviada) ao exterior. Tomando o exemplo do exercício numérico da seção 4.6., constata-se que o saldo da balança comercial era de +35; o da balança de serviços era igual a –85, decomposto em -35 de serviços não-fatores e –50 de serviços fatores (juros e lucros), enquanto as transferências unilaterais apresentaram um saldo de +15. Temos, assim: (a) Transferência líquida de recursos ao exterior:

0

(b) Renda líquida enviada ao exterior: -35 (c) Saldo do BP em conta corrente (= a + b): -35. Deste modo, pode-se afirmar que, no período considerado, este país não apresentou “hiato de recursos”, mas transferiu 35 de renda líquida para o exterior – que, nesse exemplo, corresponde ao saldo em conta corrente. Poupança externa Um aspecto importante a salientar é que, caso o país registre saldo negativo na conta corrente do BP, tal fato exigirá, necessariamente, uma entrada de capitais autônomos e/ou compensatórios para financiá-lo. Por essa razão, se diz que, economicamente, um saldo negativo em transações correntes significa que o país está poupança externa de igual valor, poupança esta que se destina ao financiamento de parte do investimento doméstico. Pela mesma razão, caso aquele saldo seja positivo, significa que o país está exportando poupança interna para financiar investimentos no exterior. Nesse raciocínio, se o país receber um volume de capitais autônomos maior que seu saldo negativo em conta corrente – apresentando, portanto, um saldo positivo no BP total – esse excesso de entrada de capitais externos não será absorvido pela economia, domesticamente, ficando depositado no exterior como reservas adicionais que poderão ser usadas no futuro.

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II - Taxa de Câmbio 5.8. Mercado cambial e taxa de câmbio: conceito Um dos aspectos que distingue o comércio internacional do comércio interno é o fato de que aquele envolve moedas diferentes de diferentes países. Quando algum brasileiro compra um aparelho de televisão dos Estados Unidos, ele tem de pagá-la em dinheiro americano, isto é, em dólar. Da mesma forma, se uma empresa americana desejar adquirir café brasileiro, terá que pagar sua transação em reais ao produtor brasileiro. É esta necessidade de fazer pagamentos no exterior em moedas diferentes da usada no próprio país que faz surgir a taxa de câmbio e o mercado cambial. O mercado de câmbio consiste de um grande número de bancos, corretores e exportadores e importadores, além do Tesouro Nacional e bancos centrais, interessados na compra e venda de divisas estrangeiras. Como todo mercado, o mercado de câmbio conta com uma oferta e com uma demanda de divisas ou moedas estrangeiras. Do lado dos vendedores, ou ofertadores, temos os exportadores, os tomadores de empréstimos no exterior, vendedores de serviços, turistas estrangeiros, investidores de capital de risco, etc.; do lado dos compradores, ou demandantes das divisas estrangeiras, temos os importadores, compradores de serviços do exterior, turistas nacionais, devedores no exterior, etc. Como qualquer mercadoria, a divisa estrangeira tem um preço (ou cotação) dado pela taxa de câmbio que pode assim ser definida: Taxa de câmbio é o preço, em termos da moeda nacional, de uma unidade de moeda estrangeira. De uma forma geral, a taxa de câmbio entre duas moedas quaisquer deve refletir a relação entre os preços domésticos e os preços praticados nos demais países, dos bens, serviços e fatores de produção. Neste sentido, deve-se observar que as quantidades de uma moeda em relação a outra, digamos, o dólar, não tem www.pontodosconcursos.com.br

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qualquer significado ou implicação mais importante, pois tudo depende do padrão monetário interno de cada país. Assim, por exemplo, se a taxa de câmbio entre o iene japonês e o dólar americano é, hoje, de 110 ienes por dólar, isto não significa, em absoluto, que o iene é uma moeda “mais fraca” que a moeda americana. O que é, de fato, importante, é verificar se esta taxa ou paridade está variando e em que direção. Note-se que há alguns anos atrás um dólar equivalia a 220 ienes. Hoje, o iene se fortaleceu e o preço do dólar, na moeda japonesa, caiu a metade! Também é importante observar se as variações ocorridas na taxa de câmbio são explicadas por flutuações de mercado (movimentos de oferta e demanda) ou por diferenciais de inflação entre dois países, e se tais variações acarretam perdas ou ganhos reais do poder de compra da moeda nacional nas operações externas. Adicionalmente, não se pode classificar, a priori, tais variações como um mal em si, pois, às vezes, trata-se de correções de distorções anteriores.

5.9. Sistemas cambiais A questão que, de imediato, se coloca é: como é determinado o valor da taxa de câmbio entre duas moedas de dois países diferentes? Isto depende de cada país. De uma forma geral, a taxa de câmbio ou é determinada pelo livre funcionamento das forças de mercado ou é fixada e administrada pela autoridade monetária, isto é, pelo Banco Central. No primeiro caso, temos as chamadas taxas de câmbio flexíveis ou flutuantes; no segundo, temos as taxas de câmbio fixas. Vejamos a operação de cada um desses sistemas. 5.9.1. Taxas de câmbio fixas no padrão-ouro Para você entender melhor como são fixadas as taxas de câmbio, vamos relembrar um pouco como funcionava o sistema cambial há algumas décadas atrás. No século XIX, o sistema

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cambial predominante era baseado no chamado “padrão-ouro”. Sob este sistema, as autoridades monetárias de cada nação fixavam o preço do ouro em termos da moeda nacional e se comprometiam a comprar e a vender qualquer quantidade de ouro a tal preço. Evidentemente, este preço era condicionado à quantidade de moeda circulando e à quantidade de ouro estocado no Banco Central do país. Dada uma certa quantidade de ouro ali existente, seu preço em moeda nacional seria tanto maior quanto maior fosse a quantidade de moeda nacional em circulação. Ou seja, a paridade entre a moeda nacional e o ouro dependia da quantidade existente de moeda e de ouro. A partir desta relação de preços entre o ouro e a moeda nacional, tornava-se fácil estabelecer a taxa de câmbio entre duas moedas de dois países diferentes – a chamada paridade de cunhagem. Uma vez assim fixada, a taxa de câmbio só podia variar acima ou abaixo desta paridade no montante do custo de embarcar ouro entre duas nações – os chamados “pontos do ouro”. Para entender melhor este sistema, suponha que a paridade cambial ou par metálico (no padrão-ouro) entre o dólar americano e o franco francês fosse a seguinte: US$ 1 = FF 5 (este valor era derivado do fato de que, nos Estados Unidos, um grama de ouro deveria custar um dólar, enquanto, na França, um grama custava 5 francos). Caso, por qualquer razão, a demanda por dólares na França aumentasse, o preço da moeda americana subiria, digamos, para US$ 1 = FF 6, bem acima, portanto, da paridade metálica com o ouro. Vamos supor que o custo (despesas de frete, seguros, etc.) de se remeter ouro da França para os Estados Unidos fosse de FF 0,50 por quantidade de ouro equivalente a um dólar. Se assim era, pode-se concluir que o francês preferirá comprar ouro em seu país e remetê-lo para pagar suas contas nos Estados Unidos, ao invés de trocar seis francos por um dólar. Em outras palavras, o limite superior de variação da taxa de câmbio de paridade era dado por FF 5,50 por dólar (isto é, a taxa de câmbio mais a taxa de transporte do ouro). Acima deste valor, era preferível trocar franco por ouro e remetê-lo para os Estados Unidos. O mesmo raciocínio se aplicaria na hipótese de haver um aumento da demanda americana por franco francês, fazendo com www.pontodosconcursos.com.br

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que a taxa de câmbio se reduzisse para, digamos, FF 4,00 por dólar. Neste caso, com o custo de enviar ouro dos Estados Unidos para a França situado nos mesmos FF 0,50 mencionados anteriormente, era preferível ao americano comprar ouro no seu país e remetê-lo para a França, trocando neste país um grama por 5 francos. Como ele gastou FF 0,50 na remessa, receberia, liquidamente, FF 4,50 por um dólar (mais do que os FF 4,00 por dólar mencionado antes). FF US $

S 5,50 (saída)

(gold point)

5,00 (gold point) 4,50 (entrada)

D US$ Figura 5.1.

Assim, no padrão-ouro, a taxa de câmbio entre duas moedas era relativamente fixa, podendo variar dentro de intervalos mínimos, definidos pelo custo de transporte do ouro de um país para outro. Estes limites superior e inferior para variação da taxa de câmbio de paridade metálica eram chamados de “pontos de ouro” (gold-points). No exemplo acima, e conforme mostrado na Figura 5.1., o limite superior seria FF 5,50 e o inferior seria FF 4,50. Note-se que este sistema foi usado de forma generalizada na chamada “era dourada”, de 1870 a 1914. Já na década de 20 e início de 30 do século passado, seu uso foi esporádico, entrando em verdadeiro colapso durante a Grande Depressão. Depois da 2ª Grande Guerra, o Tratado de Bretton Woods (1944) criou um www.pontodosconcursos.com.br

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sistema de câmbio fixo para os países-membros do Fundo Monetário Internacional (FMI), composto pela maioria das economias de mercado. Pelo novo acordo, cada nação deveria definir o valor da respectiva moeda em relação ao dólar que, por sua vez, era conversível em ouro à taxa fixa de US$ 35,00 por onça3. Depois de muitas idas e vindas, o Tratado de Bretton Woods caiu em 1971, quando o Presidente Nixon suspendeu a conversibilidade do dólar em ouro (ou seja, os Estados Unidos não mais converteriam dólares em ouro, seja para os governos estrangeiros, seja para as instituições financeiras estrangeiras ou não). Simultaneamente a esta medida, os Estados Unidos alteraram unilateralmente a paridade, isto é, a taxa de câmbio – do dólar em relação às demais moedas européias e japonesa. Desde 1973, as principais moedas do mundo industrializado trabalham sob um esquema de câmbio flutuante, mas sob certo controle da autoridade monetária do país (a chamada “flutuação suja”), onde as principais moedas – dólar, marco alemão, franco francês, iene japonês – flutuam entre si, de uma forma quase livre, como se verá mais adiante, quando falarmos das taxas de câmbio flexíveis ou flutuantes. Antes, porém, convém falar um pouco sob um outro tipo de taxa de câmbio fixa ou administrada, usado nas economias em desenvolvimento.

5.9.2. Taxa de câmbio fixa, pós-padrão-ouro A maioria dos países em desenvolvimento, o Brasil, inclusive, por não terem moeda conversível – isto é, uma moeda que seja aceita nas trocas internacionais – não pode se dar ao luxo de adotar um mercado cambial livre, sob o risco de se verem sem reservas em divisas estrangeiras na quantidade necessária para atender seus pagamentos no exterior.

3

Vale observar que a conversibilidade do dólar em ouro era parcial, pois somente as instituições financeiras e governos estrangeiros poderiam fazê-lo. Os habitantes dos Estados Unidos não podiam possuir ouro monetário e a Reserva Federal não era obrigada a converter dólares em ouro para a população..

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Neste caso, esses países costumam adotar um regime cambial fixo, no sentido de que o valor da taxa de câmbio é determinado pela autoridade monetária nacional que, a princípio, deveria vender e comprar a moeda estrangeira, em qualquer quantidade, ao preço por ela fixado. Assim, por exemplo, se o Banco do México resolver fixar a taxa de câmbio peso mexicano/dólar a P$ 3 = 1 US$, garantindo a conversibilidade a esta taxa, isto significa que o banco mexicano se compromete a vender 3 pesos por um dólar, ou a pagar um dólar por três pesos mexicanos. Na vida real, no entanto, em vários países em desenvolvimento, principalmente quando enfrentam déficits no balanço de pagamentos, não se consegue vender ou comprar a moeda estrangeira pelo valor fixado oficialmente, pelo menos na quantidade desejada, dado que, além de fixar o valor do câmbio, muitas vezes a autoridade monetária limita a quantidade a ser transacionada no mercado oficial, dando margem, geralmente, ao surgimento de um mercado paralelo de divisas – o chamado “mercado negro”. Uma observação importante é que, no caso deste regime de câmbio fixo, o arranjo mais comum é um país definir a taxa de câmbio entre a moeda nacional e uma determinada moeda estrangeira (podendo ser o dólar ou o iene ou o franco francês, dependendo da área de influência econômica a que pertence o país), estabelecendo, após isso, as taxas de câmbio com outras moedas a partir da relação entre estas e a moeda estrangeira escolhida como “âncora”. Observe-se, também, que o fato de ser “fixada” pelo Banco Central do país não significa que a taxa de câmbio permanece constante para sempre. Ao contrário, seu valor pode ser alterado – sempre pela autoridade monetária – seja porque está havendo inflação doméstica, seja por questões de balanço de pagamentos. No caso brasileiro, por exemplo, até 1993, devido às altas taxas de inflação, o câmbio era alterado diariamente – o chamado sistema de minidesvalorizações cambiais – de forma a manter a paridade real do poder de compra da taxa de câmbio. Por fim, vale dizer ainda que, num regime de taxas de câmbio fixas, quando o Banco Central compra moeda estrangeira, ocorre, nesse momento, um aumento da chamada base monetária. Caso o Banco Central venda a moeda estrangeira – para importadores, www.pontodosconcursos.com.br

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turistas, etc. – a base monetária se reduz. Em outras palavras, a oferta interna de moeda nacional aumenta ou diminui quando as reservas internacionais do país aumentam ou se reduzem. 5.9.3. Taxas de câmbio flexíveis ou flutuantes Num regime ou sistema cambial de taxas flexíveis ou flutuantes, o preço da divisa estrangeira, ou taxa de câmbio, é determinado pelo livre jogo da oferta e da demanda de moeda estrangeira. Imaginemos como seria determinada a taxa de câmbio entre o franco francês (FF) e o dólar americano (US$) no mercado de Paris: por trás da demanda da França por dólares está o desejo dos franceses de importar bens e serviços dos Estados Unidos e realizar outras transferências de pagamentos para este país. A demanda francesa por dólares tem inclinação negativa, como mostra a Figura 5.2, porque taxas de câmbio mais baixas significam que os franceses despenderão menos francos para adquirir produtos e serviços no mercado americano. Ou seja, os Estados Unidos se tornam, para os franceses, um lugar mais barato para se comprar e se investir.

Figura 5.2.

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De outro lado, por trás da oferta de dólares pelos Estados Unidos está o desejo dos americanos de importar bens e serviços franceses, ou de investir na França ou emprestar a empresas neste país. Quanto mais francos forem trocados por um dólar, mais atrativo se torna o mercado francês para os americanos – que, assim, ofertarão mais e mais dólares naquele mercado Isto nos fornece uma curva de oferta de dólares positivamente inclinado, como mostra na Figura 1. Como em qualquer mercado, a taxa de câmbio de equilíbrio é determinada pela intersecção das curvas de oferta e de demanda. No caso da Figura 8.2, a taxa de câmbio de equilíbrio será FF 5,50 = 1 US$. Qualquer valor acima desta taxa implicará um excesso de oferta de dólares no mercado francês, enquanto qualquer valor abaixo implicará excesso de demanda pela moeda americana. Suponha, agora, que, mantida constante a demanda inicial (curva Do), ocorra, por qualquer razão, um aumento da oferta americana de dólares no mercado francês, como seria o caso de um aumento do fluxo turístico de americanos nos meses de verão europeu. Em conseqüência, a curva de oferta se deslocaria para S1 – o que provocará uma queda da taxa de câmbio para FF 4,00 = 1 US$. Da mesma forma, se, por uma razão qualquer, houver um aumento da procura francesa por dólares, a curva de demanda se deslocará para a direita, para D1 – o que causará um aumento da taxa de câmbio para FF 6,00 = 1 US$. Observe-se que, num mercado cambial livre, as alterações na oferta e na demanda de divisas estrangeiras podem resultar tanto de uma variação nas transações normais realizadas com o exterior (aumento ou queda das exportações ou das importações, uma maior entrada de empréstimos ou de investimento de risco, etc.), como também podem ser o resultado de movimentos especulativos de aplicadores interessados em tirar proveito de diferenciais de taxas de câmbio. De todo modo, ainda que as flutuações cambiais não sejam incomuns, a tendência normal das taxas de câmbio, nos mercados livres, é a de permanecer estáveis a médio e longo prazos. Um ponto importante a observar é que, no mundo de hoje, praticamente inexiste um mercado onde a taxa de câmbio seja determinada de forma totalmente livre pelos movimentos da oferta e da demanda. Mesmo nos países desenvolvidos – França, Estados www.pontodosconcursos.com.br

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Unidos, Inglaterra, Japão, Alemanha, Itália, etc. – o mercado funciona razoavelmente livre, porém sob um certo controle das autoridades monetárias. É a chamada “flutuação suja” dirty floating. O objetivo disso é o de evitar que movimentos especulativos provoquem distúrbios ou perturbações no mercado cambial internacional.

5.10. Flutuações da taxa de câmbio Diversos fatores podem provocar variações rotineiras no valor da taxa de câmbio. Geralmente, são fatores que alteram ou influenciam a demanda e a oferta de divisas estrangeiras. Assim, por exemplo, além da taxa de câmbio, a demanda por divisas é afetada pelas seguintes variáveis: i)

a expansão do produto interno (Y) do país: se o produto interno estiver crescendo, deve ocorrer um aumento das importações – o que induzirá um aumento da demanda por moeda estrangeira; este aumento da demanda provocará uma variação para mais do valor da taxa de câmbio;

ii)

variações do nível de preços internos (Pi) ou dos preços externos (Pe); caso Pi se eleve, as importações ficarão relativamente mais baratas – o que provocará um aumento das importações e, conseqüentemente, da demanda por divisas; caso Pe se eleve, ocorrerá o contrário: as importações ficarão mais caras, provocando, em conseqüência, uma queda nas importações e, daí, na demanda por divisas;

iii)

taxa de juros interna (ri) e externa (re): um aumento em ri certamente estimulará a entrada de mais capitais no país para aplicações no mercado financeiro – aumentando a oferta de divisas estrangeiras no mercado interno; caso a re se eleve, haverá um estímulo à saída de capitais para o exterior – o que provocará um aumento da demanda por divisas para esta remessa para fora.

Podemos resumir essas colocações afirmando que a demanda por divisas (Dd) pode ser representada pela seguinte equação: www.pontodosconcursos.com.br

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Dd = f(e, Y, Pi, Pe, ri, re) - + + - - + onde, e = taxa de câmbio (e vem da palavra inglesa exchange, que significa câmbio); os sinais – e + querem dizer que a demanda por divisa é, respectivamente, crescente ou decrescente em relação à variável considerada. Essas mesmas variáveis afetam positiva ou negativamente a oferta de divisas, exceto que, no caso do produto, o que interessa não é o comportamento do produto interno (Y) e, sim, o comportamento do produto ou renda do resto do mundo (YRM). Ou seja, a oferta de divisas (Sd) pode ser assim representada: Sd = f(e, YRM, Pi, Pe, ri, re) + + - + + Representação gráfica O efeito de eventuais mudanças nessas variáveis sobre a demanda e a oferta de divisas pode ser visualizado graficamente do seguinte modo: Vamos imaginar que o mercado cambial esteja em equilíbrio à taxa de câmbio eo, tal como mostrado na Figura 5.3 – que nada mais é que uma repetição da Figura 5.2. e Sd eo Dd Qo

Q

Figura 5.3

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Agora, vamos supor que ocorra um aumento dos preços internos (Pi)– ou seja, houve inflação interna. Nesta hipótese, como já vimos anteriormente, a demanda por divisas deverá aumentar – o que, graficamente, é representado por um deslocamento da curva de demanda (Dd) para a direita – enquanto a oferta de divisas deverá diminuir – implicando um deslocamento da curva de oferta (Sd) para a esquerda4. Conforme se pode observar pela Figura 5.4., o resultado desses deslocamentos foi um aumento da taxa de câmbio de eo para e1. e Dd1

e1

Sd1

Ddo

Sdo

eo

Figura 5.4.

Q

Deixamos para você a análise e conclusões, caso ocorresse o inverso, isto é, se, ao invés de um aumento dos preços internos, ocorresse uma elevação dos preços dos preços externos (Pe).

5.11. Apreciação e depreciação da moeda nacional e seus efeitos sobre o balanço de pagamentos. Conclusões. No caso de um sistema de taxas de câmbio flexíveis ou flutuantes, caso haja um aumento no valor da taxa de câmbio, dizse que houve uma depreciação ou desvalorização da moeda nacional; ou seja, serão necessários, agora, mais unidades da moeda nacional para se adquirir uma unidade da moeda do outro país. 4

Se você não entendeu o por quê desses deslocamentos dessas curvas, volte lá em nossa Aula n° 2 e releia este tópico.

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Na hipótese inversa, isto é, se houve uma redução no valor da taxa de câmbio, diz-se que houve uma apreciação ou valorização da moeda nacional. De outra parte, se o sistema cambial adotado pelo país for o de taxas de câmbio flexíveis ou flutuantes, o total de divisas ofertadas no mercado é, automaticamente, igualado pelo total de demanda por estas divisas. Isso se explica pela seguinte razão: se, ao preço vigente da taxa de câmbio, e por um motivo qualquer, houver um aumento na demanda por divisas, seu preço se elevará – o que deverá causar, de um lado, um aumento na oferta de divisas e, de outro, reduzirá, num segundo momento, uma redução do novo valor da taxa de câmbio, até que o mercado se reequilibre. Raciocínio inverso se aplica caso ocorra, por uma razão qualquer, um aumento da oferta de divisas. Nesta hipótese, o preço da taxa de câmbio cairá, estimulando a demanda por divisas e, num segundo momento, reduzindo a nova oferta de divisas (por que seu valor caiu) e, novamente, ao fim e ao cabo, o mercado achará uma nova taxa de câmbio de equilíbrio. De tudo isso se conclui que, num sistema de taxas de câmbio flexíveis ou flutuantes, o saldo do Balanço de Pagamentos (BP) estará automaticamente em equilíbrio, sem necessidade de o Banco Central interferir ou alterar o volume das reservas internacionais do país, já que o total de divisas ofertadas sempre se igualará ao total de divisas demandadas. Uma última questão antes de encerrarmos esta nossa 5ª Aula de Economia: Qual o sistema cambial adotado atualmente pelo Brasil? Até 1994 – quando da implantação do Plano Real – o Brasil adotava o sistema de taxas de câmbio fixas ou administradas. A partir do Plano Real, através de um processo de ajuste sucessivo, o Banco Central do Brasil foi introduzindo o sistema de taxas de câmbio flexíveis que nunca foi, na prática, inteiramente adotado. Na realidade, o Brasil, hoje, utiliza um sistema que poderia ser chamado de “misto”, mais conhecido como flutuação suja (dirty floating5). Por este sistema, o Banco Central deixa que as taxas de 5

O sistema de taxas de câmbio totalmente flexíveis, onde não há qualquer interferência do Banco Central – ou seja, o sistema “puro” é denominado clean floating (flutuação limpa).

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câmbio flutuem ao sabor da oferta e da demanda por divisas – porém, dentro de um certo intervalo, com limite máximo e mínimo – o chamado sistema de bandas. Nesse processo, se a taxa de câmbio ameaça romper o limite mínimo – porque há um excesso de oferta de divisas – o Banco Central entra no mercado comprando divisas, provocando, em conseqüência, uma elevação no valor da taxa de câmbio e evitando, assim, que o limite mínimo seja rompido. Da mesma forma, se houver uma ameaça de rompimento do limite máximo, o Banco Central entra no mercado oferecendo divisas estrangeiras, derrubando, assim, o valor da taxa de câmbio. Com essas colocações, encerramos esta nossa 5ª Aula. A seguir, são apresentados alguns exercícios de revisão e fixação sobre balanço de pagamentos e taxa de câmbio. Até nossa próxima aula. ___________________ EXERCÍCIOS DE REVISÃO E FIXAÇÃO: (gabarito ao final)

1. Com relação aos registros contábeis no Balanço de Pagamentos, estão corretas as afirmativas abaixo, exceto: a) todas as transações são registradas com duas entradas, uma a crédito e outra a débito; b) qualquer transação de um residente no país com um residente no exterior gera um “haver” (direito) no exterior; c) se um residente no país comprar uma máquina de um residente no exterior, esta operação gerará uma “obrigação” no exterior; d) uma exportação é lançada a crédito, no Balanço do Pagamento. 2. A balança comercial compreende: a) as exportações e importações de bens e serviços; b) somente as exportações de mercadorias e serviços; c) somente as importações de bens e serviços; d) somente as exportações e importações de serviços; e) somente as exportações e importações de mercadorias. 3. A conta de transações correntes compreende: a) as balanças comercial e de transferências unilaterais;

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CURSOS ON-LINE – ECONOMIA – PROF. MOZART FOSCHETE b) as balanças comercial e de serviços; c) as balanças comercial, de serviços e os movimentos de capital; d) somente os movimentos de capital; e) balanças comercial, de serviços e transferências unilaterais. 4. Não faz parte da conta de transações correntes: a) remessa de lucros e dividendos; b) pagamentos de juros da dívida; c) exportações e importações de mercadorias; d) investimentos diretos; e) viagens internacionais. 5. Consideram-se rendas de capitais: a) as remessas de juros e amortizações da dívida; b) apenas as remessas de lucros; c) apenas as remessas de juros; d) as remessas de juros e de lucros; e) nenhuma das alternativas anteriores. 6. Não faz parte da conta de serviços: a) as remessas para amortizações da dívida; b) apenas as remessas de lucros; c) apenas as remessas de juros; d) as remessas de juros e de lucros; 7. Não faz parte da conta de capitais: a) as amortizações da dívida; b) os investimentos diretos (capital de risco); c) os empréstimos e financiamentos de curto prazo; d) as remessas de lucros e de juros; e) os empréstimos de longo prazo. 8. Se houver um déficit em transações correntes, o equilíbrio do Balanço de Pagamentos: a) exigirá, obrigatoriamente, o ingresso de capitais de risco; b) tanto pode ser obtido através do ingresso de capitais autônomos, como por movimentos induzidos de capital (empréstimos oficiais); c) levará, obrigatoriamente, a uma redução das reservas internacionais do país; d) não poderá ser obtido a curto prazo; e) forçará uma redução da remessa de juros para o exterior. 9. As vendas de ouro pelo Banco Central à indústria nacional são registradas: a) na conta de serviços; b) na conta de capitais compensatórios; c) na conta “desmonetização” de ouro; d) na conta de capitais, como saída de divisas; e) não são registradas no Balanço de Pagamentos.

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10. As transações abaixo são registradas na conta de serviços, como “transportes”, exceto: a) as despesas com fretes das mercadorias importadas; b) as receitas com fretes das mercadorias exportadas; c) o valor das passagens adquiridas por residentes às companhias aéreas PanAmérica; d) o valor das passagens adquiridas por não-residentes à VARIG; e) o valor das passagens adquiridas por residentes à VARIG. 11. Se uma empresa multinacional obteve um lucro de Cr$ 3 bilhões, em suas operações no Brasil, e decide enviar para sua matriz, no exterior, apenas Cr$ 1 bilhão, reinvestindo no Brasil os restantes Cr$ 2 bilhões, o registro no Balanço de Pagamentos: a) será feito no item “Remessa de Lucros”, registrando-se apenas o montante efetivamente remetido; b) será feito no item “Remessa de Lucros”, registrando-se o total dos lucros obtidos, registrando-se como “entrada”, no item “investimentos diretos” o montante do reinvestimento; c) não será feito qualquer registro no Balanço de Pagamentos, pois o capital investido já fora registrado no Balanço de Pagamentos de anos anteriores; d) só corresponderá a parte do lucro que efetivamente foi reinvestida no país; e) nenhuma das alternativas. 12. Numa economia aberta, um déficit no Balanço de Pagamentos em conta corrente corresponde a: a) uma exportação de poupança doméstica que se canaliza para investimentos no exterior; b) uma saída de capitais para o exterior; c) uma elevação do nível de reservas internacionais do país; d) uma importação de poupança externa, que se canaliza para investimentos domésticos. 13. Na conta de capitais não são registrados: a) o movimento de capitais autônomos; b) os financiamentos de importações adquiridas para pagamento a prazo; c) os investimentos e reinvestimentos diretos; d) as amortizações da dívida externa; e) o movimento de capitais compensatórios, isto é, induzidos para a regularização dos déficits do Balanço de Pagamentos. 14. As “contas de regularização” referem-se: a) às operações com organismos internacionais (FMI, BIRD, etc.), com o objetivo de financiar possíveis déficits do Balanço de Pagamentos; b) às operações de amortizações da dívida externa; c) às variações para mais ou para menos dos haveres das autoridades monetárias no exterior;

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aos movimentos de “ouro monetário”.

15. As operações abaixo são exemplos de “transações sobre (ou acima) a linha”, exceto: a) todas as operações envolvendo a balança comercial; b) todas as operações envolvendo a balança de serviços; c) todas as operações motivadas apenas pelas forças de mercado; d) todas as operações das autoridades monetárias com o objetivo de cobrir eventuais déficits do Balanço de Pagamentos; e) as transferências unilaterais. 16. Existem diversos conceitos de “equilíbrio” do Balanço de Pagamentos, sendo o conceito mais relevante aquele que: a) considera que o Balanço de Pagamentos está em equilíbrio quando a soma do saldo da Conta de Transações Correntes com o saldo da conta de capitais (mais erros e omissões) se anulam; b) considera o Balanço de Pagamentos sempre em equilíbrio, após o movimento dos capitais compensatórios; c) considera o Balanço de Pagamentos em equilíbrio quando o saldo da conta de transações é zero; d) considera o Balanço de Pagamentos em equilíbrio, quando o valor das exportações é igual ao valor das importações de mercadorias. 17. As operações abaixo são exemplos de “transações sob (ou abaixo) a linha”, exceto: a) os empréstimos e financiamentos obtidos junto aos bancos privados; b) os empréstimos obtidos pelas autoridades monetárias com o objetivo de cobrir eventuais déficits do Balanço de Pagamentos; c) as variações, para mais ou para menos, das reservas internacionais do país; d) os movimentos de capitais compensatórios ou induzidos; e) as operações decorrentes do saldo positivo ou negativo das transações autônomas. 18. No mercado cambial, não são ofertadores de moeda estrangeira: a) os exportadores de mercadorias; b) os que precisam de divisas estrangeiras para pagar dívidas contraídas no exterior; c) os tomadores de empréstimos no exterior; d) os turistas estrangeiros que visitam o país. 19. Em geral, nos países menos desenvolvidos, o governo controla o mercado cambial e até mesmo fixa a taxa de câmbio. Isto se deve: a) ao fato de que estes países têm moeda “fraca” e conseqüentes problemas de Balanço de Pagamentos; b) ao fato de que, nestes países, a lei da oferta e da procura não reflete a real escassez de divisas; c) ao fato de que a moeda desses países não é conversível em ouro;

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CURSOS ON-LINE – ECONOMIA – PROF. MOZART FOSCHETE d)

ao fato de que estes países importam mais do que exportam mercadorias e serviços.

20. Taxa de câmbio de equilíbrio é aquela que: a) iguala o valor das exportações com o valor das importações; b) iguala o saldo da balança comercial com o saldo da balança de serviços; c) iguala a oferta e a demanda por divisa estrangeira no mercado cambial; d) é fixada pelo governo. 21. De acordo com as elasticidades da demanda por exportações brasileiras, se o Real for desvalorizado em 20% (reais) em relação ao dólar, isto deverá provocar: a) um aumento nas vendas externas brasileiras, se a demanda por nossos produtos for inelástica; b) uma queda nas vendas externas brasileiras, se a demanda tiver elasticidade unitária; c) um aumento nas vendas externas brasileiras, se a demanda externa for elástica; d) uma queda nas importações brasileiras, se a demanda interna por produtos estrangeiros for inelástica. 22. Uma maxidesvalorização da taxa de câmbio Real/dólar deverá provocar, em princípio: a) um aumento nas exportações brasileiras e uma queda nas importações; b) um aumento nas exportações brasileiras, mantendo-se inalteradas as importações; c) um aumento tanto das exportações como das importações brasileiras; d) uma queda nas exportações brasileiras e um aumento nas importações. 23. Uma maxidesvalorização cambial não deverá provocar os efeitos esperados (queda das importações e aumento das exportações) se: a) o país só importar produtos primários e exportar produtos industrializados; b) o país só importar produtos industrializados; c) o país importar bens essenciais e exportar bens primários, que são inelásticos a preços; d) o país exportar bens industrializados inelásticos a preços; e) uma maxidesvalorização cambial sempre aumentará as exportações e reduzirá as importações. 24. Numa economia hipotética, durante um determinado ano, foram efetuadas as seguintes transações com o exterior6: .Exportações de mercadorias à vista: 1.500 .Amortizações pagas: 600 .Doações recebidas: 100 .Lucros remetidos para o exterior: 100 .Importações de mercadorias à vista: 1.300 .Empréstimos obtidos junto ao FMI: 150 6

Questão retirada de Viceconti, P. e Neves, S. Introdução à Economia, Editora Frase, S.Paulo, 6ª ed. 2003.

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CURSOS ON-LINE – ECONOMIA – PROF. MOZART FOSCHETE .Fretes e seguros pagos .Juros pagos : .Investimentos externos no país: .Venda de ouro monetário:

100 200 500 50

Com base nesses dados, os resultados da Balança Comercial (BC), da Balança de Transações Correntes (BTC), para a Balança ou Conta de Capitais Autônomos (BKA) e para o saldo do Balanço de Pagamentos (BP) são, respectivamente: a) BC = 200;

BTC = -100;

BKA = 100;

BP = 0.

b) BC = 200;

BTC = -100;

BKA = -100;

BP = -200.

c) BC = -200;

BTC = 0;

BKA = -200;

BP = 200.

d) BC = 200;

BTC = -100;

BKA = -100;

BP = 200.

e) BC = -200;

BTC = -100;

BKA = -100;

BP = -200.

25. Suponha que o Balanço de Pagamentos determinado ano, os seguintes dados:

do Brasil registrou, em

. Saldo da balança comercial:

450

. Exportações de serviços (não-fatores):

250

. Importações de serviços (não-fatores) :

150

.Saldo das transações correntes (déficit):

150

. Donativos líquidos recebidos do exterior:

50

. Movimento de capitais autônomos (entrada liquida): 100 Nessas condições, a renda líquida enviada ao exterior é igual a: a) 950;

b) 750;

c) 650;

d) 700;

e) 350.

_______________ GABARITO: 1. b;

2. e;

3. e;

4. d;

5. d;

6. a;

7. d;

8. b;

9. c;

10. e;

11. b;

12. d;

13. e;

14. a;

15. d;

16. c;

17. a;

18. b;

19. a;

20. c;

21. c;

22. a;

23. c;

24. b;

25. b.

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Aula 6: A moeda e o sistema bancário

Nessa nossa sexta aula, nós vamos entrar no maravilhoso mundo do dinheiro e dos sistema bancário-comercial. Primeiro, nós vamos apresentar uns conceitos básicos sobre moeda, suas origens, sua evolução e seu papel na economia. Depois, veremos como o Banco Central controla a quantidade de dinheiro na economia e como ele controla o sistema bancário para que este não provoque uma expansão descontrolada na quantidade do dinheiro em circulação. Os conceitos monetários que desenvolve-remos aqui serão bastante úteis mais à frente, quando estudarmos o papel da política monetária no desempenho da economia como um todo. Assim, vamos ao que nos interessa aqui.

6.1. Introduzindo o conceito de moeda: Evolução, Formas, Tipos e Funções da Moeda Conceitualmente, o termo “moeda” é usado para denominar tudo aquilo que é geralmente aceito como meio de trocas de bens e serviços. Não se pode afirmar com exatidão quando surgiu e qual foi a primeira moeda. Remontando aos primórdios da civilização, imagina-se facilmente que o homem primitivo produzia tudo quanto bastava ao seu sustento. Suas necessidades limitavam-se à garantia de sua sobrevivência. As associações e o desenvolvimento natural da vida em grupo criaram, porém, outras necessidades para cuja satisfação o indivíduo, isoladamente, se viu impotente. Sua auto-suficiência se reduzia na medida do crescimento de suas necessidades. Nesta cadeia de raciocínio, o próximo passo foi a introdução paulatina da divisão e especialização do trabalho: cada indivíduo passou a produzir um ou poucos produtos, consumindo uma parte www.pontodosconcursos.com.br

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deles e tentando passar a outro o seu excedente em troca de outros bens de que necessitava. Estabeleceu-se, então, um sistema de trocas diretas, isto é, mercadorias por mercadorias. É fácil imaginar as dificuldades para um razoável funcionamento desta economia de escambo: primeiro, esse sistema exigia uma permanente coincidência de interesses (o indivíduo A dispõe de arroz e quer trocar por carne; para se realizar esta troca, é imprescindível que ele encontre um indivíduo B que não só tenha carne mas que, também, queira arroz!); segundo, há ainda a dificuldade de se estabelecerem as relações ou preços de troca (valores entre dois bens bastante diferentes). Por tudo isso, este sistema, que vigorou na mais remota antiguidade, era claramente ineficiente. As mudanças requeridas se realizaram lentamente. O próximo passo foi o surgimento de um sistema de trocas indiretas: por esse novo esquema, uma mercadoria qualquer, que tivesse aceitação geral, passava a ser usada, por convenção e aceitação do grupo, como meio de pagamento. Tem-se aqui a introdução da moeda no sistema econômico e que, passando por um processo evolutivo natural, dá origem a todo o sistema monetário moderno. No desenvolvimento deste novo sistema de trocas indiretas, a moeda assumiu as mais diferentes formas, nos mais diferentes países e épocas. Numa ordem quase cronológica de seu aparecimento, podemos registrar, sinteticamente, as seguintes formas e tipos de moeda: a) Moeda-mercadoria: geralmente escolhia-se uma mercadoria que fosse relativamente escassa e não facilmente perecível (nem sempre possível). A história registra que, em diferentes locais e épocas, foram usados como moeda: sal, gado, fumo, peles, trigo, rum, ostra, carne-seca, ferro, cobre, etc. b) Metais preciosos: sem dúvida, de todas as mercadorias, a preferência maior recaía, geralmente, sobre os metais, não só pela sua relativa escassez mas, também, pela sua durabilidade e fácil divisibilidade. Muito embora o ferro, o cobre e o bronze tenham sido bastante utilizados, houve uma predominância do uso dos metais preciosos, notadamente a prata e o ouro.

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c) Moeda-papel: com o crescimento do volume e valor das transações, o manejo de grandes quantidades de metais preciosos tornou-se problemático pelas dificuldades de transporte e os riscos envolvidos. Pouco a pouco, nota-se o aparecimento de casas de custódia desses metais em diversos pontos, em diversos países. Estas casas passaram a receber em depósito os metais preciosos dos comerciantes, emitindo em troca um recibo ou certificado de valor correspondente. Este certificado recebeu a denominação de moeda-papel e era generalizadamente aceito nas transações. Sua característica principal era possuir lastro integral em ouro, isto é, a qualquer momento o possuidor do certificado poderia ir à casa de custódia emissora e reconvertê-lo em ouro ou prata. Daí sua crescente aceitabilidade como meio de pagamento em substituição aos próprios metais preciosos. d) Papel-moeda: com o tempo, e diante da crescente demanda por tais certificados – para atender os negócios em franca expansão - as casas de custódia passaram a emitir certificados cujo valor global em circulação excedia o valor total dos metais preciosos ali depositados. A experiência acumulada pelos custodiadores mostrava que nem todos os depositantes resgatavam, ao mesmo tempo, seus depósitos, Além do mais, enquanto alguns vinham para reconverter seus certificados em ouro, outros vinham para depositar mais ouro. Assim, com um encaixe metálico menor, era possível garantir a liquidez dos certificados, isto é, garantir as reconversões que, em média, na semana ou no mês, correspondia a apenas uma fração do total dos certificados em circulação. Temos, assim, um novo marco histórico na evolução das formas de moeda: a passagem da moeda-papel para os certificados emitidos sem o correspondente lastro em ouro ou prata e que vieram a ser chamados de papel-moeda. Pouco a pouco, o papelmoeda passou a ter uso generalizado como meio de pagamento nas transações pelo simples fato de que sua aceitação era geral, não se questionando sobre a possibilidade de convertê-lo ou não em ouro. Num processo evolutivo normal, e com o intuito de evitar riscos de emissões exageradas, o passo seguinte foi dado pelo governos, com a proibição de emissão de papel-moeda pelos bancos privados www.pontodosconcursos.com.br

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(antigas casas de custódia), limitando-se o direito de sua emissão a uma instituição oficial que, pouco a pouco, se transformou nos atuais bancos centrais de cada país. E não guardando mais qualquer idéia de representatividade, nem valor intrínseco, o papel-moeda passou a ser aceito porque simplesmente se sabe que será aceito em outra operação amanhã (posteriormente, sua aceitação passou a ser imposta por lei). e) Moeda escritural bancária: é representada pelos depósitos à vista, do público, nos bancos comerciais – ou seja, as contas correntes das empresas e dos indivíduos – materializados, na prática, pelo cheque. Tipos de moeda Numa classificação didática, temos hoje, as seguintes espécies ou formas de moeda: I - moeda manual – representada pelas moedas metálicas e pelo papel-moeda; II - moeda escritural ou bancária – representada pelos depósitos à vista nos bancos comerciais. Note-se que é o depósito à vista é que é moeda, e não o cheque. Este último é apenas a forma mais comum para se utilizar a moeda “depósito à vista” – que é, este sim, o meio de pagamento. O cheque sem um depósito à vista por trás dele não tem qualquer valor econômico. Vale observar que o papel-moeda e a moeda escritural ou bancária são chamados moedas fiduciárias (isto é, em que se tem fé ou em que se acredita), já que não possuem valor intrínseco, constituindo-se em moeda simplesmente porque têm aceitação generalizada nas transações econômicas. Funções da moeda De uma forma geral, os economistas reconhecem as seguintes funções desempenhadas pela moeda: i) meio de pagamento ou intermediário de trocas; ii) padrão de referência de valor ou unidade de conta; e, iii) reserva de valor. www.pontodosconcursos.com.br

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Tendo aceitação generalizada como meio de pagamento nas transações, a moeda desempenha sua função mais cristalina e fundamental – que é de servir como instrumento ou intermediária de trocas entre os indivíduos para satisfação de ambas as partes. Como padrão de referência de valor, a moeda possibilita que todos os valores dos bens, serviços e fatores de produção sejam expressos em unidades monetárias, propiciando a fácil avaliação e comparação de todos os recursos disponíveis na Economia. A moeda desempenha, também, a função de reserva de valor no sentido de que o indivíduo pode manter sua riqueza (ou parte dela) sob a forma de moeda, por um período de tempo, sabendo que, amanhã ou depois, este ativo será aceito em qualquer transação por ter liquidez absoluta. Trata-se, no entanto, de uma função que merece duas ressalvas: primeiro, se o indivíduo prefere manter sua riqueza sob a forma de moeda, ele deixa de ganhar, pois a moeda em si não gera rendimentos; segundo, e ao contrário, em períodos inflacionários o indivíduo perde com a desvalorização da moeda.

6.2 Indicadores Monetários Existem três conceitos monetários – indicadores do volume de dinheiro na economia que, a despeito de medirem coisas diferentes, são muitas vezes usados, até mesmo pela imprensa, como se fossem a mesma coisa. Mas, na realidade, são conceitos bastante distintos. Trata-se, no caso, do “papel-moeda emitido”, do “papel-moeda em circulação” e do “papel-moeda em poder do público”. Diariamente, o Banco Central do Brasil divulga uma estatística da evolução do saldo desses diversos conceitos de moeda – que podem assim ser definidos: i) papel-moeda emitido (PME) – trata-se do total de dinheiro “autorizado” (isto é, produzido ou fabricado) pelas Autoridades Monetárias;

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ii) papel-moeda em circulação (PMC) – equivale ao total do papel-moeda emitido menos o dinheiro que se encontra no caixa do Banco Central; iii) papel-moeda em poder do público (PMP) – deduzindose do PMC o dinheiro em caixa dos bancos comerciais, temse o total de dinheiro em poder do público, isto é, todos os indivíduos e empresas (exclusive, claro, os bancos comerciais).

6.3. Meios de Pagamento O público – aí incluídos os indivíduos e as empresas – possui, de uma forma geral, diversos ativos ou haveres – isto é, coisas que têm valor econômico e que constituem seu patrimônio, podendo ser citados entre estes os imóveis, fazendas, carros, depósitos de poupança, aplicações financeiras em bancos, títulos do governo, depósitos à vista nos bancos comerciais, papel-moeda em espécie em seu poder, ações e outros tantos. Cada ativo deste possui um grau diferente de liquidez – medido este pela capacidade de o ativo se transformar em moeda ou em dinheiro propriamente dito. Assim, quanto mais fácil for transformar um ativo em dinheiro, maior se diria que é o seu grau de liquidez. Do ponto de vista da economia, se o indivíduo A tem uma fazenda no valor de R$ 100 mil e o indivíduo B tem um depósito de poupança também no valor de R$ 100 mil, podemos afirmar que ambos têm o mesmo nível de riqueza, porém a riqueza do indivíduo B tem muito mais liquidez. Isso porque é muito mais fácil sacar sua riqueza no banco, transformando-o quase que instantaneamente em dinheiro do que vender a fazenda e receber o dinheiro. Para vender a fazenda, pode-se levar algum tempo; para sacar o depósito do banco não se gasta mais que 30 minutos1. É esta diferença entre os diversos graus de liquidez de um ativo que o torna mais ou menos instrumento ou meio de 1

Jocosamente, diríamos que o depositante gastaria não mais que 30 minutos, sendo 15 minutos para conseguir uma vaga no estacionamento e outros 15 minutos na fila do banco!

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pagamento. Poucos, pouquíssimos mesmo, são os haveres que são considerados, pelo Banco Central, meios de pagamento, valendo para estes a seguinte definição: Tecnicamente, consideram-se meios de pagamento (M1) todos os haveres possuídos pelo público não-bancário e que podem ser utilizados a qualquer momento para a liquidação de qualquer dívida em moeda nacional. Ou seja, são haveres que possuem liquidez absoluta e imediata. Muito embora haja controvérsia em relação ao maior ou menor grau de liquidez de um ativo, é praticamente consensual que apenas dois haveres preencham estas condições de possuírem liquidez absoluta e de serem aceitos, de imediato, como pagamento nas transações: o papel-moeda em poder do público – PMP - (aí incluídas não só as notas mas, também, as moedas metálicas) e a moeda escritural ou bancária – representada pelos depósitos à vista, do público, nos bancos comerciais públicos e privados (DVbc). Assim, no caso brasileiro, o total de meios de pagamento – geralmente denominado M1 – é definido pela expressão: M1 = PMP + DVbc Este universo M1 corresponde, de outra parte, ao total da chamada oferta monetária. No caso brasileiro, as estatísticas mostram que o público vem mantendo, na média dos últimos anos, cerca de 14% de seus meios de pagamento sob a forma de dinheiro no bolso (=PMP) e os restantes 86% como depósitos em conta corrente nos bancos comerciais, sendo interessante observar que estas relações são relativamente estáveis, só se alterando em função de uma anomalia no mercado (como foi o caso do “confisco” dos depósitos, na época da ex-ministra Zélia, em 1991, e que acabou por alterar aquela composição. Temeroso de novos confiscos, o público reduziu a proporção de seus depósitos nos bancos!). Uma ressalva importante que se deve fazer em relação às estatísticas de meios de pagamento, neste conceito de M1, é que www.pontodosconcursos.com.br

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nelas não estão incluídos nem os depósitos voluntários e compulsórios dos bancos comerciais nas Autoridades Monetárias (Banco Central) – dos quais falaremos mais adiante-, nem os depósitos da União, também, no Banco Central. É fácil entender o porquê disso: como a preocupação, no caso, é medir a liquidez do público, não há por que incluir os depósitos dos bancos comerciais (que não são parte do público); quanto à União, é importante entender que, ao contrário do público, ela não limita ou condiciona o montante de seus gastos ao volume de depósitos que, eventualmente, tenha no Banco Central, mas, sim, ao que dispõe o orçamento federal. Mas, note-se que os depósitos da União nos demais bancos que não o Banco Central, bem como os depósitos dos Estados e Municípios em qualquer banco estão computados no total do M1. Outros conceitos de moeda: os “quase-moeda” Além desse conceito tradicional de meios de pagamento, existe uma gama de outros ativos financeiros que são aceitos como pagamento em diversas transações ou que podem ser transformados em moeda sem grandes dificuldades e num espaço de tempo relativamente curto. A estes ativos se dá geralmente o nome de quase-moeda – que são haveres financeiros de alto grau de liquidez, porém de grau inferior ao da moeda manual e ao dos depósitos à vista. Como exemplos de quase-moeda citam-se os depósitos de poupança, depósitos a prazo, títulos públicos, etc. A partir dessas considerações, foram desenvolvidos outros conceitos e classificações de meios de pagamento mais abrangentes, de acordo com o grau de liquidez do ativo financeiro. Estas classificações divergem de autor para autor, terminando, muitas vezes, por serem convencionais e arbitrárias. No caso brasileiro, segue-se o critério adotado pelo Banco Central – critério este que tem se alterado muito nestes últimos anos, principalmente em função do surgimento de inúmeros tipos de aplicações financeiras. Assim, por exemplo, nos anos noventa, o Banco Central adotava os seguintes conjuntos de meios de pagamento: www.pontodosconcursos.com.br

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M1 = PMP + DVbc M2 = M1 + FAF + títulos públicos (federais, estaduais e municipais) em poder do público M3 = M2 + depósitos de poupança M4 = M3 + títulos privados (depósito a prazo, letras hipotecárias e letras de câmbio) A importância desses conceitos é ressaltada no momento em que o Banco Central, por competência legal, procura controlar a quantidade de moeda na economia, como parte, digamos, de uma estratégia de combate à inflação. A questão que, então, se coloca é: no controle da inflação, deve o Banco Central controlar a quantidade de meios pagamento (= à oferta monetária). Para tanto, deve aquela autoridade monetária assestar suas baterias sobre qual deles? M1? M3? M4? Na verdade, não há consenso sobre isso entre os economistas. O Banco Central, por falta, talvez de condições técnicas, limita-se a controlar apenas a evolução do M1.

6.4. Criação e Destruição de Moeda Este é um assunto que, recorrentemente, tem sido objeto de questões de provas de concursos onde entra a disciplina Economia. E o que vem a ser “criação” e “destruição” de moeda (ou, alternativamente, “criação” e “destruição” de meios de pagamento)? É fácil entender isso. Senão, vejamos: Diariamente, o público - isto é, os indivíduos e as empresas -, realiza operações com o setor bancário comercial2, operações estas traduzidas em depósitos, saques, pagamentos diversos (luz, telefone), tomada ou quitação de empréstimos, etc. Dependendo da natureza dessas operações, o total de ativos monetários da economia – isto é, os meios de pagamento (M1) – poderá se reduzir ou aumentar. Se o resultado for um aumento 2

De uma forma simples e sintética, banco comercial é aquele que abre conta corrente e emite talões de cheque para seus clientes.

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dos meios de pagamento, tem-se aí uma criação de moeda; se ocorrer uma redução dos meios de pagamento, tem-se uma destruição de moeda. Então, o que se tem de verificar, após a operação bancária, é se o total de meios de pagamento se alterou para mais ou para menos. Para um melhor entendimento da explicação a seguir, é interessante que você conheça dois conceitos novos: primeiro, o conceito de haver monetário; segundo, o de haver não-monetário. Haver ou ativo monetário corresponde a um dos componentes dos meios de pagamento (M1), ou seja, ou é o papel-moeda em poder do público ou é o depósito à vista. Já haver não-monetário é todo ativo possuído pelo público que não seja meio de pagamento (M1), como, por exemplo, ações, promissórias, títulos do governo, carro, lote, imóveis, etc. Entendida, assim, a diferença entre haver não-monetário e haver monetário, fica mais fácil entende a criação e a destruição de moeda. Senão, vejamos: No processo de criação de moeda, o público entrega ao setor bancário um “haver não-monetário” (por exemplo, uma promissória) e recebe deste um “haver monetário” (por exemplo, um empréstimo traduzido num depósito à vista). No caso de destruição de moeda, o público entrega ao banco um ativo monetário (digamos, dinheiro em espécie) e recebe um ativo nãomonetário (a promissória vencida). Vale repetir que a criação ou destruição de moeda só ocorre se, da operação entre o público e o banco, resultar uma alteração do total de meios de pagamento do público. Isto significa dizer que, se um indivíduo paga sua conta de luz com um cheque de sua conta corrente não haverá nem criação nem destruição de moeda, pois a queda de seus depósitos à vista é compensada pelo aumento dos depósitos da companhia de eletricidade – que também é público. Da mesma forma, se um correntista vai ao banco e saca de sua conta corrente, com um cheque seu, nada ocorre, de vez que ele trocou um ativo monetário (depósito à vista) por outro (dinheiro em espécie). Mas, claro, se ele saca de sua conta de poupança, há criação de meios de pagamento, pois os depósitos de poupança são considerados haveres nãomonetários.

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6.5. Base Monetária e o Multiplicador Bancário Conceitualmente, a política monetária consiste no controle da oferta monetária e das taxas de juros, pelas autoridades monetárias (Banco Cetral), através do uso de instrumentos diretos e indiretos (que serão vistos mais adiante), com vistas a controlar o nível de liquidez do sistema econômico. A política monetária deve, por outro lado, se inserir no contexto da política econômica global do governo, procurando, sempre que possível, a compatibilização e o atingimento de seus objetivos macroeconômicos. Quando se fala em controle da oferta monetária, pensa-se, imediatamente, que basta o Banco Central parar de emitir moeda, e tudo se arranja. Mas, as coisas não são assim tão simples. Não se pode esquecer que os bancos comerciais têm uma grande capacidade para “criar” moeda através de empréstimos que se transformam em novos depósitos, que dão origem a novos empréstimos, e assim por diante. É através dos empréstimos que os bancos “multiplicam” o dinheiro circulante na economia. Quanto mais empréstimos fizerem, maior será a multiplicação dos meios de pagamentos. A origem desses empréstimos, como se disse, está nos depósitos captados pelo banco. Assim, um grande condicionante do volume dos empréstimos é o volume de depósitos à vista no banco. Um outro condicionante é o montante ou proporção dos depósitos à vista que o banco pode emprestar. Obviamente, os bancos gostariam de emprestar todo o volume de depósitos, mas este desejo esbarra na necessidade imperiosa de se manter em caixa, sob a forma de moeda, uma parcela dos depósitos para o pagamento de cheques dos clientes. Mas, as limitações ao volume de empréstimos que os bancos podem efetuar vão mais além, pois ainda existem restrições impostas por lei e outras medidas restritivas, de iniciativa do próprio Banco Central. Com estas considerações, podemos, então, partir para a derivação do chamado multiplicador bancário (k) dos meios de pagamentos, relativamente ao volume de dinheiro que o Banco Central coloca em circulação – dinheiro, este dito, “de alto poder www.pontodosconcursos.com.br

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de expansão” e que, tecnicamente, é denominado de Base Monetária (B). Contabilmente, a Base Monetária é dada pela soma dos valores constantes do chamado passivo monetário do Banco Central que se compõe de: i) - o papel-moeda em poder do público (PMP); ii) - o caixa em moeda corrente dos bancos comerciais (R1); iii) - os depósitos voluntários dos bancos comerciais junto ao Banco Central (R2); e, iv) - os recolhimentos compulsórios dos bancos comerciais, também junto ao Banco Central (R3) Assim temos: B = PMP + R1 + R2 + R3

(1)

Mas, como PMP + R1 = PMC (veja o item atrás “Indicadores Monetários”), temos que a base monetária pode ser definida ainda como: B = PMC + R2 + R3

(2)

E, já que R = R1 + R2 + R3, então a base monetária pode também ser definida como: B = PMP + R

(3)

sendo R = total das reservas ou encaixes dos bancos comerciais (R= R1 + R2 + R3). Já os meios de pagamento (M1), como sabemos, são assim constituídos: M1 = PMP + DVbc

(4)

E sendo o total de meios de pagamento um múltiplo da base monetária (B), resultado do processo multiplicativo dos empréstimos bancários, deduz-se que o multiplicador (k) dos www.pontodosconcursos.com.br

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meios de pagamento é dado pela relação entre o total de M1 e a base monetária, ou k = M1/B

(5)

M1 = B . k

(6)

ou ainda,

Para se achar a expressão ou fórmula do valor do multiplicador, consideremos as seguintes expressões: Considere as seguintes relações comportamentais do público: i) d1 = PMP/M1 ii) d2 = DVbc/M1

ou, d1M1 = PMP ou, d2M1 = DVbc

(7) (8)

A equação (7) mostra qual a proporção do papel-moeda em poder do público em relação ao total de meios de pagamento (M1); já a equação (8) indica qual a proporção dos depósitos à vista nos meios de pagamento. Logo, M1 = d1M1 + d2M1

(9)

E, dividindo-se todos os termos da equação (9) por M1, tem-se: 1 = d1 + d2 e, d1 = (1 - d2)

(10)

Recorde-se, agora, que a base monetária é definida por: B = PMP + R

(3)

Para se saber qual é a fração ou percentual das reservas ou encaixes totais (r) em relação aos meios de pagamento, dividimos as reservas totais (R) pelos depósitos à vista (DVbc), ou: www.pontodosconcursos.com.br

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r = R/DVbc ou R = rDVbc ou, ainda, R = rd1M1 (11) onde, r = taxa de reserva ou encaixe total. Substituindo (7) e (11) em (3), tem-se: B = d1M + rd2M1

(12)

Substituindo (10) em (12), tem-se: B = (1 - d2)M1 + rd2M1

(13)

Operando a expressão (13), obtém-se:

B = (1− d2 ) + rd2 M1 B =1− d2 (1− r) M1 M1 =

M1 =

B 1 − d 2 (1− r)

1 .B 1− d2 (1− r)

(14)

Ou seja, M1 é igual ao valor da base monetária (B) vezes o multiplicador (k), sendo

k=

1 1 − d 2 (1 − r )

(15)

onde, d2 = fração dos meios de pagamentos que o público mantém sob a forma de depósitos à vista nos bancos comerciais; e,

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r = fração dos depósitos à vista que os bancos comerciais mantêm como encaixes totais. Vejamos um exemplo numérico: Suponha que os depósitos à vista correspondam a 80% dos MP e que a taxa de reservas bancárias (r) seja 30% dos depósitos à vista. Com esses dados, vamos calcular o valor de k: Fazendo as devidas substituições na equação (15), acima, temos: k=

1 1 1 1 = = = = 2,7 1 − 0,9(1 − 0,3) 1 − 0,9(0,7) 1 − 0,63 0,37

Pela expressão (15), pode-se deduzir que a expansão dos meios de pagamento, isto é, da oferta monetária, pode ocorrer em três situações: i)

- por aumento das operações ativas do Banco Central via aumento da emissão (o que aumenta B);

ii) - por aumento de d2, isto é, da proporção dos depósitos à vista do público nos bancos comerciais em relação ao total dos meios de pagamentos; e, iii) por redução da relação encaixes/depósitos à vista nos bancos comerciais. Deve-se observar que, na execução da política monetária e para controle da oferta monetária, as autoridades monetárias têm relativo controle sobre os itens (i) e (iii), mas nenhum controle sobre (ii) – que depende exclusivamente do comportamento do público. No entanto, como se admite uma relação mais ou menos estável ou pelo menos previsível entre os DVbc e M1, pode-se, em princípio, afirmar que as autoridades monetárias podem controlar relativamente a expansão da oferta monetária. Este controle é exercido diretamente sobre a base monetária e indiretamente sobre o multiplicador (k) através do uso de diversos instrumentos.

6.6 Instrumentos Clássicos de Controle Monetário www.pontodosconcursos.com.br

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Como foi visto, o volume da oferta monetária (= meios de pagamento) depende de mudanças na base monetária e/ou de alterações no valor do multiplicador (k). A tarefa fundamental do Banco Central é o de adequar o volume de meios de pagamento às reais necessidades da economia tendo em vista o atingimento dos objetivos macroeconômicos. Ocorre, no entanto, que, mesmo que haja uma programação monetária – pela qual se prevê a evolução dos agregados monetários, mês a mês, em decorrência do esperado comportamento das contas externas do País, das operações do Banco Central com o Tesouro Nacional e de empréstimos dos bancos oficiais aos bancos privados e ao setor produtivo – nem sempre o programado se comporta como esperado. Vez por outra, observa-se uma expansão exagerada dos meios de pagamento; outras, uma contração desse agregado, com evidente escassez de dinheiro na economia, com graves prejuízos para os negócios. Para controlar a liquidez da economia, mantendo-a em níveis compatíveis com as necessidades conjunturais da economia, o Banco Central dispõe de diversos instrumentos que ora atuam sobre a base monetária, ora sobre o multiplicador bancário (k). Os instrumentos mais tradicionais geralmente usados pelo Banco Central são: a) controle da emissão; b) fixação da taxa de recolhimento compulsório; c) operações de redesconto de liquidez; e, d) operações de mercado aberto (open market). a) Controle da emissão – sobre este instrumento não há o que falar. Basta que se desligue a tomada da máquina impressora de dinheiro e a emissão monetária estará controlada. b) Fixação da taxa de recolhimento compulsório – trata-se de um percentual dos depósitos à vista que os bancos comerciais devem recolher periódica e obrigatoriamente ao Banco Central.

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Claramente, quanto maior esta taxa, maior será o valor de r (taxa de encaixes totais) e vice-versa, já que os recolhimentos compulsórios são uma parte das reservas totais dos bancos. Assim, na medida em que o Conselho Monetário Nacional decide elevar o percentual dos recolhimentos compulsórios (r3), o multiplicador (k) se reduz, uma vez que a medida levará a uma disponibilidade menor de recursos para os bancos efetuarem empréstimos. A recíproca é, também, verdadeira. c) Operações de redesconto – consistem num empréstimo de última instância e de curtíssimo prazo que o Banco Central faz aos bancos comerciais sempre que estes estiverem com falta de liquidez, isto é, com falta de recursos em caixa para atender às demandas de seus clientes. Por isso mesmo são também chamados de “empréstimos de liquidez”. Ao realizar tais operações, o Banco Central funciona como banco dos bancos, descontando títulos dos bancos a taxas de juros prefixadas. Como instrumento de controle monetário, o redesconto inibe ou estimula os bancos a tomar o empréstimo através de: a) alterações das taxas de juros cobradas pelo Banco Central; b) mudança dos prazos concedidos para que os bancos quitem sua dívida; c) fixação de tetos ou limites para a tomada do empréstimo; d) exigência de garantias (títulos públicos ou o próprio compulsório); e) controle da freqüência de utilização do empréstimo. d) operações de mercado aberto (open market) – o mercado aberto, num sentido amplo, pode ser entendido como o mercado onde são transacionados os mais diversos títulos públicos federais e estaduais e bancários privados, de rentabilidade pré ou pós-fixada. No entanto, entendido como instrumento de política monetária, as operações de mercado aberto consistem na compra e/ou venda de títulos públicos federais (NTN, LBC, LFT, BTN, etc.) pelo Banco

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Central, com o objetivo de influenciar o nível das reservas bancárias e, daí, o fluxo de crédito. As operações de mercado aberto, pela sua flexibilidade, se constituem no mais poderoso instrumento de que dispõe o Banco Central para regular o nível de liquidez da economia no curtíssimo prazo. Assim, por exemplo, quando as autoridades monetárias desejam enxugar o mercado monetário, emitem e vendem lotes volumosos de títulos federais, retirando dos bancos e do público a quantidade desejada de moeda. Contrariamente, se a intenção for a oposta, isto é, expandir o nível de oferta monetária, o Banco Central realiza operações maciças de resgate (isto é, de compra) desses títulos, injetando moeda no sistema. Estes são, em síntese, os instrumentos clássicos de controle monetário usados pelo Banco Central. Obviamente, sempre existirão outros que, eventual e conjunturalmente, podem ser utilizados, como, por exemplo, a limitação ou fixação de tetos para empréstimos, medida que, não raras vezes, foi usada no Brasil ao longo dos anos 80.

6.7. Teoria Quantitativa da Moeda A teoria quantitativa, na versão clássica, enfatiza a função da moeda como meio de trocas. Assim, em qualquer período, o valor global das transações é igual ao número de transações (T), multiplicado pelo seu preço médio (P). Esse valor, por seu turno, será idêntico ao fluxo monetário que é igual à quantidade de moeda ou meios de pagamento (M) multiplicado pelo número de vezes que a moeda trocou de mão (V) naquele período. Resulta, daí, a conhecida “equação das trocas” que é geralmente apresentada como: MV = PT

(16)

Posteriormente, por razões essencialmente práticas, o número de transações (T) foi substituído pelo nível de renda (Y) uma vez que se dispõe de estatísticas sobre a renda e não sobre a quantidade de transações. Neste caso, é feita a hipótese de que o www.pontodosconcursos.com.br

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nível das transações totais seja proporcional ao nível da renda, passando a equação (16) a ser, então, reescrita como: MV = PY

(17)

onde, M = estoque de moeda (meios de pagamento) V = a velocidade de circulação deste estoque, isto é, o número de vezes que cada unidade monetária é empregada durante o período escolhido; P = o nível médio de preços (índice); e, Y = o nível da renda ou produto real. Tal como se apresenta, dada a definição de V, a equação (16) é necessariamente verdadeira em relação a quaisquer valores de M, P e Y. Trata-se, no caso, de uma equação definicional ou tautológica, isto é, verdadeira em si mesma e, como tal, nada acrescenta de novo à teoria econômica. No entanto, introduzindo-se certas hipóteses sobre algumas de suas variáveis, tal como fizeram os clássicos, a equação das trocas pode se tornar de alguma utilidade. Deste modo, são colocadas as seguintes hipóteses: I-

a oferta monetária é exógena, no sentido de que as autoridades monetárias (no caso, o Banco Central) controlam a quantidade de moeda na Economia;

II supõe-se que não há desemprego no país, e que, portanto, o nível da renda ou produto é constante no curto prazo, ao nível do pleno emprego dos fatores; III também a velocidade de circulação da moeda (V) é constante no curto prazo dado que é determinada por fatores institucionais, padrões comerciais, e hábitos de compras e pagamentos, além do estado da tecnologia utilizada no processo de transações, citando-se, entre estes, os seguintes: a) institucionalização, por determinações legais, da periodicidade de pagamentos salariais (semanal, mensal);

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b) o grau de sofisticação do sistema especialmente na compensação de cheques; e,

financeiro,

c) os hábitos de compras da população. Todos estes fatores são, a rigor, constantes num curto período, digamos, 6 meses. Assim, com as hipóteses de que V e Y são invariáveis a curto prazo, uma alteração na quantidade de M (para mais ou para menos), determina uma variação, na mesma proporção, no nível médio de preços. E a igualdade expressa na equação (16) se transforma numa teoria de determinação de preços, ou seja: P = MV

(17)

Y

Um exemplo numérico: Suponha que, hoje, os valores das variáveis da equação (16) sejam: M = 200;

V = 5 (constante, no curto prazo); P = 10; e

Y = 100. Substituindo estes valores na equação (16), temos: 200 x 5 = 10 x 100 ou, 1000 = 1000, Suponha, agora, que o Banco Central aumente a quantidade de meios de pagamento (através, por exemplo, de uma emissão monetária) no montante de 30%, ou, em valores absolutos, em 60 unidades monetárias. Como V e Y, por hipótese, são valores constantes no curto prazo, o ajuste da equação (16) – para que seus dois lados tenham o mesmo valor, ocorrerá no nível de preços (P), assim: 260 x 5 = P x 100 P=

260 x5 1.300 = = 13 100 100

ou seja, o nível geral dos preços (P) se elevou de 10 para 13, um aumento de 30% - exatamente igual ao aumento ocorrido na quantidade de dinheiro em circulação. Ou seja, aumentos de

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moeda, sem que o nível do PIB tenha aumentado, só concorre para gerar inflação. Daí, vem a conclusão dos teóricos da escola clássica: a moeda é um fator tipicamente neutro, servindo, por assim dizer, apenas como um lubrificante para a melhor operação das forças reais da economia. Para os clássicos, variações na quantidade real de moeda somente afetam o nível agregado de preços.

6.8. Sistema Financeiro Nacional: Constituição e Funções O Sistema Financeiro Nacional (brasileiro) é constituído de dois grupos distintos de entidades financeiras: ISistema Monetário – composto pelas entidades que criam moeda, isto é, meios de pagamento (= papel – moeda em poder do público e depósitos à vista, do público, nos bancos comerciais). Fazem parte deste sistema o Banco Central do Brasil – chamado de “Autoridades Monetárias” – que tem o poder de emitir moeda –, e os bancos comerciais, públicos e privados – que recebem depósitos à vista do público e efetuam empréstimos de curto prazo. II Sistema Não-Monetário – abrange todas as entidades de intermediação financeira não-bancária (isto é, exclusive bancos comerciais). Fazem parte desse sistema diversas entidades financeiras que se distinguem uma da outra pela sua principal operação passiva (captação de recursos) e sua principal operação ativa (aplicação dos recursos captados). Como principais entidades do sistema não-monetário, citam-se: a) Bancos de Desenvolvimento – são entidades oficiais (governamentais) de crédito, cujas principais operações passivas são os recursos do PIS/PASEP, FINSOCIAL, transferências do orçamento do governo e empréstimos externos; suas operações ativas se limitam a empréstimos para capital de giro e de capital fixo para empresas (para implantação ou expansão). A principal www.pontodosconcursos.com.br

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entidade deste subsistema é o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) havendo diversos outros bancos regionais e estaduais de desenvolvimento (BDMG, BRB, BANDESUL, BANDERJ). b) Bancos de Investimentos – são entidades privadas, com finalidades semelhantes às dos bancos de desenvolvimento, atuando, de certa forma, como complementares a estes no fornecimento de crédito às empresas, mas seguindo as leis e taxas de juros praticadas no mercado. Suas principais fontes de recursos são os depósitos a prazo (CDB) e empréstimos externos. c) Sistema Financeiro da Habitação – tendo como órgão central a Caixa Econômica Federal. Fazem parte deste subsistema as entidades que têm como objetivo captar recursos através de cadernetas de poupança e, eventualmente, através de venda de letras hipotecárias ou imobiliárias, e destinando tais recursos ao financiamento de construção e/ou aquisição de moradias. São exemplos as Caixas Econômicas Estaduais, as Sociedades de Crédito e Investimentos (SCI) e as entidades dos bancos privados que compõem o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE). d) Sociedades de Crédito, Financiamento e Investimento – mais conhecidas como “financeiras”, são aquelas entidades que têm na venda de letras de câmbio sua principal operação passiva e, como principal operação ativa, o financiamento ao consumidor para aquisição de bens de consumo duráveis (eletrodomésticos, automóveis, etc.). Importante observar que essas entidades não existem isoladamente. Em geral, fazem parte de uma empresa maior – a holding. Assim, por exemplo, o BRADESCO é uma grande holding do sistema financeiro, composto de um Banco Comercial Bradesco, um Banco de Investimento Bradesco, uma Financeira Bradesco, uma Seguradora Bradesco, uma Corretora e uma Distribuidora Bradesco, e assim por diante.

6.9. Funções Clássicas de um Banco Central As funções típicas ou clássicas de um banco central são:

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a) banco emissor de papel-moeda; b) banqueiro dos bancos comerciais; c) banqueiro do Tesouro Nacional; d) depositário das reservas internacionais do País. Se se organizarem as contas de captação e de aplicação de recursos do Banco Central sob a forma de um balancete – com passivo (fontes de recursos) e ativo (aplicação de recursos) – veremos que aquelas funções estão espelhadas nas diversas rubricas ou contas do balancete. Para melhor análise, costuma-se dividir as contas do passivo em dois grupos: passivo monetário e passivo não-monetário, conforme a natureza da conta. Os recursos não-monetários são aqueles que não se encontram à disposição do público, não sendo, portanto, exigíveis a curto prazo. Já os recursos monetários se constituem de todos aqueles valores exigíveis a curto prazo (o PMC, os depósitos voluntários e compulsórios dos bancos comerciais). Registre-se desde já que, por definição, o passivo monetário do Banco Central é igual à Base Monetária, como se verá mais adiante. Voltando, agora, ao balancete do Banco Central, nota-se que, como órgão emissor de papel-moeda, o total emitido aparece no passivo monetário, como uma das fontes de financiamento do Banco Central, lembrando que, na prática, aparece, apenas, o PMC, de vez que na consolidação do balancete, elimina-se do ativo e do passivo o “encaixe em moeda” do Banco Central (recordando que PME – encaixe do Banco Central = PMC). Continuando, como banqueiro dos bancos, aparecem no passivo os depósitos voluntários e o recolhimento compulsório dos bancos comerciais, enquanto no ativo aparecem os redescontos e outros empréstimos àqueles bancos. Como banqueiro do Tesouro Nacional, aparecem no passivo os depósitos do Tesouro Nacional (geralmente, frutos da arrecadação de impostos) e, no ativo, o saldo dos títulos públicos federias e empréstimos à União. Como depositário das reservas internacionais do País, aparece no ativo o contra-valor dessas reservas em cruzeiros. www.pontodosconcursos.com.br

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Como banco de fomento, função que o Banco Central do Brasil vem, paulatinamente, abandonando para se tornar um verdadeiro banco central nos moldes clássicos, aparecem no passivo recursos de diferentes fontes legais e, no ativo, o repasse desses recursos a entidades oficiais (ou mesmo privadas) de crédito para financiamento dos setores produtivos. *

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Com essas colocações, encerramos esta nossa 6ª Aula. A seguir, são apresentados alguns exercícios de revisão e fixação sobre balanço de pagamentos e taxa de câmbio. Até nossa próxima aula. ___________________ EXERCÍCIOS DE REVISÃO E FIXAÇÃO: (gabarito ao final) 1. Com relação às diversas formas assumidas pela moeda, ao longo da história, estão corretas as afirmativas abaixo, exceto: a) economia de escambo é aquela em que se trocam mercadorias por mercadoria, não existindo moeda como meio de troca; b) moeda-papel era um certificado com lastro integral (e, depois, parcial) em ouro; c) o papel-moeda não dispõe de lastro em ouro, ou seja, não pode ser resgatado; d) a moeda bancária ou escritural é representada pelo dinheiro em caixa nos bancos comerciais e pela emissão monetária; e) a moeda-mercadoria assumiu diversas formas, como, por exemplo, sal, peles, ostras, etc. 2. Com relação à evolução e formas de moeda, estão corretas as alternativas abaixo, exceto: a) pelo sistema de trocas indiretas, uma mercadoria qualquer é escolhida como meio de troca, por convenção social. b) para que uma mercadoria se mantivesse por longo tempo como “moeda” era indispensável que fosse escassa, não-perecível e passível de divisão; c) os sistemas de trocas diretas são aqueles em que se utilizam mercadorias como moeda; d) entende-se como moeda-papel os certificados de depósitos emitidos pelas casas de custódia e que tinham lastro em metais preciosos, particularmente em ouro; e) entende-se por reconversão de um certificado de depósito a sua troca pelo lastro metálico que lhe deu origem.

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3. São formas de moeda existentes modernamente, exceto: a) papel-moeda; b) moeda metálica; c) moeda-papel; d) moeda bancária ou escritural. 4. São funções da moeda, exceto: a) reserva de valor; b) intermediária ou meio de trocas; c) servir de lastro para o papel-moeda em circulação; d) unidade de conta ou padrão de valor. 5. A moeda escritural ou bancária é representada: a) pelos depósitos à vista do público nos bancos comerciais; b) pelo talão de cheques; c) pelos depósitos de poupança nos bancos; d) pelos depósitos a prazo e à vista nos bancos; e) por todos os ativos financeiros aceitos como meio de trocas. 6. Com relação aos conceitos monetários, estão corretas as afirmativas abaixo, exceto: a) o papel-moeda em circulação é igual ao papel-moeda em poder do público mais o dinheiro em caixa nos bancos comerciais; b) o papel-moeda em poder do público é igual ao papel-moeda emitido menos dinheiro em caixa do Banco Central; c) o papel-moeda emitido é igual ao papel-moeda em circulação mais o dinheiro em caixa do Banco Central; d) o papel-moeda emitido é igual ao papel-moeda em poder do público mais o dinheiro em caixa do Banco Central e em caixa dos bancos comerciais. 7. São expressões sinônimas: a) papel-moeda e moeda-papel; b) moeda bancária e moeda escritural; c) moeda inconversível e moeda bancária; d) moeda fiduciária e moeda escritural; e) nenhuma das alternativas anteriores. 8. A expressão é a liquidez por excelência aplica-se: a) apenas ao papel-moeda conversível em metais preciosos; b) apenas à moeda escritural, por representar depósitos à vista no sistema bancário comercial, que podem ser retirados a qualquer instante e sem prévio aviso; c) ao ouro, único ativo líquido por excelência; d) ao papel-moeda, simplesmente; e) por definição, a quaisquer formas de moeda.

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CURSOS ON-LINE – ECONOMIA I – PROF. MOZART FOSCHETE 26 9. A expressão quase-moeda aplica-se: a) a todos os ativos financeiros; b) aos ativos financeiros não-monetários, de elevado índice de liquidez; c) às formas primitivas de moedas não-metálicas; d) às formas fiduciárias de moedas destituídas de valor legal; e) nenhuma das alternativas anteriores. 10. O conceito convencional de meios de pagamento é dado pela soma: a) do papel-moeda e das moedas metálicas em poder do público com os títulos de emissão do Tesouro Nacional; b) dos depósitos à vista do público nos bancos comerciais, com o papelmoeda em circulação e com títulos da Dívida Pública; c) do papel-moeda e das moedas metálicas em poder do público com os depósitos à vista do público nos bancos comerciais; d) do papel-moeda com as moedas metálicas em circulação; e) nenhuma das alternativas anteriores. 11. Identifique abaixo as operações de criação (C) e de destruição (D) de meios de pagamento, ou nenhuma destas alternativas (N): a) ( ) O Zé Pereira leva ao Banco Popular R$ 5.000,00 e efetua um depósito à vista. b) ( ) O Zé Patriota prefere efetuar depósito à vista no Banco do Brasil. c) ( ) Já a Maria Clarineta leva ao Banco Clarim R$ 10.000,00 e efetua um depósito a prazo. d) ( ) O Banco of London, com sede no Rio, compra do Zé Export todas as suas cambiais no valor de US$ 100. e) ( ) O Banco of New York, com sede em São Paulo, vendeu cambiais no valor de R$ 10.000,00 ao Joaquim Import. f) ( ) A empresa Zé Galo leva ao Banco Galinheiro uma duplicata para desconto, depositando à vista no mesmo banco o dinheiro recebido. g) ( ) O Banco Confiante compra títulos da dívida pública possuídos pelos Irmãos Desconfiados. h) ( ) O Banco Morada Velha vende uma casa a Pedro Semorada, recebendo o pagamento à vista em dinheiro. i) ( ) O Banco Semfronteira aumenta seu capital vendendo ações ao público. j) ( ) O Banco Central redesconta uma duplicada em poder do Banco Promissório, entregando papel-moeda a este último. k) ( ) A União paga aos construtores da Ferrovia da Madeira, sacando sobre seus depósitos nas Autoridades Monetárias. 12. Suponha que o sistema monetário tenha apresentado, em dezembro/2004, os seguintes dados (em R$ milhões): - papel-moeda emitido: 400 - moeda escritural: 600 - encaixe em moeda dos Bancos Comerciais (R1): 60 - demais encaixes ou reservas dos Bancos Comerciais: 240 - moeda em caixa das Autoridades Monetárias: 40

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Considerando estes dados, o papel-moeda em circulação e o papel-moeda em poder do público são, respectivamente: a) 600 e 240; b) 360 e 300; c) 400 e 350; d) 340 e 280; e) 400 e 300. 13. Com base nos dados da questão 12, pode-se afirmar que o total de meios de pagamento (M1) e a Base Monetária são, respectivamente: a) 900 e 600; b) 900 e 300; c) 590 e 890; d) 300 e 290; e) 600 e 600. 14. Ainda com base nos dados da questão 12, o multiplicador dos meios de pagamento será: a) 2,0; b) 1,0; c) 1,5; d) 3,0; e) 2,5. 15. Supondo que o papel-moeda em poder do público (PMPP) seja 20% do total dos meios de pagamentos e que o total de encaixes (ou reservas) bancários seja 25% dos depósitos à vista, então o multiplicador bancário dos meios de pagamento será: d) 3,5; e) 4,0. a) 2,0; b) 2,5; c) 3,0; 16. No Brasil, a base monetária se compõe de: a) total do papel-moeda emitido; b) papel-moeda em circulação mais depósitos à vista nos bancos comerciais; c) papel-moeda em poder do público mais depósitos; d) papel-moeda em poder do público, mais encaixe em moeda dos bancos comerciais, mais depósitos voluntários dos bancos no Banco Central e mais recolhimento compulsório; e) papel-moeda em poder do público. 17. A oferta monetária (= meios de pagamento) deverá se expandir caso ocorra uma das situações abaixo, exceto: a) aumento das operações ativas do Banco Central, via resgate de títulos públicos federais; b) redução da proporção do papel-moeda em poder do público em relação ao total dos meios de pagamento; c) aumento da proporção dos depósitos à vista do público nos bancos comerciais em relação ao total de meios de pagamento; d) redução da relação encaixe/depósitos à vista dos bancos comerciais; e) aumento da taxa de recolhimento compulsório dos bancos comerciais. 18. Supondo que o total de reservas ou encaixes bancários seja 40% dos depósitos à vista, o multiplicador bancário simples dos meios de pagamento então é: a) 4,0; b) 3,5; c) 3,0; d) 2,5; e) 2,0. 19. Quando o Banco Central realiza uma venda maciça de títulos públicos federais, o efeito esperado é:

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CURSOS ON-LINE – ECONOMIA I – PROF. MOZART FOSCHETE 28 a) redução dos meios de pagamento e da taxa de juros; b) redução dos meios de pagamento e aumento das taxas de juros; c) aumento dos meios de pagamento e das taxas de juros; d) aumento dos meios de pagamento e queda das taxas de juros. 20. São funções típicas do Banco Central, exceto: a) banco dos bancos, recebendo recolhimentos compulsórios e efetuando empréstimos de liquidez (redesconto); b) banco emissor de moeda; c) agente do Tesouro Nacional; d) captador de depósito de poupança; e) fiscalizador do Sistema Financeiro Nacional. 21. O passivo monetário do balancete consolidado do sistema monetário é igual a: a) meios de pagamento (M1); b) base monetária; c) papel-moeda em circulação; d) reservas bancárias. 22. No Brasil, a base monetária compõe-se do: a) total do dinheiro emitido pelo Banco Central; b) papel-moeda em poder do público mais os depósitos à vista do público nos bancos comerciais; c) papel-moeda em circulação, mais os depósitos voluntários dos bancos comerciais junto às autoridades monetárias, mais os recolhimentos compulsórios dos bancos comerciais; d) passivo não-monetário das autoridades monetárias. 23. O passivo monetário do Banco Central é igual a: a) Reservas bancárias; b) Papel-moeda emitido; c) Meios de pagamento; d) Papel-moeda em circulação; e) Base monetária. 24. O total de oferta monetária é igual a: a) total de moeda emitida pelo Banco Central; b) base monetária; c) base monetária dividida pelo multiplicador; d) papel-moeda em poder do público mais os depósitos à vista do público nos bancos comerciais. 25. A oferta monetária deverá se expandir caso ocorra uma das situações abaixo, exceto: a) aumento das operações ativas do Banco Central via aumento da emissão ;

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redução da relação encaixe/depósitos à vista dos bancos comerciais; c) aumento da proporção dos depósitos à vista do público nos bancos comerciais em relação ao total de meios de pagamento; d) aumento da proporção do papel-moeda em poder do público em relação ao total de meios de pagamento. 26. São instrumentos clássicos de controle monetário, exceto: a) operações de redesconto de liquidez; operações de mercado aberto; b) c) a limitação do volume de papel-moeda em poder do público; d) a fixação da taxa de recolhimento compulsório sobre os depósitos à vista nos bancos comerciais. 27. No sentido restrito de instrumento de política monetária, as operações de mercado aberto consistem: a) num mercado onde são transacionados os mais diversos títulos públicos e bancários privados; b) num mercado onde são transacionados títulos de rentabilidade não fixada; c) na compra e/ou venda de títulos públicos federais pelo Banco Central; d) na compra e/ou venda de títulos públicos federais e títulos privados pelos bancos comerciais e público em geral. __________________ G A B A R I T O: 1. d; 2. c; 3. c; 4. c; 6. b; 7. b; 8. d; 9. b; 11. aN; bN; cD; dC; eD; fC; gC; hD; iD; jN; kN. 12. b; 13. a; 14. c; 15. b; 17. e; 18. d; 19. b; 20. d; 22. c; 23. e; 24. d; 25. d; ______________

5. a; 10. c; 16. d; 21. a; 26. c;

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27. c.

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Aula 7: A Macroeconomia Keynesiana Nesta nossa 7ª aula, nós estaremos entrando no cerne da macroeconomia propriamente dita, introduzindo a chamada teoria macroeconômica keynesiana cuja principal característica é o papel do governo e de sua política fiscal (impostos e gastos governamentais) na determinação do nível do produto e da renda agregados. Trata-se de uma teoria desenvolvida em função da grande depressão de 1929-33 e que ainda se mantém na moda nos dias de hoje, sendo rotineiramente objeto de questões nas provas de macroeconomia dos concursos públicos. Então, vamos lá!

1.Introdução: O Equilíbrio com Desemprego: Clássicos x Keynesianos Até a grande depressão de 1929-33, a questão do desemprego não causava maiores preocupações. A maioria dos economistas – formados na tradição clássica – acreditava que, eventualmente, poderia surgir algum desemprego, mas era um fenômeno temporário que, logo, seria eliminado pelo próprio mecanismo e atuação livre das forças de mercado. Esta crença dos clássicos de que o pleno emprego da mão-de-obra era a situação natural e normal da economia, baseava-se, fundamentalmente, na chamada “Lei de Say”, segundo a qual “a oferta cria sua própria demanda”. Em outras palavras, por trás da Lei de Say está o raciocínio de que os indivíduos só ofertam seus recursos produtivos – como os serviços de mão-de-obra – porque desejam comprar bens e serviços. Assim, se um aumento da oferta de serviços de um indivíduo produzisse 10 unidades de produtos adicionais, haveria automaticamente um aumento da demanda por bens e serviços no mesmo montante. Em conseqüência,

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tudo o que fosse produzido seria consumido, não havendo razões para sub-produção ou super-produção. Não sobraria nem faltaria produto.

1.1. A poupança e o investimento no sistema clássico Como se poderia conciliar esta posição dos economistas clássicos com a existência evidente de poupança? Se as pessoas poupam é porque optaram por não gastar toda a renda que obtiveram no processo produtivo. Conseqüentemente, a oferta de produtos (que deu origem à renda) será maior que a demanda. A explicação clássica para a poupança (S) é a de que os indivíduos somente estarão dispostos a adiar o consumo, ou seja, a poupar, caso lhes seja pago um prêmio ou recompensa (juros) por este sacrifício. A quantidade poupada será, então, maior ou menor quanto maior ou menor for a taxa de juros (r). Em outras palavras, existe uma relação direta e positiva entre S e r. Se r se eleva (cai), a poupança se eleva (se reduz). Esta relação está ilustrada na Figura 1, abaixo: r r S

I S Figura 1

I Figura 2

Mas, os bancos só oferecerão uma taxa de juros maior, pela poupança do público, se houver, por parte dos tomadores de empréstimos, isto é, as empresas, uma demanda satisfatória. No modelo clássico, as firmas demandarão estes recursos para comprarem novas máquinas, ou seja, para realizarem seus investimentos produtivos. Mas, só o farão se os retornos esperados desses investimentos excederem o custo dos empréstimos – dado pela taxa de juros. Daí, pode-se concluir que a quantidade de investimentos (I) que www.pontodosconcursos.com.br

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será efetivada (isto é, a demanda por recursos da poupança) variará inversamente à taxa de juros. Se r estiver baixa, haverá mais investimentos; se r estiver alta, haverá menos investimentos. Esta relação inversa ou negativa entre I e r está mostrada na Figura 2. Observe, agora, a Figura 3, que mostra as curvas de I e S, juntas. Nesta figura estão marcadas três taxas de juros (r1, r0 e r2). Se, por

acaso, a taxa de juros estiver num nível muito elevado, digamos r1, haverá um excedente de poupança sobre os investimentos e, em conseqüência, os bancos reduzirão o prêmio (r) que pagam pela poupança. Com um r menor, a poupança deve se reduzir e o investimento aumentar. Se, ao contrário, r estiver muito baixo, digamos, se r2, haverá muita demanda por investimentos, e faltará poupança. Em conseqüência, os bancos aumentarão r para atrair mais poupança. Com r se elevando, S aumenta e I cai. No final deste processo, teremos um nível de r tal que igualará S e I. Na Figura 3, este nível é r0. Figura 3

Há duas anotações importantes a serem feitas com relação ao sistema clássico: primeiro, neste sistema, o valor da taxa de juros é determinado pela oferta de fundos (poupança) e pela demanda por estes fundos (investimentos). Esta é uma conclusão diferente da que foi proposta na teoria keynesiana – que diz que a taxa de juros é determinada no mercado monetário, pela oferta e demanda de moeda. Segundo, pela teoria clássica, a igualdade entre S e I ocorre sempre ao nível da renda de pleno emprego (Yf). www.pontodosconcursos.com.br

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1.2. A crítica keynesiana Esta visão clássica dos problemas econômicos sempre foi aceita sem maiores contestações até a Grande Depressão do início dos anos 30. Com o aprofundamento da crise econômica de 1929-33 e não havendo qualquer sinal de que a economia americana (e européia) poderia se recuperar através da atuação das forças de mercado, os pressupostos da teoria clássica começaram a ser questionados. Isto propiciou o aparecimento de uma nova teoria para explicar, de forma mais convincente, o fenômeno da crise e sua conseqüência mais evidente e direta: o desemprego em massa. Esta nova escola, que deu uma verdadeira guinada na forma de enfocar os problemas macroeconômicos, teve seus princípios e pressupostos expostos no livro “Teoria Geral do Emprego, dos Juros e da Moeda”, publicado em 1936 pelo economista inglês John Maynard Keynes – e que provocou uma verdadeira revolução no pensamento econômico. Esta nova interpretação dos fenômenos macroeconômicos modernos conhecida como “Teoria Keynesiana” – e que será objeto de nosso estudo a seguir – se assenta em três proposições importantes relativamente simples, a saber: I - Desemprego: ao contrário dos economistas clássicos, Keynes argumentou que as forças de mercado de uma economia poderiam não ser suficientemente fortes para levar a economia ao pleno emprego. Na realidade, o equilíbrio macroeconômico poderia ocorrer em um nível com desemprego em grande escala; II-

Causa do desemprego: na interpretação de Keynes, o desemprego era o resultado de gastos muito baixos em bens e serviços; ou seja, o desemprego era devido essencialmente a uma “demanda agregada insuficiente”;

III- Remédio para o desemprego: para acabar com o desemprego, a única saída é aumentar a demanda agregada. E, para Keynes, a melhor maneira para isso era “aumentar os gastos governamentais”. Com esta introdução, passamos agora ao estudo da determinação “do nível da renda de equilíbrio”, de acordo com a teoria keynesiana.

2. A Demanda e a ofertas agregadas www.pontodosconcursos.com.br

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A teoria keynesiana está voltada para a chamada “determinação do nível da renda nacional de equilíbrio” – no sentido de que a oferta agregada – isto é, a produção total de bens e serviços de uma economia – seja igual à demanda agregada – ou seja, os dispêndios da coletividade com estes bens e serviços. Invertendo o pressuposto da Lei de Say (“a oferta cria sua própria demanda”), a abordagem keynesiana afirma que a demanda agregada determina o nível da oferta agregada e, conseqüentemente, o nível da renda de equilíbrio. Mais importante ainda, este equilíbrio entre oferta e demanda agregadas pode ocorrer (e geralmente ocorre) em um ponto abaixo do nível de pleno emprego (Yf). Ou seja, a economia está em equilíbrio mas com desemprego de mão-de-obra e com fábricas produzindo aquém de sua capacidade de produção. Para que a economia atinja o nível do pleno, é necessário que a demanda agregada seja aumentada através do aumento de qualquer de seus componentes. Mas, o que vem a ser demanda agregada? O que chamamos de demanda agregada (DA) é o resultado da soma das compras de diferentes agentes econômicos, a saber: a) gastos de consumo privado (C ) - que são os dispêndios dos indivíduos em bens e serviços, como alimentação, vestuário, automóveis, viagens, lazer, etc. b) investimentos (I) - que são as compras de máquinas e equipamentos e edificações pelas empresas, mais as adições desejadas ou voluntárias de estoques (não incluindo, portanto, o aumento não-planejado de estoques, isto é, os produtos nãovendidos devido a uma insuficiente demanda); c)

gastos do governo (G) - aí incluídos os dispêndios governamentais com compras de bens e serviços e com o pagamento de funcionários, para o bom funcionamento da administração pública;

d) exportações (X) - traduzidas nas vendas de bens e serviços ao exterior. Ou seja, DA = C + I + G + X

(1)

De outro lado, temos a oferta agregada (OA) – também chamada de “oferta global” (OG) - compreende todos os produtos disponíveis para venda no mercado interno, seja oriundos da produção interna, seja

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oriundos das importações. Em outras palavras, a oferta agregada (OA) se compõe da soma do produto interno bruto, a preços de mercado (Y), mais as importações de bens e serviços (M). Ou: OA = Y + M

(2)

Lembrando que, em equilíbrio, a oferta agregada deve ser igual à demanda agregada, temos: Y+M=C+I+G+X

(3)

Y=C+I+G+X-M

(4)

e, sendo (X-M) as chamadas “exportações líquidas”. Recordando que, pelas identidades das contas nacionais, o valor do produto corresponde ao valor da renda gerada, podemos concluir, a partir da equação (4) que, sabendo-se os valores dos diversos componentes da demanda agregada, encontraremos o valor da renda ou produto nacional1 de equilíbrio (Y). Assim, nosso objetivo passa a ser o de estudar um modelo que nos permita encontrar este nível de equilíbrio da renda. Para facilitar nosso entendimento, dividiremos a análise em três etapas: i) primeiro, excluiremos de nosso modelo o governo e o setor externo; ii) depois, incluiremos o governo; e, iii) finalmente, completaremos o modelo com a inclusão do setor externo.

3. Modelo simples de dois setores: economia fechada e sem governo Numa economia muito simples, sem governo e sem setor externo, isto é, sem transações com o exterior, a renda nacional (Y) será

1 Como já mostramos na Aula 4, a diferença entre o produto “interno” e o “nacional”, e entre a renda “interna” e a “nacional” reside na “renda líquida enviada ao exterior”. Para os nossos objetivos aqui, esta diferença é irrelevante e os dois conceitos podem ser usados de forma intercambiável, sem prejuízo da análise e de suas conclusões. No caso do presente texto, estaremos, doravante, usando os termos renda nacional de equilíbrio ou produto nacional de equilíbrio, ao invés de “interno” por serem aqueles de uso mais freqüente nos livros textos de macroeconomia.

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Comentário:

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destinada apenas ao consumo das famílias (C) e à poupança (S), já que, não havendo governo, não há impostos. Temos, então: Y=C+S

(5)

Da mesma forma, o produto nacional (Y) se destinará ao consumo das famílias (C) e aos investimentos das empresas (I), ou seja: Y=C+I

(6)

Pela equação (5), a poupança (S) será dada pela diferença entre a renda nacional (Y) e o consumo (C). Sendo a poupança um não-gasto, poder-se-ia imaginar, a princípio, que a poupança seria contraproducente para a economia, uma vez que, se a renda não for gasta por quem a recebeu, haverá formação indesejada de estoques de produtos numa ou noutra empresa. Esta sobra de produtos fará com que estas empresas cortem produção no momento seguinte, reduzindo o emprego e a renda nacional. Se assim é, por que, então, a poupança é bem vista por todos e até estimulada pelo governo? A resposta é muito simples: a poupança financia os investimentos produtivos das empresas. Sem poupança não há investimentos. Mas, é importante entender que, para que o nível da renda nacional esteja em equilíbrio, é necessário que a poupança “planejada” pelas famílias seja igual ao investimento “planejado” pelas empresas. Isto significa que, em equilíbrio, S=I

(7)

De acordo com a equação (6), se soubermos os valores de C e de I, ou de C e S, na equação (5), encontraremos o nível da renda nacional de equilíbrio. Vejamos como calculá-la, começando pelo consumo (C):

3.1. A função consumo Seguindo o raciocínio de Keynes, parece razoável afirmar que o principal determinante do consumo é a renda disponível (Yd), isto é, o montante que as pessoas dispõem para gastar após retirados os impostos e acrescidas as transferências governamentais. No caso presente, como estamos supondo, por enquanto, que não existe governo nessa economia, não há impostos nem transferências governamentais e, portanto, a renda disponível (Yd) é igual, por definição, à renda nacional (Y). Assim, se a renda cresce ou se reduz, o mesmo ocorrerá com o consumo, mas não necessariamente no mesmo montante. www.pontodosconcursos.com.br

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A função consumo mostra a relação existente entre o nível das despesas de consumo e o nível da renda disponível. Empiricamente, descobriu-se que o consumo corresponde a uma proporção e da renda e que esta proporção entre consumo e renda disponível é altamente estável. Mas, será que o valor do consumo total é determinado exclusivamente pela renda disponível corrente? Como se explica, então, que pessoas que não dispõem de renda no momento presente, como é o caso daquelas que se encontram desempregadas, consomem um mínimo que seja? Na realidade, quando se olha no agregado, percebese que uma parte do consumo total independe do nível de renda – ou pelo menos do nível da renda corrente ou presente. Se assim é, podemos definir a função consumo do seguinte modo: C = a + bYd

(8)

onde, a = parte autônoma do consumo,2 isto é, a parcela que não depende da renda; b = fração da renda que é gasta. Esta fração b é chamada de propensão marginal a consumir (PMC) - que, na verdade, se constitui num dos mais importantes conceitos introduzidos por Keynes na análise da determinação do nível da renda. O termo “marginal” sempre significa, em economia, um “extra” ou “adicional” qualquer decorrente de um acréscimo qualquer ocorrido em um variável. No caso presente, significa o adicional de consumo decorrente de um aumento na renda. Tecnicamente, a propensão marginal a consumir é definida pela razão entre a variação no consumo (∆C) decorrente de uma variação na renda disponível (∆Yd) e esta variação na renda. Ou seja,

PMC = b =

∆C ∆Yd

(9)

2 O traço horizontal sobre a letra significa que é um valor dado, autônomo, isto é, que não depende de outra variável.

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9

O valor de b situa-se no intervalo entre 0 e 1, valendo notar que este valor, como já se disse, é bastante estável ao longo do tempo, significando dizer que se a PMC de uma sociedade é, digamos, 0,8 ( o que equivale dizer que corresponde a 80% da renda disponível), este valor tende a permanecer em torno desse valor por vários anos.3

3.2. A função poupança Nem toda a renda pessoal disponível se destina ao consumo. Uma pequena parcela se destina à poupança (S). Podemos dizer que a poupança corresponde à parcela da renda disponível que não é gasta. Ou: Renda disponível = consumo + poupança e, Poupança = renda disponível - consumo Em notação abreviada, temos: Yd = C + S S = Yd - C

(10) (11)

Para acharmos a função poupança basta substituirmos na equação (11) o valor do consumo dado pela equação (8), ou: S = Yd - (a + bYd) S = -a +Yd - bYd e, S = -a + Yd (1-b)

(12)

Tal como no consumo, um conceito importante com relação à poupança é a chamada propensão marginal a poupar (PMP) ou (s) e que pode ser definida como sendo a razão entre a variação na poupança, 3 O estudante não deve confundir o conceito de PMC com um outro conceito semelhante que é a “propensão média a consumir” (PMeC). Esta última é dada pela razão entre o consumo total e a renda disponível, isto é, PMeC = C/Yd ou ainda, PMeC = a+bYd/Yd

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decorrente de uma variação na renda disponível, e esta variação na renda disponível, ou: PMP = s =∆S/∆Yd

(13)

Note-se que, pela equação (10), a renda pessoal disponível se destina ao consumo e à poupança. Donde se conclui que qualquer variação na renda disponível (∆Yd) será distribuída entre consumo e poupança, ou:

∆Yd = ∆C + ∆S

(14)

Dividindo-se todos os termos da equação (14) por ∆Yd, tem-se:

∆Yd ∆C ∆S = + ∆Yd ∆Yd ∆Yd ou, 1 = PMC + PMS

(15a)

ou ainda, 1=b+s

(15b)

e, s=1–b

(15c)

Todos esses conceitos desenvolvidos até aqui estão sumarizados na Tabela 1 que apresenta, na primeira coluna, dados hipotéticos de diversos níveis de renda disponível. Na segunda coluna, aparecem os dados de consumo. Como se pode ver, o consumo cresce à medida em que a renda disponível cresce. Deve ser observado que quando a renda salta de 400 para 900 (ou ∆Yd = 500), o consumo pula de 500 para 900 (ou ∆C = 400). Dividindo-se ∆C por ∆Yd, temos uma propensão marginal a consumir igual a 0,8. O mesmo ocorre quando a renda aumenta de 900 para 1.400, com o consumo passando de 900 para 1.300. Se dividirmos a variação no consumo pela variação na renda disponível, para cada nível de renda, encontraremos uma propensão www.pontodosconcursos.com.br

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marginal a consumir (b) igual a 0,8, mostrado na terceira coluna. A quarta coluna nos fornece o montante da poupança - dado pela diferença da renda disponível e respectivo consumo. Importante observar que quando a renda é muito baixa, o consumo supera a renda disponível e, portanto, a poupança é negativa (igual a -100, no caso). Já a última coluna nos dá a propensão marginal a poupar. Se a PMC = 0,8, então, por definição, a PMS é 0,2. TABELA 1 Renda, consumo e poupança Renda disponível

Consumo

PMC (=b)

Poupança

PMP(=s)

400

500

-100

900

900

0,8

0

0,2

1.400

1.300

0,8

100

0,2

2.000

1.780

0,8

220

0,2

2.800

2.420

0,8

380

0,2

3.800

3.220

0,8

580

0,2

5.000

4.180

0,8

820

0,2

Deve ser enfatizado que os dados de consumo que aparecem na coluna 2 foram calculados sob a hipótese de que a propensão marginal a consumir, b, é constante ao longo do tempo - uma hipótese que é feita para tornar o cálculo mais fácil. Empiricamente, sabe-se que b apresenta-se relativamente estável mas não necessariamente constante. Registre-se que o próprio Keynes tinha sérias dúvidas com relação à constância de b, chegando mesmo a sugerir que a propensão marginal a consumir pode declinar à medida que a renda atinge níveis mais elevados. Tanto a função consumo como a função poupança podem ser melhor visualizadas através de gráficos. Assim, por exemplo, a Figura 4 mostra a função consumo, C = a + bYd, e a função poupança (S) supondo que não há governo e, portanto, T = 0.

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Na Figura 4a. nós medimos a renda disponível no eixo horizontal e o nível do consumo no eixo vertical. A linha de 45º, por ser eqüidistante dos dois eixos, tem a propriedade de representar, em todos os seus pontos, igualdade entre o nível de renda e a demanda agregada (no caso presente, medida pelo consumo). Observe que a função consumo, C = a + bYd, não parte da origem do gráfico e, sim, um pouco acima, no eixo vertical. A distância entre o ponto zero do gráfico e o intercepto da função consumo no eixo vertical corresponde ao consumo autônomo, a. Já a inclinação da reta do consumo é dada por b =∆C/∆Yd. C 45 S

1000 0

C

a 1000

(a)

1500

S

S -a

1000

1500

(b) Figura 4

Na Figura 4b. está retratada a função poupança, S = -a + Yd (1-b). Graficamente, a função poupança é derivada da diferença vertical entre a linha de 45º e a linha do consumo. A baixos níveis de renda, como já se observou, a poupança é negativa, devido à parcela do consumo autônomo, a. Também aqui, nós medimos no eixo horizontal a renda disponível, enquanto o eixo vertical mede o nível da poupança (negativa ou positiva).

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3.3. Cálculo da renda de equilíbrio Temos, agora, todos os ingredientes para achar o valor da renda de equilíbrio (Ye) neste modelo simples onde, por hipótese, a demanda agregada tem apenas dois componentes - o consumo e o investimento. Para tanto, vamos retomar a equação (6): Y=C+I

(6)

Para determinar o nível da renda de equilíbrio, devemos substituir na equação os valores de C e de I. No caso do consumo, seu valor está definido na equação (8). Quanto ao investimento, poderíamos supor que seu valor está associado ao nível da renda ou à taxa de juros. No entanto, como estamos trabalhando, ainda, com um modelo de economia muito simples, vamos supor que o valor do investimento é dado exogenamente, isto é, não depende de nenhuma outra variável e, assim, pode ser representado por (I). Mais à frente relaxaremos esta hipótese e faremos o investimento função direta do nível de renda e/ou inversa da taxa de juros. Assim, por enquanto, o valor do investimento será dado por: (16)

I=I

Substituindo, então, os valores de C e de I na equação (6), temos: Y = a + bYd + I

(17)

A renda disponível (Yd) é, por definição, igual à renda nacional (Y) menos os impostos (T) mais as transferências governamentais (R), ou: Yd = Y - T + R

(18)

Na hipótese de uma economia sem governo, não há impostos nem transferências governamentais e, portanto, a renda disponível é igual à

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Comentário:

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renda nacional. Assim, podemos substituir Yd por Y na equação (17), ficando: Y = a + bY + I

(19)

Agora, para achar o valor de Y, basta operar a equação (19), assim: Y - bY = a + I Y(1-b) = a + I Y = (a + I)/ (1-b) ou, Y = 1/1-b . (a + I)

(20)

Ou seja, pela equação (20), o valor da renda ou produto de equilíbrio (Y) é dado pela soma dos gastos autônomos - no caso, (a + I) - multiplicado por um valor k definido por: k = 1/1-b

(s).

(21)

valendo lembrar que (1-b) equivale à propensão marginal a poupar

Vejamos um exemplo numérico: Suponha que a função consumo seja dada por: C = 100 + 0,8Y e que o investimento seja: I = 500. Qual será, então, o valor de Y de equilíbrio? Substituindo esses valores na equação (6), obtém-se: Y = 100 + 0,8Y + 500 Y - 08Y = 600 Y(1-0,8) = 600 Y = 1/0,2 . 600 e Y = 5 x 600 = 3.000

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Assim, o nível da renda de equilíbrio será 3.000. E por que sabemos que este é o nível de equilíbrio? Para entender o porquê, vamos supor que, por alguma razão, a produção total corrente esteja situada em 3.500, ao invés de em 3.000. Neste caso, os produtores estarão oferecendo no mercado bens e serviços no valor de 3.500, enquanto a demanda total é de somente 3.400 - consistindo esta de 2.900 de consumo (= 100 + 0,8x3.500) mais um investimento igual a 500. Como resultado, os estoques de bens não-vendidos vão se acumular, ocorrendo o que os economistas denominam de investimento em estoques não-desejado.. Em conseqüência, os comerciantes vão reduzir o volume de seus pedidos às fábricas e estas, por seu turno, vão cortar produção. Neste processo, a economia regredirá até o nível de 3.000, que é o nível de produção equivalente à soma de C e I. Mas, devemos atentar para o fato de que durante o período anterior ao ajustamento, a economia estava em desequilíbrio, produzindo 3.500. Ocorre que toda produção – isto é, os 3.500 do exemplo - deve se destinar ao consumo ou ao investimento (uma vez que, por hora, o governo e o setor externo estão excluídos do modelo). Mas, como pode haver 3.500 de consumo e investimento quando já vimos que a demanda total de consumo e investimento situa-se abaixo disso? Para responder esta questão, nós devemos fazer uma distinção entre investimento desejado e investimento efetivo. O investimento efetivo representa os expansão da fábrica, aquisições de máquinas e equipamentos e aumentos de estoques - independentemente da acumulação de estoques ser desejada ou não. Assim, com uma produção corrente de 3.500, a demanda de consumo seria 2.900 e o investimento efetivo seria 600. Mas, o investimento desejado - isto é, a demanda de investimento - alcançaria somente 500. Ou seja, haveria um investimento não-desejado em estoques no montante de 100. É esta acumulação indesejada de estoques que levará à redução na produção em direção ao nível de equilíbrio de 3.000!

Ainda nessa mesma linha de raciocínio, vale lembrar que, nesses modelos de determinação do nível da renda ou produto de equilíbrio, parte-se, em geral, da hipótese de que o

DA 45 C+I 300

www.pontodosconcursos.com.br I a

C

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consumo efetivo é igual à demanda por consumo (isto é, o consumo desejado), já que os consumidores não podem ser forçados a comprar bens. Eles compram simplesmente o que eles desejam comprar. Se assim é, o equilíbrio, neste modelo de dois setores, ocorre somente onde e quando o investimento desejado é igual ao investimento efetivo, isto é, quando não há acumulação indesejada de estoques. Todo esse raciocínio pode ser melhor visualizado através da Figura 5 que mostra a curva de consumo (C) e, paralela a esta, a curva da demanda agregada (DA), que corresponde à soma de C + I. A distância vertical entre a curva de consumo e a da demanda agregada é dada pelo valor do investimento (I). O equilíbrio ocorre no ponto em que a demanda agregada intercepta a linha de 45º, isto é, onde a demanda agregada é igual à renda ou produto nacional (Y). Tomando os exemplo numérico acima, o equilíbrio ocorre quando a demanda agregada e a renda ou produto nacional são iguais a 3.000. A esse nível de renda, o consumo é 2.500 (ou: C = 100 + 0,8 x 3.000) e o investimento é 500.

3.4. O multiplicador dos gastos e as variações no nível da renda ou do produto de equilíbrio Podemos constatar, no exemplo numérico acima, que o valor dos gastos autônomos (600) foi multiplicado por 5, que, no caso, é o valor de k - o chamado multiplicador dos gastos4. Pela equação (21), o valor deste multiplicador depende do valor de b, isto é, da “propensão marginal a consumir”. Assim, se:

4

b = 0,9



k = 10;

b = 0,8



k = 5;

b = 0,75 →

k = 4.

Também chamado, às vezes, de “multiplicador keynesiano dos gastos”.

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Donde se conclui que, quanto maior a PMC, maior será o valor do multiplicador e vice-versa. Pela equação (20), qualquer variação nos gastos autônomos (a+I), provocará uma variação do nível da renda de equilíbrio. Esta variação do nível da renda será, porém, ampliada pelo multiplicador desses gastos. Assim, voltando aos dados do exemplo numérico anterior, suponha que os empresários decidam elevar seus investimentos para 700 - ou seja, um acréscimo de 200. O novo valor de equilíbrio de Y será: Y = 100 + 0,8Y + 700 Y - 0,8Y = 800 Y(1-0,8) = 800 Y = 1/0,2 x 800 e, Y = 5 x 800 = 4.000 Ou seja, um aumento de 200 nos investimentos provocou um acréscimo de 1.000 no nível da renda de equilíbrio, devido ao multiplicador dos gastos. Donde se conclui que a variação - positiva ou negativa - que se pretenda dar ao nível da renda dependerá da magnitude do multiplicador (k) e da magnitude da variação do gasto autônomo (∆GA), isto é:

∆Y = k . ∆GA

(22)

Mas, como se explica que um aumento de 200 nos gastos de investimentos provoque um aumento de 1.000 no nível da renda de equilíbrio? Ou seja, de onde surge o multiplicador? A existência do multiplicador pode ser explicada da seguinte maneira: um aumento no investimento provoca, num primeiro momento, um aumento no nível da renda; este aumento na renda, por sua vez, provoca, num segundo momento, um aumento no consumo (já que o consumo depende da renda); o aumento no consumo, por seu turno, provoca um novo aumento em Y ( porque Y = C + I), e assim por diante. A equação (22) nos dá uma solução para o problema de política econômica bastante comum: o que pode ou deve ser feito quando o nível corrente da renda de equilíbrio estiver abaixo ou acima do

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chamado nível da renda de pleno emprego (Yf)? - lembrando que Yf, em outras palavras representa o nível de produção máxima possível quando todos os recursos existentes no país estão empregados. Se o nível corrente da renda de equilíbrio estiver abaixo de Yf, a demanda agregada deverá ser estimulada; se estiver acima, deverá ser reduzida. Trata-se dos chamados hiatos deflacionários e inflacionários, que serão analisados mais à frente, depois que introduzirmos o governo em nosso modelo de demanda agregada.

3.5. A poupança e o investimento: o paradoxo da parcimônia Como já foi dito, neste modelo de dois setores, o equilíbrio ocorre quando a poupança é igual ao investimento desejado. Mas, é importante que, embora a poupança e o investimento desejado sejam iguais em equilíbrio, os valores da poupança e do investimento desejado são determinados de forma independente um do outro e é bom enfatizar que a poupança não causa o investimento. Poupança é, simplesmente, o que sobra da renda, após realizado o consumo. Já o investimento desejado depende da lucratividade esperada da nova fábrica e dos novos equipamentos e estoques. Agora, suponha que a poupança mostre uma tendência para exceder o investimento desejado. Imaginemos, como no exemplo numérico anterior, que o investimento desejado seja R$ 700 e que a renda se situe no nível de desequilíbrio de R$ 5.000 - acima do nível de equilíbrio que, digamos, seria de R$ 4.000. Com uma função consumo C = 100 + 0,8Y e a

renda situando-se em R$ 5.000, a poupança seria R$ 900, superando, portanto, o investimento desejado. Neste caso, o nível da renda cairia até

S+I

Figura 6

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S1

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que a poupança se iguale com o investimento desejado. Se isto é fato, seria S0 mais apropriado dizer que o investimento desejado 700 I causa a poupança, e não o contrário, pelo menos no caso de uma economia 0 3200 3500 que enfrenta desemprego em larga escala. Se o investimento aumentasse, atingindo, portanto, R$800 – o nível de equilíbrio da renda passaria, então, para R$4.500, com a poupança saltando para R$800. Em outras palavras, um aumento na demanda de investimento aumenta a renda e, daí, a poupança se eleva. Mas, há um ponto mais curioso ainda nesta análise: o que deverá ocorrer caso, por exemplo, o público decida, por uma razão qualquer, aumentar sua taxa de poupança? A resposta é simples, embora paradoxal: na prática, a poupança, longe de aumentar, provocará uma queda no nível da renda e do emprego até que o público retorne ao seu nível anterior de poupança. Esta conclusão pode ser melhor visualizada através da Figura 6. Em nosso exemplo, com o investimento desejado em R$ 700, caso o público aumente sua taxa de poupança para 25% da renda (ou seja, a PMC passa para 0,75), a renda cairá para R$ 3.200. A este nível de renda, a poupança se igualará ao investimento desejado (ambos serão R$ 700). Ou seja, o aumento no desejo de poupar não conduziu a um aumento no volume da poupança de equilíbrio, mas, sim, a uma queda no nível da renda!

Na realidade, o argumento pode ser colocado de forma mais drástica ainda: caso a demanda por investimento seja uma função direta e positiva da renda - isto é,

S+I

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S1

So I=iY

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o investimento cresce à medida que a renda cresce - então, um aumento no desejo de poupar (ou seja, uma redução da PMC) provocará, de fato, uma queda no volume da poupança de equilíbrio, tal como mostrado na Figura 7, onde a um aumento na taxa de poupança faz com que a linha da nova função poupança (S1) cruza com a curva de investimentos ao nível da renda de em conseqüência, a poupança para equilíbrio igual a Y1, reduzindo, A explicação para tanto é muito S1 (projetada no eixo vertical). simples: A tentativa dos consumidores de aumentar sua taxa de poupança resultará em formação indesejada de estoques de produtos nas fábricas, uma vez que a produção excederá a demanda agregada. Conseqüentemente, a renda cai até atingir um novo nível de equilíbrio. Como resultado do aumento no desejo de poupar, poupança, de fato, cairá. Este é o conhecido paradoxo da parcimônia que, pode assim ser descrito: Paradoxo da Parcimônia: Se, por hipótese, o investimento for uma função direta e positiva da renda, um aumento no desejo de poupar por parte do público acaba por reduzir o nível da renda de equilíbrio e, conseqüentemente, reduz a poupança a um nível abaixo do nível que vigorava antes. De todo modo, deve ser enfatizado que o paradoxo da parcimônia só se aplica a uma economia em recessão, com desemprego em larga escala. Numa economia com excesso de demanda agregada e inflação, uma queda na demanda de consumo liberará recursos para investimentos. Neste caso, um aumento no desejo de poupar pode assim causar um aumento na poupança e investimento de equilíbrio.

4. A economia com governo

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4.1. Efeitos do governo na economia Vamos, agora, tornar nossa economia um pouco mais realista, incluindo o governo em nosso modelo. A introdução do governo no modelo irá afetar a determinação do valor da renda de equilíbrio de três formas: i) as compras de bens e serviços, pelo governo, irão alterar o valor da demanda agregada; ii) a arrecadação de impostos (T) alteram o valor da renda disponível (Yd) que, agora, será diferente da renda nacional; e, iii) o consumo privado (C) passa, agora, a ser função da renda disponível, de fato, e não mais da renda nacional. Numa economia com governo, a renda nacional (Y) será destinada ao consumo (C), à poupança (S) e aos impostos (T) , ou Y=C+S+T

(23)

Da mesma forma, sob a outra ótica, o produto nacional (Y) se destinará ao consumo privado (C), aos investimentos empresariais (I) e às compras do governo (G), ou seja: Y=C+I+G

(24)

Assim, pelas equações (22) e (23), temos: C+S+T=Y=C+I+G E a condição de equilíbrio da renda passa a ser: C+S+T=C+I+G Ou melhor, ainda: S+T=I+G

(25)

Desta forma, conhecendo-se os valores de C, I e G (ou os valores de C, S e T), acha-se o valor da renda de equilíbrio.

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22

Tomemos, por exemplo, o valor de Y dado pela equação (24). Como já foi dito, a função consumo, agora, não depende da renda nacional (Y), mas, sim, da renda disponível (Yd), ou C = a + bYd

(26)

A renda disponível, por seu turno, é igual à renda nacional (Y) menos os impostos (T), ou Yd = Y - T5

(27)

Observe-se que os impostos (T) podem assumir três formas diferentes, a saber: i)

um valor autônomo, independente do nível da renda, isto é: T=T

ou:

(28)

ii) um valor relacionado à renda, isto é, um percentual (t) da renda, T = tY

ii)

(29)

um valor misto, incluindo as duas formas anteriores, ou seja: T = T + tY

(30)

Para começar, vamos supor, por enquanto, que os impostos independem do nível da renda, isto é, T = T. Mais adiante, usaremos o imposto relacionado à renda e veremos como isto afeta o valor do multiplicador dos gastos (k). Agora, suponhamos, mais, que o governo gaste um valor qualquer, G, e os empresários decidam investir um dado valor, I. Para acharmos o valor da renda de equilíbrio, vamos substituir estes valores na equação (24), encontrando: Y = a + b(Y - T) + I + G

(31)

5 Observe-se que estamos desconsiderando as transferências governamentais ( R). Caso fôssemos incluir estas transferências, a Yd seria igual à renda nacional (Y) menos os impostos (T) líquidos das transferências ( R), ou: Yd = Y - (T-R) ou, ainda, Yd = Y – T + T + R

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Para se achar o valor da renda de equilíbrio, é só operar a equação (31), assim: Y = a + bY - bT + I + G Y - bY = a - bT + I + G Y(1-b) = a - bT + I + G e, Y = (1/1-b) (a - bT + I + G)

(32)

Ou seja, o valor da renda de equilíbrio, mais uma vez, será dado pela soma dos gastos autônomos (GA) vezes o multiplicador, k. Pela equação (32), podemos observar que, quando os impostos não estão relacionados à renda, isto é, quando não são uma fração da renda, o valor do multiplicador (k = 1/1-b) é igual ao do multiplicador simples de uma economia sem governo, visto anteriormente. Na verdade, a introdução do governo no modelo altera somente o lado dos gastos autônomos que, agora, incluem o valor do imposto, com sinal negativo (-bT), e o valor dos gastos do governo (G). Vejamos um exemplo numérico: Suponha que uma economia apresentou os seguintes dados: C = 100 + 0,9Yd; T = 500; I = 400 e G = 600. Com base nesses dados, calcule o valor da renda corrente de equilíbrio (Y). Para acharmos o valor de Y, poderíamos substituir esses dados tanto na equação (31) como na equação (32). No entanto, julgamos mais conveniente fazê-lo na equação (31) - que é a equação básica do modelo - enquanto a equação (32) é derivada daquela e depende dos itens que naquela aparecerem. Substituindo os dados do problema na equação (31), temos: Y = 100 + 0,9(Y - 500) + 400 + 600 Y = 100 + 0,9Y - 450 + 400 + 600 Y - 0,9Y = 650 0,1Y = 650

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Y = 1/0,1 x 650 Y = 10 x 650 = 6.500 Conclui-se, assim, que o valor do multiplicador dos gastos (k) é 10 e o nível da renda de equilíbrio (Y) é 6.500.

4.2. Os diversos multiplicadores das variações dos gastos autônomos Pela equação (32), podemos deduzir que qualquer variação num dos componentes dos gastos autônomos provocará uma mudança no valor de equilíbrio da renda que será igual à variação do gasto vezes o multiplicador, k. Ocorre que, ainda pela equação (32), enquanto as variações em G e em I são ampliadas diretamente pelo multiplicador, as variações nos impostos (∆T) serão multiplicadas por -b e, depois, por k. Assim, os impactos de um aumento ou redução de G ou de I sobre o nível da renda de equilíbrio serão de intensidade diferente dos impactos de um aumento ou corte dos impostos (T). A partir desta constatação, podemos derivar os diversos multiplicadores das variações dos gastos autônomos, a saber: i) Multiplicador das variações em G ou em I: k = 1/1-b

e ∆Y = k . ∆G

ou, ∆Y = k . ∆I

ii) Multiplicador das variações relacionado à renda): kt = (1/1-b) . (-b)

em

ou, kt = -b/1-b

T

e

(33)

(quando

∆Y = kt . ∆T

não-

(34)

Note-se que o sinal do multiplicador dos impostos é negativo. Isso ocorre porque um aumento dos impostos reduz a renda disponível, o que, por sua vez, reduz o consumo e, daí, a demanda agregada, com impacto negativo sobre o nível da renda de equilíbrio. Antes de prosseguirmos, é interessante observarmos a relação existente entre esses dois multiplicadores. Para tanto, vamos calcular os

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valores dos multiplicadores das variações em G (ou em I) e das variações em T, supondo que a propensão marginal a consumir (b) seja: i) 0,9;

ii) 0,8;

iii) 0,75.

Usando as fórmulas dadas pelas equações (33) e (34), temos: i) k = 1/1-0,9 = 10;

e

kt = -0,9/1-0,9 = -9

ii) k = 1/1-0,8 = 5

e

kt = -0,8/1-0,8 = -4

iii) k = 1/1-0,75 = 4

e

kt = -0,75/1-0,75 = -3

Pelos exemplos acima, conclui-se que o valor do multiplicador dos impostos (não-relacionados à renda, voltamos a repetir) é uma unidade menor que o multiplicador dos gastos (G e I), e tem o sinal negativo. iii) O multiplicador do “orçamento equilibrado”: Orçamento equilibrado ocorre quando o governo gasta exatamente o que arrecada de impostos. Caso o governo persiga este objetivo, qualquer aumento de suas despesas deverá ser financiado por um igual aumento de impostos. A questão que, agora, se coloca é a seguinte: - qual deve ser o efeito líquido sobre o nível da renda de equilíbrio se o governo aumentar seus gastos em ∆G e, para tanto, aumentar os impostos no mesmo montante do aumento em G, isto é, ∆G = ∆T? Lembre-se que um aumento em G provoca um aumento em Y igual a k . ∆G, enquanto um aumento em T provoca uma queda em Y igual a kt . ∆T. Então, o efeito final sobre Y será a soma desses dois efeitos, ou:

∆Y = k . ∆G + kt . ∆T ∆Y = (1/1-b) ∆G + (-b/1-b) ∆T Como

∆G = ∆T, podemos substituir

∆T por ∆G:

∆Y = (∆G/1-b) + (-b. ∆G/1-b) ∆Y = ∆G(1-b/1-b) e,

∆Y = ∆G

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Ou seja, a variação no nível de renda (∆Y) será igual à variação do gasto do governo (∆G). Donde se conclui que, se o governo aumentar seus gastos e os impostos no mesmo montante (∆G=∆T), provocará um aumento na renda de equilíbrio num valor igual à variação orçamentária (∆Y=∆G=∆T). Este fato é conhecido na teoria macroeconômica como o Teorema do Orçamento Equilibrado. Mas, resta a pergunta: qual a magnitude do multiplicador do “orçamento equilibrado”? Para responder esta pergunta devemos recordar que ∆Y = k . ∆G. Como ∆Y=∆G, então, neste caso, k = 1! Vale lembrar que esta conclusão de que o multiplicador (k) do orçamento equilibrado é igual a 1 só é válida na hipótese de os impostos (T) não serem relacionados à renda. Como se verá mais adiante, caso os impostos sejam relacionados à renda, o multiplicador do orçamento equilibrado é, ainda, positivo, sendo, porém, menor que 1!

4.3. Hiato deflacionário e hiato inflacionário Um importante conceito macroeconômico é o de “renda de pleno emprego” (Yf) - que corresponde àquele nível ao qual todos os fatores de produção, particularmente a mão-de-obra, estão empregados. Atingir e permanecer ao nível da renda de pleno emprego é o objetivo maior de todos os governos e, geralmente, as políticas e medidas governamentais estão voltadas para este fim. Ocorre, no entanto, que, por várias razões, o nível corrente da renda de equilíbrio pode estar, em determinado momento ou período, abaixo ou mesmo acima do nível da renda de pleno emprego, decorrendo dessa constatação dois conceitos importantes: i) Hiato deflacionário - corresponde à diferença entre o nível da renda de pleno emprego (Yf) e o nível da renda corrente de equilíbrio, estando esta abaixo daquela. Tal situação implica que parte dos recursos produtivos da economia estão desempregados, e geralmente é decorrente de uma demanda agregada deficiente. Para se atingir o pleno emprego, faz-se necessário, então, que se estimule a demanda agregada, o que, na teoria keynesiana, se traduz na adoção de medidas fiscais, como: a) aumento dos gastos do governo (∆G); e/ou

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b) redução de impostos (∆T)6. E qual deverá ser a magnitude dessas medidas? Isto vai depender do valor do multiplicador dos gastos (ou dos impostos) e da magnitude do hiato deflacionário. Lembre-se que neste caso, o hiato inflacionário corresponderá à variação na renda corrente - isto é, ∆Y - necessária para que se atinja o nível da renda de pleno emprego. ii) Hiato inflacionário - corresponde tal hiato à diferença entre o nível da renda de pleno emprego e o nível corrente da renda de equilíbrio, estando esta acima daquela. Isto decorre do fato de que a demanda agregada está exacerbada, situando-se acima da oferta agregada máxima possível da economia. Ao contrário do que alguns poderiam imaginar, tal situação acarreta muitos inconvenientes como, por exemplo, o surgimento de pressões inflacionárias e junto com estas vêm as incertezas e instabilidades macroeconômicas. Também aqui faz-se necessária a adoção de medidas fiscais - segundo o modelo keynesiano - voltadas para redução da demanda agregada, citando-se: a) corte ou redução dos gastos do governo; e/ou b) aumento dos impostos. Mais uma vez, a magnitude dessas medidas dependerá do valor do multiplicador e de quanto será necessário reduzir o nível da renda corrente para que esta retorne ao nível da renda de pleno emprego.

4.4. A hipótese dos impostos relacionados à renda Até agora, vimos tratando os impostos como se fossem autônomos, isto é, independentes do nível da renda. Tal hipótese foi adotada para uma melhor e mais fácil compreensão do processo de determinação do nível da renda de equilíbrio e da atuação dos multiplicadores das variações dos gastos e dos impostos. No entanto, devemos admitir que, no mundo real, raramente nos defrontamos com impostos específicos ou autônomos. Mais realisticamente devemos supor que os impostos sejam relacionados 6 Eventualmente, até mesmo um aumento nas transferências governamentais (∆R) poderia provocar um aumento no consumo e, daí, um aumento na demanda agregada, elevando, via multiplicador, o nível da renda de equilíbrio.

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com ou dependentes do nível de renda. Mais realista ainda seria supor que os impostos têm dois componentes: um componente autônomo (T) e um componente que é uma função t da renda, ou seja: T = T + tY

(35)

Com essa hipótese, a equação (31) ficaria assim: Y = a + b(Y -T -tY) + I + G

(36)

Para se achar o valor da renda de equilíbrio, basta operar a equação (36), assim: Y = a + bY - bT - btY + I + G Y - bY + btY = a + bT + I + G Y (1 - b + bt) = a - bT + I + G 1 )(a − bt + I + G ) Y =( 1 − b + bt

(37)

Verifica-se, pela equação (37) que, com a introdução do imposto como função da renda, o multiplicador se altera. Antes, o multiplicador era dado por: k = 1/1-b Agora, o multiplicador teve seu denominador ampliado e, em conseqüência, o valor da fração se reduziu, sendo dado por: k = 1/1-b+bt

(38)

4.5. Os estabilizadores automáticos Foi visto que, quando o governo aumenta seus gastos ou mesmo quando os empresários aumentam seus investimentos, um processo de multiplicação desses gastos entra em funcionamento, ampliando seus efeitos finais sobre o nível da renda ou produto de equilíbrio. Caso, no entanto, os impostos sejam relacionados à renda, o efeito do multiplicador é enfraquecido pois todo aumento que se verificar na renda provocará um aumento nas receitas tributárias, reduzindo a renda diponível e, daí, o consumo induzido. No final das contas, com o imposto www.pontodosconcursos.com.br

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relacionado à renda, o impacto na renda de equilíbrio decorrente de um aumento nos gastos do governo acaba sendo menor do que seria, caso os impostos fossem autônomos. O mesmo ocorre na hipótese oposta, isto é, de uma redução dos gastos do governo ou dos gastos de investimento – o que reduzirá a renda de equilíbrio. Mas, sendo os impostos relacionados à renda, a arrecadação tributária automaticamente cairá, reduzindo o impacto da redução dos gastos sobre o nível da renda de equilíbrio. Por reduzir o impacto sobre a renda decorrente dessas variações nos gastos do governo ou nos gastos de investimentos, costuma-se chamar o imposto associado à renda de estabilizador automático. Há vários outros estabilizadores automáticos, como, por exemplo, a contribuição previdenciária – que aumenta quando a renda aumenta e se reduz quando a renda se reduz. Um outro exemplo é o auxílio desemprego. Num recessão, com desemprego, a renda cai bastante, reduzindo, daí, o consumo agregado. No entanto, a queda na renda é compensada, parcialmente, pelos pagamentos do auxílio desemprego. O inverso ocorre quando o emprego cresce e a renda cresce.

5. O modelo com governo e a economia aberta Quando abrimos a economia, devemos introduzir no modelo as exportações líquidas de bens e serviços (X-M) e, assim, teremos o modelo completo, tal como definido na equação (4), do início deste capítulo: Y=C+I+G+X-M

(4)

As funções consumo, investimento e gastos do governo permanecem como na equação (31). Os impostos podem ou não ser função da renda. No caso presente, permaneceremos com a hipótese de que os impostos são função da renda (tY) e ainda têm um componente autônomo (T) Assim, resta apenas definir as variáveis X e M. Em princípio, podemos supor que as exportações dependem exclusivamente da demanda externa e, como tal, seu valor é determinado exogenamente,

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isto é, fora do modelo7. Neste caso, podemos definir o valor das exportações como sendo um dado autônomo, ou: X=X

(39)

Quanto às importações, os registros históricos mostram que elas são altamente dependentes do ritmo da atividade econômica, ou seja, são uma função do nível da renda (mY), mas, também, apresentam um componente autônomo (M), não relacionado à renda. Assim, M = M + mY

(40)

A exemplo da função consumo, o coeficiente m é denominado de propensão marginal a importar. Já temos, agora, as definições de todas as variáveis e podemos, então, achar o valor da renda de equilíbrio. Para tanto, basta substituir os valores de C, I, G, X e M na equação (4), obtendo, então: Y = a + b(Y - T - bY) + I + G + X - M – mY

(41)

Y = a + bY - bT - btY + I + G + X - M - mY Y - bY + btY + mY = a - bT + I + G + X - M Y(1 - b + bt + m) = a - bT + I + G + X - M Y = (1/1-b+bt+m) (a - bT + I + G + X - M)

(42)

Pela equação (42), podemos verificar que, com a introdução das importações como função da renda, o denominador foi acrescido do coeficiente m e, com isso, o valor do multiplicador se reduziu, tornandose, portanto, menor do que o encontrado para uma economia fechada. Desta última afirmativa podemos tirar outra conclusão importante: a magnitude do multiplicador k depende, em última análise, das variáveis da demanda agregada que forem função do nível da renda. Assim, por exemplo, ao introduzirmos a hipótese de que os impostos eram função de Y, o multiplicador se reduziu pelo acréscimo, no denominador do multiplicador, do coeficiente dos impostos, t. Da mesma forma, fazendo as importações uma função m da renda, o 7 Atente-se para o fato de que em modelos macroeconômicos mais complexos, além da demanda externa, as exportações são também influenciadas pela relação de preços domésticos vis a vis os preços externos e pela taxa de câmbio vigente.

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multiplicador tornou-se menor ainda, com a adição deste coeficiente àquele denominador. Neste raciocínio, podemos imaginar a hipótese de serem os investimentos também uma função da renda, assumindo, por exemplo, um formato do tipo I = I + iY

(43)

onde, I = componente autônomo dos investimentos, e i = coeficiente que poderia ser chamado de “propensão marginal a investir”, que define o volume de investimentos em função da renda. Adotando-se esta hipótese em nosso modelo, o valor do multiplicador, k, será novamente alterado. E, sendo os investimentos função do nível de renda, qual será o novo valor de k? Deixamos a resposta a cargo do aluno. *

*

*

Com essas colocações, encerramos esta nossa 7ª Aula. A seguir, e como sempre, são apresentados alguns exercícios de revisão e fixação sobre os modelos keynesianos de determinação do nível da renda de equilíbrio. Nossa próxima aula versará sobre o modelo IS-LM que é uma continuação natural do que vimos nesta 7ª aula. Até lá. ________________________

EXERCÍCIOS DE REVISÃO E FIXAÇÃO (Gabarito no final) 1. De acordo com a Lei de Say: a) a demanda cria sua própria oferta. b) a poupança depende exclusivamente do nível de renda. c) a oferta cria sua própria demanda. d) o nível do produto depende só da demanda agregada. e) o investimento depende de estímulos do governo. 2. De acordo com a teoria clássica: a) a poupança depende da renda e o investimento depende da taxa de juros. b) a poupança depende da taxa de juros e o investimento depende da renda. c) a taxa de juros influencia diretamente o nível do produto e da renda. d) somente o investimento depende da taxa de juros. e) tanto a poupança como o investimento são funções da taxa de juros. 3. No modelo keynesiano, a função consumo:

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a) relaciona-se negativamente ao nível da renda disponível. b) relaciona-se positivamente ao nível da renda disponível. c) não se relaciona com o nível da renda disponível. d) depende da taxa de juros. e) depende, exclusivamente, da decisão do indivíduo. 4. A propensão marginal a consumir é a razão entre: a) a variação no consumo e a variação na renda disponível; b) a variação no consumo e a renda disponível; c) o consumo total e a variação na renda disponível; d) o consumo total e a renda disponível total; e) o consumo total e a renda total. 5. Se uma família consome CR$ 8.000 quando sua renda disponível (Yd) é CR$ 10.000 e consome mais CR$ 2.400 quando Yd aumenta CR$ 3.000, sua propensão marginal a consumir (PMgC) é: a) 0,75; b) 0,9; c) 0,85; d) 0,8; e) 0,7. 6. Dada a função consumo: C = a + bYd , está incorreta a afirmativa: a) a é a parte autônoma do consumo; b) a propensão marginal a consumir é b; c) a propensão marginal a poupar (PMgS) é = Y – a – b; d) a propensão média a consumir (PMeC) = (a + bYd)/Y; e) somente a afirmativa (c) está incorreta. 7. A propensão média a consumir (PMeC) é a relação entre: a) a variação no consumo e a renda total; b) a variação no consumo e a renda disponível; c) o consumo total e a renda total; d) a variação no consumo e o consumo total; e) o consumo total e a renda disponível. 8. Ao contrário dos clássicos, para Keynes a poupança: a) é uma função inversa da taxa de juros. b) é uma função direta do nível da renda disponível. c) é uma função direta do nível dos investimentos. d) é uma função direta da taxa de juros. e) é uma função inversa do nível da renda disponível. 9.De acordo com a teoria keynesiana, dada a função consumo: C = a + bYd , a poupança será definida por: a) S = –a + Yd (1 - b) b) S = –a c) S = –bYd d) S = + a – Yd (1 - b) e) S = Y – b Y d 10. A “eficiência marginal do investimento” é definida como: a) a taxa de retorno de um projeto que se situar acima da taxa de juros do mercado;

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b) a taxa de retorno de um projeto que for igual à taxa de juros do mercado; c) a taxa de retorno esperada de um investimento durante a vida de um projeto; d) a taxa de juros sobre as aplicações financeiras; e) a taxa de juros aplicada sobre a poupança. 11. De acordo com a função consumo: C = a + bYd, é incorreto afirmar: a) “consumo autônomo” é a parte do consumo que não se relaciona à renda; b) “consumo induzido” é a parte do consumo que depende do nível de renda disponível; c) o consumo total é dado pela soma do “consumo autônomo” mais o “consumo induzido”; d) o principal componente da função consumo é o “componente autônomo”; e) o fator b é definido com a “propensão marginal a consumir”. 12. Se a PMgC = 0,75, o valor do multiplicador é: a) 5; b) 10; c ) 4; d) 3;

e) 2,5.

13. Existe um “hiato inflacionário” quando: a) a oferta agregada excede o nível de equilíbrio da renda corrente (Ye); b) o nível da renda de pleno emprego é maior que o nível da renda corrente; c) o nível da renda de equilíbrio corrente é maior que o nível da renda de pleno emprego; d) o nível da oferta agregada está acima da demanda agregada; e) o nível de equilíbrio da renda corrente é igual ao nível da renda de pleno emprego. 14. O “hiato deflacionário” ocorre quando: a) a renda de equilíbrio corrente está abaixo da oferta agregada; b) a renda de equilíbrio corrente excede o nível de renda de pleno emprego; c) o nível dos investimentos é maior que o da poupança; d) a demanda agregada é maior que a oferta agregada; e) o nível de equilíbrio da renda corrente situa-se abaixo da renda de equilíbrio de pleno emprego. 15. Se a PMgC é 0,75 e se existe um hiato inflacionário igual a CR$ 100 bilhões, numa economia sem governo e sem setor externo, a variação necessária nos investimentos para se atingir o nível do pleno emprego será (em CR$ bilhões): a) 1 0 0 ; b) 10; c ) 20; d) 5; e ) 25. 16. Sendo Y = C + I e a = 200; b = 0,9; I = 500, então o valor da renda de equilíbrio será: a) 8.000; b) 7.000; c) 6.000; d) 5.000; e) 4.000. 17. Retornando aos dados iniciais da questão anterior, e supondo que os empresários aumentem seus investimentos em 50 bilhões, a expansão na renda de equilíbrio será: a) 5 0 0 ; b) 50; c) 2 0 0 ; d) 100; e) 2 5 0 . 18. Numa economia com governo e fechada, onde os impostos não são relacionados à renda, o valor do multiplicador dos gastos: a) será menor que o multiplicador dos gastos simples; b) será maior que o multiplicador simples; c) será igual a 1; d) será igual ao multiplicador dos gastos sem governo; e) depende dos gastos do governo.

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19. Sendo C = 100 + 0,8Yd ; T = 200; R = 100; G = 500 e I = 300, o nível da renda de equilíbrio será: a) 3.100; b) 3.500; c) 4.000; d) 4.100; e) 4.500. 20. Se o nível da renda de pleno emprego for 6.000, e considerando os dados iniciais da questão anterior, de quanto deverá ser o aumento nos gastos autônomos (G ou I) para que a economia atinja o pleno emprego? c) 380; d) 390; e) nenhuma dessas. a) 1 8 0 ; b) 190; 21. Ainda com base nos dados iniciais da questão 19, o valor do multiplicador dos gastos autônomos e o dos impostos serão, respectivamente: a) 5 e – 5 ; b) – 5 e 5; c ) –4 e 5; d) 5 e –4; e) 5 e 4 . 22. Com os mesmos dados da questão 19, o valor do multiplicador do “orçamento equilibrado” será: a) 1 ; b) 2; c) 3 ; d) 4; e) 5 . 23. Com os mesmos dados da questão 19, e supondo que a renda de pleno emprego (Yf) seja 5.100, quanto o governo deverá gastar a mais para que a renda atinja o pleno emprego, supondo que o “orçamento seja equilibrado”? a ) 100; b) 300; c ) 600; d) 1.000; e) 1.300. 24. Supondo os dados da questão 19, e que Yf seja 5.100, de quanto deverá ser a variação dos impostos para que a renda atinja o pleno emprego (Yf)? a) -250; b) -200; c) -1.000; d) -500; e ) - 100. 25.Supondo que C = 200 + 0,75Yd e que I = 400; G = 500 e que a função imposto seja T = 400 + 0,2Y; e R = 200, o nível da renda de equilíbrio será: a) 2.300; b) 2.275; c) 2.350; d) 2.325; e) 2.375. 26. Sendo a PMgC = 0,8 e os impostos (T) = 200, o nível de equilíbrio da renda crescerá R$ 500 bilhões se: a) ocorrer um aumento de R$ 100 bilhões nos impostos e CR$ 100 bilhões nos gastos do governo; b) ocorrer um aumento de R$ 125 bilhões nos impostos e um aumento de R$ 200 bilhões nos gastos do governo; c) ocorrer uma redução de R$ 500 bilhões nas receitas de impostos; d) ocorrer um aumento de R$ 500 bilhões no dispêndio do governo; e) ocorrer um aumento de R$ 200 bilhões no consumo. 27. No modelo completo Y = C + I + G + X - M, sendo C = 40 + 0,8Yd; T = 0,2Y; I = 200; G = 300; X = 100 e M = 40 + 0,14Y, o multiplicador dos gastos será: a) 1 ; b) 1,5; c) 2,5; d) 2; e) 3,5. 28. Considerando os dados da questão anterior, o nível da renda corrente de equilíbrio será: a) 1.200; b) 1.000; c) 1.100; d) 1.280; e) 1.240. 29. Estabilizadores automáticos são:

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a) ações do governo para moderar a queda da renda; b) aumentos dos gastos governamentais para aliviar a situação dos desempregados; c) mudanças automáticas nas receitas tributárias e nas transferências quando a economia se afasta do nível do pleno emprego; d) mudanças discricionárias nos gastos autônomos; e) mudanças discricionárias nos impostos. 30. Suponha que uma economia apresenta os seguintes dados: C = 60 + 0,8Yd ; T = 50 + 0,2Y; I = 100 + 0,2Y; G = 200; X = 40 e M = 20 + 0,04Y. Neste caso, o valor do multiplicador (k) e o níel da renda de equilíbrio serão, respectivamente b) 2 e 1.400; c) 3 e 1.500; d) 4 e 1.600; a) 1 e 1.300; e) 5 e 1.700 _______________________

GABARITO: 1. c; 7. c; 13. c; 19. d; 25. e;

2. e; 8. b; 14. e; 20. c; 26. b;

3. b; 9. a; 15. e; 21. d; 27. d;

4. a; 10. c; 16. b; 22. a; 28. a;

5. d; 11. d; 17. b; 23. d; 29. c;

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6. c; 12. c; 18. d; 24. a; 30. e.

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Aula 8: O SISTEMA IS - LM E AS POLÍTICAS FISCAL E MONETÁRIA Na aula anterior, nós estudamos o modelo keynesiano onde a política fiscal se constitui no principal instrumento para dinamizar a economia. Nós agora vamos mostrar que nem só de política fiscal vive a economia. Uma outra escola - a dos chamados “monetaristas” – defende a tese de que a política monetária é o principal, se não o único, instrumento que deve ser acionado para a ativação da economia. De fato, há situações em que a política monetária é um instrumento mais poderoso do que a política fiscal. Em outras, a situação se inverte. Nesta Aula 8, nós vamos analisar com mais detalhe a atuação dessas duas políticas – a fiscal e a monetária – verificando como e quando cada uma deve ser usada. Isso é feito, em Economia, através do chamado “Sistema IS-LM”, conforme se vê a seguir.

8.1. Introdução

Conforme você teve oportunidade de ver na Aula 7, anterior, as medidas de política fiscal consistem nas variações para mais ou para menos nos gastos do governo e nas variações para mais ou para menos no nível de impostos. Você viu, também, que essas medidas são um poderoso instrumento para alterar o nível da renda de equilíbrio em função, principalmente, dos multiplicadores que ampliam seus efeitos sobre a renda. Esta ênfase na atuação da política fiscal como principal instrumento de ativação da economia é, geralmente, associada à chamada “escola keynesiana” que via no aumento dos gastos governamentais a única saída para estimular a demanda agregada e, daí, acabar com a recessão e o desemprego. Mas, alternativamente e a bem da verdade, pode-se argumentar que as alterações no nível do produto e da renda não

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ocorrem exclusivamente por efeito da política fiscal. Tais alterações podem ser provocadas, também, por medidas de política monetária. Neste caso, em vez de atuar com medidas de aumentos ou reduções de gastos governamentais e de impostos, o governo poderia, através do Banco Central, reduzir ou aumentar a oferta monetária, via emissão de moeda e de operações de mercado aberto, alterando, em conseqüência, a taxa de juros – o que poderá afetar o volume dos investimentos privados, que se constitui em importante componente da demanda agregada. A análise conjunta da atuação das políticas fiscal e monetária permite, em princípio, duas conclusões: primeiro, dependendo das condições apresentadas por uma economia em recessão, as duas políticas são eficazes para levar a economia até o pleno emprego; e, segundo, há circunstâncias em que apenas a política fiscal se torna eficaz, enquanto, em outras situações, somente é eficaz a política monetária.

8.2. O Sistema IS-LM O estudo da atuação, simultânea ou não, e dos efeitos das políticas fiscal e monetária sobre o nível da renda ou produto de equilíbrio, é feito, em macroeconomia, através do chamado sistema IS-LM – materializado em duas curvas que representam situações de equilíbrio no mercado de produtos e no mercado monetário.

8.2.1. A curva IS

Para você entender a análise que faremos mais adiante sobre o papel e a atuação das políticas fiscal e monetária, é essencial que você conheça as especificidades das duas curvas – a IS e a LM – bem como elas funcionam e se comportam quando são alteradas www.pontodosconcursos.com.br

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algumas variáveis de política econômica. Comecemos pela curva IS. A IS é uma curva que mostra combinações de níveis de renda (Y) e de taxa de juros (r) que equilibram o chamado “mercado de produtos”, no sentido de que a poupança social – dada esta pela soma da poupança propriamente dita (S) e dos impostos (T) – é igual à soma dos gastos de investimentos (I) e dos gastos do governo (G). Ou seja,

S + T = I + G.

Por essa definição, constata-se que, para cada nível de renda (Y) existe uma e somente uma taxa de juros (r) que equilibra ou torna iguais a chamada poupança social (S+T) e os gastos de investimentos (I) mais as despesas governamentais (I+G).

Derivação da curva IS

No modelo IS-LM, a poupança (S), por hipótese, é função da renda (Y) – tal como no modelo keynesiano. Isso significa que, se Y crescer, S também crescerá e vice-versa. Já o investimento (I), por hipótese, é uma função inversa da taxa de juros (r) – tal como no modelo da escola clássica. Ou seja, se r cair, o investimento aumentará e vice-versa. Com essas duas hipóteses, e partindo do pressuposto de que G = I, é necessário que se encontrem os valores de Y e de r que fazem S = I. Graficamente, a derivação da curva IS pode ser assim explicada: suponha que o nível de renda se situe em Y1 – gerando uma poupança S1 – o que exige uma taxa de juros r1 que determina um nível de investimentos igual à S1 (Figura 8.1). Caso o nível de renda aumente para Y2, a poupança crescerá para S2 – o que exigirá uma queda na taxa de juros para r2 para que o investimento aumente até se igualar com S2. Agora, a combinação de Y2 com r2 gera um novo ponto de equilíbrio entre S e I.

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O mesmo raciocínio se aplica, caso o nível de renda cresça até Y3, gerando uma poupança maior (S3) – o que exigirá uma nova redução na taxa de juros para, digamos, r3, de forma a estimular o investimento até se igualar à nova poupança. A combinação de Y3 com r3 gera um novo ponto de equilíbrio entre S e I. Assim, ligando os diversos pontos de combinação de diferentes níveis de Y com diferentes níveis de r, derivamos a curva IS que aparece na Figura 8.1.

Figura 8.1.

A inclinação da curva IS Como se pode ver pela Figura 8.1, a curva IS é negativamente inclinada refletindo o fato de que um aumento na taxa de juros reduz os gastos de investimentos, reduzindo a demanda agregada e, conseqüentemente, reduzindo o nível da renda de equilíbrio. De que, então, depende a inclinação da curva IS? Ou seja, o que faz a curva IS ser mais ou menos inclinada? Em primeiro lugar, a inclinação da IS depende da elasticidade do investimento em relação à taxa de juros, isto é, depende da sensibilidade ou resposta do investimento em relação às variações na taxa de juros. Quanto mais elástico ou mais sensível for o investimento em relação às variações na taxa de juros, menos inclinada (mais deitada) é a curva IS, e vice-versa. Em segundo lugar, a inclinação da IS depende, também, da magnitude do multiplicador dos gastos (k). Quanto maior k, maior www.pontodosconcursos.com.br

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será o efeito de uma variação dos investimentos sobre o nível da renda de equilíbrio e, portanto, menos inclinada é a curva IS – e vice-versa. Conforme foi visto no modelo keynesiano mostrado na Aula 7 anterior, é bom lembrar que a magnitude de k depende, essencialmente, da propensão marginal a consumir (b) e da alíquota do imposto (t) – relembrando, também, que quanto maior b e menor t, maior será o k.

A posição da curva IS A posição da curva IS depende do volume dos gastos totais, isto é, de C + I + G, onde C é função da renda disponível (Yd), o investimento (I) tem um componente autônomo (I) e ainda é função inversa da taxa de juros (ou seja, I = I – ir), e G é um valor autônomo, dado (G=G). Na figura 8.2., o ponto A corresponde a um dado volume de gastos iniciais de C + I + G, para uma dada taxa de juros (r1). Caso ocorra um aumento nos gastos do governo (∆G), a curva IS se desloca para I’S’. Mantida a mesma taxa de juros r1, a economia se deslocaria para o ponto B. Neste ponto, o nível de investimento é o mesmo que em A (porque a taxa de juros continua a mesma). A magnitude do deslocamento da IS até I’S’ é dada pelo montante da variação em G vezes o multiplicador (k).

Figura 8.2.

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Se, por acaso, a taxa de juros cair para r2, a economia se desloca para o ponto C por efeito do aumento nos gastos de investimentos. Observe que em C, o nível dos gastos do governo é o mesmo que em A, tendo crescido apenas os investimentos como conseqüência da queda na taxa de juros. Vale registrar, ainda, que, se o governo reduzir a alíquota do imposto (t), a renda pessoal disponível se elevará e, daí, haverá um aumento do consumo (C) para toda e qualquer taxa de juros. Em conseqüência, a curva IS se desloca, da mesma forma, para a direita. De tudo o que foi dito até aqui, deve ficar claro que a curva IS se deslocará para a esquerda sempre que houver uma redução nos gastos do governo e/ou um aumento no nível dos impostos. Pelo mesmo raciocínio, a curva IS se deslocará para a direita sempre que o governo aumentar seus gastos e/ou reduzir os impostos. Temos, assim, um razoável grau de informação sobre a curva IS e seu funcionamento. Passemos, agora, à curva LM.

8.2.2 A curva LM A curva LM mostra combinações de níveis de renda (Y) e de taxas de juros (r) que fazem o mercado monetário ficar equilibrado, no sentido de que a demanda por moeda é igual à oferta de moeda. Para você entender o funcionamento da curva LM, comecemos por definir “moeda” (M). No sistema LM, moeda são os “meios de pagamento” de uma economia, ou seja, a soma do papel-moeda em poder do público mais os depósitos à vista do público nos bancos comerciais1. Essas duas formas de moeda apresentam duas características principais: primeiro, ambas servem como meio de troca ou de pagamento; e, segundo, nenhuma delas proporciona retorno, isto é, não rende juros. De outra parte, a maioria dos outros ativos financeiros – que chamaremos, por conveniência, de títulos – 1

Se você não se lembra desses conceitos, dê uma revisada na Aula 6!

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propiciam um retorno ao seu possuidor e não podem ser usados como pagamento nas transações. Assim conceituado, pode-se dizer que a riqueza de um indivíduo consistirá de dois tipos de ativos – moeda e títulos – e cabe a ele escolher como será a distribuição de sua riqueza entre esses dois ativos. Caso ele opte por mais moeda, diremos que ele está demandando moeda; se sua opção for por mais títulos, sua demanda por moeda será, então, reduzida. De qualquer forma, é preciso lembrar que, como qualquer mercado, o mercado monetário tem uma demanda e uma oferta. Primeiramente, vamos examinar o lado da demanda por moeda; depois, examinaremos a oferta.

8.2.3. A demanda por moeda Inicialmente, a questão que se coloca é: – o que leva um indivíduo a demandar ou a reter mais moeda e, portanto, menos títulos, e vice-versa? Quais as razões ou motivos que poderiam influir na sua quantidade demandada de moeda e na sua preferência por títulos? Aqui, valem duas observações importantes: primeira, quando dissermos que o indivíduo “demandará moeda”, não podemos esquecer que isso significa que ele estará optando por deixar sua riqueza sob uma das formas de meios de pagamento (geralmente, depósitos à vista); segunda, sua demanda por moeda (Md) deve ser, sempre, formulada em termos reais, isto é, Md/P. Deve ficar claro, assim, que “demanda por moeda” significa o mesmo que demanda por saldos ou encaixes reais, como aparece geralmente nos livros textos de macroeconomia. Assim dito, e considerando a abordagem keynesiana da demanda por moeda, podemos dizer que há três razões ou motivos que levam um indivíduo a manter maior ou menor quantidade de moeda, a saber: i) Demanda para a transação (Mt) O primeiro motivo para se demandar moeda seria a necessidade de se manter moeda para efetuar os pagamentos de www.pontodosconcursos.com.br

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luz, gasolina, colégios e demais compras, ao longo do mês. A esse motivo chamaremos de demanda por moeda para transação. Podemos supor que, à medida que a renda do indivíduo se eleva, maior será o seu nível de gastos e, portanto, maior será a sua demanda por moeda para atender esses gastos. Ou seja, a demanda por moeda para transação aumenta com o aumento do nível da renda. Matematicamente, Mt = kY

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onde, k corresponde à fração da renda que é mantida sob a forma de moeda para transação, sendo k’ positiva2. ii) Demanda por precaução (Mp) Uma segunda razão – pouco mencionada na literatura econômica – que leva um indivíduo a reter ou demandar moeda é o chamado motivo precaucional – que se traduz na necessidade sentida pelo indivíduo de reter moeda “extra” para cobrir alguma eventualidade, ou um fato inesperado, como no caso de uma doença ou do surgimento de um negócio de ocasião. Um exemplo muito comum ocorre quando o indivíduo, ao planejar uma viagem, opta por deixar no banco um certo montante de dinheiro, além do necessário para pagar as despesas normais da viagem, com o objetivo de cobrir despesas inesperadas que podem eventualmente surgir ao longo da viagem. A exemplo do caso anterior, esta demanda por moeda por precaução também está diretamente ligada em nível de renda do indivíduo e, como tal, pode perfeitamente ser incluída ou somada à Mt, sem prejuízo da análise. iii) Demanda especulativa de moeda (Me) Um terceiro e importante motivo que leva o indivíduo a optar por mais ou por menos moeda é, sem dúvida, a taxa de juros (r). De uma forma geral, podemos esperar que um aumento na taxa 2

k' positiva significa, em matemática, que a derivada primeira é positiva; ou seja, um aumento do nível de renda – Y – provoca também um aumento na demanda por moeda para transações. A relação é entre demanda por moeda e nível de renda é, portanto, direta.

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de juros – isto é, na taxa de retorno dos títulos – fará com que o indivíduo demande mais títulos e menos moeda, e vice-versa. Por esse raciocínio, podemos também afirmar que, se a taxa de juros estiver muito alta, a maioria das pessoas optará por ter apenas títulos, mas se a taxa de juros estiver muito baixa, a maioria das pessoas preferirá manter seus ativos sob a forma de moeda, na expectativa de que a taxa de juros irá aumentar quando, então, aplicarão em títulos. Esse comportamento do indivíduo diante de variações da taxa de juros denomina-se demanda especulativa de moeda que, pelo que foi visto, guarda uma relação inversa ou negativa com a taxa de juros. Ou seja, se r se elevar, cai a demanda por moeda (ou aumenta a demanda por títulos); se r cair, aumenta a demanda por moeda (ou cai a demanda por títulos). Matematicamente, Me = hr

(2)

sendo h’ negativa.

A demanda total por moeda A função demanda por moeda ou por saldos reais (Md/P) é expressa pela soma dos dois componentes acima, ou seja: Md/P = kY + hr

(3)

Já que nesse modelo existem apenas dois ativos – moeda e títulos – e considerando uma dada riqueza, sempre que a demanda por moeda aumentar – seja por aumento na renda, seja por queda na taxa de juros – a demanda por títulos cairá, já que a demanda por títulos é simplesmente o inverso da demanda por moeda. A Figura 8.3 mostra a função demanda por moeda das equações (1), (2) e (3). A Figura 8.3a apresenta a demanda por moeda para transações (kY), para três diferentes níveis de renda. Como no eixo vertical aparece a taxa de juros (r), a curva de demanda por moeda para transações se torna vertical, indicando que este componente da demanda por moeda não é afetado por r.

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Já a Figura 8.3b representa a demanda por moeda para especulação. A curva se apresenta negativamente inclinada, mostrando a relação inversa entre taxa de juros e a demanda especulativa por moeda. Pelo que se observa, quando a taxa de juros se situa em níveis elevados, a demanda por moeda é praticamente nula, mas à medida em que r cai, a demanda especulativa por moeda vai aumentando. Quando r atinge um nível considerado mínimo, a demanda por moeda se torna horizontal, indicando que, a esse nível de taxa de juros, todos os indivíduos preferirão moeda em vez de títulos (tecnicamente, dizse, então, que nesse ponto a demanda por moeda é infinitamente elástica à taxa de juros).

Figura 8.3a

Figura 8.3b

Figura 8.3c

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Somando-se os dois componentes da demanda por moeda (kY + hr), obtemos o gráfico da Figura 8.3c, onde as três curvas mostram a demanda total de moeda, para diferentes níveis de renda (Y1, Y2, Y3). Por ali se vê que a posição da curva de demanda total de moeda depende do nível de renda, isto é, quanto maior a renda, maior a demanda por moeda para transação e, portanto, mais distante do eixo vertical se situa a curva. Já o formato da curva depende do componente de demanda especulativa por moeda. Como a demanda por moeda se torna horizontal a baixas taxas de juros, a Figura 8.3c mostra o conjunto de curvas convergindo para a posição horizontal quando a taxa de juros está muito baixa, independentemente do nível de renda.

8.2.4. A oferta e demanda por moeda e a taxa de juros

Vamos, agora, introduzir a oferta de moeda em nosso modelo. Em princípio, podemos fazer a hipótese, bastante provável, de que a quantidade real de oferta monetária (Ms/P) é determinada pelo Banco Central. A este órgão se atribui o poder de controlar o nível de liquidez do sistema econômico, colocando ou retirando moeda da economia de acordo com seus próprios critérios. Nesse caso, diz-se que a oferta de moeda é exógena ao modelo, independendo do nível de renda ou da taxa de juros e, como tal, aparece como uma linha vertical. Conforme mostra a Figura 8.4, partindo da oferta monetária real Ms0/P inicial, caso o Banco Central resolva aumentar a quantidade de moeda em circulação, a curva de oferta monetária se desloca para a direita (para Ms1/P ou até para Ms2/P).

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Figura 8.4 Agora, vamos colocar as duas curvas – de demanda e de oferta monetária – num mesmo gráfico, conforme aparece na Figura 8.5. Dado o nível de preços (P), teremos uma demanda por moeda Md1, definida para o nível de renda (Y1). Considerando que o estoque real de moeda seja Ms1/P, teremos a taxa de juros r1, estabelecida pela igualdade entre a Ms1/P e a Md1/P. Caso o Banco Central aumente a oferta real de moeda, a Ms se desloca para a direita até Ms2/P, forçando uma redução na taxa de juros.

Figura 8.5

Agora, considere a Figura 8.6, que mostra, para um dado nível de preços e para uma dada oferta monetária, diversas curvas de demanda por moeda a partir de diferentes níveis de renda. Por ali www.pontodosconcursos.com.br

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se verifica que, à medida que a renda cai de Y3 para Y2 e Y1, a taxa de juros de equilíbrio do mercado monetário também cai para r2 e r3. Isto ocorre porque, quando a renda diminui, cai também a demanda por moeda para transações, aumentando, em conseqüência, a demandada por títulos – o que, por sua vez, força uma queda no retorno propiciado pelos mesmos, isto é, na taxa de juros.

Figura 8.6

De tudo o que foi dito até aqui, verifica-se que a condição de equilíbrio no mercado monetário é encontrada ao se igualar a função demanda de moeda à oferta exogenamente dada, ou: Ms/P = Md/P = kY + hr

(4)

A partir dessas considerações, temos, agora, condições de derivar a curva LM.

8.2.5. Derivação da curva LM

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Na Figura 8.7a estão mostradas combinações de taxas de juros e níveis de renda que tornam a demanda por moeda (ou por encaixes reais) igual à oferta monetária. Ao nível da renda Y1, a curva de demanda por moeda corresponde a L1. Com a oferta monetária dada por Ms/P, a oferta e a demanda por moeda se igualam no ponto E1 – que corresponde à taxa de juros r1. Na Figura 8.7b, o ponto E1 corresponde à combinação do nível de renda Y1 com a taxa de juros r1 que equilibra o mercado monetário. O ponto E1 corresponde, assim, a um ponto na curva LM.

Figura 8.7a

Figura 8.7b

Suponha, agora, que a renda cresça até Y2. Na Figura 8.7a, este aumento na renda provoca um aumento na demanda por moeda para transação, deslocando a curva de demanda por moeda para L2. Com a oferta monetária mantida constante, o aumento na demanda por moeda faz com que a taxa de juros se eleve até r2 – para que o equilíbrio no mercado monetário seja restabelecido. Temos, então, um novo ponto de equilíbrio (E2) que, transportado para a Figura 8.7b, nos dá uma nova combinação de renda e taxa de juros (Y2 e r2) que equilibra a oferta com a demanda por moeda. Repetindo a mesma experiência para outros níveis de renda, geraremos mais pontos que mostram combinações de Y e

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de r que equilibram a oferta e a demanda de moeda. Ligando todos esses pontos teremos a curva LM. Como podemos ver, a curva LM é positivamente inclinada, refletindo o fato de que, com uma dada oferta monetária, um aumento no nível de renda aumenta a demanda por encaixes monetários – o que, como já foi explicado, força um aumento na taxa de juros. A inclinação da curva LM Em princípio, podemos afirmar que quanto maior for a demanda por moeda para transações, isto é, quanto maior for a elasticidade da demanda por moeda em relação à renda, medida por k, e quanto menos sensível ou menos elástica à taxa de juros for a demanda por moeda, mais inclinada será a curva LM. Em outras palavras, se a demanda por moeda for muito insensível à taxa de juros, então h (na equação 4) estará próxima de zero, e a curva LM é quase vertical. Se, por outro lado, a demanda por moeda é muito sensível à taxa de juros, então h é muito grande e, portanto, a curva LM é quase horizontal. A posição da curva LM Na Figura 8.8a, está desenhada a curva de demanda real por moeda, para um dado nível de renda Y1. Com uma oferta monetária real inicial (Ms1/P), o equilíbrio monetário é dado no ponto E1, ao nível da taxa de juros, r1. Na Figura 8.8b, o ponto E1 corresponde a um ponto na curva LM.

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Figura 8.8a

Figura 8.8b

Suponha, agora, que haja um aumento na oferta monetária real, deslocando a curva de oferta monetária para Ms2/P. Na Figura 8.8a, com uma dada renda, Y1, este aumento da oferta monetária provoca uma queda na taxa de juros para r2, de forma a manter o equilíbrio no mercado monetário. O novo equilíbrio é restabelecido no ponto E2, que, transportado para a Figura 8.8b, causa um deslocamento da curva LM para a direita e para baixo, até L’M’. Ou seja, para cada nível de renda, um aumento da oferta monetária faz com que a taxa de juros caia para induzir as pessoas a reterem mais moeda. Alternativamente, para uma dada taxa de juros, o nível de renda tem que ser mais alto para que aumente a demanda por moeda para transações, de modo a absorver o excesso de oferta monetária.

8.3. O equilíbrio nos mercados de produtos e monetário Tendo derivado a curva IS – que nos fornece os pares r-Y que equilibram o mercado de produtos – e a curva LM – que nos dá os pares r-Y que equilibram o mercado monetário, colocaremos, agora, as duas curvas num mesmo gráfico. Vale lembrar que as

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equações que definem o equilíbrio desses mercados são dadas por: S + T = I – ir + G ou ainda, Y = C + I – ir + G (mercado de produtos) e Ms/P = kY + hr (mercado monetário) Resolvendo simultaneamente essas duas equações, encontramos um único par r-Y, na intersecção das curvas IS e LM, que define o equilíbrio em ambos os mercados. Na Figura 8.9, o equilíbrio econômico é dado pelo par ro, Yo. Todas as demais combinações r-Y são pontos fora do equilíbrio. Consideremos, por exemplo, o ponto A, definido por r1 Y1. Como se trata de um ponto sobre a IS, o mercado de produtos está em equilíbrio, mas, estando fora da curva LM, o mercado monetário está em desequilíbrio. Neste mercado, dado Y1, a taxa de juros deveria ser mais baixa do que r1 para que o mercado monetário ficasse em equilíbrio.

Figura 8.9. À taxa de juros r1, há um excesso de oferta de moeda. Em outros termos, os indivíduos estão tentando comprar títulos, aumentando, assim, seus preços e elevando a taxa de juros.

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O mesmo raciocínio se aplica ao ponto B, definido por r2, Y2. Nesse ponto, o mercado monetário está em equilíbrio, mas, como está fora da IS, o mercado de produtos está fora do equilíbrio. Nesse mercado, dado Y2, a taxa de juros está muito alta e há, portanto, um excesso de oferta de produtos. Para se atingir o equilíbrio, a taxa de juros deveria cair para estimular o investimento, aumentando a demanda agregada até igualá-la com a oferta.

8.4. A Atuação das Políticas Fiscal e Monetária Como vimos, então, o equilíbrio macroeconômico se dá na intersecção das curvas IS-LM, que define uma combinação r-Y que equilibra os dois mercados – o de produto e o monetário. Ocorre, porém, que este equilíbrio pode ocorrer em um nível de renda abaixo do nível de pleno emprego (Yf) – o que significa que a demanda agregada está abaixo da oferta potencial da economia. Ou seja, há desemprego em nível de renda corrente de equilíbrio e cabe ao governo adotar medidas que estimulem a demanda agregada, aumentando, daí, o produto corrente de equilíbrio e reduzindo ou mesmo eliminando o desemprego. Para atingir tal objetivo, o governo poderia acionar tanto a política fiscal, como a política monetária. Vejamos os efeitos de cada uma dessas políticas:

8.4.1 Efeitos da política fiscal

Já sabemos que as medidas de política fiscal se materializam através de variações nos gastos do governo (∆G) e de variações em nível de impostos (∆T). Para analisarmos a atuação da política fiscal, suponha que a economia esteja em equilíbrio em nível de r0, Y0, na Figura 8.10 – um nível abaixo, portanto, do nível de renda de pleno emprego (Yf). Caso o governo pretenda que a economia

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caminhe para o pleno emprego, ele poderia, por exemplo, aumentar seus gastos em ∆G. Este aumento em G causa um deslocamento da curva IS para a direita, até I1S1. A magnitude desse deslocamento é dado por k x ∆G. Caso a taxa de juros permanecesse em r0, a economia cresceria até Y1. No entanto, o aumento na renda eleva a demanda por moeda para transações, o que, com uma oferta monetária fixa, faz com que a taxa de juros se eleve ao longo da curva LM até r2. Este aumento na taxa de juros provoca uma redução no investimento, anulando, em parte, os efeitos do aumento nos gastos do governo. Em conseqüência, o novo nível de equilíbrio do produto demandado se situará em Y2(= Yf).

Figura 8.10

Em resumo, os resultados da política fiscal de aumento nos gastos do governo foram: um aumento na renda de equilíbrio e, conseqüentemente, nas despesas de consumo; um aumento na taxa de juros e, conseqüentemente, uma queda no nível dos investimentos, compensando parcialmente o aumento nos gastos do governo. Esta compensação é apenas parcial porque foi constatado que, ao final do processo, o produto demandado de equilíbrio aumentou. Portanto, o aumento em G termina por alterar a composição do produto, com o governo desfrutando de uma maior parcela deste, em detrimento do setor privado. Efeitos semelhantes sobre o nível de Y e r (e, portanto, sobre o investimento) seriam obtidos caso o governo, ao invés de aumentar seus gastos, reduzisse o nível dos impostos – o que www.pontodosconcursos.com.br

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elevaria a renda disponível e, daí, aumentariam as despesas de consumo. Se, por hipótese, os impostos forem uma fração t da renda, um corte nos impostos significaria uma redução no percentual de impostos (digamos, de 25% para 15%). O aumento nas despesas de consumo, induzido pela política fiscal, produz os mesmos resultados do aumento nos gastos do governo. A diferença maior reside no fato de que esta redução no percentual dos impostos aumenta o multiplicador dos gastos (k), o que, graficamente, implica numa curva IS menos inclinada, conforme mostra a Figura 8.11.

Figura 8.11

8.4.2 Os efeitos da política monetária Se o valor inicial do produto de equilíbrio situa-se abaixo do nível de pleno emprego, o governo poderia estimular a atividade econômica usando a política monetária, em vez da política fiscal. Neste caso, o mecanismo de transmissão seria o seguinte: o Banco Central aumenta a quantidade de moeda em circulação Æ que reduz a taxa de juros Æ estimulando o investimento privado Æ e, daí, via multiplicador, a renda de equilíbrio aumenta. Para analisarmos estes efeitos da política monetária, considere a Figura 8.12, onde o equilíbrio inicial se dá no ponto E – ponto em que a curva LM inicial (que corresponde a uma oferta monetária real, Mso/P) corta a curva IS. Suponha, então, que o Banco Central, através de uma operação de open-market (mercado aberto) de compra de títulos públicos, aumente a quantidade

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nominal de moeda – o que, mantido o nível de preços, significa um aumento da oferta monetária real.

Figura 8.12

Como já foi visto, um aumento na oferta monetária real desloca a curva LM para a direita, até L1M1. Em conseqüência, o novo ponto de equilíbrio se dará no ponto E’, com uma taxa de juros mais baixa e um nível mais alto de renda, próximo ao nível da renda de pleno emprego. O nível de renda de equilíbrio aumenta porque a compra de títulos, pelo Banco Central, no mercado aberto, reduz a taxa de juros – o que estimula o investimento e faz a renda crescer. É importante observar que, no processo da economia à nova situação de uma oferta monetária maior, a taxa de juros cairia, inicialmente, até o ponto E1 – dado o nível de renda inicial (Yo). Nesse ponto, entretanto, há um excesso de demanda por bens, devido ao aumento nos investimentos e, em conseqüência, a economia começa a crescer. O aumento do nível de renda provoca um novo aumento na demanda por moeda para transações – o que faz com a taxa de juros comece a subir até atingir um novo equilíbrio no ponto E’. Nesse ponto, atinge o nível da renda de pleno emprego (Yf), com a taxa de juros situando-se em r1, estando tanto o mercado de produto como o monetário em equilíbrio.

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8.4.3 Alguns casos especiais e a eficácia das políticas fiscal e monetária A seção anterior analisou os efeitos das políticas fiscal e monetária em situações gerais e, digamos, normais. No entanto, há situações específicas em que, eventualmente, apenas a política fiscal pode ser eficaz – no sentido de elevar o nível da atividade econômica e reduzir o desemprego – enquanto, em outras, apenas a política monetária terá essa eficácia. Antes, porém, convém lembrar que a curva LM apresenta, a rigor, três trechos bastante distintos, tal como mostrado, de forma estilizada, na Figura 8.13.

Figura 8.13 Um primeiro trecho – definido por sua porção horizontal – corresponderia a uma economia em recessão aguda, estando a taxa de juros bastante baixa, em níveis próximos de zero; um segundo trecho seria aquele em que a curva LM se apresenta vertical e corresponderia a uma economia próxima de pleno emprego; já que o terceiro trecho corresponderia à porção intermediária da curva LM e que se apresenta positivamente inclinada. Para analisar a eficácia das políticas fiscal e monetária, é importante verificar em qual desses trechos a economia se encontra – ou seja, em que ponto a curva IS corta a curva LM.

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A armadilha da liquidez Suponha que a economia esteja em recessão aguda, distante do nível da renda de pleno emprego, tal como mostrado na Figura 8.14. Nessa situação, a taxa de juros está tão baixa que todos os indivíduos optam por reter toda a moeda que for ofertada, esperando um aumento na taxa de juros para, então, aplicar em títulos. Nesse caso, a demanda por moeda é infinitamente elástica à taxa de juros e qualquer tentativa do Banco Central de expandir a oferta de moeda com o intuito de baixar a taxa de juros será inócua. Esta é a conhecida situação denominada como armadilha da liquidez – uma hipótese levantada por Keynes para mostrar que, em situações de recessão econômica, a política monetária é totalmente ineficaz. Por isso mesmo, esta porção da LM é conhecida como “trecho Keynesiano da LM”.

Figura 8.14. Graficamente, um aumento da oferta monetária deslocaria a curva LM para a direita, sem alterar a intersecção das duas curvas e, portanto, sem alterar o nível da renda de equilíbrio. Isso ocorre porque, se a taxa de juros não se alterna, o investimento não aumenta e, assim, o produto de equilíbrio também não se altera. Nessa situação, a única política eficaz seria a fiscal que, digamos, através de um aumento dos gastos do governo, deslocaria a curva IS para a direita e, daí, via multiplicador, elevando o nível da renda equilíbrio.

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O caso clássico O caso oposto da curva LM é a sua porção vertical – conhecido como “trecho clássico”. Nesse trecho, a demanda por moeda é totalmente insensível – ou inteiramente inelástica – à taxa de juros, dependendo somente do nível de renda. Supondo que a curva IS corte a curva LM nesse trecho, tal como mostrado na Figura 8.15, a política fiscal se torna totalmente ineficaz para alterar o nível da renda de equilíbrio. De forma oposta, a única política capaz de elevar o nível da renda ou do produto de equilíbrio será uma expansão da oferta monetária que possibilitaria uma redução da taxa de juros e, daí, estimularia o investimento. Graficamente, um aumento da oferta monetária deslocaria a curva LM para a direita, cortando a curva IS no ponto E’, com a renda se expandindo até Y1.

Figura 8.15. A visão de uma curva LM vertical – que determina a eficiência comparativa da política monetária sobre a política fiscal – está geralmente associada com o ponto de vista de alguns economistas – conhecidos como “monetaristas” – que defendem a tese de que o que importa para influir na atividade econômica são os instrumentos monetários. Já aqueles que defendem o uso da política fiscal são geralmente associados à chamada “escolha keynesiana”.

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8.5. Outras considerações sobre a eficácia das políticas fiscal e monetária Deve ficar claro que, no trecho intermediário da curva LM, isto é, na parte em que a LM se apresenta positivamente inclinada, ambas as políticas são eficazes para levar a economia até próximo ao pleno emprego. Esta constatação, aliada aos dois casos extremos vistos anteriormente – a armadilha da liquidez e o caso clássico – indicam que a inclinação da curva LM é o principal determinante da eficácia e eficiência das políticas fiscal e monetária como mecanismos de influenciar o nível da atividade econômica. Mas, na realidade, também a inclinação da IS pode determinar que tipo de política é recomendada para estimular a atividade econômica e reduzir ou eliminar o desemprego. No que tange à curva LM, vimos que sua inclinação depende essencialmente da sensibilidade da demanda por moeda em relação à taxa de juros. Quanto mais sensível (ou elástica) à taxa de juros for a quantidade demandada de moeda, menos inclinada é a curva LM e, portanto, menos eficaz tende a ser a política monetária, e vice-versa. No tocante à curva IS, pode-se afirmar que, quanto mais sensível ou elástico à taxa de juros for o investimento, menos inclinada é a IS e, portanto, menos eficaz é a política fiscal – ou, em outras palavras, mais eficaz tende a ser a política monetária – e vice-versa. Deixamos a cargo do aluno desenhar graficamente essas hipóteses, confirmando essas proposições. *** Com essas colocações, encerramos esta nossa 8ª Aula. A seguir, são apresentados alguns exercícios de revisão e fixação sobre os efeitos das políticas fiscal e monetária, no contexto do sistema IS-LM. Até nossa próxima aula. _________________________

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EXERCÍCIOS DE REVISÃO E DE FIXAÇÃO: 1.

A curva IS mostra: a) combinações de níveis de renda (Y) e de taxa de juros (r) que fazem T = G; b) combinações de Y e r que equilibram o mercado de produtos, isto é, onde: S = I e T = G; c) combinações de níveis de poupança e de investimento que equilibram Y e r; d) combinações de Y e r que equilibram o mercado monetário, isto é, onde a oferta e a demanda por moeda são iguais; e) combinações de Y e r que fazem o mercado monetário igual ao mercado de produtos.

2. A curva LM mostra: a) combinações de Y e r que equilibram o mercado monetário, isto é, onde a oferta e a demanda por moeda são iguais; b) combinações de Y e r que equilibram o mercado de produtos; c) combinações de S e I que equilibram Y e r; d) combinações de Y e r que equilibram o mercado monetário e o mercado de produto; e) combinações de Y e r que equilibram a poupança social (T + S) com os gastos autônomos (I + G). 3. Assinale dentre as alternativas abaixo qual a que provoca um deslocamento da curva IS para a direita: a) aumento do volume de moeda em circulação; b) redução do nível dos salários nominais; c) aumento das alíquotas do imposto de renda; d) redução dos gastos do governo; e) redução da carga tributária autônoma; 4. O efeito de um aumento nos gastos do governo, num modelo IS-LM, será: a) a curva IS se desloca para a direita, a renda de equilíbrio crescerá e, ceteris paribus, r crescerá; b) a curva IS se desloca para a esquerda e a renda de equilíbrio crescerá e, ceteris paribus, r cairá; c) a curva LM se desloca para a direita, Y de equilíbrio crescerá e r crescerá; d) a curva LM se desloca para a esquerda, Y de equilíbrio crescerá e r cairá; e) as duas curvas se deslocam para a direita e a renda de equilíbrio crescerá. 5. Num modelo IS-LM,estando a renda corrente de equilíbrio abaixo do nível de pleno emprego, o governo deverá acionar uma das medidas abaixo, exceto: a) reduzir os impostos; b) reduzir a oferta monetária; c) aumentar seus gastos; d) aumentar as transferências; e) reduzir a r para estimular os investimentos.

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6. Num modelo IS-LM, o efeito de uma expansão monetária será: a) um deslocamento para a esquerda da curva LM; b) um deslocamento para a direita da curva IS; c) um deslocamento ao longo da curva LM, para baixo; d) um deslocamento da curva LM para a direita; e) um deslocamento para a direita da curva IS. 7. Se o governo expandir a oferta monetária, o nível de renda deverá crescer porque: a) a taxa de juros cairá e a poupança cairá; b) a taxa de juros cairá e o consumo cairá; c) a demanda por moeda para transação crescerá; d) a taxa de juros cairá e os investimentos crescerão; e) a demanda por moeda para especulação se reduzirá. 8. Relativamente ao equilíbrio da renda (produto) nacional e da taxa de juros de uma economia, é correto afirmar: a) uma política monetária contracionista levaria a uma redução na produção e na taxa de juros; b) um aumento na tributação, tudo o mais constante, provocaria redução na produção e aumento na taxa de juros da economia; c) uma política fiscal expansionista, de redução do superávit ou aumento do déficit do governo, provocaria aumento no produto nominal e na taxa de juros; d) uma política fiscal, conduzida para reduzir o déficit do governo provocaria, tudo o mais constante, aumento na taxa de juro de equilíbrio e redução no nível da renda ou produto nominal; e) uma política monetária expansionista levaria a um aumento na taxa de juros e a uma redução na produção.

__________________

Gabarito: 1. b;

2. a;

3.e;

4. a;

5. b;

6. d;

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7. d;

8. c.

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Aula 9: A interação entre as políticas monetária, fiscal e cambial Este tópico, certamente, é o mais analítico e técnico e, talvez o mais complicado de nosso curso. Mas não é nenhum bicho de sete cabeças. Basta ter um pouco mais de concentração e paciência que você vai entendê-lo perfeitamente. Afinal, nada é tão complicado assim. Esta nossa Aula 9, na verdade, é apenas uma continuação natural do modelo IS-LM, com a introdução da taxa de câmbio em nosso modelo. Importante ressaltar que nas provas de macroeconomia dos concursos públicos mais recentes sempre tem havido questões envolvendo a atuação conjunta das três políticas macroeconômicas mencionadas no título. Vamos em frente!

9.1. Introdução O mundo de hoje não comporta mais aquele tipo de economia fechada, idealizada principalmente por alguns movimentos socialistas da primeira metade do século passado. As economias modernas são, todas elas, abertas, isto é, exportam parte dos bens e serviços que produzem e importam parte dos bens e serviços que consomem. As economias abertas também emprestam e tomam empréstimos nos mercados financeiros mundiais, investem em outras economias e recebem investimentos de empresas de outros países. Nesta Aula 9, estaremos preocupados em analisar o impacto das políticas monetária e fiscal sobre a renda agregada de equilíbrio e sua interação com a política cambial, numa economia aberta. Como já foi visto no capítulo anterior, na macroeconomia este tema é tratado, geralmente, através do sistema IS-LM – valendo ressaltar, no entanto, que este sistema é mais apropriado para uma economia fechada. Para o caso de uma economia aberta, costuma-se adotar uma versão ampliada do sistema IS-LM

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- o chamado modelo Mundell-Fleming, desenvolvido por estes dois economistas nos anos 601. Ao ampliar o sistema IS-LM para uma economia aberta, o modelo Mundell-Fleming procura mostrar até que ponto são eficazes as políticas monetária e fiscal em relação às flutuações da atividade econômica, quando se consideram seus efeitos sobre a taxa de câmbio e, conseqüentemente, sobre o balanço de pagamentos. Como se verá mais adiante, a eficácia daquelas políticas macroeconômicas depende essencialmente do sistema cambial adotado pelo país - isto é, se o país adota uma taxa de câmbio flutuante ou uma taxa de câmbio fixa. A análise, aqui, será conduzida em duas partes: na primeira, iremos supor que o regime cambial é o de taxas flutuantes; na segunda, o de taxas fixas. Para facilitar a compreensão, o modelo considera o nível de preços constante.

9.2. O Modelo Mundell-Fleming O modelo Mundell-Fleming é derivado de três equações básicas, similares às que definem o sistema IS-LM, a saber: Curva IS: Y = C(Yd) + I(r) + G + NX(e)

(1)

Curva LM:

(2)

Ms/P = Md(Y,r)

r = r*

(3)

onde, Yd = renda disponível; NX = exportações líquidas, isto é, X-M (do inglês: net exports); e = taxa de câmbio vigente; r = taxa de juros doméstica; r* = taxa de juros externa ou taxa de juros mundial. 1

O desenvolvimento teórico desse modelo pode ser encontrado em Fleming, J.M. – Domestic Financial Policies under Fixed and under Floating Exchange Rates – IMF Staff Papers 9, nov./1962 e em Mundel, R.A. – International Economics – Macmillan, N. York, 1968.

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Para uma melhor compreensão desse novo modelo, vamos dar uma palavrinha sobre o que aquelas três equações estão dizendo: Tal como no caso da IS-LM tradicional, a equação (1) descreve o equilíbrio no mercado de bens. A novidade aqui é a inclusão do termo NX - que representa as exportações líquidas, isto é, X-M. No caso, as NX são função inversa da taxa de câmbio, e. Atente-se que, no modelo Mundell-Fleming, a taxa de câmbio é definida como a "quantidade de moeda estrangeira por unidade de moeda nacional" (a chamada cotação do "certo"). Assim, por exemplo, e pode ser 2 dólares por Real. Um outro aspecto importante é que, no modelo Mundell-Fleming, supõe-se que os preços são mantidos constantes e, assim, qualquer variação da taxa nominal de câmbio corresponderá a uma variação real da taxa de câmbio. Pela forma como a taxa de câmbio foi definida, deve-se ter cuidado ao interpretá-la num gráfico. Assim, por exemplo, se houver um valorização cambial – isto é, uma unidade da moeda nacional passa a comprar mais e mais unidades da moeda externa -, o valor da taxa de câmbio cresce ao longo do eixo vertical. Neste caso, os bens importados pelo Brasil se tornam mais baratos, estimulando as importações e desestimulando as exportações - reduzindo, em conseqüência, as exportações líquidas (NX). Se, por hipótese, ocorrer uma desvalorização cambial, o valor da taxa de câmbio decresce ao longo daquele eixo e, conseqüentemente, as exportações líquidas crescerão. A equação (2) descreve o equilíbrio no mercado de moeda. Também como no modelo IS-LM tradicional, a oferta monetária real (Ms/P) - exogenamente determinada pelo Banco Central - é igual à demanda por saldos monetários reais (Md) - que é uma função direta do nível de renda (Y) e uma função inversa da taxa de juros (r). A equação (3) diz que a taxa de juros doméstica (r) determinada pela taxa de juros mundial (r*). Isto significa que país pode tomar empréstimo ou emprestar no mercado mundial quanto quiser, sem afetar r*. O porquê desta igualdade entre r r* será explicado mais adiante.

é o o e

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O modelo Mundell-Fleming é melhor entendido através do uso de gráficos. No entanto, como o modelo tem três variáveis - Y, r, e - não é possível apresentá-lo em um único gráfico bidimensional. Assim, podemos apresentá-lo em dois gráficos separados: no primeiro, usamos as variáveis Y-r, mantendo a taxa de câmbio constante; no segundo, que é o mais apropriado para o modelo Mundell-Fleming, usamos as variáveis Y-e, mantendo a taxa de juros constante. Note-se que ambos os gráficos apresentam o mesmo modelo, porém de duas formas diferentes.

9.3. O modelo no gráfico Y-r Num gráfico Y-r, o modelo Mundell-Fleming apresenta as curvas IS e LM de forma semelhante ao modelo tradicional, como mostra a Figura 9.1. A novidade no gráfico é a reta horizontal, correspondente à taxa de juros mundial. Há dois aspectos a destacar na Figura 9.1: primeiro, o fato de que a curva IS é traçada a partir de uma dada taxa de câmbio (digamos, dois dólares por Real). Caso a taxa de câmbio se valorize (passando, digamos, a três dólares por Real), os bens estrangeiros se tornam mais baratos que os nacionais, reduzindo as exportações líquidas. Observe-se que, como a taxa de câmbio não está nos eixos do gráfico, uma alteração de seu valor provoca um deslocamento da curva IS ( para a esquerda, se houver uma valorização – pois o país irá exportar menos e importar mais - e, para a direita, se houver uma desvalorização cambial – pela razão oposta). Um segundo aspecto a observar é o fato de que as três curvas se cruzam num mesmo ponto. O que faz com que isto ocorra? A resposta é: o ajustamento da taxa de câmbio. Isso ocorre pela seguinte razão:

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r LM

r = r*

IS(e 0

Y Figura 9.1

Suponhamos que a taxa de juros interna (r) - dada pelo cruzamento da IS-LM - se situe acima da taxa de juros mundial (r*), tal como mostrado na Figura 9.2. Nesta situação, o Brasil estaria atraindo capitais externos em busca de um maior retorno. Para aplicar no Brasil, os investidores teriam, antes, de trocar seus dólares por Reais. Este aumento na oferta de dólares provoca uma valorização da taxa de câmbio, reduzindo as exportações líquidas o que se traduz por um deslocamento da curva IS para a esquerda, até que r se iguale a r*. Caso a taxa de juros interna se situe abaixo da taxa de juros externa, como mostrado na Figura 9.3, os investidores brasileiros tentarão aplicar seus Reais no exterior, aumentando a demanda por dólares. Em conseqüência, haverá uma desvalorização cambial, o que aumenta as exportações líquidas - implicando num deslocamento da curva IS para a direita, até que as duas taxas de juros se igualem.

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Taxa de juros muito baixa r

Taxa de juros muito alta r

LM Taxa de juros mundial

Taxa de juros interna

LM

r

r =r* r = r* Taxa de juros mundial

r Taxa de juros iinterna

IS(e)

IS(e 0

Y

0

Figura 9.2

Y

Figura 9.3

9.2.2. O modelo no gráfico Y-e

Nesta segunda forma de apresentar o modelo MundellFleming, a taxa de câmbio - e - substitui a taxa de juros que, então, é suposta constante ao nível da taxa de juros mundial - r*. Com isso, as duas equações representadas no gráfico passam a ser expressas por: Curva IS*:

Y = C(Yd) + I(r*) + G + NX(e)

(4)

Curva LM*:

Ms/P = Md(Y,r*)

(5)

Colocamos um asterisco (*) na IS-LM para registrar que a taxa de juros está mantida no nível mundial, r*. Observe-se que a curva LM é desenhada vertical porque a taxa de câmbio não entra na equação da LM*, ou seja, a curva LM* é totalmente inelástica à taxa de câmbio. Assim, dada a taxa de juros mundial, a curva LM* determina o nível de renda agregada, ajustando-se a taxa de câmbio de tal forma que a curva IS cruze a curva LM no ponto dado por r*. Esta situação é retratada na Figura 9.4.

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e

LM*

eo Taxa de câmbio de equlíbrio

IS* 0

Yo

Y

Figura 9.4

Já a curva IS* tem inclinação negativa porque uma taxa de câmbio mais valorizada reduz as exportações líquidas e, conseqüentemente, diminui a renda agregada. Se houver uma desvalorização cambial, haverá um deslocamento ao longo da curva IS*, no sentido descendente, já que a taxa de câmbio aparece no eixo vertical da Figura 9.4. Assim entendido, usaremos, no restante deste texto, o gráfico Y-e, uma vez que este nos parece mais representativo do modelo Mundell-Fleming, já que esse gráfico msotra de maneira mais direta como a taxa de câmbio responde às mudanças na política econômica. De toda forma, para se analisar o efeito das políticas macroeconômicas - particularmente das políticas fiscal e monetária - em uma economia aberta, é necessário, antes de mais nada, que se defina o sistema cambial vigente no país, ou seja, se o sistema cambial adotado é o de taxas flutuantes ou de taxas fixas. Começaremos pelo primeiro.

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9.3. As Políticas Fiscal, Monetária e Comercial num regime de Taxas de Câmbio Flutuantes Como já foi visto, sob este regime a taxa de câmbio flutua livremente, de acordo com as circunstâncias econômicas, que definem o comportamento das forças de mercado, isto é, da oferta e da demanda.

a) Política Fiscal

Suponha que a economia encontra-se em equilíbrio ao nível de Yo e, portanto, abaixo do nível da renda de pleno emprego (Yf) e que o governo resolva estimular a demanda agregada interna aumentando seus gastos (∆G). Por conseguinte, a curva IS* se desloca para a direita, como mostra a Figura 9.5. Este deslocamento da curva IS provoca um aumento na taxa interna de juros, atraindo capitais externos. A entrada extra de capitais externos aumenta a demanda por Reais, valorizando a taxa de câmbio e, conseqüentemente, reduzindo as exportações líquidas e

LM

e1

eo IS* 2 IS*1 Yo

Yf

Y

Figura 9.5

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o que implica um movimento para trás, ao longo da nova IS*2. No final do processo, esta queda das exportações líquidas anula o efeito da expansão da demanda agregada interna provocada pelo aumento inicial de G, de tal forma que a renda de equilíbrio permanece no mesmo nível anterior Yo), porém, agora, com uma taxa de câmbio mais alta.

Esta conclusão sobre o efeito da política fiscal contrasta bastante com a derivada do modelo IS-LM tradicional, aplicado a uma economia fechada. Nesta, a expansão fiscal aumenta a taxa de juros e a renda de equilíbrio. Já na economia aberta, aquela expansão deixa o nível da economia inalterado.

b) Política Monetária

Imaginemos, agora LM*1 LM*2 e a mesma situação inicial anterior e que, ao invés do governo acionar a política fiscal o banco central aumente a oferta de moeda na economia, eo deslocando a curva LM* para a direita, como mostra a Figura 9.6. Em e1 conseqüência, haverá uma redução na taxa interna de juros, o que IS* estimula a saída de capitais nacionais para Yo Yf Y outros países mais Figura 9.6 rentáveis. Esta saída de capitais significa uma maior oferta de Reais no mercado cambial, reduzindo a taxa de câmbio e aumentando, em conseqüência, as exportações líquidas.

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Conclusão: numa economia aberta, a política monetária, ao contrário da política fiscal, é bastante eficaz no sentido de que influencia o nível da renda de equilíbrio pela alteração que provoca na taxa de câmbio e não através da taxa de juros, como no modelo IS-LM de uma economia fechada.

c) Política comercial

As medidas de política fiscal são, basicamente, o estabelecimento de tarifas sobre as importações, a fixação de cotas para a importação de determinado produto ou, ainda, a concessão de subsídios à indústria doméstica que concorre com o produto importado. Vamos supor, por exemplo, que o governo decida reduzir as importações do país instituindo, para tanto, uma tarifa ou fixando uma cota de importações. Que efeitos teriam tais medidas sobre a renda agregada de equilíbrio e sobre a taxa de câmbio? A conseqüente redução das importações implica um aumento das exportações líquidas (NX) para qualquer nível de taxa de câmbio. Como NX é um componente da equação da IS, o aumento das exportações líquidas provoca um deslocamento da curva S* para a direita, como mostra a Figura 9.7. Como se pode observar, a restrição comercial, num sistema de câmbio flutuante, causa uma elevação da taxa de câmbio de eo para e1, mas não tem

e LM

e1

eo IS*2 IS*1 0

Yo

Y

Figura 9.7

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qualquer efeito sobre a renda de equilíbrio. Também não tem qualquer efeito sobre o consumo, o investimento e os gastos do governo. E mais, embora inicialmente as restrições às importações tendam a aumentar as exportações líquidas, este aumento é totalmente anulado pelo aumento que provoca na taxa de câmbio. Em conseqüência, a restrição comercial não alterou o saldo em conta corrente do balanço de pagamentos – que, geralmente seria o objetivo de qualquer restrição às importações.

9.4. As Políticas Fiscal e Monetária num regime de Taxas de Câmbio Fixas Neste sistema, como sabemos, o banco central fixa ou administra a taxa de câmbio e, para tanto, se obriga a comprar ou a vender a moeda nacional ao preço predeterminado. Assim, por exemplo, vamos supor que o Banco Central tenha fixado a taxa de câmbio em 0,5 dólar por um real. Isso significa que ele terá de dar 2 reais em troca de um dólar, se alguém assim o desejar, ou um dólar em troca de dois reais. Para tanto, ele terá de dispor de uma reserva razoável de ambas as moedas. Quanto ao real, não há problema porque o Banco Central poderá emitir sempre que necessário; já a reserva de dólares terá de ser formada com transações passadas. Um dado importante a observar é que, num sistema de taxas de câmbio fixas, o único objetivo da política monetária é o de manter a taxa de câmbio no nível fixado pelo Banco Central. Nesse sentido, pode-se dizer que, sob o sistema de câmbio fixo, o Banco Central não tem controle da oferta monetária, de vez que o volume de reais em circulação será aquele que garanta que a taxa de câmbio de equilíbrio seja igual à taxa de câmbio fixada pelo Banco Central. Para entender melhor este ponto, suponha, então, que o Banco Central fixe a taxa de câmbio em 0,5 dólar por real. Suponha, mais, que, dado o volume de oferta monetária atual, a taxa de câmbio deveria ser 0,75 dólar por 1 real, ou seja, 50% acima da taxa fixada, conforme retratado na Figura 9.8. Nesta situação, um indivíduo poderia fazer uma operação de arbitragem, www.pontodosconcursos.com.br

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comprando no mercado 1,5 dólar por 2 reais e revendendo-o por 3 reais ao Banco Central, lucrando, portanto, um real na operação. Ao comprar o dólar deste arbitrador, o Banco Central estará aumentando automaticamente a oferta monetária – o que desloca a curva LM* para a direita, provocando uma redução na taxa de câmbio de equilíbrio. Observe-se que a oferta monetária continuará se expandindo até que a taxa de câmbio de equilíbrio iguale a taxa de câmbio fixada pelo Banco Central. LM

e

LM

e Taxa de câmbio de equilíbrio

Taxa de câmbio fixa

Taxa de câmbio de equilíbrio Taxa de câmbio fixa

IS*

IS* Yo Figura 9.8

Yo

Y

Y

Figura 9.9

Vamos supor, agora, que o Banco Central tenha fixado o câmbio em 0,5 dólar por real, mas a taxa de câmbio de equilíbrio seja 0,25 dólar por real. Nessa hipótese, nosso arbitrador trocará um real por 0,5 dólar com o Banco Central e, em seguida, trocará este 0,5 dólar por 2 reais no mercado, repetindo a operação tantas vezes quantas forem convenientes. Com isso, a oferta monetária (de reais) se reduz internamente – o que desloca a curva LM para a esquerda, provocando um aumento na taxa de câmbio de equilíbrio, como mostra a Figura 9.9. A oferta monetária continuará se reduzindo até que a taxa de câmbio de equilíbrio iguale a taxa de câmbio fixa. Por tudo o que se disse, pode-se tirar a seguinte conclusão: num sistema de taxa de câmbio fixa, a oferta monetária sai do controle do Banco Central e passa a ser endogenamente determinada. Ou seja, a essência de um sistema de taxas de câmbio fixas é o compromisso do Banco Central em deixar que a oferta de moeda se ajuste de tal forma a garantir que a taxa de câmbio se mantenha no nível fixado por ele.

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Assim entendido, vejamos, agora, a atuação das políticas fiscal, monetária e comercial sob este regime cambial.

a) Política Fiscal Suponha que a economia esteja na situação retratada na Figura 9.10 (em Yo) e que o governo estimule a despesa agregada interna através de um aumento de seus gastos – o que desloca a curva IS* para a direita. Como já foi visto, esta política pressionará, ao final, a taxa de câmbio para cima. No entanto, na tentativa de manter a taxa de câmbio estável, o banco central se verá obrigado a aumentar a oferta monetária - o que implica um deslocamento da curva LM para a direita - reduzindo a taxa de juros e, conseqüentemente, mantendo a taxa de câmbio no nível inicial. e

LM*1

LM*2

IS*2 IS*1

Taxa de câmbio fixa

Yo

Y1

Y

Figura 9.10 Assim, ao contrário do que ocorre no caso das taxas de câmbio flutuantes, uma expansão fiscal, num sistema de taxa de câmbio fixa, é bastante eficaz no sentido de elevar o nível da renda de equilíbrio. Isto ocorre porque, por definição, se verifica uma expansão monetária automática e simultânea.

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b) Política Monetária

Vejamos, agora, o que ocorrerá caso o banco central resgate títulos públicos no mercado, aumentando a oferta monetária? O impacto inicial desta medida será traduzido num deslocamento da curva LM* para a direita, com conseqüente redução da taxa de juros. Esta queda na taxa de juros provocará, como já visto, uma saída de reais em busca de aplicações mais rentáveis no exterior o que leva a uma desvalorização cambial - como mostra a Figura 9.11. Mas, como o banco central tem o compromisso de vender a moeda estrangeira a uma taxa de câmbio fixa, os especuladores ou arbitradores procurarão vender seus Reais para aquele banco, reduzindo, assim, a oferta monetária e, em conseqüência, a curva LM* retorna à sua posição inicial. e LM

IS*

Taxa de câmbio fixa

Y0

Y

Figura 9.11

Por conseguinte, a política monetária se torna inteiramente ineficaz num regime de taxa de câmbio fixa. Na verdade, ao decidir pela fixação da taxa de câmbio, o banco central não mais controla a oferta monetária e esta perde eficácia como instrumento de política econômica.

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c) Política comercial Caso o governo, no intuito de melhorar o saldo da balança comercial, imponha uma cota ou uma tarifa sobre as importações, as exportações líquidas (NX) aumentarão, deslocando, portanto, a curva IS* para a direita, como mostra a Figura 9.12. Este deslocamento da IS* causa um aumento na taxa de câmbio. Para evitar que isso aconteça o Banco Central terá de aumentar a oferta monetária, deslocando, assim, a curva LM* para a direita.

e

IS*2 LM*1

LM*2

IS*1

Taxa de câmbio fixa

Yo

Y1

Y

Figura 9.12

Como se observa pela Figura 12.12, e ao contrário do que ocorre com a taxa de câmbio flutuante, a restrição comercial, com taxa de câmbio fixa, aumenta não só o saldo em conta corrente (NX), como também o nível da renda agregada.

9.5. Conclusões do Modelo Mundell-Fleming A principal conclusão que se pode tirar do modelo MundellFleming é que o efeito das políticas fiscal, monetária e comercial sobre o nível de atividade econômica, numa economia aberta, www.pontodosconcursos.com.br

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depende do regime cambial adotado - se o de taxas flutuantes ou o de taxas fixas. Com taxas de câmbio flutuantes ou flexíveis, o modelo mostra que apenas a política monetária é eficaz para afetar a renda agregada. Neste regime cambial, o impacto da política fiscal é anulado pela valorização cambial que ela provoca. Já com taxas de câmbio fixas, apenas a política fiscal é eficaz para influir sobre o nível da renda. A força da política monetária é anulada pelo fato de que a oferta monetária se ajusta para manter inalterada a taxa de câmbio. Também como foi demonstrado, políticas comerciais de restrição às importações, como meio de melhorar o saldo de transações correntes do balanço de pagamentos, só são eficazes no sistema de taxas de câmbio fixas. *

*

*

Com essas colocações, encerramos esta nossa 9ª Aula. A seguir, são apresentados alguns exercícios de revisão e fixação sobre os efeitos das políticas fiscal e monetária, no contexto do sistema IS-LM. Até nossa próxima aula. _________________

EXERCÍCIOS DE REVISÃO E DE FIXAÇÃO

Tomando sempre por base o Modelo Mundell-Fleming para uma economia aberta, responda as questões a seguir: 1. Caso o país adote um regime de taxas de câmbio flutuantes, se o governo adotar uma política fiscal expansionista, seus efeitos serão: a) Tanto a taxa de câmbio como a renda agregada e as exportações líquidas se elevarão; b) A taxa de câmbio se elevará, com conseqüente queda nas exportações líquidas, mas os efeitos sobre a renda ou produto nacional serão nulos; c) A taxa de câmbio se reduzirá, as exportações líquidas se elevarão e a renda agregada não se altera; d) Tanto a taxa de câmbio como a renda agregada e as exportações líquidas se reduzirão.

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CURSOS ON-LINE – ECONOMIA I – PROF. MOZART FOSCHETE 2. Caso o país adote um regime de taxas de câmbio flutuantes, se o governo adotar uma política monetária expansionista, seus efeitos serão: a) Elevação da renda agregada e da taxa de câmbio e redução das exportações líquidas; b) Queda da renda nacional, aumento da taxa de câmbio e queda das exportações líquidas; c) Aumento do produto nacional, queda da taxa de câmbio e aumento das exportações líquidas; d) Redução do produto nacional, da taxa de câmbio e das exportações líquidas. 3. Caso o país adote um regime de taxas de câmbio flutuantes, se o governo impuser restrições às importações, seus efeitos serão: a) Nulos sobre o nível do produto e sobre as exportações líquidas, mas deve provocar um aumento da taxa de câmbio; b) Nulos sobre o produto, mas deve provocar uma queda na taxa de câmbio e nas exportações líquidas; c) Aumento do nível do produto, queda na taxa de câmbio e nulos sobre as exportações líquidas; d) Queda no nível do produto, aumento na taxa de câmbio e das exportações líquidas. 4. Caso o país adote um regime de taxas de câmbio fixas, se o governo adotar uma política fiscal expansionista, seus efeitos serão: a) Um aumento do nível da renda agregada, da taxa de câmbio e das exportações líquidas; b) Um aumento do produto nacional, queda na taxa de câmbio e nas exportações líquidas; c) Uma queda da renda nacional, da taxa de câmbio e um aumento nas exportações líquidas; d) Um aumento da renda agregada, sem efeitos sobre a taxa de câmbio e sobre as exportações líquidas. 5. Caso o país adote um regime de taxas de câmbio flexíveis, se governo adotar uma política monetária expansionista, seus efeitos serão: a) Totalmente nulos sobre o produto nacional, a taxa de câmbio e sobre as exportações líquidas. b) Um aumento do nível da renda agregada, da taxa de câmbio e das exportações líquidas; c) Um aumento da renda agregada, sem efeitos sobre a taxa de câmbio e sobre as exportações líquidas;

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CURSOS ON-LINE – ECONOMIA I – PROF. MOZART FOSCHETE d) Um aumento do produto nacional, queda na taxa de câmbio e nas exportações líquidas. 6. Caso o país adote um regime de taxas de câmbio flexíveis, se governo adotar uma política de restrição às importações, expansionista, seus efeitos serão: a) Um aumento da renda agregada, sem efeitos sobre a taxa de câmbio e sobre as exportações líquidas; b) Um aumento do nível da renda agregada e da taxa de câmbio e uma redução das exportações líquidas; c) Um aumento da renda agregada e das exportações líquidas, mantendo-se a taxa de câmbio inalterada; d) Uma queda da renda nacional, da taxa de câmbio e um aumento nas exportações líquidas. _____________________ G A B A R I T O: 1. b;

2. c;

3. a;

4. d;

5. a;

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6. c.

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1

AULA 10: O MODELO DE OFERTA E DEMANDA AGREGADAS

Nessa nossa última aula teórica (as duas próximas serão só de exercícios), nós vamos tratar da oferta e da demanda no agregado, mostrando que, no mundo macroeconômico, o comportamento da oferta e da demanda tem muita semelhança com o que se passa a nível microeconômico. A exemplo da aula anterior, esta também exigirá de você um pouco mais de concentração, mas nada que preocupe. Como já dissemos uma vez, só é difícil aquilo que a gente não entende. Então vamos lá!

10.1. A curva de demanda agregada As Aulas 8 e 9, anteriores, trataram da demanda agregada da economia, supondo um dado nível de preços, exogenamente determinado. Pelo que nós vimos na Aula 8, o equilíbrio no mercado de produtos (curva IS) simultaneamente ao equilíbrio do mercado monetário (curva LM) determina, para um dado nível de preços P, os valores de equilíbrio do produto, Y, e da taxa de juros, r. Se relaxarmos a hipótese de P constante, as variações no nível geral de preços provocarão alterações nos valores de equilíbrio de Y e de r, através das mudanças que ocorrerão na oferta real de moeda (Ms/P). Recorde-se que o nível de preços não entra na equação da IS, isto é, do mercado de produtos, constituindo-se em parte integrante apenas da curva LM pelo seu efeito na oferta real de moeda. Para derivarmos a curva de demanda agregada (D) da economia – num gráfico chamado Y-P (Y=produto ou renda; P= nível geral de preços) - basta verificarmos o que ocorre com o produto de equilíbrio, no sistema IS-LM - quando o nível de preços se altera. Observemos as Figuras 10.1a e 10.1b: ao nível inicial www.pontodosconcursos.com.br

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de preços P0, temos o par de equilíbrio r0 e Y0, determinado nos mercados monetário e de produtos (Figura 10.1a). Projetado na Figura 10.1b, obtemos o ponto A que indica o nível do produto de equilíbrio demandado (Y0) ao nível de preços P0. Agora, suponhase que o nível de preços se eleve para P1. O efeito desse aumento de preços pode ser visto de dois ângulos: com uma renda real constante, o aumento de P eleva a renda nominal, aumentando, aumentando a demanda por saldos monetários para transações; ou ainda, o aumento em P reduz a oferta real de moeda (Ms/P) criando um excesso de demanda por moeda no mercado monetário ao níveis iniciais de r e Y. Haverá, então, uma pressão sobre a taxa de juros que deverá, em conseqüência, se elevar – no caso presente, até r1. Esse fenômeno se verifica para qualquer nível de renda, acarretando um deslocamento da curva LM para a esquerda (Figura 10.1a). Ademais, como conseqüência da elevação da taxa de juros, a demanda de investimento se reduz, provocando uma redução no nível da renda de equilíbrio para Y1. A curva de demanda agregada (D) da economia é derivada ao verificarmos o que ocorre com o produto de equilíbrio demandado quando P varia. Vimos acima que uma elevação de P reduziu o nível da renda ou produto de equilíbrio para Y1. Combinando esse novo nível de Y com o novo nível de preços P1, obtemos o ponto B, no gráfico Y-P, mostrado na Figura 10.1b. Repetindo-se essa experiência para outros diferentes níveis de preço, verificaremos que haverá um nível de produto demandado para cada nível de preços. Ligando todos essas combinações obtemos a chamada curva de demanda agregada da economia, conforme mostrada na Figura 10.1b. A curva de demanda agregada (D) mostra uma relação inversa entre o nível de preços e o nível do produto demandado. Ou seja, à medida que o nível de preços se eleva, o produto de equilíbrio demandado na economia se reduz, e vice-versa.

r r1

LM1 LM0

r0

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IS (a)

Y0

Y1

Y

P P1

B

P2

A

D (b)

Y1

Y0

Y

Figura 10.1

Conhecida a curva de demanda agregada da economia, vejamos agora a função oferta agregada para que possamos achar os valores de equilíbrio do produto e do nível de preços.

10.2. A oferta agregada da economia Para derivarmos a curva de oferta agregada torna-se necessário definir uma função de produção para a economia como um todo. Essa função de produção mostrará qual a quantidade de produto agregado que pode ser obtida a partir de uma dada utilização de fatores de produção – aí incluídos a mão-de-obra, o estoque de capital, a quantidade de terra, o nível de tecnologia e outros. Para facilitar a análise, costuma-se simplificar a função de produção, limitando o número de fatores a apenas dois: o trabalho e o estoque de capital. Assim, o produto ofertado (Y) de uma economia pode ser assim definido: Y = f(K, L)

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(10.1.)

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onde, Y = produto agregado ofertado; K = estoque de capital; L = quantidade de trabalho ou empregada.

de

4

mão-de-obra

Pela função de produção definida na equação (10.1), o produto ofertado da economia (Y) depende da quantidade utilizada de capital (máquinas, equipamentos, etc.) e de mão-de-obra. Variações em K e em L provocarão variações em Y. Limitando-se a análise ao curto prazo, pode-se considerar que o estoque de capital permanece inalterado, isto é constante. Nesse caso, o nível do produto ofertado passa a ser função apenas da quantidade de mão-de-obra empregada, L. Assim temos: Y = f(K, L)

(10.2)

onde, K = estoque de capital, suposto constante; L = quantidade de mão-de-obra empregada, suposta variável. Essa função de produção de curto prazo está ilustrada na Figura 10.2a. que mostra o produto ofertado (Y) se expandindo de Y0 para Y1 à medida que a mão-de-obra empregada se expande de L0 para L1. Vale observar que a função de produção expressa na Figura 10.2a. pressupõe retornos crescentes a baixos níveis de emprego, passando a apresentar retornos decrescentes à medida que L se eleva. O nível máximo de produto total é atingido ao se empregar L2 homens. A partir daí, aumentos de mão-de-obra farão com que o produto total caia. Isso ocorre devido à hipótese de que o estoque de capital (K) permanece constante, decorrendo daí a conhecida Lei dos Rendimentos Decrescentes. Associada à função de produção mostrada na Figura 10.2a. está a Figura 10.2b. que mostra dois outros conceitos de produto importantes: o primeiro é o de produto médio do fator trabalho (PML) que é dado por Y/L. Graficamente, o produto médio é dado pela inclinação da reta que, saindo da origem, vai até um ponto qualquer da curva de produto total. Pode-se verificar que o PML cresce inicialmente, atinge um nível máximo e, a partir daí, começa a cair. O segundo conceito é o de produto marginal do trabalho (PMgL) que corresponde ao acréscimo no produto total www.pontodosconcursos.com.br

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decorrente do emprego de mais uma unidade de mão-de-obra, ou ∆Y/∆L. Y Y = f(K,L)

Y1 Y2

PML PMgL

(a)

L0

Y2

Y

PML (b)

L0

L1

Figura 10.2

L PMgL

Graficamente, o PMgL é dado pela inclinação da tangente em qualquer ponto da curva de produto total. Tal como o PML, o PMgL cresce inicialmente, atinge um nível máximo e, depois, cai indefinidamente, podendo até se tornar negativo. Vale observar que no ponto em que a curva do PML é interceptada pela curva do PMgL (e, portanto, nesse ponto os dois produtos são iguais), a inclinação da reta que sai da origem é máxima, coincidindo com a inclinação da tangente nesse ponto.

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Uma vez entendido que, no curto prazo, com o estoque de capital constante, o nível de produto ofertado depende exclusivamente do nível de emprego da mão-de-obra, L, faz-se necessário determinar o nível de L. Para tanto, temos que analisar o funcionamento do mercado de trabalho – valendo lembrar que, como qualquer mercado, o mercado de trabalho é constituído de uma demanda por mão-de-obra, por parte das empresas, e de uma oferta de horas de trabalho, por parte dos indivíduos que procuram emprego. Para uma melhor compreensão do assunto, faremos essa análise por parte, iniciando pela demanda da firma por mão-de-obra. 10.2.1. A demanda por mão-de-obra A demanda de uma firma competitiva por mão-de-obra é influenciada essencialmente pela receita adicional que a firma espera obter com a nova contratação de trabalhadores e com o custo adicional decorrente dessa contratação. A receita adicional é denominada de receita marginal (RMg) – que corresponde ao acréscimo na receita total decorrente da produção da nova mãode-obra empregada. Já o custo adicional é denominado de custo marginal (CMg) – e corresponde ao acréscimo no custo total decorrente do emprego de mais uma unidade de mão-de-obra. O custo marginal, no caso, corresponde ao salário (W) que a firma deve pagar ao trabalhador. Num mercado em concorrência perfeita, o preço do produto é dado pelo próprio mercado, não tendo a firma qualquer influência sobre o mesmo. Assim, a receita marginal (RMg) decorrente do acréscimo de mais uma unidade de mão-de-obra é dada por: RMg = P x PMgL (10.3) Com P constante, dado pelo mercado, e com o produto marginal decrescente, a receita marginal será decrescente. Supondo um custo marginal constante (dado pelo salário, W), a empresa competitiva empregará mão-de-obra enquanto a receita marginal for maior que o custo marginal, isto é, o salário, W. Com RMg decrescente, haverá um ponto em que RMg = CMg quando, então, a firma para de contratar mão-de-obra. Nesse ponto, a www.pontodosconcursos.com.br

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firma estará maximizando seus lucros totais (muito embora, nesse ponto, o lucro marginal (=RMG - CMg) seja zero). Assim, podemos concluir que o nível de demanda por mãode-obra (DL) de uma firma é definida pelo ponto em que RMg = CMg, ou P x PMgL = W

(10.4)

Ou ainda, W/P = PMgL

(10.5)

onde, W/P = w = salário real, e a curva de demanda da firma por mão-de-obra (DL) pode ser definida por: DL = f(W/P)

(10.6)

A demanda por trabalho de uma firma competitiva, tal como expressa pela equação (10.6), está ilustrada na Figura 10.3. Pela equação (10.6), verifica-se que a demanda por trabalho é uma função do salário real (W/P), fato esse aceito tanto pelos clássicos como pelos keynesianos. Já a demanda agregada por trabalho será a soma das quantidades demandadas pelas firmas individuais, a cada preço de mercado, oferecendo como resultado um demanda agregada semelhante àquela da Figura 10.3. Para um dado nível de preços, P0, a inclinação negativa da curva de demanda por trabalho (tanto individual, como agregada) é explicada pela produtividade marginal decrescente da mão-de-obra. w=W/P W0/P0 W0/P1

W0 = PMgL0 W1 =

PMgL1

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8

DL DL0

DL1

Figura 10.3

Vale observar que, caso o nível de preços se eleve de P0 para P1, a receita marginal (= P x PMgL) se elevará e, em conseqüência, a demanda por trabalho se eleva para qualquer nível de W nominal anterior. Isso porque, com o aumento do nível de preços, o salário real (W/P) se reduz, estimulando as empresas a empregarem mais mão-de-obra. Graficamente, esse aumento na demanda por trabalho implica um movimento para baixo ao longo da curva DL (Figura 10.3). 10.2.2. A oferta de trabalho Sem pretender entrar em detalhes quanto à decisão individual relativa à combinação de trabalho X lazer – o que envolveria uma análise da função utilidade e curvas de indiferença, a questão que nos interessa aqui é: a oferta de trabalho é função do salário real ou do salário nominal? Já foi visto que a demanda por trabalho parece ser realmente função do salário real, W/P. No entanto, há discordância quanto à oferta de trabalho. De um lado, há a hipótese clássica de que a oferta depende do salário real , não existindo, do lado do trabalhador a hipótese da “ilusão monetária”. De outro lado, há a hipótese keynesiana de que os trabalhadores ofertam mais ou menos horas de trabalho em função do salário nominal, reagindo pouco ou quase nada às variações de preços, originando-se daí o fenômeno da “ilusão monetária”.

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Não cabe aqui especular, em detalhes, com quem está a razão. Na verdade, a hipótese clássica1 da oferta de trabalho como função do salário real parece ser mais correta a longo prazo, mas a suposição de que aquela oferta seja função do salário nominal, W, pode ser mais útil para explicar as variações do nível de emprego no curto prazo. De qualquer forma, interessados que estamos em determinar o nível da oferta agregada, analisaremos as conseqüências de ambas as hipóteses sobre o equilíbrio no mercado de trabalho e, daí, sobre o nível do produto ofertado. Comecemos pela hipótese clássica. 10.2.2.1. A hipótese clássica Como foi dito, os economistas clássicos acreditam que os trabalhadores estarão mais dispostos a oferecer uma maior quantidade de trabalho (horas de trabalho) somente se o nível do salário real , w = W/P, se elevar. Caso o valor do salário real se reduza, os trabalhadores oferecerão menos horas de trabalho. Em outras palavras, não existe, da parte dos trabalhadores, a suposta ilusão monetária. Esse comportamento pode ser assim expresso: SL = g(w) = g(W/P)

(10.7)

onde, SL = montante de trabalho ofertado w = W/P = nível do salário real. Vale lembrar que, subjacente a esse raciocínio, está a idéia de que o trabalhador tem plena consciência do valor de seu produto marginal e assim exigirá um nível de salário nominal compatível com o nível de preços da economia e com aquele seu produto marginal. Ou seja, 1

Muito embora a Escola Clássica seja bastante definida no tempo – tendo vigorado entre 1750 até aproximadamente 1870/80 – o termo “clássico” se aplica, de uma forma geral, à economia pré-keynesiana. Na verdade, essa foi a denominação dada pelo economista inglês J.M.Keynes no início de sua obra, que revolucionou a teoria macroeconômica, “A Teoria do Juro, do Emprego e da Moeda”, publicada em 1936, aplicando a expressão a todos os economistas que o antecederam,

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W = P x PMgL

(10.8)

A expressão (10.7) está retratada na Figura 10.4 que indica o montante de trabalho ofertado, no agregado, a qualquer nível de salário real. A curva de oferta agregada de trabalho (SL) é positivamente inclinada, pois os trabalhadores oferecerão mais horas de trabalho à medida que o salário real se eleva. Assim, com um salário nominal igual a W0 e o nível de preços igual a P0 – o que define um nível de salário real igual a w0 – a oferta agregada de trabalho é igual a SL0. w=W/P

SL

W0/P0 W0/P1

SL1

SL0

SL

Figura 10.4 Um aspecto importante a salientar é que, caso haja, por exemplo, uma elevação de preços, digamos, de P0 para P1, o salário real, w, se reduz – implicando uma redução na oferta agregada de trabalho. Graficamente, isso é representado por um deslocamento para baixo ao longo da curva SL, com a oferta agregada de trabalho caindo para SL1, conforme se vê na Figura 10.4. 10.2.2.2. O equilíbrio no mercado de trabalho clássico

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Temos, assim, a função demanda e a função oferta de trabalho no modelo clássico DL = f (w) = f(W/P) SL = g(w) = g(W/P)

(10.9) (10.10)

Para que o mercado de trabalho esteja em equilíbrio, é necessário que DL = SL, ou seja: f(w) = g(w)

(10.11)

A visualização gráfica do equilíbrio no mercado de trabalho aparece na Figura 10.5. que representa a condição de equilíbrio expressa pela equação (10.11). w=W/P SL

wo=Wo/Po

DL L0

L

Figura 10.5 Assim, partindo da posição de equilíbrio definida por P0, w0, W0 e L0, vejamos o que acontece caso o nível de preços se eleve para P1. Esse aumento em P provocará uma queda no salário real (w =W/P) e, em conseqüência, haverá uma redução na oferta agregada de trabalho – implicando um deslocamento para baixo ao longo da curva SL da Figura 10.5 – e um aumento da demanda por trabalho – traduzido num deslocamento para baixo ao longo da curva DL. Haverá, então, um excesso de demanda por trabalho, o que fará com que os salários se elevem até que o salário real

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inicial (w0) seja recuperado e, conseqüentemente, o nível do emprego inicial, L0. Por esse raciocínio podemos concluir que o nível de emprego de equilíbrio, no modelo clássico, é determinado exclusivamente no mercado de trabalho, sendo independente das condições que vigoram nos mercados de produto e monetário, ou seja, do que ocorre com a demanda agregada da economia.

10.2.2.3. A curva de oferta agregada no modelo clássico Para derivar a curva do produto ofertado ou, simplesmente, curva de oferta agregada do modelo clássico, no gráfico Y-P, basta verificarmos o que acontece com o nível de emprego quando os preços sobem. Para tanto, vale relembrar que, no curto prazo, com o estoque de capital constante, as variações no nível do produto ofertado dependem exclusivamente das variações que ocorrem no nível de emprego, L. Assim, partindo do níveis iniciais de equilíbrio de W0 e P0 – que definem um nível de salário real, w0, e, conseqüentemente, o nível de emprego inicial igual a L0, conforme mostrado na Figura 10.6a – obtemos o ponto A no gráfico Y-P (Figura 10.6b), resultante da combinação do nível de preços P0 e do produto ofertado, Y0. Caso o nível de preços se eleve para P1, a oferta agregada de trabalho, como já sabemos, se reduz ao longo da curva SL, enquanto a demanda se eleva ao longo da curva DL. O excesso de demanda sobre a oferta de trabalho fará com que os salários nominais se elevem até que o salário real, w0, seja restaurado e, por isso, o nível de emprego permanece em L0. Como o nível de emprego não se expande, o produto agregado ofertado não deve se elevar. Projetando esse raciocínio para o gráfico Y-P, temos o mesmo nível de produto (Y0) porém ofertado, agora, a um nível de preços mais alto (P1) – o que nos fornece o ponto B na Figura 10.6b. w=W/P SL www.pontodosconcursos.com.br

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wo=Wo/Po

DL (a)

L0

L

P S P1

B

Po

A

(b)

Y0

Y

Figura 10.6 Repetindo a mesma experiência para outros níveis de preço, teremos vários preços para um mesmo nível de produto ofertado, Y0. Ligando todos essas combinações de P e Y0, obtemos a curva de oferta vertical S, mostrada na Figura 10.6b. Uma conclusão importante que pode ser retirada de tudo o que dissemos acima é que, no modelo clássico, a magnitude do produto de equilíbrio ofertado é determinado no mercado de trabalho. Se assim é, para os antigos economistas clássicos e para os modernos (os monetaristas), as medidas de política fiscal do governo, com o intuito de gerar mais emprego e mais produto,longe de atingir seus objetivos, só fazem aumentar os preços e alterar a distribuição do produto, sem mudanças no seu total. Isso ficará claro ao analisarmos o modelo clássico completo, a seguir. 10.2.2.4. O modelo clássico completo. www.pontodosconcursos.com.br

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Vamos, agora, analisar o modelo clássico completo, incluindo nele o produto de equilíbrio demandado, Y0 – definido pelo sistema IS-LM – e o produto de equilíbrio ofertado, também Y0 – determinado pelo mercado de trabalho. Todas as equações que atuam nesse modelo são já nossas conhecidas, ou seja: i) Equação da IS (mercado de produtos): Y = C + I – ir + G

(10.12)

ii) Equação da LM (mercado monetário):

(10.13)

Ms/P = kY + hr

iii) Função de produção de curto prazo: Y = f(K, L)

(10.14)

iv) Equilíbrio no mercado de trabalho: f(w) = g(w)

(10.15)

Essas quatro relações estão retratadas na Figura 10.7. Assim, suponhamos que os valores iniciais das variáveis relevantes sejam w0, P0, L0, Y0 e r0. Os valores iniciais de Y e de r são encontrados pela intersecção das curvas IS-LM, mostrados na Figura 10.7a. Como foi visto anteriormente, fazendo-se diversas hipóteses de níveis de preços, geramos a curva de demanda agregada (D0) no gráfico Y-P, conforme mostrado na Figura 10.7c. O mercado de trabalho, por sua vez, está em equilíbrio ao nível de w0, com o emprego situando-se em L0. O nível de emprego L0 determina, por seu turno, o nível do produto ofertado, Y0 (Figura 10.7c). Ao nível de preços P0, a oferta e a demanda agregada situam-se em Y0 (Figura 10.7c). Feitas essas considerações, vejamos os efeitos de alterações da política fiscal e da política monetária sobre o produto ou renda de equilíbrio da economia.

r

LM1 LM0 k x ∆G

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IS1 ISo (a)

Y0

Y

w=W/P SL wo DL (b) P

L0

L

S0

P1 P2

(c)

Y0

Y

Figura 10.7

Efeitos da Política Fiscal Ainda visualizando a Figura 10.7, suponha, para começar, que o governo, na tentativa de gerar mais empregos, resolva www.pontodosconcursos.com.br

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aumentar seus gastos – o que desloca a curva IS para a direita, até IS1 (Figura 10.7a), deslocando, conseqüentemente, a curva de demanda agregada para a direita (para D1, na Figura 10.7c). A partir daí, segue-se uma série de conseqüências. No raciocínio clássico, o excesso de demanda agregada forçará uma elevação dos preços, reduzindo a oferta real de moeda – o que se traduz num deslocamento da curva LM para a esquerda, até LM1. A redução da oferta monetária provoca uma elevação da taxa de juros, o que reduz a demanda por investimentos e, conseqüentemente, diminuindo o excesso de demanda agregada no mercado de produto. No mercado de trabalho, a elevação de preços reduz o salário real w, provocando um excesso de demanda por trabalho – o que fará com o salário nominal W se eleve até que seu valor real volte aos níveis anteriores, fazendo o nível de emprego retornar ao nível inicial (Figura10.7b). Observe-se que esse processo de ajustamento só terminará quando a taxa de juros tiver subido o suficiente para reduzir a demanda por investimento no mesmo montante do aumento em G. E, ao final desse processo de ajustamento, quais foram os efeitos do aumento em G? Raciocinando com o modelo clássico, o que se observa é que o aumento dos gastos do governo fez com que o nível de preços se elevasse, assim como o salário nominal W, mas sem afetar o salário real w. Como o salário real não se alterou, o nível de emprego se manteve em L0 e, em conseqüência, o produto ofertado permaneceu constante. Com o aumento de preços, a taxa de juros se elevou, reduzindo o nível de investimento no mesmo montante do aumento dos gastos do governo. Em conclusão, os efeitos finais da política fiscal de aumento em G foram apenas alocativos, com aumento da participação do governo na formação do produto e redução equivalente da participação dos investimentos privados. Efeitos da Política Monetária No modelo clássico, efeitos semelhantes ao da política fiscal podem ser observados caso o governo opte por estimular a www.pontodosconcursos.com.br

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demanda agregada expansionista.

através

de

uma

política

monetária

Assim, por exemplo, partindo das posições iniciais de equilíbrio mostradas na Figura 10.8, suponha que o governo expanda a oferta monetária, deslocando a curva LM para a direita (Figura 10.8a). O excesso de moeda na economia fará com que a taxa de juros comece a cair. A redução na taxa de juros estimula a demanda das empresas por investimentos e, daí, aumentando a demanda agregada (D)– o que se traduz por um deslocamento da curva D para a direita D1 (Figura 10.8.b). Agora, ao nível de preços P0 haverá um excesso de demanda agregada sobre a oferta agregada, forçando um aumento dos preços. Esse aumento dos preços reduzirá paulatinamente a oferta monetária real até que a curva LM retorne à sua posição original. No mercado de trabalho, os efeitos serão os já descritos anteriormente: a elevação dos preços reduz o salário real w, provocando um aumento da demanda das firmas por mão-de-obra – o que eleva o salário nominal até que o salário real volte ao seus níveis anteriores e, conseqüentemente, retornando o nível de emprego ao nível inicial. Ao final desse processo de ajustamento, os preços e os salários nominais – agora mais altos - serão as únicas variáveis que se alteraram como efeito da expansão monetária. A conclusão de tudo o que vimos é uma só: no modelo clássico, os efeitos das políticas fiscal e monetária sobre o nível do produto ofertado e do emprego são inócuos a longo prazo. A insistência governamental com tais políticas só fazem gerar aumentos de preços, isto é, inflação. Passemos, agora, à análise do modelo keynesiano – que adota a hipótese de que a oferta de mão-de-obra é função do salário nominal e, não, do salário real. r LM0 LM1 www.pontodosconcursos.com.br

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ro r1 IS (a)

Y0

Y1

Y

w=W/P

SL

wo DL (b)

L

L0

P S0 P1 Po D2 (c)

Yo

D1 Y

Figura 10.8

10.2.2.5. A oferta de trabalho como função do salário nominal

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Contrapondo-se à hipótese clássica de que a oferta de trabalho (SL) é função do salário real, há a hipótese keynesiana de que os trabalhadores ofertam mais ou menos horas de trabalho em função do salário nominal que lhes é oferecido, reagindo pouco ou quase nada às variações de preços, originando-se, daí, o conhecido fenômeno da ilusão monetária. A oferta de trabalho como função do salário nominal (W) pode ser assim expressa: SL = f(W)

(10.16)

Pela equação (10.16), caso o valor do salário nominal se eleve por qualquer razão, a oferta de trabalho aumentará e viceversa. Essa relação direta e positiva entre oferta de trabalho e salário nominal está retratada na Figura 10.9., mostrando que os trabalhadores só estarão dispostos a oferecer mais horas-homem de trabalho caso lhes seja pago um salário nominal maior. Um aspecto importante a observar aqui é que, caso haja um aumento dos preços, a curva de oferta de trabalho não se desloca, pois os trabalhadores só estão preocupados com o salário nominal que recebem. SL = f(W)

W W1 W0

L0

L1

Figura 10.9 W

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L

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P1 x PMgL P0 x PMgL

DL Figura 10.10

Vejamos, agora, como se dá o equilíbrio nesse mercado de trabalho. Deve ser salientado que, da parte da firma, a demanda por trabalho (DL) é sempre função do salário real (w = W/P), lembrando que a firma contratará pessoal até o ponto em que a RMg = CMg,. Como o custo marginal é dado pelo salário nominal (W) que ela paga e sua receita marginal é dada por P x PMgL, temos que W = P x PMgL

(10.17)

A equação (10.17) nos dá a demanda por mão–de-obra de uma firma. Em outras palavras, dado um salário nominal W, a firma contratará mão-de-obra até o ponto em que sua receita marginal (= P x PMgL) iguale aquele salário, tal como mostrado na Figura 10.10. Caso o salário nominal se reduza, a firma contratará mais mão-de-obra, reduzindo, em conseqüência, o PMgL de forma a manter a condição de equilíbrio expressa na equação (10.17). A condição de equilíbrio no mercado de trabalho pode, então, ser expressa assim: Ou

SL = DL f(W) = P x PMgL

(10.18)

A Figura 10.11 retrata essa condição de equilíbrio no mercado de trabalho, mostrando a curva de oferta e de demanda por trabalho para um dado nível de preços P0. A esse nível de preços, com o salário nominal estabelecido em W0, temos o nível de equilíbrio do emprego L0. Caso o salário fosse estabelecido em W1, haveria um excesso de demanda por trabalho igual à DL1 – www.pontodosconcursos.com.br

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SL1, o que forçará um aumento no nível do salário nominal até que o excesso de demanda por trabalho seja eliminado, voltando o emprego de equilíbrio a se situar em L0. W

SL

Wo W1 DL SL1

L0

DL1

L

Figura 10.11 10.2.2.6. A curva de oferta agregada no modelo de salário nominal Caso, por alguma razão, o nível de preços se eleve, o salário real se reduzirá para qualquer nível de salário nominal anterior, estimulando as empresas a demandarem mais mão-de-obra. Graficamente, isso implica num deslocamento da curva de demanda por trabalho para a direita, tal como mostrado na Figura 10.12a, passando para DL1, DL2, etc, à medida que os preços se elevam para P1, P2 e assim por diante. O aumento da demanda por trabalho faz com que o salário nominal se eleve de W0 para W1 e W2, provocando um aumento na oferta de mão-de-obra ao longo da curva Sn. Conseqüentemente, o nível de emprego se expande para L1, L2, etc. W SL

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W2 W1 W0

P2 x PMgL P1 x PMgL P0 x PMgL

(a)

L0

L1

L2

L

Y Y2 Y1 Y0

Y=f(K,L)

(b)

L0

L1

(c)

Y0

Y1

L2

L

P P2 P1 P0

Y2

Y

Figura 10.12

Pela função de produção mostrada na Figura 10.12b, o aumento do nível de emprego eleva o produto ofertado de Y0 para Y1 e Y2. Projetando-se esses valores no gráfico Y-P, podemos derivar a curva de oferta no modelo de salário nominal. Assim, ao nível de preços P0 – que determina o nível de emprego L0 – temos o produto ofertado Y0. Caso os www.pontodosconcursos.com.br

CURSOS ON-LINE – ECONOMIA I – PROF. MOZART FOSCHETE 23 preços subam para P1, o emprego crescerá para L1, elevando o produto ofertado para Y1, e assim sucessivamente. Obtemos, então, a curva de oferta agregada (S) mostrada na Figura 10.12c. Note-se que, ao contrário do modelo clássico, a curva de de oferta agregada no modelo de salário nominal apresenta-se positivamente inclinada. Efeitos da Política Fiscal Vejamos, agora, os efeitos da atuação da política fiscal sobre a atividade econômica. Suponha que a economia se encontra em equilíbrio aos níveis de P0, W0, L0, r0 e Y0, tal como mostrado na Figura 10.13 e que o governo, na tentativa de aumentar o nível de emprego, aumente seus gastos em ∆G. Graficamente, esse aumento em G desloca a curva IS para IS1 (Figura 10.13a) e, conseqüentemente, a curva de demanda agregada se desloca também para D1 (Figura 10.13c). Agora, ao nível de preços P0, a demanda agregada excede a oferta agregada, forçando um aumento dos preços. No mercado de trabalho, como já foi visto, o aumento dos preços reduz o valor do salário real w, estimulando as empresas a contratar mais mão-de-obra – o que se traduz num deslocamento da curva DL para a direita (Figura 10.13b) – com conseqüente elevação do salário nominal para W2 e do nível de emprego para L2. O aumento do nível de emprego eleva o produto ofertado para Y2 (Figura 10.13c), o que reduz a elevação de preços. No modelo IS-LM, o aumento inicial de preços reduz a oferta monetária real, deslocando a curva LM para a esquerda. Esse deslocamento só não é maior porque a oferta agregada se eleva e amortece um pouco o aumento dos preços. A redução (pequena) da oferta monetária eleva um pouco a taxa de juros de r1 para r2 apenas, reduzindo um pouco demanda por investimentos e, daí, reduzindo a demanda agregada de Y1 para Y2. Assim, diferentemente do modelo clássico, no modelo do salário nominal, ao final do processo de ajustamento, teremos: um nível de preços mais elevado, um maior nível de emprego e, conseqüentemente, um produto ofertado e demandado maior. O salário nominal (W) aumentou, mas o salário real (w) caiu. Sabemos que o salário real caiu porque o nível de emprego aumentou de L0 para L2.

R

IS1 IS0

LM1 LM0

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r2 r1 r0

(a)

Y0 Y1 Y2

Y

W SL W2 W0 DL2 = P2 x PMgL DL1 = P0 x PMgL

(b)

L0 L2

L

P

S

P2 P0 D1

D0 (c)

Y0 Y2

Y1

Figura 10.13 Efeitos da Política Monetária

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Y

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No modelo de salário nominal, os efeitos de um expansão monetária sobre o nível do produto, do emprego e dos preços são bastante semelhantes aos de uma política fiscal expansionista. Assim, partindo novamente das posições de equilíbrio inicial mostradas na Figura 10.14, suponha que o governo aumente a oferta monetária, deslocando, em conseqüência a curva LM para LM1 (Figura 10.14a) – o que provoca uma queda na taxa de juros e aumenta a demanda por investimento. Esse aumento no investimento implica um aumento da demanda agregada, deslocando a curva de demanda agregada de D0 para D1, no gráfico Y-P. Agora, ao nível de P0, há um excesso de demanda agregada sobre a oferta agregada e, como conseqüência, os preços começam subir. A partir daí, os desdobramentos são nossos conhecidos: o aumento de preços reduz o salário real w, o que aumenta a demanda por mão-de-obra e, daí, eleva o salário nominal, estimulando uma maior oferta de trabalho. O nível de emprego se eleva até L2 e, conseqüentemente, o nível do produto ofertado cresce até Y2. De outra parte, o aumento de preços reduz a oferta monetária, deslocando a curva LM para a esquerda até LM2. A curva LM não retorna à sua posição original simplesmente porque o produto ofertado aumentou e, com isso, o aumento de preços não foi tão intenso. De qualquer forma, a pequena redução da oferta monetária provocou uma pequena elevação da taxa de juros de r1 para r2, o que provoca uma queda nos investimentos. No gráfico Y-P, essa queda nos investimentos se traduz por um deslocamento para a esquerda, ao longo da curva de demanda agregada D1, até que o produto demandado se iguale ao produto ofertado ao nível de preços P2. Ao final do processo, observa-se mais uma vez que, ao contrário do modelo clássico, no modelo de salário nominal o aumento da oferta monetária elevou os preços, o nível de emprego e o nível do produto de equilíbrio da economia.

r ro

LM0 LM1

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r2 r1 IS (a) W

W1 W2

Y 0 Y2 Y1

Y SL

DL2 DL1

P2 x PMgL P0 x PMgL

(b)

L0

L2

L

P S P1 P0

D1 D0 (c)

Y0

Y2

Y1

Y

Figura 10.14

10.3. Determinação do nível de preços

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A partir do que foi dito até aqui temos já condições de determinar o nível geral de preços da economia. Na realidade, como acontece em qualquer mercado de produtos específicos, o preço, em nível agregado, é estabelecido na interseção da curva de oferta agregada com a curva de demanda agregada. De importante a destacar seriam os efeitos de um eventual aumento da demanda agregada sobre o nível de preços, quer se trate da hipótese de uma curva de oferta clássica (salário real), quer se trate de uma curva de oferta keunesiana (salário nominal). Vejamos as diferenças existentes nas duas hipóteses. 10.3.1. O nível de preços e a curva de oferta clássica Como já foi visto anteriormente, na hipótese clássica de salário real, a curva de oferta agregada (S) é vertical. Isso ocorre, para os clássicos, ao nível de “pleno emprego” – que, para eles, é o estado normal da economia. Eventuais desempregos são fenômenos temporários, resolvidos pelas próprias forças de mercado, isto é, pela oferta e demanda por produto e por mão-deobra. Assim, suponha que a economia se encontra em equilíbrio ao nível de preços P0 – nível este determinado pelo cruzamento das curvas de oferta e da demanda agregadas mostradas na Figura 10.15. A partir dessa situação inicial, suponha que o governo aumente seus gastos em ∆G – implicando, no gráfico Y-P, um deslocamento da curva de demanda agregada, D, para D1. Agora, ao nível inicial de preços P0, haverá um excesso de demanda agregada sobre a oferta agregada igual a Y1 –Y0, forçando os preços a subirem. Na hipótese clássica, como já vimos, esse aumento de preços reduzirá o valor do salário real, W/P, aumentando a demanda por mão-de-obra, mas reduzindo a oferta de mão-de-obra (que também é função do salário real). O excesso de demanda por mão-de-obra força o salário nominal, W, para cima, até que o salário real recupere seu valor inicial, eliminando, assim, o excesso de demanda por trabalho. Como o nível de emprego não se altera, o produto ofertado permanece o mesmo, ao nível de Y0. Todo esse processo de ajustamento está mostrado na Figura 10.15. www.pontodosconcursos.com.br

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P

S

P1 P0 D0 Y0=Yf

D1

Y1

Y

Figura 10.15 No mercado monetário, a elevação de preços reduz a oferta monetária real (Ms/P), deslocando a curva LM para a esquerda, o que eleva a taxa de juros e, daí, reduz a demanda por investimentos. No gráfico Y-P, a redução dos investimentos se traduz numa redução da demanda agregada, à medida que os preços sobem. Os preços só deixarão de subir quando for eliminado todo excesso de demanda agregada sobre a oferta agregada. Ao final desse processo de ajustamento, o produto de equilíbrio ofertado e demandado será o mesmo de antes, porém, os preços terão subido na proporção do aumento da demanda agregada, situando-se, agora, em P1, conforme se pode ver na Figura 10.15. 10.3.2. O nível de preços e a hipótese de salário nominal Com a hipótese de uma oferta de mão-de-obra com função de salário nominal, vimos que a curva de oferta agregada é positivamente inclinada, indicando que um eventual aumento de preços reduzirá o salário real (W/P), mas não o salário nominal (W), estimulando um maior emprego de mão-de-obra e, daí, aumentando o produto ofertado da economia. Assim, suponha que a economia esteja em equilíbrio ao nível de preços P0 – nível de preços esse determinado pelas curvas de www.pontodosconcursos.com.br

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demanda agregada (D) e de oferta agregada (S). A interseção daquelas duas curvas, além de determinar o nível de preços, determina, também, o nível de produto de equilíbrio Y0. Imaginemos, agora, que Y0 seja menor que o produto de pleno emprego e que o governo decida adotar uma política fiscal expansionista para melhorar os índices de desemprego, aumentando seus gastos, tal como no exemplo anterior, em ∆G. Graficamente, no modelo IS-LM, tal medida implica um deslocamento para a direita da curva IS. No gráfico Y-P, a curva de demanda agregada D se desloca para direita (Figura 10.16), criando um excesso de demanda agregada sobre a oferta agregada igual a Y1 –Y0. Consequentemente, os preços começam a subir.

S P1 P0

D1 D0 Y0

Yf

Y1

Figura 10.16 Na hipótese de uma oferta de trabalho como função do salário nominal, o aumento dos preços reduz o valor do salário real (W/P), estimulando as firmas a empregarem mais homens. O aumento na demanda por mão-de-obra faz o salário nominal, W, crescer, aumentando a oferta de mão-de-obra. Como o aumento de W não ocorre na mesma proporção do aumento dos preços, o nível de emprego se eleva e, daí, aumentando o nível do produto ofertado – o que diminui a intensidade do aumento de preços. No modelo IS-LM, o aumento dos preços reduz a oferta real de moeda, deslocando a curva LM para a esquerda. Esse www.pontodosconcursos.com.br

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deslocamento, como já foi visto, é relativamente menor que o deslocamento da curva IS devido ao aumento do produto ofertado que reduz o aumento dos preços. No final desse processo de ajustamento, o nível de emprego terá aumentado, elevando, conseqüentemente, o nível do produto ofertado, enquanto o nível de preços terá se elevado para P1. Vale observar que esse aumento de preços verificado no modelo de salário nominal é menor que aquele observado no modelo de salário real, dado que o nível de produto ofertado se elevou. * * * Tendo, assim, desenvolvido toda uma explicação teórica sobre o produto de equilíbrio demandado e ofertado, e de determinação do nível geral de preços da economia, seja do ponto de vista do modelo clássico e do modelo de salário nominal, identificado este com a escola keynesiana, concluímos a parte teórica de nosso Curso de Economia I. Acredito que, para os alunos não-economistas, principalmente, esta deve ter sido a Aula mais “pesada” deste nosso Curso, devido aos inúmeros gráficos, muitas vezes integrados um ao outro. Mas, para aqueles que tiverem um pouco mais de dificuldade no aprendizado deste tópico, vale o seguinte conselho: guarde as hipóteses básicas de cada Escola: a Clássica e a Keynesiana. E também os principais efeitos das políticas fiscal e monetária em cada Escola. Bem, outros tópicos, um pouco mais avançados talvez, serão tratados em nosso já programado Curso de Economia II. * * * Com essas colocações, encerramos esta nossa 10ª Aula. A seguir, e como sempre, são apresentados alguns exercícios de revisão e fixação sobre os modelos de oferta e demanda agregadas.

Nossas próximas duas e últimas aulas serão apenas de exercícios de revisão. Até lá e fiquem com meu abraço! _____________________

EXERCÍCIOS DE REVISÃO E FIXAÇÃO (gabarito no final): 1. Não é correto afirmar: a) Se o aumento relativo do nível de preços é superior ao aumento relativo na quantidade nominal de moeda, a oferta real de moeda se reduz e a LM se desloca para cima e para a esquerda.

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CURSOS ON-LINE – ECONOMIA I – PROF. MOZART FOSCHETE 31 b) Se o aumento relativo na quantidade nominal de moeda é maior que o aumento relativo no nível de preços, a oferta real de moeda se eleva e a LM se desloca para baixo e para a direita. c) Se o nível de preços se reduz, ceteris paribus, a oferta real de moeda diminui e a curva LM se desloca para a esquerda. d) Se o aumento relativo da quantidade nominal de moeda for igual ao aumento relativo no nível de preços, a oferta real de moeda permanece constante e a LM não se altera. e) Um aumento no nível de preços, não acompanhado por um aumento na quantidade nominal de moeda, eleva a taxa de juros. 2. Um aumento do nível de preços: a) Provoca uma queda na demanda agregada, implicando, graficamente, um deslocamento ao longo da curva de demanda agregada. b) Provoca uma queda na demanda agregada, implicando, graficamente, um deslocamento da curva de demanda agregada para a esquerda. c) Provoca automaticamente um aumento da oferta agregada. d) Provoca uma queda na oferta agregada. e) Nenhuma das alternativas anteriores. 3. Com relação à curva de demanda agregada (no gráfico Y-P), marque a alternativa incorreta: a) Se o governo aumentar seus gastos, a curva IS se desloca para a direita e, conseqüentemente, a curva de demanda agregada também se desloca para a direita. b) Um aumento da oferta monetária, desloca a curva LM para a direita, reduzindo a taxa de juros e aumentando o investimento - o que provoca um deslocamento ao longo da curva de demanda agregada. c) Um aumento do nível de preços reduz a oferta real de moeda e desloca a LM para a esquerda, provocando, conseqüentemente, um deslocamento para cima e ao longo da curva de demanda agregada. d) Se, para um dado nível de preços, o Banco Central reduzir a oferta nominal de moeda, através de operações de open-market, a taxa de juros se elevará, provocando queda no investimento e, conseqüentemente, um deslocamento da curva de demanda agregada para a esquerda. e) Se o governo reduzir os impostos (T), o consumo privado aumentará - o que deslocará a curva de demanda agregada para a direita. 4. A função keynesiana de oferta de trabalho postula que os trabalhadores a) Aceitam uma diminuição do salário monetário ou nominal desde que esta redução aumente o nível de emprego. b) Aceitam uma diminuição do salário real, mas não do salário nominal vigente. c) Aceitam uma diminuição do salário nominal, mas não do salário real. d) Não aceitam diminuição nem no salário nominal, nem no salário real. e) Havendo desemprego, aceitam diminuição tanto do salário nominal como do real.

5. (Concurso do AFC) No modelo "clássico" de determinação do produto, renda e emprego, o mercado de trabalho é concebido da seguinte maneira: a) A curva de demanda é inversamente relacionada com a produtividade marginal física do trabalho e a oferta de trabalho é função do salário real. b) A curva de demanda é inversamente relacionada com a produtividade marginal física do trabalho e a oferta de trabalho é função do salário nominal.

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CURSOS ON-LINE – ECONOMIA I – PROF. MOZART FOSCHETE 32 c) A curva de demanda é perfeitamente inelástica e a oferta de trabalho é função do salário nominal. d) A curva de demanda se identifica com a produtividade marginal física do trabalho e a oferta de trabalho é função do salário real. e) A curva de demanda se identifica com a produtividade marginal física do trabalho e a oferta de trabalho é função do salário nominal. 6. (Concursos do AFC) Indique a opção de resposta errada, quanto às hipóteses adotadas pelo modelo "clássico" de equilíbrio no mercado de trabalho: a) O equilíbrio pode se dar aquém da situação de pleno emprego. b) Prevalece a concorrência perfeita na produção de bens e serviços. c) Os trabalhadores são remunerados na medida do valor do seu produto marginal. d) As empresas são maximizadoras de lucros. e) A curva de demanda de trabalho mostra relação inversa entre salário real e quantidade demandada de trabalho. 7. Com relação ao mercado de trabalho, não é correto afirmar: a) No modelo clássico, a oferta de trabalho é função do salário real. b) No modelo keynesiano, a demanda por trabalho é função do salário real. c) No modelo clássico, a demanda por trabalho é função do salário real. d) No modelo clássico, o equilíbrio do mercado de trabalho sempre ocorre ao nível do pleno emprego. e) No modelo keynesiano, enquanto a economia estiver abaixo do pleno emprego, os trabalhadores estarão dispostos a oferecer mais horas de trabalho, desde que o salário nominal se eleve. 8. Assinale a alternativa incorreta: a) No modelo clássico, a curva de oferta agrregada é vertical, ao nível do pleno emprego. b) No modelo keynesiano, a curva de oferta agregada é negativamente inclinada em relação ao nível de preços. c) No modelo de salário nominal, a curva de oferta agregada é positivamente inclinada em relação ao nível de preços. d) No modelo clássico, por hipótese, a economia está sempre no pleno emprego. e) O modelo keynesiano parte, geralmente, da hipótese de que a economia está em recessão, isto é, abaixo do pleno emprego. 9. De acordo com o modelo clássico, as conseqüências de uma política fiscal expansionista são: a) Um aumento no nível de preços, uma elevação do salário real e queda do nível de emprego. b) Uma queda dos preços e conseqüente aumento da demanda agregada, porém sem alterar a oferta agregada. c) Uma queda dos preços, seguida de aumentos na demanda e na oferta agregadas. d) Um aumento dos preços, seguida de queda do salário real e conseqüente aumento do nível de emprego e do produto ofertado. e) Um aumento no nível de preços, uma elevação do salário nominal, mas não do salário real, sem alteração do nível de emprego e da oferta agregada. 10. No modelo de salário nominal, caso o governo adote uma política fiscal expansionista, observar-se-ão os seguintes efeitos no sistema econômico: a) Os preços subirão e tanto o nível de emprego como a oferta agregada cairão.

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CURSOS ON-LINE – ECONOMIA I – PROF. MOZART FOSCHETE 33 b) Os preços cairão, com conseqüente aumento do salário real e queda do nível de emprego. c) Os preços subirão, o salário real cairá, resultando em um aumento do nível de emprego e, daí, do produto ofertado. d) O salário nominal crescerá na mesma proporção do aumento dos preços e, conseqüentemente, o nível do emprego e do produto ofertado se manterão inalterados. e) Os preços cairão, com conseqüente queda no nível de emprego e do produto ofertado. _________________ GABARITO: 1. c; 2. a; 6. a; 7. e;

3. b; 8. b;

4. b; 9. e;

5. d; 10. c.

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AULA 11: EXERCÍCIOS DE REVISÃO: 1ª BATERIA Nesta 11ª e penúltima Aula deste nosso Curso de Economia I, nós vamos fazer uma revisão complementar da matéria ensinada, resolvendo as questões que apresentamos ao final de cada uma de nossas Aulas. Mas, como nosso objetivo principal é preparar vocês em Macroeconomia – visando principalmente o concurso do AFRF – nós vamos nos centrar nos exercícios das Aulas de macroeconomia, a partir da Aula 5 - (agora renumerada)1 – sobre Balanço de Pagamentos e Taxa de Câmbio. Aliás, a maioria dos exercícios propostos nas quatro primeiras aulas já foram resolvidos na própria aula. Obviamente, algumas questões propostas são por demais simples e dispensarão nossos comentários. Mas se, por acaso, alguns de vocês não conseguirem resolver alguma questão que eu tenha julgado fácil, é só enviar suas dúvidas para o Fórum. Comecemos, então, pela Aula 5 – sobre o Balanço de Pagamentos e Taxa de Câmbio. Mãos à obra!

I - Aula 5 – Balanço de Pagamentos e Taxa de Câmbio Exercícios de revisão e fixação - soluções comentadas: 1. A resposta da questão é a letra b , pois dependendo da operação, pode ser gerado ou um “haver” (se for uma compra) ou uma “obrigação” (se for uma compra ou um endividamento). 2. Muito óbvia: a resposta correta é a letra e. 3. Também óbvia: letra e. Qualquer dúvida, dê uma revisada na estrutura do Balanço de Pagamentos (BP). 4. Óbvia: letra d. Os investimentos diretos fazem parte da conta de capitais autônomos. 5. Óbvia: letra d. Essas são as rendas dos capitais de investimentos (lucros) e dos capitais de empréstimos (juros)> 6. Óbvia: letra a. 1

A Aula 0 – sobre Elasticidade – foi feita como Aula-demonstraçaõ. Na verdade, ela deveria receber a denominação de Aula 3, pois seu lugar é após a Aula 2 – sobre o Estudo do Mercado: demanda e oferta. Assim feito, a Aula sobre Introdução à Macroeconomia – que era a Aula 3 – virou Aula 4.

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7. Óbvia: letra d. 8. A resposta correta é a letra b. Os eventuais déficits na Balança de Transações Correntes (BTC) são cobertos, em princípio, pelos recursos que entram na conta de capitais autônomos (empréstimos, investimentos, etc.). Se estes não forem suficientes, então o país terá de lançar mão de movimentos induzidos de capital (haveres em moeda no exterior – reservas-, empréstimos de agência oficiais, como FMI, Banco Mundial, etc.). 9. A resposta é a letra c. Ao vender ouro para a indústria nacional, o Banco Central recolhe Reais de circulação – daí o termo “desmonetização” . 10. A resposta é a letra e. Trata-se de uma operação entre dois residentes (no Brasil) – o passageiro e a Varig – e, como tal, não envolve divisas estrangeiras e, portanto, não é registrada no BP. 11. A resposta é a letra b. Quando uma empresa estrangeira reinveste parte de seus lucros, faz-se o registro de saída do lucro total no item “remessa de lucros” (com sinal negativo) da conta de serviços e dá entrada em “reinvestimentos diretos”, na conta de capitais autônomos, da parte que foi reinvestida. É como se a empresa tivesse remetido para a matriz todo o lucro obtido no Brasil e, depois, investido parte deste lucro no país. 12. A resposta é a letra d. Sempre que houver um déficit na balança de transações correntes, este déficit tem de ser coberto com recursos externos. Estes recursos externos são considerados poupança externa – que vai financiar parte da formação bruta de capital fixo do país. 13. Resposta óbvia: letra e. Quando se diz “conta de capital” está-se geralmente se referindo aos capitais autônomos – que não têm nada a ver com os “capitais compensatórios”. 14. Resposta óbvia: letra a. As contas de regularização são financiamentos obtidos junto aos organismos internacionais tipo FMI, Banco Mundial, etc. para ajudar a fechar o BP. 15. “Operações sobre a linha” são aquelas que ocorrem em função das forças de mercado, sem interferência do Banco Central, como são as importações, as exportações, empréstimos, seguros, viagens, investimentos diretos, etc. A resposta correta é, então, a letra c. 16. Resposta: letra c. O conceito mais relevante de equilíbrio do BP é o equilíbrio da balança de transações correntes (BTC)– que registra as compras e vendas de bens e serviços do país para o exterior. 17. “Operações sob a linha” referem-se aos movimentos de capitais compensatórios realizados pelo Banco Central para fechar o BP. A resposta, então, é a letra a. 18. Resposta óbvia: letra b. 19. Resposta óbvia: letra a. 20. Resposta óbvia: letra c.

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21. Resposta letra c. Isso porque o objetivo de uma desvalorização cambial é tornar nossos produtos mais baratos no exterior. Se a demanda por estes produtos for elástica – isto é, os compradores estrangeiros reagem bem a uma queda de preço de nossos produtos – nós vamos vender muito mais e a receita em dólares aumentará. Mas, preste atenção: isso só ocorre se a demanda for elástica a preço. 22. Resposta óbvia: letra a. Este é, geralmente, o objetivo de uma maxidesvalorização cambial. 23. Letra c. Se o país importar basicamente bens essenciais, uma maxidesvalorização não vai reduzir nossas importações – pois estes bens são inelásticos a preço. O mesmo vale para as exportações de produtos primários (geralmente produtos agrícolas). 24. O saldo do BP corresponde à soma do saldo da BTC (-100) + o saldo da conta de capitais autônomos (-100); ou seja, no caso presente é igual a -200. Portanto, a resposta correta é a letra b. 25. O Saldo da BTC corresponde à soma do saldo da balança comercial (+450) mais o saldo das exportações e das importações de serviços não-fatores (+100) mais o saldo das transferências unilaterais (donativos) (+50) mais o saldo das exportações e das importações de serviços de fatores (igual à renda líquida enviada ao exterior). Como a soma dos dados conhecidos acima dá 600 e como o saldo da BTC foi um déficit de 150, então a renda líquida enviada ao exterior foi 750, e a resposta, então, é a letra b. __________________________

II – Aula 6: A Moeda e o Sistema Bancário Exercícios com soluções comentadas: 1. A afirmativa incorreta é a letra d. A moeda bancária ou escritural é representada pelos depósitos à vista do público nos bancos comerciais. 2. Resposta: letra c. Os sistemas de trocas diretas trocam mercadoria por mercadoria. 3. Resposta: letra c. Hoje, não existe “moeda-papel” – que seria um certificado bancário com lastro em ouro ou outro metal precioso. 4. Resposta: letra c. A afirmativa nem tem sentido. 5. Resposta óbvia: letra a. 6. A resposta é a letra b. Se você tem dúvidas, dê uma revisada no item 6.2. – Indicadores Monetários – da Aula 6. 7. Resposta óbvia: letra b. www.pontodosconcursos.com.br

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8. O único ativo que tem “liquidez absolta ou liquidez por excelência” é o próprio dinheiro (nota ou moeda metálica). Logo, a resposta é a letra d. 9. Resposta um tanto óbvia: letra b. 10. Na realidade, os meios de pagamento (MP) são compostos do Papel-moeda em poder do público (PMP) + os depósitos à vista do público nos bancos Comerciais (DV). O PMP é, por sua vez, constituído das moedas metálicas e do papel-moeda propriamente dito. Assim, a resposta correta é a letra c. 11. A resposta já está no gabarito. 12. Papel-moeda em circulação (PMC) = Papel-moeda emitido (PME) menos o dinheiro em caixa do Banco Central. Logo, PMC = 400 – 40 = 360; PMP = PMC menos encaixe em moeda dos bancos comerciais (R1)=360 – 60 = 300 Logo, a resposta é a letra b. 13. MP = PMP + DV; e DV = moeda escritural. Assim, MP = 300 + 600 = 900; já base monetária (BM) = PMP + total das reservas bancários = 300 + 60 + 240 = 600. Logo, a resposta é a letra a. 14. O multiplicador dos meios de pagamento pode ser deduzido da seguinte fórmula: k=MP/BM = 900/600 = 1,5. Resposta: letra c. 15. A outra fórmula do multiplicador bancário é: k = 1/1-d(1-r), onde d = fração dos meios de pagamento sob a forma de DV; e r = taxa das reservas bancárias sobre os DV. Assim, 1/1-0,8(1-025) = 1/1-0,6 = 1/0,4 = 2,5. Resposta: letra b. 16. Resposta: letra d. Veja questão 13, acima. 17. Todas as alternativas aumentam o valor do multiplicador bancário, exceto a letra e – que, então, é a resposta correta. 18. A fórmula do multiplicador simples é: k = 1/r. Assim, k = 1/0,4 = 2,5. Resposta: letra d. 19. Ao vender títulos públicos, o Banco central estará tirando dinheiro de circulação. Com menos dinheiro em circulação, os meios de pagamento se reduzem e a taxa de juros tem a se elevar pela escassez de recursos circulando. Então, a resposta é a letra b. 20. Resposta um tanto óbvia: letra d. o Banco Central não tem a função de captar poupança. 21. Não dá para demonstrar aqui esta contabilidade do sistema monetário (que é composto pelo Banco Central + os bancos comerciais). Mas, a resposta correta é a letra a. 22. Letra c. Veja questão 13, acima. 23. Também não dá para demonstrar aqui a contabilidade do Banco Central. Mas a resposta correta é a letra e. 24. A oferta monetária, por definição, é igual ao total de meios de pagamento. Logo, a resposta é a letra d. www.pontodosconcursos.com.br

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25. Pela mesma razão mencionada na questão 17, a resposta é a letra d. 26. A afirmativa da letra c não se constitui em instrumento clássico de controle monetário. Esta é, então, a resposta. 27. Resposta correta: letra c. ___________________________

III – Aula 7: A macroeconomia keynesiana Exercícios de revisão com solução comentada: 1. A lei (clássica) de Say diz que “a oferta cria sua própria demanda”. Logo, a resposta é c. 2. Para os clássicos, tanto a poupança como o investimento dependem apenas da taxa de juros. Então, a resposta é a letra e. 3. Para Keynes, o consumo depende, positiva e exclusivamente, do nível da renda disponível. Resposta: letra b. 4. Esta é uma definição matemática, sem maiores comentários. Resposta: letra a. 5. PMgC = ∆C/∆Yd = 2.400/3.000 = 0,8. Resposta: letra d. 6. A propensão marginal a poupar (s) é o complemento da propensão marginal a consumir (b). Se b = 0,8, então s = 0,2; se b = 0,75, então, s = 0,25. Assim, a única afirmativa incorreta é a letra c. 7. A propensão média a consumir é dada pelo consumo total dividido pela nível da renda disponível. Ou: (a +bYd)/Yd. Logo, a resposta é a letra e. 8. Para Keynes, tanto o consumo como a poupança são função direta do nível da renda disponível. Logo, a resposta é a letra b. 9. A Yd = C + S ou: S = Yd – C = Yd – a –bYd; Ou, S = -a +Yd (1-b). Logo, a resposta é a letra a. 10. A definição correta de eficiência marginal do investimento é a constante da letra c. 11. A única afirmativa incorreta é a letra d. O principal componente do consumo é aquele relacionado com o nível de renda (bYd). 12. A fórmula do multiplicador keynesiano simples é: k = 1/1-b (sendo b = PMgC). Assim, k = 1/1-0,75 = 1/0,25 = 4. Resposta: letra c. 13. O “hiato inflacionário” ocorre quando há um excesso de demanda agregada na economia em relação ao nível do produto de pleno emprego (Yf). A resposta, então, é a letra c.

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14. O “hiato deflacionário” é o contrário: ocorre quando a demanda agregada corrente (Yc) está abaixo do nível do produto de pleno emprego (Yf). Resposta: letra e. 15. Primeiro, temos de achar o multiplicador: k = 1/1-b = 1/1-0,75 = 4. Como há um hiato inflacionário de 100 bilhões, é necessário que a variação na renda (∆Y) seja igual a uma redução de 100 bilhões para volta ao nível do pleno emprego. Ocorre que: ∆Y = k x ∆I; ou: -100 = 4 x ∆I e, portanto, ∆I = -25 bilhões. Ou seja, é necessário, neste caso, haver um corte de 25 bilhões nos investimentos. Então, a resposta é: letra e. 16. Solução: Y = C + I >> Y = 200 + 0,9Y + 500 >> Y – 0,9Y = 700 >> 0,1Y = 700; >>> Y = 1/01 x 700 = 10 x 700 = 7.000. Resposta: letra b. 17. Lembre-se que: ∆Y = k x ∆I. Logo, ∆Y = 10 x 50 = 500. Resposta: letra a. 18. Resposta: letra d. Sem maiores comentários. 19. Com os dados da questão, a equação para se achar o produto de equilíbrio é a seguinte: Y = a + b(Y-T +R) +I + G Ou: Y = 100 + 0,8(Y – 200 + 100) +300 +500 Y = 900 + 0,8Y – 160 + 80 Y – 0,8Y = 820 >> 0,2Y = 820 >> Y = 1/0,2 x 820 >> Y = 5 x 820 >> Y = 4.100. Logo, a resposta é a letra d. 20. Ora, será necessária uma variação ou aumento no produto (∆Y) igual a 1.900 (ou: 6.000 – 4.100). Como ∆Y = k x ∆G e como k = 5, temos: 1.900 = 5 x ∆G; Ou: ∆G = 1900/5 = 380. E a resposta é a letra c. 21. O multiplicador dos impostos é igual a uma unidade a menos que o multiplicador dos gastos, porém com sinal negativo. Como já vimos que k = 5, então o multiplicador dos impostos será –4. Resposta: letra d. 22. “Orçamento equilibrado” ocorre quando o aumento dos gastos do governo (∆G) é igual ao aumento dos impostos para financiar este aumento em G. O multiplicador deste “orçamento equilibrado” é sempre igual a 1 (desde que os impostos não seja associados ao nível de renda). Logo, a resposta é a letra a. 23. Como o aumento do produto ou da renda (∆Y) deve ser 1.000 (=5.100 – 4.100), e como o multiplicador do orçamento equilibrado é 1, temos: ∆Y = k x ∆G >> 1000 = 1 x ∆G >> portanto, ∆G = 1000. Resposta: letra d. 24. Como já vimos, o multiplicador dos impostos (kt), neste caso, é – 4. Como a renda deve crescer 1000, temos: ∆Y = kt x ∆T >> 1000 = - 4 x ∆T >> ∆T = 1000/-4 = 250. Ou seja, deve haver um corte ou redução nos impostos de 250 e a resposta é a letra a. 25. Neste caso, a equação do produto será: Y = a + b(Y – T – tY + R) + I + G Ou: Y = 200 + 0,75(Y – 400 – 0,2Y + 200) + 400 + 500 Y = 1.100 + 0,75Y – 300 – 0,15Y + 150 www.pontodosconcursos.com.br

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Y- 0,75Y + 0,15Y = 950 0,4Y = 950 >> Y = 1/0,4 x 950 >> Y = 2,5 x 950 =2.375. E a resposta é, portanto, a letra e. 26. O aumento na renda de equilíbrio será o resultado do aumento nos gastos do governo + o aumento nos impostos. O multiplicador de G é: k = 1/1-0,8 = 5. Então, o multiplicador do aumento dos impostos é – 4. Neste caso, se o governo aumentar os impostos em 125, renda cairá 500 (= - 4 x 125) e se, ao mesmo tempo, o governo gastar mais 200, a renda crescerá 1.000. Somando estes dois efeitos, teremos um aumento na renda de equilíbrio de 500 bilhões. Logo, a resposta é a letra b. 27. Substituindo na equação do modelo completo os valores dados pela questão, temos: Y = 40 + 0,8 (Y – 0,2Y) + 200 + 300 + 100 – 40 – 0,14Y Y = 600 + 0,8Y – 0,16Y – 0,14Y Y = 600 + 0,5Y >> Y – 0,5Y = 600 >> 0,5Y = 600 >> Y = 1/0,5 x 600; Ou: Y = 2 x 600 = 1.200. O multiplicador, então, é 2. E a resposta é a letra d. 28. Já foi achado na questão anterior que o nível da renda de equilíbrio é 1.200. Então, a resposta é a letra a. 29. Resposta: letra c. Quando a economia entra em recessão, a renda cai e, daí, o consumo cai, o que vai repercutindo geometricamente no nível da renda de equilíbrio. Mas, neste momento, entram em cena o auxílio desemprego, os impostos sobre a renda se reduzem – o que amortece em parte a queda na renda de equilíbrio. Estes mecanismos são chamados de “estabilizadores automáticos. 30. Substituindo os valores dados na questão na fórmula do modelo keynesiano completo, temos: Y = 60 + 0,8(Y – 50 – 0,2Y) + 100 + 0,2Y + 200 + 40 – 20 -0,04Y Y = 60 + 0,8Y – 40 – 0,16Y +100 + 0,2Y + 200 + 40 – 20 – 0,04Y Y – 0,8Y + 0,16Y -0,2Y + 0,04Y = 340 Y – 0,8Y = 340 >> 0,2Y = 340 >> Y = 1/0,2 x 340 Y = 5 x 340 = 1.700. Resposta: letra e. ___________________________________

IV – Aula 8: O Modelo IS-LM

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Exercícios de revisão com solução comentada: 1. A definição da Curva IS é exatamente a que aparece na letra b – que é a resposta correta. 2. Pela mesma razão, a definição da Curva LM é a que aparece na letra a – que é a resposta correta. 3. A redução da carga tributária aumenta a renda disponível e, daí, aumenta o consumo. Todo aumento de gastos (aumento de G, ou aumento de I, ou aumento de C) tende a levar a IS para a direita. Logo a resposta é a letra e. 4. O aumento nos gastos do governo desloca a curva IS para a direita, cortando, agora a curva LM num ponto mais elevado – o que eleva a taxa de juros. Logo, a resposta é a letra a. 5. Se o governo reduzir a oferta monetária, a taxa de juros vai se elevar e, em conseqüência, os investimentos vão cair, reduzindo ainda mais a renda. Logo, a única medida que não eleva a renda é a descrita na letra b. 6. Todo aumento na oferta monetária, isto é, na quantidade de dinheiro em circulação, causa um deslocamento da curva LM para a direita. Resposta: letra d. 7. Resposta correta: letra d. Resposta um tanto óbvia. 8. Uma política fiscal expansionista desloca a curva IS para a direita, aumentando Y de equilíbrio, mas provocando um aumento na demanda por moeda para transações. Como a oferta monetária permanece a mesma, este aumento na demanda por moeda causa um aumento na taxa de juros. Logo, a resposta correta é a descrita na letra c. ________________________

V – Aula 9 – A macroeconomia aberta Exercícios de revisão com solução comentada Para responder todas as questões propostas nesta Aula 9 é importante ter em mente as seguintes conclusões (retiradas do modelo Mundell-Fleming): 1. Se o país adota um regime de taxas de câmbio flutuantes: a) A política fiscal não tem qualquer efeito sobre o nível do produto, mas taxa de câmbio se elevará,;

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b) A política monetária, ao contrário, é muito eficaz no sentido de provocar um aumento do nível da renda de equilíbrio, com conseqüente queda na taxa de câmbio, ocorrendo, também, um aumento nas exportações líquidas. c) A política comercial restritiva não terá qualquer efeito no sentido de melhorar a conta de transações correntes, nem o nível da renda de equilíbrio, mas provoca um aumento na taxa de câmbio. 2. Se o país adota um regime de taxas de câmbio fixas: a) A política fiscal passa a ser a política mais eficaz para elevar o nível do produto da economia, com redução da taxa de juros; b) Já a política monetária se torna inteiramente ineficaz para este fim. c) A política comercial é eficaz, elevando a renda agregada e, também, as exportações líquidas. Observação: quem tem dúvidas sobre estas conclusões, deve reler a análise que é feita nesta Aula 9. Se você achar isso um “saco”, não se preocupe: apenas decore as conclusões acima – que pode ser o suficiente para você acertar a questão da prova. Com isso explicado, as respostas dos Exercícios da Aula 9 passam a ser um tanto óbvias. Senão, vejamos: Questões; 1. Conforme visto acima, a resposta correta é a letra b. 2. Resposta: letra b. 3. Resposta: letra a. 4. A resposta correta seria um item e – que não apareceu com os seguintes dizeres: d) um aumento da renda agregada, sem efeitos sobre a taxa de câmbio e com aumento das exportações líquidas (isto, se o governo impuser alguma restrição às importações). Caso o governo não pratique nenhum tipo de restrição comercial, a resposta correta é a letra d. 5. A resposta correta seria: letra e: aumento na renda agregada, queda da taxa de câmbio e aumento nas exportações líquidas. 6. Também aqui a resposta correta seria a letra e: a renda agregada e o saldo em transações correntes permanecem inalterados e a taxa de câmbio se eleva. __________________________

VI – Aula 10: O modelo de oferta e demanda agregadas: Exercícios de revisão com solução comentada: www.pontodosconcursos.com.br

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1. Uma redução no nível de preços provoca um aumento na oferta real de moeda, implicando um deslocamento da curva LM para a direita. Esta queda no nível de preços tem o mesmo efeito de um aumento na quantidade monetária, mantido o nível de preços constante. Logo, a afirmativa c está incorreta e é a resposta da questão. 2. Como a variável “preço” está no gráfico da curva de oferta e demanda, qualquer variação de preço provoca um deslocamento ao longo da curva e não da curva. Portanto, a resposta correta é a letra a. 3. Um aumento da oferta monetária provoca uma queda na taxa de juros e, daí, um aumento nos investimentos. Agora, para um dado nível de preços, a demanda agregada é maior – o que implica um deslocamento desta curva para a direita. Portanto, a letra b está incorreta e responde à proposição. 4. Na visão keynesiana, os trabalhadores sofrem de “ilusão monetária”. Havendo desemprego, são capazes de ofertar mais mão-de-obra ao mesmo salário nominal vigente, mesmo que os preços tenham aumentado e reduzido seu salário real. Logo, a resposta é a letra b. 5. Resposta correta: letra d. Esta é a essência do modelo clássico sobre o mercado de trabalho. 6. Para os clássicos, a economia só está em equilíbrio ao nível de pleno emprego. Logo, a resposta é a letra a. 7. A resposta correta é a letra e. Veja a resposta da questão 4, acima. 8. Ao contrário, no modelo keynesiano, a curva de oferta agregada é positivamente inclinada em relação ao nível de preços. Se o preço aumentar, aumenta a demanda por mão-de-obra e, daí, a oferta de produtos. Então, a letra b está incorreta e responde à questão. 9. Resposta correta: letra e. Os clássicos negam qualquer eficácia da política fiscal para elevar o nível de emprego e do produto agregado. 10. Resposta correta: letra c. Os keynesianos (do modelo de salário nominal) acreditam que uma política fiscal expansionista aumenta os preços, mas aumenta, também, o nível de emprego e do produto agregado (exatamente o contrário do que dizem os clássicos). __________________________ OK! Com isso, resolvemos todos os exercícios de revisão que propusemos ao longo de nossas aulas. Se ainda persistir alguma dúvida, você pode usar o Fórum que terei o máximo prazer em atende-lo. Nossa próxima (e última aula) conterá somente questões de provas de concursos passados - resolvidas e comentadas. Espero que você esteja tendo um bom proveito com esses exercícios. Até a próxima e um abraço!

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AULA 12 : EXERCÍCIOS DE REVISÃO: 2ª BATERIA Nesta 12ª e última Aula deste nosso Curso de Economia I, nós vamos fazer uma revisão complementar da matéria ensinada nas dez primeiras aulas, resolvendo questões pertinentes de provas macroeconomia de concursos passados. As questões foram escolhidas aleatoriamente, e vocês terão a oportunidade de observar a forma como as questões são apresentadas nas provas e o tipo de questão que cai com mais freqüência. Através de sua resolução e entendimento você poderá ter uma boa idéia de como estão seus conhecimentos da matéria ministrada até aqui. Então, mãos à obra! 1. (AFRF –PAT – 2002/2°) Com relação ao balanço de pagamentos, é incorreto afirmar que: a) as exportações de empresas multinacionais instaladas no Brasil são computadas na balança comercial do país; b) os investimentos diretos fazem parte dos chamados movimentos de capitais autônomos; c) o saldo da conta de “transferências unilaterais” faz parte do saldo do balanço de pagamentos em transações correntes; d) o saldo total do balanço de pagamentos não é necessariamente nulo; e) as chamadas rendas de capital fazem parte do denominado balanço de serviços não-fatores. Solução comentada: As alternativas de a a d estão todas claramente corretas. Talvez, a única que poderia suscitar alguma dúvida seria a letra d. Esta afirmativa está correta porque o saldo do BP corresponde à soma do saldo da conta de transações correntes com o saldo da conta de capitais autônomos (mais “erros e omissões”, se houver). Esta soma pode dar um resultado nulo, positivo ou negativo. Se for positivo, sobraram divisas que serão lançadas em “haveres em moeda no exterior”; se forem negativas, faltaram divisas que serão sacadas daquela mesma conta. Assim, a resposta correta é a letra e, que, de fato, é a única alternativa incorreta. Isso porque a balança de serviços é composta de duas sub-contas: a de serviços de fatores – que corresponde, basicamente, ao pagamento de juros, de lucros, royalties, etc – que são as remunerações dos fatores de produção ou, no caso, às rendas de capital; e os serviços nãofatores – que corresponde ao pagamento de outros serviços, como transporte, seguros, turismo, etc. . 2. (AFRF –PAT – 2002/2°) Com relação ao modelo IS/LM, é incorreto afirmar que:

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a) no chamado caso da “armadilha de liquidez”, em que a LM é horizontal, uma elevação dos gastos públicos eleva a renda sem afetar a taxa de juros; b) excluídos os casos “clássico” e da “armadilha da liquidez”, numa economia fechada a elevação dos gastos públicos eleva a renda. Esta elevação, entretanto é menor comparada com o resultado decorrente do modelo keynesiano simplificado, em que os investimentos não dependem da taxa de juros; c) no chamado caso “clássico”, em que a LM é vertical, uma elevação dos gastos públicos só afeta as taxas de juros; d) se a IS é vertical, a política fiscal não pode ser utilizada para a elevação da renda; e) na curva LM, a demanda por moeda depende da taxa de juros e da renda. Solução comentada: a) A letra a está correta (se você tem dúvidas, veja o porquê na página 23 da Aula 8 – sobre a “armadilha da liquidez”; b) A letra b também está correta pela seguinte razão: se o governo aumenta seus gastos, o nível da renda (Y) aumenta de forma ampliada pelo multiplicador. Este aumento de Y provoca um aumento na demanda por moeda para transações – o que – dada uma dada oferta monetária, eleva a taxa de juros. Sendo, nesta hipótese, os investimentos função inversa da taxa de juros (r), o aumento em r reduz os investimentos – o que anula em parte o aumento na renda provocado pelo aumento nos gastos do governo. c) A letra c está correta (se você tem dúvidas, veja o porquê na página 24 da Aula 8 – sobre o “caso clássico”). d) A letra d está errada; isso por que, se a IS for vertical, qualquer política fiscal expansionista desloca a IS para a direita, elevando a Y renda de equilíbrio. Esta é a resposta correta da questão. (Em caso de dúvida, reveja a última página da Aula 8). e) A afirmativa constante da letra e está inteiramente correta (veja a equação (4) da página 13 da Aula 8). 3. (AFRF – PAT-2003) Considere os seguintes saldos do balanço de pagamentos para uma determinada economia hipotética, em unidades monetárias: - saldo da balança comercial: superávit de 100; - saldo em transações correntes: déficit de 50; - saldo total do balanço de pagamentos: superávit de 10. Com base nestas informações e considerando que não ocorreram lançamentos na conta “erros e omissões”, é correto afirmar que: a) o saldo da conta “transferência unilaterais” foi necessariamente superavitário; b) independente do saldo da conta “transferências unilaterais”, podemos afirmar com certeza que o saldo da balança de serviços foi superavitário; c) o saldo dos movimentos de capitais autônomos foi negativo; d) se a conta “transferências unilaterais” foi superavitária, podemos afirmar com certeza que a balança de serviços apresentou saldo positivo; e) se a conta “transferências unilaterais” foi superavitária, podemos afirmar com certeza que a balança de serviços apresentou saldo negativo.

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Solução comentada: a) O saldo da balança a de transações corrente (BTC) resulta da soma do saldo da balança comercial (BC) + saldo da balança de serviços (BS) + transferência unilaterais (TU). Como a BC teve um saldo positivo de 100 e a BTC teve um saldo negativo de 50, nada leva a afirmar que o saldo de TU tenha sido positivo, nulo ou negativo. Logo, a letra a está errada. b) A letra b está errada pela mesma razão anterior; c) O saldo do BP é igual à soma do saldo da BTC com o saldo da conta de capitais autônomos (CCA). Ora, se BTC teve saldo negativo e o BP teve saldo positivo de 10, então o saldo de CCA tem de ser positivo. Logo, a letra c está também errada. d) Alternativa d também está errada, pois BTC = BC + BS + TU. Se BC e TU são positivas e BTC é negativa, então BS tem de ser negativa. e) Em conseqüência do que foi dito na letra d anterior, a letra e é a opção correta. 4. (AFRF – PAT – 2003) Considere os seguintes dados: - c: papel-moeda em poder do público/meios de pagamentos; - d: depósito à vista nos bancos comerciais/meios de pagamentos; - R: encaixe total dos bancos comerciais/depósitos à vista nos bancos comerciais; - m = multiplicador dos meios de pagamento em relação à base monetária; Com base nestas informações, é incorreto afirmar que, tudo o mais constante: a) quanto maior d, maior será m; b) quanto maior c, menor será d; c) quanto menor c, menor será m; d) quanto menor R, maior será m; e) c + d > c, se d for diferente de zero. Solução comentada: a) A letra a está correta, pois quanto maior a participação dos depósitos à vista no total de meios de pagamento (d), mais dinheiro os bancos disporão para emprestar e portanto maior será o multiplicador bancário (m). (Se você tiver dúvidas, leia as pág. 13/14/15 da Aula 6); b) Ora, se a letra a está correta, logo letra c está incorreta, já que uma é o inverso da outra, lembrando que MP = c (PMP) + d (DV nos bancos comerciais). Logo, a letra c é a resposta da questão.

5. (AFRF -PAT 2003) Considere as seguintes informações para uma economia hipotética aberta e sem governo, em unidades monetárias: -exportações de bens e serviços não-fatores = 100; -renda líquida enviada ao exterior = 50; -formação bruta de capital fixo mais variação de estoques: = 150; -poupança líquida do setor privado = 50; -depreciação = 5;

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-saldo do governo em conta corrente = 35;1 -Com base nestas informações e considerando as identidades macroeconômicas de um sistema de contas nacionais, é correto afirmar que as importações de bens e serviços não-fatores é igual a: a) 110; b) 30; c) 80; d) 20; e) 200. Solução comentada: Pelas contas nacionais, a formação bruta de capital fixo (FBKF) mais a variação de estoques (∆est) = ao total de poupança da economia. Já o total de poupança da economia é constituído da soma da poupança líquida do setor privado (=50) mais a depreciação (=5) + a poupança do governo (35 + o saldo (negativo) da balança de transações correntes (que não sabemos qual é mas é fácil saber pois: 150 = 50 + 5 + 35 + saldo da BTC, ou seja, saldo negativo da BTC = 60. O saldo da BTC = saldo das exportações de bens e serviços não-fatores (=100) menos importações de bens e serviços não-fatores menos renda líquida enviada ao exterior – aqui incluídas as TU – que é igual a 50. Assim, para a BTC ter apresentado um saldo negativo de 60 é necessário que as importações de bens e serviços tenham tido um saldo negativo de 110 (ou seja, +100 de XBSNF - 50 de RLEE – 110 de MBSNF =

-60.

Logo, a resposta é a letra a. 6. (AFRF – PAT – 2003) Considere as seguintes informações para uma economia fechada e com governo: Y = 1200; C = 100 + 07Y; I = 200; Onde: Y = produto agregado; C = consumo agregado; I = investimento agregado. Com base nessas informações, pode-se afirmar que, considerando o modelo keynesiano simplificado, para que a autoridade econômica consiga um aumento de 10% no produto agregado, os gastos do governo terão de sofrer um aumento de: a) 60%;

b) 30%;

c) 20%;

d) 10%;

e) 8%

Solução comentada: Para saber quanto deve aumentar o gasto do governo (G) para que a economia cresça ‘0% é necessário que saibamos, antes, quanto era este gasto – o que não é mencionado no problema. Embora o valor de G possa ser achado por dedução matemática, deveria constar do problema – o que é uma falha de quem formulou a questão. Vamos, então, achar, primeiro, o valor atual de G: A fórmula do modelo keynesiano para uma economia fechada é: Y = C + I + G.

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Há uma incoerência na formulação desta questão, pois sem seu enunciado diz que trata-se de uma “economia hipotética e sem governo”, mas, depois aparece um dado com a poupança do governo em conta corrente!!!

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Substituindo nesta equação os valores dados pelo problema, podemos achar o valor de G, assim: 1.200 = 100 + 0,7 (1.200) + 200 + G Ou: 1.200 = 100 + 840 + 200 + G e, fazendo as devidas operações, encontramos G = 60 Agora, vamos ver quanto o G precisa aumentar para que a economia cresça 10%: 10% de uma renda de 1.200 corresponde a uma expansão de 120. Quanto deve aumentar o G para que a economia cresça 120? Isso depende do valor do multiplicador dos gastos autônomos (k) que é dado pela fórmula: k= 1/1-b, onde b é a propensão marginal a consumir que, no caso é 0,7. Substituindo 0,7 nesta fórmula, encontramos um k = 3,3. Dividindo o crescimento da renda (=120) por k, encontramos o valor de 36. Ou seja, o aumento em G (= ∆G) terá de ser 36, ou seja, um aumento de 60% em relação ao valor anterior (ou seja, aos 60 anteriores). Logo, a resposta é a letra a. 7. (AFRF - PAT – 2003) Com relação ao modelo IS/LM, é incorreto afirmar que: a) quanto maior a taxa de juros, menor é a demanda por moeda; b) na ausência dos casos clássicos e da armadilha da liquidez, um política fiscal expansionista eleva a taxa de juros; c) na ausência dos casos clássico e da armadilha da liquidez, um política fiscal expansionista eleva a renda; d) no caso da armadilha da liquidez, uma política fiscal expansionista não aumenta o nível da renda; e) quanto maior a renda, maior é a demanda por moeda. Solução comentada: Esta questão já foi, de certa forma, comentada em questões anteriores. Todas as afirmativas estão corretas, exceto a letra d – que é a resposta da questão. Se você tiver dúvidas, retorne à Aula 8 e releia especialmente o item 8.4.3. 8. (AFRF – PAT – 2002) Considere as seguintes informações: A = saldo da balança comercial; B = saldo da balança de serviços; C = saldo das operações de transferências unilaterais; D = saldo em transações correntes; E = movimento de capitais autônomos; F = movimento de capitais compensatórios; G = saldo total do balanço de pagamentos. Com base nessas informações, pode-se afirmar com certeza que: a) A+ B + C = D + E + F + G b) A+ B + C + D + E + F + G = 0 c) A + B + C + E + F = 0 d) G = 0 e) A + B + C = D = G = 0 Solução comentada: a) a letra a está errada porque simplesmente A+B+C = D; b) a letra b está errada porque D e G estariam sendo contado duas vezes; c) A letra c está correta pois, de fato, o saldo das transações correntes (=A+B+C) + o saldo de capitais autônomos (=E) dá G – que é o saldo total do BP. Se G for www.pontodosconcursos.com.br

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positivo, nós lançamos este resultado com o sinal trocado em “movimento de capitais compensatórios”, zerando o resultado final do BP; se for negativo, nós lançamos este resultado com o sinal trocado naquela conta. No final, fica: A+B+C+E+F = 0. E, portanto, a letra c é a resposta correta. 9. (AFRF – PAT - 2002) Considere as seguintes informações: -importações de bens e serviços não-fatores: 30; -renda líquida enviada ao exterior: 100; -variação de estoques: 10; -formação bruta de capital fixo: 200; -poupança líquida do setor privado: 80; -depreciação: 5; -saldo do governo em conta corrente: 60. Com base nas identidades macroeconômicas básicas que decorrem de um sistema de contas nacionais, é correto afirmar que as exportações de bens e serviços não-fatores é igual a: a) 75; b) 65; c) 55; d) 50; e) 45. Solução comentada: Uma identidade importante das contas nacionais e que todo candidato deve ter em mente é esta: Formação bruta de capital fixo (FBKF) + variação de estoques = poupança do setor privado (Sp) + poupança do governo (Sg) + depreciação (D) + saldo do balanço em transações correntes (Stc). Pelos dados da questão, temos: 200 + 10 = 80 + 60 + 5 + Stc Ou: Stc = 65, ou seja, a BTC deve apresentar um saldo negativo de 65. Como as importações de bens e serviços não-fatores (= 30) + a renda líquida enviada ao exterior (=100) dá um total de 130 (negativos), as exportações de bens e serviços nãofatores será 65 – e resposta é, então, a letra b. 10.

(AFRF – PAT – 2002) Considere os seguintes dados: C = 500 + cY; I = 200; G = 100; X = M = 50; Onde: C = consumo; G = gastos do governo; I = investimento; X = exportações; M = importações; Com base nestas informações, é correto afirmar que: a) se a renda de equilíbrio for igual a 2.500, a propensão marginal a poupar igual a 0,68; b) se a renda de equilíbrio for igual a 1.000, a propensão marginal a consumir maior que a propensão marginal a poupar; c) se a renda de equilíbrio for igual a 2.000, a propensão marginal a consumir igual a 0,5; d) se a renda de equilíbrio for igual a 1.600, a propensão marginal a consumir igual a propensão marginal a poupar; www.pontodosconcursos.com.br

será será será será

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e) não é possível uma renda de equilíbrio maior que 2.500. Solução comentada: A fórmula do modelo keynesiano para uma economia aberta e com governo é: Y=C+I+G+X–M Substituindo nesta equação os valores dados pela questão, temos: Y = 500 +cY +200 + 100 + 50 –50 Ou: Y = 800 + cY. Assim, no caso da letra a, teríamos: 2.500 = 800 + c2.500 > ou: 1700 = c2.500 > o que faz c = 0,68 (que é igual a 1700/2500). Portanto, a resposta da questão é a letra a. Observe, no entanto, que a letra d também está correta, senão vejamos: Y = 800 + cY; Substituindo o valor de Y (=1.600) nesta equação, temos: 1.600 = 800 + c1.600 > ou: 800 = c1.600 e c = 0,5. Ora se c (= propensão marginal a consumir) é 0,5, então a propensão marginal é poupar é também 0,5, e a letra d também está correta e responde à questão. Ou seja, há duas respostas corretas para esta questão. 11.

(ESAF – MPOG – 2002) Com relação ao multiplicador keynesiano, é correto afirmar

que: a) se a propensão marginal a consumir for igual à propensão marginal a poupar, o seu valor será igual a um; b) numa economia fechada, seu valor depende da propensão marginal a poupar, pode ser menor que um, e só é válido para os gastos do governo; c) numa economia aberta seu valor depende da propensão marginal a consumir e importar, pode ser negativo e vale apenas para os gastos do governo e exportações autônomas; d) numa economia fechada, seu valor depende da propensão marginal a poupar, não pode ser menor que um e vale para qualquer componente dos denominados gastos autônomos agregados; e) seu valor para uma economia fechada é necessariamente menor do que para uma economia aberta. Solução comentada: Para que a propensão marginal a consumir (b) seja igual à propensão marginal a poupar (s), é necessário que ambas sejam = 0,5. Com b = 0,5, o multiplicador k será: k =1/1-0,5 = 2. Logo a letra a está errada. Realmente, o valor do multiplicador depende da propensão marginal a poupar (ou da propensão marginal a consumir – já que uma é o complemento da outra), mas não pode ser menor que 1 e é válido para todos os componentes dos gastos autônomos e não somente para os gastos do governo. Logo, a letra b também está errada. A letra c também está errada, pelas mesmas razões do item anterior. Pelas mesmas razões acima, a letra d está correta e é a resposta da questão.

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CURSOS ON-LINE – ECONOMIA I – PROF. MOZART FOSCHETE 12. a) b) c) d) e)

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(ESAF – APO – MPOG –2002) Supondo o denominado modelo keynesiano generalizado e considerando como hipótese uma economia aberta e pequena num mundo com livre e perfeita mobilidade de capital, é correto afirmar que: sob um regime de taxas de câmbio flutuante, somente a política fiscal é eficiente no que diz respeito aos seus efeitos sobre o produto; sob um regime de taxas de câmbio fixas, a política fiscal é mais eficiente do que a política monetária no que diz respeito aos seus efeitos sobre o produto; independente do regime cambial, a política fiscal é mais eficiente do que a política monetária no que diz respeito aos seus efeitos sobre o produto; independente do regime cambial, não como utilizar a política monetária num mundo de livre mobilidade de capital; independente do regime cambial, a política monetária só terá efeitos sobre a inflação.

Solução comentada: Esta questão foi retirada diretamente do Modelo Mundell-Fleming. A resposta correta é a letra b. Por que? Para saber o por quê só existe um caminho: dê um releitura da Aula 9 – sobre a interação das políticas fiscal, monetária e cambial, atentando, principalmente, para o efeito de cada uma das políticas – fiscal e monetária – sob os diferentes sistemas cambiais: taxas de câmbio fixas e taxas de câmbio flutuantes. Você verá, então, que, dependendo do regime ou sistema cambial adotado pelo país, a política fiscal pode se mais indicada do que a política monetária, e vice-versa. 13.

Com base nas identidades macroeconômicas básicas, é correto afirmar que: no Brasil, o produto nacional bruto é maior do que o produto interno bruto; se o país obteve um saldo positivo no saldo do balanço de serviços de fatores, então o produto nacional bruto será maior do que o produto interno bruto; se o saldo em transações correntes for nulo, o produto nacional bruto será igual ao produto interno bruto; se o saldo total do balanço de pagamentos for positivo, então o produto nacional bruto será maior do que o produto interno bruto; independente das contas externas do país, o produto interno bruto é necessariamente maior do que o produto nacional bruto.

(Esaf-APO-MPOG-2002)

a) b) c) d) e)

Solução comentada: Lembre-se que a diferença entre o produto interno bruto (PIB) e o produto nacional bruto (PNB) de um país reside na remessa ou na entrada líquida de renda do exterior (lucros, juros, etc )- ou seja, as rendas oriundas dos serviços de fatores. No caso brasileiro, por ser um país em desenvolvimento, nós enviamos mais renda para o exterior do que recebemos. Logo, nosso PNB é menor do que nosso PIB. Donde se conclui que a letra a está errada. Agora, se ao invés de enviar liquidamente renda para o exterior, o país receber liquidamente essas rendas, então o PNB deste país passa a se maior que o seu PIB. E, em conseqüência, a letra b está correta e responde à questão.

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Note-se que a diferença conceitual entre PIB e PNB só tem a ver com a renda de fatores (serviços de fatores) remetidos ou recebidos do exterior, não tendo qualquer outra relação com outras contas do BP. Por isso, os outros itens da questão 13 estão errados. 14.

(Esaf-MPOG-2002) Com base no balanço de pagamentos, é correto afirmar que:

a) o saldo dos movimentos de capitais autônomos tem que se necessariamente igual ao saldo dos movimentos em transações correntes; b) as transferências unilaterais têm como única contrapartida de lançamento a balança comercial; c) o saldo total do balanço de pagamentos é necessariamente igual a zero; d) os lucros reinvestidos são lançados com sinal positivo nos movimentos de capitais e com sinal negativo no balanço de serviços; e) as amortizações fazem parte do balanço de serviços. Solução comentada: O saldo dos movimentos de capitais autônomos (empréstimos, financiamentos, investimentos, etc.), não têm nada a ver com o saldo da BTC. Como o nome mesmo diz, eles são “movimentos autônomos” de capitais e podem ser maiores, menores ou, por coincidência, até iguais ao saldo da BTC. Logo, a letra a está errada. Já as transferências unilaterais, se forem em mercadorias, a contrapartida é em “importações”, da balança comercial; se forem em dinheiro, a contra partida será no item “haveres em moeda no exterior”. Logo, a letra b está também errada. O saldo do BP é dado pela soma do saldo da BTC + o saldo da conta de capitais autônomos e este saldo pode ser positivo, negativo ou até zero. Logo, a letra c também está errada. De outra parte, se uma empresa estrangeira reinveste parte de seus lucros no Brasil, o registro no BP será: com sinal negativo, na balança de serviços como remessa de lucros e, com sinal positivo, no item “investimentos diretos”, da conta de capitais autônomos – como se houvesse uma entrada de recursos nessa conta. Logo, a resposta correta da questão é a letra d. 15. (Esaf-MPOG-2002) Considere o modelo de oferta e de demanda agregada, supondo a curva de oferta agregada positivamente inclinada e a curva de demanda agregada derivada do modelo IS/LM. É correto afirmar: a) um aumento dos gastos do governo eleva o produto, deixando inalterado o nível geral de preços; b) uma elevação da oferta monetária só resulta em alterações no nível geral de preços; c) uma elevação do consumo agregado não causa impactos sobre o nível geral de preços; d) uma elevação das exportações tende a elevar tanto o produto agregado quanto o nível geral de preços; e) uma redução nos impostos não causa alterações no produto agregado.

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CURSOS ON-LINE – ECONOMIA I – PROF. MOZART FOSCHETE 10 Solução comentada A resposta correta é a letra d. Se você tem dúvidas sobre isso, faça uma revisão de nossa Aula 10, no modelo de salário nominal (modelo keynesiano), particularmente no item 10.3.2. 16. (Esaf-MPOG-2003) Com relação ao multiplicador keynesiano, é incorreto afirmar: a) seu valor não pode ser menor do que zero; b) quanto menor a propensão marginal a consumir, menor será o valor do multiplicador; c) seu valor não pode ser maior do que 10; d) numa economia fechada, se a propensão marginal a consumir for igual a 1/2 , então o valor do multiplicador será igual a 2; e) seu valor é necessariamente maior do que 0,5. Solução comentada: A afirmativa constante da letra c é a única incorreta e portanto esta é a resposta da questão. Apenas um pequena prova de que o valor de k pode ser maior que 10: se a PMgC (b) for igual a 0,95, então o multiplicador será: k = 1/1-b >> k = 1/1-0,95 >> k = 1/0,05 >> k = 20 – que é maior que 10. 17. (Esaf-MPOG-2003) Considere as seguintes informações: Y = 1000; C = 600; I = 300; G = 100; X = 50; M = 50. Onde, Y = produto agregado; C = consumo agregado; I = investimento agregado; G = gastos do governo; X = exportações; e M = importações. Supondo que a função consumo agregado é do tipo C = Ca + cY, onde Ca representa o consumo autônomo e é igual a 100, pode-se afirmar, com base nos dados apresentados, que a propensão marginal a consumir é igual a: a) 0,50; b) 0,70; c) 0,90; d) 0,85; e) 0,30. Solução comentada: Como já foi visto anteriormente, o modelo keynesiano completo é dado pela equação: Y = C + I + G + X – M. Assim, substituindo os dados propostos na questão nesta equação, temos: 1000 = 100 +c1000 + 300 + 100 + 50 – 50 Ou: 500 = c1000 e, portanto, c = 0,5 e a resposta correta é a letra a. 18. (MPOG- APO – 2005) Considere; Y = C(Y) + I + G + X – M(Y) C(Y) = Co + 0,7Y M(Y) = Mo + 0,5Y I = 700; G = 200; X = 300; Co = 500; Mo = 100 Onde, Y = produto; I = investimento; G = gastos do governo; X = exportações; M = importações; Co = consumo autônomo; Mo = importações autônomas. Com base nessas informações é incorreto afirmar: a) ∆Y/∆Co = 1,5 b) No equilíbrio, Y = 2.000; c) No equilíbrio, C = 1.900; www.pontodosconcursos.com.br

CURSOS ON-LINE – ECONOMIA I – PROF. MOZART FOSCHETE 11 d) No equilíbrio, M = 1.100; e) Se ∆G = 100, então ∆Y = 125. Solução comentada: Antes de mais nada, vamos achar com os dados mencionados acima o valor do produto de equilíbrio(Y), fazendo as devidas substituições na equação: Y=C(Y) +I+G+X-M(Y): Y= 500 + 0,7Y + 700 +200 + 300 – 100 – 0,5Y Y = 1600 + 0,7Y – 0,5Y Y – 0,2Y = 1600 0,8Y = 1600 Y = 1600/0,8 = 2000. O produto de equilibrio é, portanto, 2000. Com base neste achado, podemos verificar que: a) A letra b está correta; b) O consumo (C) = 500 + 0,7 x 2000 = 1900, e, portanto, a letra c também está correta; c) M = 100 + 0,5 x 2000 = 1.100, e, portanto, a letra d também está correta; d) Pelo que se viu acima, o multiplicador (k) = 1/0,8 = 1,25. Assim, se o governo aumentar seus gastos em 100, o aumento em Y será = 1,25 x 100 = 125, e, portanto, a letra e também está correta. e) Por exclusão, a letra a é a única afirmativa incorreta e, portanto, é a resposta da questão. 19. (MPOG –AP0 – 2005) – Considere os seguintes dados: -investimento privado: 300; -poupança privada: 300; -investimento público: 200; -poupança do governo: 100. Com base nessas informações e considerando as identidades macroeconômicas básicas, a economia apresenta: a) um déficit em transações correntes de 100 e um superávit público de 100; b) um superávit em transações correntes de 100 e um déficit público de 100; c) um déficit em transações correntes de 100 e um déficit público de 100; d) um déficit em transações correntes de 100 e um déficit público nulo; e) um déficit em transações correntes nulo e um superávit público de 100. Solução comentada: - A formação bruta de capital fixo (FBKF), no presente caso, corresponde à soma do investimento privado (300) + o investimento público ( 200) = 500. - De outra parte, a poupança total da economia (para financiar estes investimentos) se compõe de: poupança privada (300) + poupança do governo em conta corrente + poupança externa (= déficit em transações correntes). - Ou seja, é necessária uma poupança do governo + poupança externa = 200. Assim, a única alternativa que fornece estes 200 é a letra a.

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CURSOS ON-LINE – ECONOMIA I – PROF. MOZART FOSCHETE 12 20. (Esaf-MPOG-2003) Considere os seguintes dados para uma economia hipotética: -variação de estoques: 20; -formação bruta de capital fixo: 100; -poupança líquida do setor privado: 50; -depreciação: 5; -saldo do governo em conta corrente: 50. Com base nas identidades macroeconômicas básicas para uma economia aberta e com governo, podemos afirmar que esta economia apresentou: a) saldo nulo no balanço de pagamentos em transações correntes; b) superávit no balanço de pagamentos em transações correntes no valor de 15; c) déficit no balanço de pagamentos em transações correntes no valor de 25; d) superávit no balanço de pagamentos em transações correntes no valor de 25; e) déficit no balanço de pagamentos em transações correntes no valor de 15. Solução comentada: Observe como este tipo de questão tem caído de forma recorrente nas provas de Macroeconomia. Mas, vamos lá: -O investimento total da economia = FBKF + variação de estoques = 120; -Por sua vez, a poupança necessária para financiar este investimento vem de: poupança líquida do setor privado (50) + depreciação (5) + saldo do governo em conta corrente (50) + saldo da balança em transações correntes (?). -Ou seja, a poupança conhecida = 50 + 5 + 50 = 105. Então é necessário um déficit em transações correntes = 15. Portanto, a resposta correta é a letra e. ________________________ Bom, meus alunos, com essa 12ª Aula – só de questões de provas passadas – nós estamos concluindo nosso Curso de Economia I – on-line. Espero que vocês tenham gostado e tenham tido um bom proveito. Breve, breve, estaremos montando o Curso de Economia II – abordando outros tópicos que eventualmente apareçam no Edital do Concurso para o AFRF e que não tenham sido tratados neste nosso 1° Curso. Até lá, então. E não parem de estudar. Um abraço a todos vocês!

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