Usefashion Journal Janeiro/fevereiro 2009

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  • Words: 15,042
  • Pages: 41
ANO 6 • Nº 60 • JAN/FEV 2009 • EDIÇÃO BRASILEIRA

MODA PROFISSIONAL

verão 2010

calçados&bolsas + CASA DE CRIADORES RAOUDA ASSAF O PIAUÍ É AQUI RONALDO FRAGA

ISSN 1808-6829

R$20,00

VESTUÁRIO

CALÇADOS&BOLSAS

MALHARIA

JEANS

INFANTIL

ACESSÓRIOS

LOJISTA

CULTURA

COMPORTAMENTO

Muito mais que inspiração

A UseFashion é a mais completa fonte de informações estratégicas sobre moda. Tudo que sua empresa precisa saber para inovar a cada dia, ampliar negócios e gerar lucros. Pesquisando no portal usefashion.com e no UseFashion Journal, a inspiração ganha cor, forma e valor. www.usefashion.com

[email protected] 0800 603 9000

sumário

da redação

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Veja: www.flickr.com/photos/estiloquitanda

CAPA: A GEOMETRIA SENSÍVEL ESTABELECE REL AÇÕES DE CORES E EFEITOS GR ÁFICOS EM GR ANDE ESTILO NA COLEÇÃO DRIES VAN NOTEN. FOTOS: © AGÊNCIA FOTOSITE

EXPEDIENTE Diretor-Presidente Jorge Faccioni Diretora Alessandra Faccioni Diretora de RH Patrícia Santos Diretor de Redação Thomas Hartmann Diretora de Pesquisa Patrícia Souza Rodrigues

Tiragem: 10.000 exemplares Impressão: Gráfica Editora Pallotti

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ao leitor Animados por um impulso criativo contagiante, os calçados e bolsas da estação exibem desenhos marcantes e materiais originais. Eles desequilibram a balança em favor dos complementos, que não ficam na obscuridade no conjunto do look. A regra é ter estilo, como define o texto, na seleção de imagens que identifica o potencial das coleções internacionais. De início, destacamos a intensidade da cartela de cores, os efeitos visuais gráficos e os novos recursos de modelagem. Na continuidade é a geometria que renova os cabedais, e as estruturas das bolsas aglutinam todas as forças e as referências africanas. Em seguida, cobrimos uma grande variedade de aspectos, apresentando enfeites, metais, materiais e fechamentos, até chegarmos à estrutura dos calçados, com imagens e comentários sobre saltos e solados.

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USEFASHION JOURNAL

Esta edição está a serviço dos melhores negócios no Verão 2010, para quem pesquisa, produz e comercializa a melhor moda. Ela também demonstra como os produtos de verão podem atrair a atenção da consumidora, com novidades que encantam o olhar e estimulam a criatividade.

Vários dos conteúdos que abordamos nesta edição podem ser complementados no portal usefashion.com. Alguns são de acesso exclusivo para assinantes do portal. Ligue 0800 603 9000 e veja como acessar. Os textos dos colunistas e colaboradores são de responsabilidade dos mesmos e não representam necessariamente a opinião da empresa. Todos os produtos citados nesta edição são resultado de uma seleção jornalística e de consultoria especializada, sem nenhum caráter publicitário. Todas as matérias desta edição são de responsabilidade do Núcleo de Pesquisa e Comunicação da UseFashion. Proibida a reprodução, no todo ou em parte, sejam quais forem os meios empregados, sem a autorização por escrito do Sistema UseFashion de Informações.

Para Assinar 0800 603 9000 [email protected]

Redação 51 3037 9507 [email protected]

Boa leitura e ótimos negócios! Jorge Faccioni Diretor-Presidente

Para Anunciar [email protected] 0800 603 9000

Atendimento ao cliente 0800 602 5221 [email protected]

A trajetória da estilista Catherine Malandrino pode ser conferida em um livro com ilustrações e fotos do seu trabalho lançado recentemente pela editora Assouline. A designer sempre soube misturar o chic e o street em sua moda, que além de ser superfeminina, é muito atual e sofisticada. Se você, assim como Madonna, Angelina Jolie e Halle Berry, é fã da estilista, está aí um ótimo presente pra se dar de Natal.

Assine também o portal www.usefashion.com. O melhor portal de moda do Brasil 0800 603 9000 [email protected]

foto: reprodução

NÚCLEO DE PESQUISA E COMUNICAÇÃO Editora-Chefe Journal Inêz Gularte (Mtb 7.775) Subeditora Portal Aline Moura (Mtb 5.717) Gerente de Inovação Daniel Bender (Mtb 11.540) Edição de Moda Eduardo Motta (consultoria) Redação Aline Ebert (Mtb 13.687), Fernanda Maciel (Mtb 13.399) e Lisie Venegas (Mtb 13.688) Produção de Arte Tiago Fioravante (design gráfico), Aline Romero (tratamento de imagens), Carine Hattge (revisão de imagens) e Jucéli Silva (webdesigner) Assessora de Planejamento Angelita Manzoni Equipe de Pesquisa Nájua Saleh (moda), Aline Kämpgen, Carlos Paredes, Eduardo Nipper, Juliana Nascimento e Lisiane Ramos (classificação vitrines) Consultores Angela Aronne (malharia retilínea, underwear e beachwear), Eduardo Motta (calçados e bolsas), Juliana Zanettini (jeanswear), Paula Visoná (malharia circular e vestuário masculino) e Renata Spiller (infantil)

UseFashion Journal (ISSN 1808-6829) é uma publicação mensal do Sistema UseFashion de Informações

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Catherine Malandrino

Mais em: www.assouline.com

Colaborou nesta edição Regina Machado e Katia Canton

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foto: divulgação

A marca de camisetas Quitanda nasceu da parceria entre os amigos Bruno Ost e Gustavo Werner. Criada em 2007, em Porto Alegre, a grife acaba de lançar a segunda coleção com muito grafismo e pop art na estamparia.

African Textiles O continente Africano, com suas cores, aromas e paisagens, sempre foi alvo de curiosidade de todos nós. Tema de inspiração de vários artistas, incluindo Van Gogh, Picasso e Modigliani. A parceria entre o Metropolitan Museum de Nova York e o Britsh Museum de Londres resultou na exposição chamada de The Essential Art of African Textile: Design Without End, que ficará até 22 de março em cartaz. Informações: www.metmuseum.org Shoes Dacca A marca de calçados Dacca tem ganho destaque devido às suas criações ecofriendlies. A estilista, a chilena Camila Labra, preocupada com as questões ambientais, deu início a um projeto que usa como matéria-prima as conhecidas sacolinhas plásticas, que tanto poluem. A partir de um processo de fusão do material com calor é gerada uma lâmina que ela utiliza como base para suas criações. Conheça: www.botasdacca.blogspot.com bARBARA í gONGINI bARBARA í gONGINI é uma designer dinamarquesa que chama a atenção pelo seu trabalho diferenciado. Ela possui duas linhas de roupas femininas, uma chamada de I-rEguLar, que abusa da criatividade e peças conceituais, e a outra, a rEguLar, mais comercial, mas não menos criativa. A inspiração ela busca no minimalismo e no funcionalismo do design japonês e nórdico. Além disso, durante o processo de criação, conta com a cooperação de profissionais de diversas áreas, como música, artes, fotografia, o que torna seu trabalho ainda mais especial. Site: www.barbaraigongini.dk

Copyright © 2008 Sistema UseFashion de Informações Rua São Joaquim, 720 | Centro | São Leopoldo/RS CEP 93.010-190 | Fone: (51) 3037 9507

JANEIRO/FEVEREIRO 2009

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foto: divulgação

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Quitanda

foto: divulgação

26 PING-PONG O estilista Ivan Aguilar responde às perguntas bate-e-volta da UseFashion 27 EDITORIAL Como agir para não errar em momentos de crise 28 LOJAS A Adrenalina, em Miami, inova e coloca o surf dentro do salão de vendas 30 RADAR INTERNACIONAL O couro em destaque 32 RADAR NACIONAL As cores da estação 34 VISUAL MERCHANDISING Confira como a Stefanel, em Florença, brinca com a espacialidade em sua vitrine 35 COMPORTAMENTO A boneca Barbie completa 50 anos. Por Katia Canton 36 PERFIL Ronaldo Fraga mostra por que é considerado um contador de histórias 38 CULTURA A moda feita no Piauí 42 CALÇADOS & BOLSAS Verão 2010: Conheça as cores, os desenhos e os estilos que marcão o temporada 78 MEMÓRIA O retorno da diva Grace Jones

foto: Guillermo Gómez/reprodução

5 DICAS DA REDAÇÃO 6 É MODA Looks comentados do Claro Rio Summer 8 ONLINE Saiba quais são as novidades do portal usefashion.com para 2009 10 VESTUÁRIO Experimentações dão o tom das coleções apresentadas na Casa de Criadores 12 MALHARIA Victoria’s Secret apresenta sua nova coleção 14 JEANS Os lançamentos da Denim Première Verão/2011 16 MASCULINO Como o público masculino consome moda 18 CALÇADOS & BOLSAS A designer Raouda Assaf e suas criações 20 INFANTIL Onda setentista nas coleções infantis 22 ACESSÓRIOS Veja o que as marcas de relógios estão preparando para conquistar as mulheres na temporada 24 ACONTECE Minas Trend Preview se consolida no mercado de moda brasileiro 26 OPINIÃO A pesquisadora Regina Machado fala da globalização e das relações de consumo

dicas

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Óculos avia dor e lente degradê. Some isso a o formato gr e está aí tu do que imp ande, orta neste nicho. rmes de o n e s lo u c ó Os marrom ê d a r g e d s lente clima reforçam o setentista.

nca com T-shirt bra o. A ret coletinho p clássico, m u é o ã ç combina em como t o ã n e u q do tipo , o acerto o s a c o N . r erra orções da p o r p s a n ficou oltinha, e s e a t r u c blusa, reduzido m e b e t le o c do conjunto. o n r a s e p para não

A top Michelle Alves, entre um desfile e outro, adota o uniforme inteligente da modelo que se preza. Conforto é a palavra de ordem. Como é proibido ficar out, sobram tendências da estação em versão discreta. Uma boa referência para a maioria das mortais.

mento: a o m o d a li á A sand as m tiras fin o c r o d ia d gla ga pulseira lar e a e p s á g na lo. Atenção no tornoze . alte escuro para o esm

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Chapeuzinh o de palha inspirado n o modelo panamá. A Maria Bonit a Extra e a Cantão colocaram nos desfiles de verão e che gou às ruas .

Cinto fino misturando couro e me tal. O mod elo é dos mais disputados pelas garot as.

Excelente t op tipo regata, em ma com reminis lha listrada cências náuticas. O comprimen to mais longo é novidade.

Shortinho m ínimo, mas sem grudar no corpo, em jeans de lavagem clara.

Bolsa bem coordenada co a sandália e com o cinto m . Nada de bo lsas grande s. Para quem se alinha co m a última tend ência, ainda que sem fazer alarde.

l de couro a n io c n u f a Bols amanho é t O . é f a c na cor lça é fina. a a e io d é m

vagem Jeans de la a de sino. oc escura na b to é bem en O comprim a ocultar o r a p o d la u calc o que eleva lt a s e d o t sapa a altura. e t n e m a t e discr

Veja mais looks em Uso nas Ruas no portal usefashion.com. Foram quase 7 mil imagens (mais de 550 comentadas) apenas em 2008!

A garota criou para si uma silhueta em dia com a moda e com um pé nos anos 70. O conjunto alonga a silhueta e empresta uma boa dinâmica ao look. Não tem afetação nem excessos, mas assim como no look ao lado, as tendências atuais marcam presença forte.

Quase invis íveis sob a calça, dá prá ver que os ded os estão aprop riadamente expostos. U ma boa opç ão para comp rimentos alongados.

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portal usefashion.com conteúdo para assinantes

DESTAQUE

NOVIDADES Como sempre, a UseFashion publica neste mês os desfiles das duas principais semanas de moda nacionais acompanhados das já tradicionais resenhas de especialistas. Na foto ao lado, o desfile da Neon para o verão 2009.

Jovens demais para crescer

foto: divulgação

foto: reprodução

foto: © Agência Fotosite

Novas possibilidades em 2009

Fashion Rio e SPFW

O artigo de Tribos Urbanas de janeiro trata sobre os kidults (kids + adults), ou seja, aquele pessoal com mais de 30 anos que ainda joga Atari e adora personagens infantis como Betty Boop e Hello Kitty.

TOP 5 DE 2008 Ranking dos links mais acessados do portal UseFashion:



Notícias: Misturar novidades da moda para profissionais com temas variados como ecologia, cinema, negócios e internet provou ser uma boa fórmula para a seção. Em 2008, 13% das exibições de páginas ocorreram lá;



Vitrines: Praticamente um hors concours desde a inauguração do Portal, as visitas às fotos de vitrines nacionais e internacionais correspondem a 9,75% do total do site;



Desfiles: Com metade das visitas das notícias, as fotos em alta resolução de desfiles ficaram no terceiro lugar no ranking do ano. Destaque para as muitas novidades do período, como a Semana de Buenos Aires, Los Angeles, Barcelona e Madri;



Feiras: A equipe da UseFashion cobriu mais de 60 eventos em 2008. Ou seja, mais de uma por semana;



Reports: As análises mensais de moda de vários segmentos mantiveram uma boa visitação durante o ano todo e merecem este lugar na lista.

CALENDÁRIO Em breve, novidades no layout do Portal UseFashion

JANEIRO 12 a 15 Couromoda

FEVEREIRO 3a6 Milano Unica

Tendo como meta manter o crescimento próximo de 100% em acessos registrado em 2008, o Portal UseFashion entra em uma nova fase em 2009. A grande mudança, que deve ser percebida logo no início do ano, irá aliar o melhor conteúdo às melhores práticas da internet. Entre as novidades, se destacam três.

11 a 16 Fashion Rio

8 a 10 Margin

18 a 23 São Paulo Fashion Week

8 a 10 Pure

28 a 30 Pitti Filati

13 a 20 Semana de Moda de Nova York

A primeira delas é um novo layout mais clean e com mais conteúdo. Nele, as páginas destacarão o conteúdo mais relevante e atualizado do Portal em todas as seções, permitindo que o leitor navegue pelo site com mais facilidade e menos cliques. Com o novo portal, será possível acessar qualquer parte do site com apenas um clique.

30 a 2 de fevereiro Bijorhca

A segunda novidade será a velocidade do Portal. Nosso novo sistema, aliado ao layout mais clean, permitirá navegar com maior rapidez e em qualquer browser - inclusive os disponíveis em aparelhos celulares. A terceira novidade será o incremento da interatividade com a criação de espaços para a participação do leitor. Será possível participar do Portal publicando comentários e avaliando conteúdo em tempo real. O assinante que gostou das últimas Megatendências Infantil, por exemplo, poderá deixar um elogio na página em forma de estrelas ou comentário.

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USEFASHION JOURNAL

SURPREENDA-SE COM O QUE O PORTAL USEFASHION.COM PODE LHE OFERECER!

ASSINE! LIGUE:

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vestuário verão 2010

Casa de Criadores EXPERIMENTAÇÃO E MASCULINO FORTE Por Fernanda Maciel Consultoria: Eduardo Motta

Esta edição, encerrada dia 10 de dezembro com mais de 20 marcas apresentando coleções, é a de Inverno e aconteceu em São Paulo. Colocadas estas informações, vamos ao recheio da coisa. O nome já diz, e o line up confirma, estão lá estreantes e indomados de longa data, neste que é mesmo um espaço mais generoso para a experimentação do que as semanas “oficiais”. O menor compromisso com o sistema comercial – as marcas têm estruturas menores, poucos funcionários, e somas menores estão em jogo - favorece à Casa de Criadores, que deveria funcionar como um laboratório de idéias. Como em toda situação de potencial criativo estimado, cumpre-se a promessa em parte, mas o resultado oxigena e compensa. Em geral, os talentos brasileiros que estão chegando ao mainstream são bem informados e aculturados pelos quase 20 anos de escola de moda no Brasil. Eles recheiam as apresentações com citações à história da moda, dominam tecnicamente a roupa que pretendem fazer e estão naquele pronto crítico em que é preciso imprimir uma gestão eficiente às suas grandes vontades e quase sempre pequenos negócios. Destaca-se a gritante presença de propostas para o masculino, minguadas em quantidade na SPFW e no Fashion Rio, e em alguns momentos que fazem a festa em um evento de moda que se preze. A entrada final de Walério Araújo, sobre saltos altos e exibindo um corpão feminino caricatural, tipo cinturinha de pilão e bunda de vênus calipígia, é um deles. Também é do Walério a menção exuberante ao velho new look. Ele e outros escancaram debochadamente a enorme zona de vida entre o que é masculino e o que é feminino. As idéias de como conceber uma outra roupa para os rapazes são especialmente bem sucedidas. Não custa dizer que a maioria passa longe do usável. Contudo, elas nos fazem considerar a possibilidade do diferente, o que já é muito. Também trazem um tanto de humor e destempero para um terreno onde isso é quase uma heresia. Além destas vantagens intangíveis detectadas na comparação com a tradição, ainda sobram outras, relativas a ganhos técnicos e funcionais destinados a uma provável renovação da roupa masculina.

MASCULINO- JOÃO PIMENTA Um exercício consistente e surpreendentemente maduro com proporções e silhuetas. O estilista submeteu o corpo masculino a uma série de distorções, sugestivas o suficiente para fazer a realidade parecer monótona e colocou na pauta a pergunta: por que não? DER METROPOL Mais contida, viável e ainda assim com algumas sacadas corajosas, as propostas da marca tangenciam o esporte e revelam a influência crescente do experimentalismo do Aitor Throup no masculino contemporâneo. MASCULINO- MARCELU FERRAZ O repertório é do hip hop, o truque é alterar as proporções para o maior e criar áreas de cores contrastantes que aproveitam bem estes novos espaços.

fotos: © Agência Fotosite

A Casa de Criadores antecede as semanas de moda do Rio e São Paulo em um mês.

FEMININO- GUSTAVO SLVESTRE Uma coleção interessante. Tem elementos regionais, e consegue nem ser difícil enquanto é original e atual. ESTILOS João Pimenta

Dramáticos e retrôs bateram ponto mais vezes.

Der Metropol

Marcelo Ferraz

ALGUNS TORMENTOS A marca só faz camisetas, com cuidados na modelagem e estampas muito boas. Ganhou uma espécie de retrospectiva dos seus cinco anos de vida no mesmo espaço e durante a da Casa de Criadores, o shopping Frei Caneca. O talentoso Eduardo Biz (que começou a carreira aqui no UseFashion) também se exercita no masculino e vai abrindo caminho no mercado com propostas personalíssimas. Site: www.algunstormentos.com

foto: divulgação

A cobertura completa com resenhas e imagens das coleções pode ser conferida no www.usefashion.com.

O estilista Walério Araújo

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O New Look segundo Walério Araújo

Gustavo Silvestre

O dramático de Roberto Dognanii

O retrô da Ianire Soraluze

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fotos: © Agência Fotosite

malharia

Adriana Lima

Ana Beatriz Barros

Beldades, lingerie e fetiche O DESFILE KITSCH E PODEROSO DA VICTORIA´S SECRET Por Fernanda Maciel Consultoria: Angela Aronne O mais esperado desfile-show de lingerie, como se sabe, é o da Victoria´s Secret. Depois de congestionar a internet no passado, ele agora é transmitido pela televisão e atrai milhares de telespectadores em todo o mundo. Pudera! Sempre recheado de corpos perfeitos, ele é prato-feito para a curiosidade das garotas, que querem conferir a forma física do time de beldades, e para o deleite dos rapazes, pelo mesmo motivo, só que com outras variáveis de interesse. A ambientação e os adereços do espetáculo da Victoria´s Secret são de gosto pra lá de duvidoso, mas quem é que se importa, se as belas garotas obscurecem todo o resto. A cada edição, o esperado show kitsch é reeditado com sucesso, grandiosidade e brilho, como pano de fundo para um grupo seleto de modelos, que inclui as brasileiras Alessandra Ambrósio, Adriana Lima, Ana Beatriz Barros, Isabeli Fontana, Izabel Goulart, e a estreante Emanuela de Paula, de apenas 19 anos. Completam o time Heidi Klum, Karolina Kurkova, Lara Stone, Selita Ebanks, Miranda Kerr, Marisa Miller entre outras beldades. Neste contexto, e com esta concorrência poderosa, a lingerie é quase que apenas um detalhe. Com o tema previsível “A volta do glamour”, o desfile,

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realizado ao som do rapper Usher, exibiu 68 conjuntos que extrapolaram o status de roupa íntima, ressaltando estampas e detalhes luxuosos, com a aplicação de cristais. Como alternativa ao tradicional modelo de duas peças, bodies, corpetes e macacões justíssimos em renda entraram em cena. A modelagem grande para as partes de baixo foi bem explorada nas cuecas femininas e nas peças de cintura alta com recortes e amarrações modelando o corpo. A mesma receita de medidas maiores serviu para as peças delicadas estilo Lolita com babados no cós e rendas sofisticadas. Para apimentar o conjunto, a Victoria´s Secret investiu em todo um arsenal fetichista, com luvas, boleros, miniblusas, robes transparentes e tecidos metalizados. Na linha teen da marca, a Pink, a aposta foi na malha retilínea para as peças de moda praia, tendência detectada também nas semanas de moda internacionais. Modelos divertidos e multicoloridos foram bem representados em engana-mamãe, maiô comportado e opção de duas peças. Para as misturas de padronagens com o logo da marca, motivos lúdicos e geométricos, os pontos escolhidos foram o jacquard e o intársia. Atente aos bojos estrutura-

dos pela duplicidade do painel, deixando o modelo com acabamento limpo. Na mistura de materiais, destaque para o brilho do lurex, usado de forma delicada, e ainda vale citar a sutileza dos acabamentos hand made em crochê. O momento mais aguardado do desfile foi a apresentação do Fantasy Bra, que ficou por conta da estonteante Adriana Lima. O sutiã da linha é assinado pelo joalheiro Martin Katz, e foi cravejado com 34 rubis e milhares de diamantes negros com valor estimado em US$ 5 milhões. Em outras edições do Victoria’s Secret, Tyra Banks (apresentadora do America’s Next Top Model) e Gisele Bündchen já desfilaram versões do milionário Fantasy Bra. Heidi Klum encerrou o desfile em um conjunto vermelho com babados no decote e calcinha de modelagem com cintura baixa, usada com fio lateral e detalhes em pedras. O Victorias’s Secret aconteceu no hotel Fontainebleau em Miami Beach, na Flórida, atraindo a imprensa mundial e uma platéia recheada de celebridades do cinema e do mundo da moda como Sean Diddy Combs, Gwyneth Paltrow, Russell Simmons, Michelle Trachtenberg, John Stamos, Kim Kardashian e Kourtney, Martha Stewart, Paris Hilton e Sylvester Stallone.

Emanuela de Paula

Alessandra Ambrósio

fotos: UseFashion

fotos: UseFashion

jeans

Rústicos em alta

Kuroki

Haussmann Vip Lounge All in one

DENIM PREMIÈRE APOSTA NA LINHA VINTAGE PARA O VERÃO 2011 Por Fernanda Maciel Consultoria: Juliana Zanettini Com o slogan Flame on (Em chamas) e a ave Fênix como símbolo, a Denim Première inaugurou a temporada primavera-verão 2010 para o setor no hemisfério norte (2011 para o hemisfério sul). Embora o estilo vintage, reforçado pelas lavagens desgastadas já tenha mostrado a cara nas últimas temporadas, dessa vez o conceito predomina, enriquecido por beneficiamentos que reproduzem o aspecto surrado e envelhecido sobre a base do denim. Além disso, acabamentos como pespontos em linhas rústicas, reprodução de patches e cerzidos, bem como a escolha por aviamentos de aspecto enferrujado e de banhos envelhecidos contribuíram para esta temática entre a grande maioria dos expositores. A energia, através da luminosidade dos tecidos e das cores, reforçou os quatro conceitos-chave do evento: Extremist, Ultra Weight, Over Lightened e Hard Work. O “Extremist” denota contrastes vibrantes nas cores do fogo, com tonalidades queimadas. Transparências e opacidades, combinações contrastantes e contraditórias. Tecidos com tecnologia bi-strecth e acabamentos que levam à transformação do tecido ao limite. “Ultra Weight” conta com mesclas de algodão/lyocell,

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bambu e seda em tecidos ultraleves (de 3 oz a 6 oz) e no outro extremo tecidos de 18 oz a 21 oz com acabamentos encerados e impregnados de óleo. Acessórios são feitos em materiais pesados e pedras em contraste com etiquetas em couro com impressões vazadas à laser. “Over Lightened” mostra índigos com tonalidades pálidas, como marrom e cinza, revelando tramas de brancos e crus. Também entram o abuso nas lavagens, uniformes ou intermitentes, e as transparências de silicone nos acessórios. De apelo rústico, o “Hard Work” trabalha com o conceito de uma roupa usada, velha e gasta. Neste caso específico, as tecelagens presentes apostam nas gramaturas pesadas, inclusive confeccionados em teares de lançadeira. Nesta terceira edição, realizada entre os dias 3 e 4 de dezembro, o evento contou com 64 expositores selecionados entre os segmentos de tecelagem, aviamentos, acabamentos, lavanderia e acessórios que fornecem para marcas de peso como Marithé et François Girbaud, Diesel, Miss Sixty, Hugo Boss, Armani, Louis Vuitton, Closed e Pepe Jeans. Quer saber mais sobre a Denim? Acesse o portal usefashion.com no link Feiras e confira 21 textos e 609 fotos. Boa pesquisa!

Cadica Group

Pullman Hall

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fotos: divulgação

masculino

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Closet

O culto à roupa COMO O NOVO PÚBLICO MASCULINO CONSOME MODA Por Fernanda Maciel

“Com a entrada da mulher no mercado de trabalho, houve uma simbiose: o homem assumiu algo da mulher e vice-versa. Assim como elas estão tomando posições e atitudes, que até então eram do homem, por outro lado o homem se permitiu ser mais vaidoso”, acredita. “Apesar dessa vaidade, o vestuário masculino está mais despojado. Os jovens da Internet trouxeram para o meio empresarial um jeito menos formal de se vestir, principalmente nas sextas-feiras, o casual day. “Hoje, executivos sem terno e gravata negociam milhões de dólares”, aponta Oliveira. No entanto, mesmo com essas mudanças no comportamento masculino, o consumo deles não pode ser comparado aos gastos femininos. A freqüência dos homens nas lojas é menor do que a das mulheres. A maioria dos consumidores do sexo masculino afirma que compra poucas

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produto e adquira confiança para comprar apenas pela Internet, sozinho. O cliente já tem as medidas e opções cadastradas e só precisa escolher o tecido, e qualquer pequeno ajuste é fácil de fazer e o cliente já sabe que a camisa vestirá bem”, comenta.

Desde 1999 como a primeira camisaria virtual do Brasil, no site da Closet (www.closet.com.br), o cliente pode comprar sua camisa sob medida sem sair do conforto de casa ou sem precisar se deslocar do trabalho para a loja. Além de escolher a cor e o modelo, também pode adquirir gravatas, suspensórios, abotoaduras e barbatanas. “A camisa é o produto mais vendido, representando atualmente 79% das vendas, e leva 15 dias úteis mais postagem para ser entregues. A entrega de acessórios (gravatas, abotoaduras, barbatanas e suspensórios) demora dois dias úteis mais postagem”, afirma André José da Silva, Analista Desenvolvedor de Sistemas.

Isso vai ao encontro do que argumenta o consultor Antônio César: “o conhecimento prévio da loja e/ou do produto, além das migrações das pessoas para outras cidades, devido à globalização, são os principais motivos que levam à compra pela internet”.

A loja da Closet foi inaugurada somente após quatro anos operando apenas na web, diferente do que acontece normalmente. “O site é a principal ferramenta da empresa. Afinal, as vendas da loja ou de consultores externos têm os mesmos procedimentos de uma venda online, a única diferença é que têm um consultor responsável identificado”, explica André. A Closet possui clientes de todas as faixas etárias, mas 38 anos é a idade média dos atuais consumidores da marca. Segundo André, as compras são feitas em sua maior parte pelos próprios homens, porém, existem mulheres que compram para seus maridos, chefes, irmãos, por exemplo. “Estatisticamente, as mulheres fazem, atualmente, apenas 8,98% das compras. Nossa experiência comprova que os homens têm preferido comprar sozinhos, porém ainda é muito comum que o homem leve a esposa até a loja para opinar sobre a camisa”, revela. “Nossa intenção é que o cliente conheça a loja, fique satisfeito com o

Com a proposta de oferecer oportunidades de compras a seus sócios, o site Coquelux (coquelux.com.br) foi lançado há menos de um ano pelos franceses Pierre-Emmanuel Joffre e Laurent Zago, profissionais experientes no mercado de luxo internacional. O site é um clube fechado para membros convidados, que buscam as marcas mais desejadas de roupas, acessórios, beleza, design e art de vivre. Toda semana, a Coquelux disponibiliza novas oportunidades de compra – uma marca de cada vez, durante dois dias. Para Pierre-Emmanuel Joffre, a falta de padronização das roupas é um dos grandes responsáveis pelo receio da compra pela internet aqui no Brasil. Diante disso, o Coquelux criou uma ferramenta exclusiva, um manequim virtual. “Os sócios podem criar até quatro manequins e, junto com o guia de medidas, que inclui comprimento das mangas, comprimento interno das pernas, cintura, tórax, ombro, circunferência do pescoço, entre outros, para garantir que o produto comprado sirva perfeitamente” ressalta Joffre. Segundo Pierre-Emmanuel, o site tem público na faixa etária de 20 a 40 anos, sendo que as mulheres ainda se interessam mais pelas compras. “80% do nosso consumidor é feminino, embora comprando também para eles”. O site vende marcas masculinas renomadas como Dior, Yves Sant Laurent, uMa, Iódice, Zapping, O Estilista, Poko Pano, entre outras.

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vezes ao ano. “Eles compram para resolver um problema, elas compram porque é prazeroso”, reforça o consultor. Mas será que com a proliferação de lojas online, o chamado e-commerce, o comportamento masculino diante do consumo não está sendo alterado?



Para Antônio César Carvalho de Oliveira, engenheiro, professor e diretor da empresa de consultoria comercial e pesquisas de mercado Acomp, um dos motivos do aumento da preocupação dos homens com a aparência é a competitividade do mercado de trabalho que exige uma boa apresentação pessoal.

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Uma nova geração de consumidores se forma, quase que de modo silencioso, e trata de modificar a configuração do cenário de moda na atualidade. Esta nova geração de homens está deslocando o culto ao corpo para outro foco: o vestuário. Porém, não estamos falando de uma roupa qualquer. O estilo predominante é limpo, beira o clássico, mas, permite intervenções próprias, em uma espécie de customização discreta, quase imperceptível. É uma forma de vestir que, sem dúvida, bebe muito na cultura contemporânea urbana, porém, também possui fortes indícios de valorização de aspectos intelectuais. Não se trata de pedantismo, mas de um novo entendimento sobre o ser/estar do homem na sociedade.

Iódice

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Consultoria: Paula Visoná

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fotos: divulgação

foto: © Agência Fotosite

calçados & bolsas

A arquiteta de sapatos

Basso and Brooke | Londres

RAOUDA ASSAF: TALENTO A SERVIÇO DO MERCADO DE LUXO Por Lisie Venegas Colaboração: Inêz Gularte Os traços do rosto assim como o desenho dos produtos não escondem sua origem. Nascida no Líbano, Raouda Assaf veio aos 11 anos para o Brasil junto de seus pais e irmãos, fato que determinou o rumo de sua vida e carreira. Conhecida internacionalmente e respeitada como designer de calçados de luxo, Raouda recebeu a UseFashion em sua passagem pelo sul do Brasil e contou para nossa reportagem, em primeira mão, sobre sua coleção de inverno que está sendo desenvolvida por aqui. Também falou sobre a opção pela moda e a experiência internacional. Formada no Brasil em arquitetura, ela conviveu com a cultura árabe dentro de casa e com a brasileira na cidade de Santos, onde a família Assaf se fixou. A curiosidade e o talento plural levaram Raouda a questionar se a arquitetura era realmente o que queria fazer. Depois de ganhar uma bolsa de estudos para aprimoramento em arquitetura no Egito, ela foi para Itália cursar Design. Em seguida, saiu em viagem pelo mundo chegando até a Austrália. As andanças pelo planeta despertaram a vontade de cursar Moda e foi então que ela começou a fazer calçados e bolsas. Trabalhou para algumas marcas internacionais até que criou a sua. O ecletismo de referências e a qualidade dos produtos que ela cria não tardaram a conquistar o público feminino. Hoje, Raouda vende em mais de 70 pontos no mundo, entre eles Estados Unidos, Inglaterra, Irlanda, Itália, Austrália, Jordânia, Líbano, Dubai e Japão.

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“O que é grandioso não nasce grandioso, somente com o tempo ganha esse status e é, nesse instante, que nasce a identidade, a construção de um trabalho autoral e formador de opinião”, afirma ela, que com entusiasmo conta o resultado de sua primeira coleção, desenvolvida em 2005. “Minha primeira coleção foi uma explosão de criatividade, mas devo confessar que não era nada exeqüível, vendo-a hoje, consigo abstrair infinitas referências e dali criar outras tantas coleções”. Mesmo com os impedimentos que ela mesma identifica, a coleção chamou a atenção do público e da mídia ganhando destaque na Vogue inglesa, na ala “International Designers” da maior feira do setor, a Micam, e na vitrine da Selfridges. E não é para menos, sua estética e seu método de trabalho exploram toda a bagagem cultural que ela acumulou pelo mundo. “O árabe sempre morou no deserto, que é monocromático, portanto, abusa das cores para deixar sua vida mais rica e alegre. Para mim, todas as cores combinam entre si e se completam”, declara. A designer conta que as dificuldades por vezes se sobressaíam em seu processo de produção. “Sempre que queremos fazer algo inexistente no mercado e enfrentamos resistência dos que trabalham de forma convencional. Não é fácil desconstruir algo que está sedimentado e começar o novo. O sabor de realização após essa busca é muito maior”. A visibilidade lhe rendeu parcerias importantes, uma de-

las com a festejada dupla Basso and Brooke, que desfila em Londres e é formada por um brasileiro e um inglês. Na sua linha, com modelos limpos, empregando couro de vaca e cabra, e primor no acabamento e nos detalhes, ela atinge o nicho do luxo, mas tem planos de expandir o alcance da marca. “Tenho a intenção de desenhar sapatos masculinos e também de criar uma linha anexa que vá para o lado oposto da marca Raouda Assaf, contemplando o mercado do fast fashion. Esse acesso só será possível quando a marca já existente crescer, já que é o fato da empresa ser pequena e produzir em baixa escala que torna meu poder de negociação menor e acaba resultando em sapatos mais caros e exclusivos”. Por outro lado, pondera. “Contudo, penso que é nos momentos de crise, como o que estamos vivendo atualmente, que você cresce e aprende a trabalhar melhor e aperfeiçoar seu core business. Esses são alguns projetos que só devem ser postos em prática quando a situação estiver estabilizada”. Para sua coleção de inverno 2009, a designer apostou em uma cartela com 10 cores. Entre elas, verde, roxo, azul intenso, além dos metalizados e tecidos de tapeçaria que importou da Síria. “O salto é um detalhe à parte. Este que acabo de desenvolver, todo torcido e que me faz lembrar muito as curvas de um corpo feminino e traduz um desejo da mulher atual: além de ser prática e moderna, ela precisa resgatar o romantismo”.

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fotos: © Agência Fotosite

foto: Henrique Gendre/divulgação

infantil

Campanha PUC de alto verão 2009

Ar setentista

Nolita Pocket | Verão 2010

Nolita Pocket | Verão 2010

COLEÇÕES APRESENTAM PEÇAS COM ASPECTOS ARTESANAIS Por Fernanda Maciel Consultoria: Renata Spiller Colaboração: Thomas Hartmann

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bem ao estilo hippie. Para incentivar a customização, a grife criou um kit que permite diversas criações com apenas uma camiseta e tinta colorida para obter combinações diferentes e criativas de estampas em tie-dye.

Os detalhes ganharam força na estação, principalmente o crochê, usado tanto nas roupas como também em acessórios. O patchwork e a técnica de tingimento tie-dye também foram adotado para realçar o ar setentista nas produções.

Marcas como Nolita Pocket e Lu-Mà, desfiladas na Pitti Bimbo, mostraram forte aposta na tendência anos 70 no verão 2010. Elas abusaram das hair bands para enfeitar os cabelos das meninas, com tiras em couro, borboletas aplicadas e tecidos florais. Nas roupas, ambas apresentaram modelagem setentista nas calças e batas. Já as sandálias ganharam cabedais mais simples com ar retrô e aparência mais rústica. As grifes Levi´s e Agatha Ruiz de La Prada apontaram a referência estampas, com degradês e ti-dye.

A grife infantil PUC, na sua linha de alto verão, apostou em modelagens mais longas e amplas, com peças repletas de aplicações e bordados que remetem à paz e amor,

Esta tendência já foi apontada em setembro na Megatendência Imaginação. Para ver mais, acesse a Megatendência Infantil em www.usefashion.com.

O CLÁSSICO Embora não produzindo coleções inspiradas nos anos 70, a Ortopé traz de volta os clássicos dessa época. A coleção Especial Ortopé foi remodelada e com uma tecnologia própria. Os modelos, que tiveram seu auge nos anos 70 e também nos anos 80, agora trazem silhuetas mais acentuadas, design de movimento, cores e detalhes que acompanham as tendências da temporada. As sandálias, nas cores verde, terra e marinho, têm fechamento em velcro ou fivela personalizada.

fotos: divulgação

Os anos 70 dão o tom das coleções de verão para a criançada. Antigas técnicas manuais ganharam novos processos, mantendo o aspecto artesanal e agora prometem tomar conta da moda infantil no verão 2010. Para algumas marcas no Brasil, o estilo já acontece, antecipando a tendência. É bom lembrar que as mães de agora eram as crianças dos anos 1970/1980. Esta vivência impacta a memória afetiva e facilita a assimilação do estilo para seus filhos no presente.

Lu-Mà| Verão 2010

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fotos: divulgação e reprodução

acessórios

H.Stern

Gucci

fotos: © Agência Fotosite

Fendi

Marc by Marc Jacobs | Nova York

Marc by Marc Jacobs | Nova York

Tempos modernos RELÓGIOS MUDAM PARA CONQUISTAR PÚBLICO FEMININO Zenith

Por Inêz Gularte

Daniel Roth

Consultoria: Renata Spiller Os relógios femininos estão no centro das atenções, ocupando páginas e mais páginas de publicidade nas revistas internacionais, além de editoriais inteiros dedicados ao assunto. O interesse pelo acessório está intimamente ligado à liberação feminina, à presença da mulher no mercado de trabalho e ao seu poder de decisão na hora da compra. Os tempos mudaram e os relógios também. Para atender esse novo perfil de consumidora, o mercado relojoeiro vem buscando especializar-se. Se antes os modelos masculinos eram adaptados para elas, hoje, os relógios são pensados levando em conta a pluralidade desta nova mulher: que trabalha, estuda, é mãe, esposa, cuida da casa e ainda encontra tempo para praticar esporte e se divertir. Uma mulher bem informada, que tem compromissos, cuida de si mesma e que valoriza seu estilo. O embaixador da H.Stern no Brasil, Christian Hallot, diz que, normalmente, o homem leva mais em conta a tradição do que a moda na hora da compra. “Ele comprará um modelo e o usará por anos a fio”. Acontece que o consumidor masculino coleciona relógios, escolhendo-os pelos mecanismos sofisticados, sem se preocupar muito com o estilo. Enquanto isso, a mulher quer uma variedade de modelos para acompanhar o que é tendência, para combinar o acessório com o seu guarda-roupa, sem abrir mão da funcionalidade. “A relojoaria tem de atender às necessidades das mulheres e ainda somar o gosto que elas têm de variar segundo a moda, que está enraizada em seu hábito de consumo”. Entre os modelos que estão em destaque, Christian elege

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os relógios funcionais (com cronógrafos, calendários de duplo fuso-horário, relógios digitais, à prova d’água e com funções esportivas), relógios com design sofisticado e atemporal, relógios com cores femininas, relógios com pedras preciosas, principalmente diamantes, reedição de modelos antigos, relógios com autogratificação (com segredos que só a usuária conhece) e relógios versáteis (que permitem a troca de pulseiras ou de mostradores).

de avestruz. Mas, se perguntarmos se os modelos serão mais delicados, especialistas informam que a tendência de caixas e pulseiras grandes e largas deve continuar, no entanto têm seus dias contados. “A indústria relojoeira deve levar cerca de uma década para se adaptar aos padrões femininos, o que em joalheria é um médio prazo”, explica Christian. Ele acredita que, aos poucos, os novos relógios devem ficar mais delicados.

Para o consultor em relojoaria e editor do site português Relógios & Relógios, César A. A. Rovel, as grandes marcas estão desenvolvendo modelos femininos tecnicamente mais sofisticados, com complicações antes vistas apenas em modelos masculinos. Mecanismos que trazem informações astronômicas, como as fases da lua em grandes dimensões, e também cronógrafos, especialmente em modelos mais esportivos, são exemplos dessa novidade. “Prova da valorização do funcionamento das máquinas, é o lançamento de grande número de modelos femininos com aberturas no mostrador para a exibição dos mecanismos”, exemplifica César. O consultor comenta ainda que os relógios-jóias têm a vantagem de poderem ser utilizados em ocasiões mais informais, em que não convém o uso de uma jóia muito vistosa. “Cristais também têm seu lugar, em modelos mais acessíveis”.

As caixas, apesar de ainda grandes, estão mais proporcionais aos pulsos femininos. “Os tamanhos de 27mm a 35mmm estão entre os mais procurados”, diz Christian. Nos metais, destaque para o ouro amarelo e o rosé, que estão de volta, depois da supremacia do metal branco, na década de 90. Vale lembrar também as ligas especiais mais leves, de acordo com o consultor César.

Quando falamos em pulseiras, elas estão mais femininas, coloridas, feitas em materiais sofisticados como crocodilo tingido, telas com motivos florais, ou que remetem aos símbolos de marcas de prestígio. Há ainda pulseiras em ouro e pedras preciosas e, até mesmo, modelos com peles exóticas, como galluchat (de arraia), chinchila e couro

Para Ana Paula Okamoto, gerente de relógios da Vivara, a peça se consolida como um acessório de moda que valoriza a produção, com destaque para os modelos clássicos e clean. Entre as pulseiras, Ana destaca as finas e de cor branca. E avisa: os modelos clássicos de caixas redondas são trocados, nesta coleção, por caixas quadradas e retangulares. Na Tissot, a tendência pede por relógios grandes e largos. Laurent Tavares, gerente de marca, diz que os relógios mecânicos são os preferidos, pela longa duração. Modelos vintage, em madrepérola, mais clássicos e atemporais, e também aqueles com jóias grandes, brilhantes e diamantes, são os destaques. “Não existe mais a ditadura do fino, os relógios são redondos e com caixas altas”.

Patek Philippe

DÉCADAS SE PASSARAM Fonte: Christian Hallot/Embaixador H.Stern No passado, as mulheres não precisavam ater-se aos horários, uma vez que as suas funções diárias se resumiam ao cuidado com o lar. No final do século XIX, principalmente na Belle Époque, alguns pequenos relógios femininos começaram a aparecer sob forma de pendentes, relógio de lapela, ou na tradicional châtelaine, usada pelas donas de casa no final da época Vitoriana. Curiosamente, os mostradores eram voltados para dentro, a fim de mostrar o verso como se fosse uma jóia (em muitos casos, com pedrarias e belas gravações em esmalte). No início do século XX, com o advento das duas Guerras Mundiais, com os homens no front e as mulheres em casa com os filhos, mais uma vez, os relógios femininos não tiveram a mesma importância que as jóias. Neste período, o crescimento da burguesia chegou ao seu auge. Novas minas de pedras foram encontradas e vieram ao encontro destas consumidoras que se dedicavam mais às jóias que aos relógios. Aqueles que existiam eram pequenos, apenas para lembrar os compromissos e, muitas vezes, camuflados em belas pulseiras de ouro e pedras. Eram chamados de “Montres Bijoux” e, quanto menores, mais procurados. A Rainha Elizabeth II, usou durante a cerimônia de ca-

samento, o relógio com o menor mecanismo do mundo, escondido em uma fina pulseira de ouro. A reputação da “pontualidade britânica” não poderia falhar neste momento tão importante e, coube à manufatura Jaeger LeCoultre a confecção deste minúsculo relógio de pulso. No pós-guerra, na década de 50 até meados dos 60, a feminilidade da mulher foi materializada por Christian Dior, Givenchy e Balenciaga entre outros grandes nomes da moda. A mulher neste período se cuidava, vivia bem, e ficava próxima de sua prole nascida no fenômeno conhecido como baby boom. O marido tinha o emprego dos sonhos e desfilava o seu automóvel “rabo de peixe”. Era o “American Dream”, que privilegiava as posses, mais do que a preocupação com o tempo. Mais uma vez para elas, as jóias tinham mais peso que os relógios. Jackie Kennedy é o retrato do final deste período que antecede uma verdadeira revolução no consumo. A nova geração nascida do pós-guerra chega à maturidade na segunda metade da década de 60. Revoltados com a guerra do Vietnã e as desigualdades raciais e sexuais, o que deveria ser um pequeno festival de música do interior dos Estados Unidos, onde eram esperadas 20 mil pessoas, recebeu mais de 200 mil jovens. Era o Woodstock e o

tempo dos hippies. Ali, a mulher começou a apoderar-se dos objetos masculinos e vice-versa. Surgiu a moda unissex. O jeans passou a ser o uniforme dos jovens e, mais tarde, de todos nós. Passado este período na década de 70, a mulher retomou fôlego. As desigualdades foram desaparecendo e, no universo dos relógios, a mulher apoderou-se dos modelos masculinos por total falta de opção, uma vez que a posição feminina no âmbito profissional ainda estava se consolidando. Mostrar poder naquele momento era, antes de tudo, parecer-se com o homem. Yves Saint Laurent criou para a mulher o smoking feminino. Vieram os mocassins, as camisas com abotoaduras, entre outros. Nos anos 80, houve uma retomada da feminilidade. O scarpin voltou, mas com toques bem masculinos. As ombreiras eram onipresentes nas roupas e, os relógios masculinos foram sendo apoderados. Nos anos 90, outro importante fenômeno aconteceu: a globalização. Com ela, as fronteiras caíram. As mulheres ganharam o mercado de trabalho. Hoje têm o seu próprio dinheiro, tem poder de compra e, melhor ainda, o poder de decisão de compra do casal. A igualdade chegou e a indústria relojoeira está se adequando aos novos tempos.

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acontece fotos: Marcio Madeira/divulgação

Evento se consolida como um dos principais da moda no Brasil MINAS TREND PREVIEW | INVERNO 2009 A 3ª edição da Minas Trend Preview, que ocorreu em Belo Horizonte no mês de novembro, recebeu mais de 6 mil visitantes, entre eles compradores de países como França, Portugal, Austrália, Inglaterra e Angola. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Calçados (Abicalçados), a expectativa de negócios para o inverno 2009, temporada apresentada no evento, é da ordem de US$ 383 mil. Já para a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT), que trouxe clientes de Dubai, Londres, Alemanha, Colômbia e Áustria, a expectativa é de US$ 298 mil. O evento tem se destacado na moda nacional já que antecipa muitas coleções que serão apresentadas nas semanas de moda de São Paulo e Rio de Janeiro. Umas das boas notícias ressaltadas pela organização do Minas Trend é que o setor de bolsas no mercado brasileiro cresce cerca de 20% a cada edição da feira. “Hoje, o volume de negócios já é comparável às vendas efetuadas em eventos de lançamento como Couromoda e Francal”, aponta o presidente do Sindicato de Bolsas de Minas Gerais (Sindibolsas-MG), Getúlio Guimarães. As coleções de vestuário, que investem pesado em vestidos de múltiplos modelos, confirmaram as Megatendências de Inverno 2009 divulgadas há quase um ano pelo Núcleo de Pesquisa e Comunicação da UseFashion. A “Drama” recebeu ênfase sendo representada pelas cores P&B, além da presença das transparências em detalhes ou no look total. No caso dos calçados e bolsas, os pêlos serão um dos hits. Sua utilização é mais freqüente nos modelos de salto alto fino, ou médio, neste com espessura mais grossa. Já nas bolsas, os pêlos aparecem como coadjuvantes, e no vestuário esbanjam ousadia ao estar no look total. A cartela de cores é variada, e vai desde tons naturais, especialmente nos pêlos de boi, até estampas de leopardo e girafa. Quando tingidos, as cores que têm predileção são preto, branco, rosa, roxo e cinza, além dos terrosos. A UseFashion cobriu 40 estandes no Minas Trend Preview que estão disponíveis no link Feiras do portal usefashion.com. Lá você também pode conferir os desfiles. A próxima edição do evento, primavera-verão 2010, já tem data marcada: de 29 de abril a 2 de maio de 2009.

Bolsa Rogério Lima

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Barbarella

Santa Ephigênia

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editorial

opinião REGINA MACHADO*

O NOVO MERCADO DAS MARAVILHAS

Ilustração: Jorge Gomes/reprodução

“Senhores, imperadores e reis, duques e marqueses, condes, cavalheiros e burgueses e todos vós que quereis conhecer as diferentes raças de homens e a variedade das diversas regiões do mundo e ser informado de seus usos e costumes...” Marco Pólo.

O Oriente sempre foi o outro e a alteridade faz parte do jogo da moda. A diferença cultural atiça a curiosidade e funciona como ingrediente sedutor para o espírito romântico do consumo. No GPS ficcional de Marco Pólo podemos encontrar importantes pistas de um caminho possível para a comercialização dos produtos brasileiros. No passado, na primeira etapa do mercantilismo, a necessidade de aumento de clientela ajudou o desenvolvimento da tolerância entre culturas. Hoje, com a participação das missões brasileiras nas feiras do mundo árabe, verificamos que o consumo se mantém como eficiente operador da troca entre diferentes estilos de vida. A experiência do setor joalheiro nacional tem colhido bons resultados através de uma atitude empresarial desbravadora e perseverante. A sabedoria de nossas avós nos aconselhou que “não colocássemos todos os ovos numa mesma cesta”. Esta é a hora de pôr em prática esses ensinamentos. A joalheria, que nunca menospreza o conhecimento do passado, ouviu os chamados e o design do luxo brasileiro não se descuidou.

A chamada de Marco Pólo mantém até hoje a sua validade e permanece promovendo a aventura cognitiva contemporânea. A distância, o desconhecido e a diferença continuam sendo os ingredientes fascinantes que estimulam trocas simbólicas e ritos de passagem. O consumo é o operador mágico que faz desaparecer a distância entre as culturas. BRASIL-DUBAI: O SUPERMARKET DA DIVERSIDADE Em sua marcha, Marco Pólo ampliou o repertório de imaginários que até os dias atuais povoa o mercado global. Mais do que nunca, o ambiente do consumo tem sido

Apesar de todo o empenho que os fabricantes nacionais têm dedicado ao mercado europeu e, sobretudo, ao mercado da América do Norte, várias outras rotas de trocas têm sido implementadas. O flerte entre a produção brasileira e o mundo árabe é fruto de um empreendimento visionário e vem conquistando um bom posicionamento para nossas mercadorias. Nossas jóias representam justamente uma outra joalheria. Nosso design não tem o seu preço estabelecido pelos valores materiais das peças, mas pela inovação no próprio conceito de joalheria. As jóias brasileiras comunicam um jeito leve de estar no mundo e prometem rejuvenescer os mais tradicionais dos looks. Por entre burcas e xadors os olhinhos das consumidoras entendem o recado e brilham. UM MUNDO DE HERMANOS E PRIMOS Nossa familiaridade hermana opera milagres comunica-

Invista em conhecimento para não errar na crise

cionais no Mercosul, assim como, inversamente, nossa estranheza exótica suscita curiosidades irresistíveis no próspero mercado do mundo árabe. No cada vez mais global mapa geo-econômico do consumo contemporâneo, não passa despercebido o potencial comercial do supermarket da diversidade. Muita coisa mudou em muito pouco tempo. Dubai, por exemplo, passou de um lugar que ninguém nem lembrava que existia até o destino darling dos viajantes menos aventureiros e mais hedonistas de todo o mundo. Como isso se deu? A receita dessa poção mágica é secreta e utiliza vários ingredientes em seu caldeirão. No entanto, podemos apostar que o elemento fundamental de sua alquimia é, sem dúvida, o fator simbólico do consumo que aproxima imaginários e possibilita a comunicação entre diferentes culturas.

Em tempos de incertezas, o papel dos sistemas de informação cresce no Brasil. Em pesquisa sobre a crise, realizada com 748 profissionais de moda brasileiros entre 28 de outubro e 4 de novembro, levantamos que 76% consideram que as informações antecipadas por empresas de pesquisa como a nossa são relevantes ou muito relevantes.

NEOMERCANTILISMO PLANETÁRIO?

Quase metade dos entrevistados concluiu que a crise já impactou negativamente seu negócio (368 respostas). A amostra foi composta por 318 fabricantes de produtos prontos, 172 prestadores de serviço, 171 varejistas, 61 estudantes, 15 indústrias de matéria-prima e de maquinário e 11 indústrias de componentes. Cerca de 60% trabalham com vestuário feminino, 34% com vestuário masculino, 23% com vestuário infantil. Além disso, 34% indicaram atuação em acessórios, 20% em jeans, 25% em bolsas e 26% em calçados (foi possível marcar mais de uma alternativa, por isso a soma das porcentagens ultrapassa 100%).

Temos cada vez mais pensado a moda e o consumo dentro de um universo espacial planetário. O imaginário contemporâneo já se habituou - vale lembrar o conceito de habitus de Pierre Bourdieu - a pensar o planeta como seu território. O caminho para o Oriente já nem é tão distante ou mesmo diferente. O olhar moderno buscou classificar culturas através da identificação das diferenças. O olho contemporâneo estabelece semelhanças, sem abrir mão da riqueza da diversidade.

Líder em pesquisa de moda no Brasil, nossa empresa cresceu 20% em novembro de 2008 em comparação com o mesmo período de 2007, apesar da crise. A atual situação cambial trouxe benefícios para nossos clientes, visto que os custos para adquirir informações de outras fontes se tornaram mais dispendiosos.

* Regina Machado é doutoranda de comunicação da ECO/UFRJ, pesquisadora do grupo de estudos de comportamento ETHOS e do IBGM, coordenadora de Design de Jóias da Universidade Veiga de Almeida/RJ e assina a coluna Faro Fino do site www.infojoia.com.br.

ping-pong

Ícone de moda? Vintage: Yves Saint Laurent; atual: Marc Jacobs.

Música do momento para você? Lounge para desenhar.

Indispensável no guarda-roupa? Paletó.

Seu estilo? Livre e descompromissado.

Sonho de consumo? Ano sabático. A melhor compra? Meu apê em SP. Pior compra? Um sapato maravilhoso, porém muito duro. Não usaria? Calça boca-de-sino. Um presente marcante? Eu tinha 11 anos e estava com os dois dedinhos do pé quebrado e minha irmã me deu meu primeiro sapato de couro. Outro presente marcante foi meu primeiro caderno de desenhos. Um aroma? Pode ser o cheirinho de alho queimado?

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fotos: © Agência Fotosite

O capixaba Ivan Aguilar desponta com suas criações em alfaiataria. Ele reinventa o clássico no guarda-roupa masculino em um misto de elegância com um certo ar despojado. Compondo o line up do Fashion Rio, é um dos grandes nomes da nova geração de estilistas brasileiros.

A idéia é não errar durante a crise. Estamos vivenciando um período em que é crucial as empresas terem informações estratégicas sobre o futuro que se aproxima. O empresário precisa, mais do que nunca, buscar fontes confiáveis para aumentar a eficácia da criação das suas coleções e maximizar seus lucros.

Durante o mês de novembro, lançamos a campanha “Sim, nós podemos te ajudar a enfrentar a crise”, em uma alusão à estratégia adotada pelo presidente recém-eleito nos Estados Unidos Barack Obama. Juntos, nós podemos antecipar tendências; incentivar o processo criativo; criar algo novo todos os dias; aumentar suas vendas; reduzir riscos; minimizar custos, ampliar o valor de sua marca, maximizar seus lucros e a alcançar o sucesso. Nossa idéia é mostrar à moda brasileira que os desafios impostos não são maiores do que a nossa capacidade técnica e criativa. Nos próximos meses, veremos queda de consumo de bens duráveis e novas janelas de vendas para bens não-duráveis, como os da cadeia da moda. Não é à toa que grifes como Hermès e Louis Vuitton estão se instalando por aqui. Esta crise durará cerca de dois anos, e avistaremos possibilidade de maior exportação e também uma queda acentuada nas importações - notadamente dos produtos asiáticos. Projeção do Credit Suisse, por exemplo, aponta para uma queda de 17% nas importações brasileiras, abrindo novos negócios para as empresas nacionais.

Um livro? Rumo ao farol de Virgínia Woolf. Uma frase? “A inquietação rouba a paz”. Um filme? Yentl.

foto: popartmachine.com/reprodução

provocado pelas mercadorias das culturas distantes. Atualmente, trocamos o sentido da rota e, agora, a produção brasileira tem se dedicado a apresentar as maravilhas do novo mundo a todo o mundo.

foto: divulgação

NA ROTA DE MARCO PÓLO

Obama Manisfest Hope

Onde você estará, e o que estará fazendo quando estas oportunidades se abrirem no horizonte? Como você vai encarar este desafio? Conte conosco.

Um lugar? Pedra Azul, a Campos do Jordão do ES. Uma comida? Ravioli de Mandioquinha do Valsugana, em Pedra Azul. O Brasil hoje? Esperançoso e propício para quem quer trabalhar. Uma mania? Trabalho. Uma dica? Seja feliz com o que tem.

Verão 2009 | Fashion Rio

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lojas

Adrenalina: The Extreme Store SURF, DENTRO DA LOJA, PARA AMANTES DE ESPORTES RADICAIS Por Inêz Gularte Colaboração: Rita Azevedo

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deixar que a umidade danifique os produtos expostos. As lojas da rede têm em média 789 m², e o custo para a instalação do simulador é de US$ 1 milhão, enquanto que o custo total de cada loja gira em torno de US$ 1,6 e 2 milhões. O foco principal da Adrenalina Store é a geração Y, perfeitamente ambientada e adepta das novas tecnologias, além de ligada aos esportes radicais. São aquelas pessoas nascidas entre 1980 e 1990, ou como dizem algumas vertentes, entre 1975 e 1985. Apesar de ter como público-alvo principal esse segmento, o trabalho com marcas conceituadas como Billabong, Quiksilver, Zoo York e O’Neill, faz com que os produtos agradem a consumidores de diversas faixas etárias. O mesmo se pode dizer sobre a grande atração da loja. Quem não se anima a testar suas habilidades no simulador, pode participar também como expectador. E muitos se surpreendem com esse cenário pouco provável dentro de um shopping.

Com projeto executado pelo Otto Design Group, a Adrenalina tem ambientação e expositores em madeira e aço galvanizado. Tudo é projetado no sentido de atender às expectativas dos amantes de esportes radicais e também pensando naqueles que desejam saber mais sobre este estilo de vida. Na fachada e dentro da loja, troncos e árvores naturais remetem ao clima outdoor. Grandes janelas permitem que o FlowRider® seja visto de qualquer ponto do ambiente. O simulador de ondas é cercado por vidro vedado para não molhar os expectadores nem

O sinal de que a estratégia está dando certo aparece nos planos de expansão da empresa no varejo. Estão sendo construídos pontos de venda no North Point Mall, em Alpharetta, na Georgia; no The Cherry Creek Shopping Center, em Denver, no Colorado; e no The Shops Willow Bend, em Plano, no Texas. Além disso, a empresa assinou contratos de aluguel no The Galleria, em Houston, no Texas, e no Meadowlands Xanadu, em East Rutherford, em New Jersey. As novas lojas devem ser maiores, com cerca de mil metros quadrados cada.

A IDÉIA

fotos: divulgação

Ondas, gente surfando e muita adrenalina. Pela descrição, logo vem à cabeça o cenário de uma praia. Mas, acredite, estamos em uma loja. A Adrenalina Store, com matriz em Miami, nos Estados Unidos, e mais três pontos-de-venda instalados em shopping centers, na Flórida, é, no mínimo, diferente. Dentro da tendência shop-o-tainment, que alia compra a entretenimento, todas as lojas da rede seguem o mesmo conceito: têm como centro das atenções e com exclusividade um compacto simulador de ondas para a prática de surf, o FlowRider®. Comum em cruzeiros de luxo, resorts e parques de diversão, é a primeira vez que o simulador é instalado no varejo. Na Adrenalina, enquanto escolhe o que vai levar, o cliente pode observar como os equipamentos, as roupas especiais e os acessórios se comportam em ação dentro da água. Pode, inclusive, experimentar tudo o que comprou, ou apenas se divertir. Para os iniciantes, a loja oferece cursos ou aulas avulsas orientadas por instrutores.

A Adrenalina nasceu a partir do sucesso de um programa de televisão sobre esportes radicais de mesmo nome que vai ao ar no SITV, nos Estados Unidos, e no Sun Channel, em alguns países da América Latina. Enquanto apresentava o programa, em 2004, Zalman Lekach percebeu que a empresa tinha potencial para investir em um poderoso conceito de varejo. Nenhuma loja reunia, em um mesmo local, equipamentos e roupas específicas para a prática dos mais diversos esportes radicais. Acrescentar o simulador de ondas, pela primeira vez dentro de uma loja, e permitir que os usuários testassem os produtos, foi o diferencial. O grupo de gerenciamento trabalhou para colocar em prática a idéia, pensando no mix de roupas, acessórios e equipamentos para a prática de surf, skate, wakeboard, kitesurf, skimboard, mountain bike, entre outros. Além disso, obteve os direitos de venda exclusiva do FlowRider®. Além do programa e das lojas, a Adrenalina desenvolve ainda três publicações especializadas com foco no público jovem.

ADRENALINA STORE Miami International Mall 1455 NW 107 Avenues

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radar internacional inverno 2009

TERRA

COLOR

Uma cartela ligada às origens, às raízes, que evoca a terra, às madeiras e toda a tradição do couro, que aparece no melhor das suas qualidades. Os acabamentos são transparentes, revelam nuances de tonalidade em um amplo espectro de tons claros, médio, e saturados como um grão de café. O apelo das etnias, especialmente a África, país que alinha as referências visuais da Megatendência Fusão, eclode em produtos de toques sugestivos e inegável beleza, entre a sofisticação e o primitivo. Confira mais desta Megatendência no portal usefashion.com.

A excelência do couro somada à força da cor: esta combinação poderosa é tiro certo para o próximo verão. A passagem vermelho/laranja-amarelo aplicada a um mesmo modelo , vai marcar presença. Uma alternativa é introduzir roxo ou azul, justapostos na mistura. O rosa e o verde vão bem sozinhos. Os tons quentes, particularmente o vermelho ligam-se diretamente à Megatendência Transformers e instalam uma cartela “orgânica” no coração da moda de verão.

Burberry | Milão

Burberry | Milão fotos: © Agência Fotosite

Louis Vuitton | Paris

Louis Vuitton | Paris

VBH | Paris Valentino | Paris

Christopher Kane | Londres VBH | Paris

Bottega Veneta | Milão

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Roger Vivier | Paris

Bruno Frisoni | Paris

Mulberry | Paris

Bottega Veneta | Milão

Mulberry | Paris

Brian Atwood | Milão

Marni | Milão

Christian Louboutin | Paris

Lanvin | Paris

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radar nacional inverno 2009

CORES DE INVERNO Nem só de preto vive a estação fria. Azuis, tons de rosa, roxos e vermelhos estabelecem outra direção para a cartela de inverno, puros ou misturados entre si. O fenômeno do inverno colorido foi detectado tanto na Minas Trend Preview quanto na Casa de Criadores, até agora os dois principais eventos que apresentaram previews do inverno 2009 para o mercado nacional. Veja a cobertura completa dos dois no portal usefashion.com.

Corso Como

Cláudia Mourão

Fause Haten

Walter Rodrigues

Miezko

Gustavo Silvestre | Casa de Criadores

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USEFASHION JOURNAL

Corso Como

Fause Haten

Corso Como

Corso Como

Débora Germani

Patrícia Motta

Cristófoli

Margot

Prints I Like | Casa de Criadores

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comportamento por Katia Canton*

BARBIE A cada segundo, duas bonecas Barbie são vendidas em algum lugar do planeta. A estatística, revelada numa pesquisa na internet, nos dá a idéia da potência desse mito, que ao longo dos últimos 50 anos, tornou-se o paradigma do ideal de beleza feminino. Barbie foi criada no final dos anos 30, pelo casal Ruth e Eliot Handler, cuja filha, Bárbara, gostava de vestir e trocar suas bonecas. O casal Handler, dono da empresa de brinquedos Mattel, resolveu lançá-la na Feira Anual de Brinquedos de Nova York, em 1959, vendendo-a ao preço de 3 dólares cada. A tiragem inicial de 340.000 Barbies esgotou-se rapidamente e novos modelos se seguiram no tempo, aumentando exponencialmente a popularidade da boneca. Ironia do fato histórico: a boneca surgiu em plenos anos 1960, marcados pela reivindicação das liberdades pessoais e pelo feminismo, que entre outras coisas, contestava a passividade da mulher-objeto. Pois, enquanto feministas norte-americanas queimavam sutiãs em praça pública, a Barbie passava a ocupar locais privilegiados nas prateleiras das lojas de brinquedos, com sua figura loira de olhos azuis, sexy, magérrima e ao mesmo tempo curvilínea, vestida com modelos exuberantes, preferencialmente na cor rosa.

foto: reprodução

A grande particularidade, que gerou o sucesso imediato da Barbie, é o fato dela não ser uma boneca-menina, mas sim, uma boneca-mulher. Seus criadores perceberam que, no contexto da sociedade moderna, as meninas querem crescer e se tornar adultas e desejadas o quanto antes. Podemos pensar aqui na erotização da infância, que progressivamente assola as novas gerações. Apresentadoras de programas televisivos destinados a crianças são loiras, vestem roupas sexies, etc. Ao mesmo tempo, podemos refletir também sobre uma infantilização da vida adulta. Pois se o modelo de beleza feminina é uma boneca, cujas proporções são impossíveis de serem reproduzidas em mulheres reais, estamos todas projetando no espelho a imagem idealizada de um ser plástico, vendido juntamente com outros valores acoplados em seus acessórios e modelos: a roupa de grife que ela usa, a Ferrari que ela conduz, o sapato de salto altíssimo, o penteado blonde alisado e brilhante, o iPod da moda.

A sugestão de objetos e espaços em 3D na vitrine é muito criativa e atraente. A Stefanel, em Florença, está trabalhando com essa idéia na atual coleção em todas as suas lojas. Enormes estantes são na verdade planos retos de fundo e trazem uma espacialidade muito interessante. Note ainda que criativo os expositores: imensos livros feitos em madeira e revestidos de um material cor de laranja que destacam os produtos menores e servem de bancos para os manequins. Excelentes idéias para guardar e usar quando o tema “Volta às aulas” surgir.

foto: divulgação

visual merchandising * Katia Canton é PhD em Artes Interdisciplinares pela Universidade de Nova York e livre-docente em Teoria e Crítica de Arte pela ECA USP. É docente e curadora do Museu de Arte Contemporânea da USP e autora de vários livros.

Playboy é a mais bem humorada e, ao mesmo tempo, incômoda das obras. A lendária revista vem cuidadosamente guardada numa bela caixa, como se fosse um tesouro. A artista refez a própria edição, colocando a Barbie como a grande protagonista da história.

Em 2008, publicamos mais de 5,5 mil imagens em visual merchandising (mais de 150 delas foram comentadas) no portal usefashion.com. Acesse!

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foto: Bruno Magalhães/divulgação

fotos: © Agência Fotosite

perfil

Ronaldo Fraga UM CONTADOR DE HISTÓRIAS Por Inêz Gularte Colaboração: Fernanda Maciel Ser estilista nunca foi um desejo. Ele não teve mãe costureira ou imaginou que seus desenhos um dia se transformariam em coleções. Mesmo assim, o destino traçou seu caminho. A paixão pelo desenho fez com que Ronaldo Fraga cursasse Estilismo na Universidade Federal de Minas Gerais, no início dos anos 90. Depois passou por Londres, estudando na conceituada Central Saint Martins. Também viveu em Nova York, onde estudou na Parson’s School. No Brasil, foi vencedor do prêmio Estilista Revelação, organizado pelo Phytoervas Fashion, e ganhou o cenário nacional. Logo ingressou na Casa de Criadores e, em 2001, passou a integrar o line up do maior evento de moda da América Latina, o São Paulo Fashion Week. Suas coleções são conhecidas por não seguirem tendências, mas, baseadas em referências regionais, trazerem contemporaneidade. Nesta entrevista, ele conta sobre sua trajetória, sua paixão pelo desenho e a literatura, sobre a valorização de nossa cultura e sobre como é manter o ateliê fora do eixo RioSão Paulo. SPFW | Verão 2009

de Minas Gerais lhe forneceu material para diversas coleções. Fale sobre a importância da relação com a cultura do local de origem do estilista.

Ronaldo Fraga: Sempre gostei muito de desenhar e fazia todos os cursos gratuitos de desenho. Um dia, fiz um curso de desenho de moda, e aí tudo começou. Foi o desenho mesmo que me levou por esse caminho da moda.

RF: Minas Gerais é um estado cheio de histórias e riquezas que precisam ser contadas. E uma coleção de moda tem que contar uma história, dizer algo. Dessa forma, Minas é um prato cheio, por isso sempre busco nas tradições que escuto desde criança elementos que possam figurar em minha coleção. Mas eu não olho só para a cultura mineira, eu olho para a cultura brasileira, que, por acaso, tem grandes expoentes aqui no estado.

UF: No início de sua carreira, você morou e estudou em Londres. Como o ambiente experimental da moda inglesa influenciou seu trabalho? RF: A experiência em Londres foi fundamental para o início da minha carreira, foi lá que de certa forma me profissionalizei. Vendendo chapéus por lá, eu passei por uma verdadeira escola de pesquisa, desenho e venda de moda, sem contar a influência do estilo de Londres, fundamental para a escolha de uma identidade. UF: Como é sua rotina atualmente? RF: Tenho viajado bastante para dar palestras e também acompanhando projetos sociais. Quando estou em BH, passo a maior parte do tempo no meu atelier, cuidando das novas coleções, inclusive da Ronaldo Fraga para Filhotes. E nas pouquíssimas horas vagas, é o tempo dos meus filhos e de minha mulher, entre parques, jardins e campos de futebol. UF: Você já afirmou que o estrangeiro valoriza muito mais nossa cultura do que nós mesmos. A que você atribui essa dificuldade do brasileiro com sua identidade? RF: O brasileiro acha que a grama do vizinho é sempre mais verde. Isso é uma herança cultural, ou seja, continuamos esperando que a metrópole faça para irmos atrás. Então, só depois que o estrangeiro nos valorizar que faremos o mesmo. UF: A música e temas regionais estão muito presentes em sua trajetória como estilista. A cultura

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UF: O regional é mesmo universal? RF: As pessoas costumam chamar aquilo que não conhecem de regional. O fato de uma cultura ser alocada em determinado lugar só a localiza, mas os valores, crenças e tradições são do mundo, representam sociedades que fazem parte de uma grande colcha de retalhos, que conhecemos como cultura. O ingresso no mundo moderno é a referência individual que cada um traz de onde vem. UF: Você decidiu permanecer em Minas, ao contrário da maioria dos estilistas de trânsito nacional, que mudam para São Paulo e Rio. Conte-nos sobre esta escolha e sobre as implicações profissionais dela. RF: Eu me considero um herói da resistência por não ter cedido. E BH é a cidade que amo, onde tenho os meus elementos de referência. Profissionalmente, eu montei uma estrutura para que eu pudesse trabalhar com a mesma qualidade de que se estivesse em São Paulo. E o melhor, com qualidade de vida. É uma forma de oxigenação, voltar para casa em uma cidade que é um misto de metrópole e província. UF: Outra recorrência é a literatura. Entendemos que é essa aproximação com a narrativa literá-

ria é que dá forma aos seus desfiles. Como você trabalha moda e literatura? RF: Tudo pode ser referência para a moda, desde música, histórias e, até mesmo, a literatura. Eu recorro a ela por ser um elemento fantástico, com grandes idéias, que podem ser expressas em um desfile e em toda a coleção. Principalmente se tratando de literatura brasileira, que é muito rica. UF: Você, com freqüência, é convidado a palestrar em faculdades e cursos de moda e design. Como você vê esse crescimento do meio acadêmico no Brasil? RF: Acho muito bacana essa profissionalização da moda, que tem seu início com os cursos acadêmicos que crescem em todo o país. Se for para agregar qualidade, inovação e campo profissional, acho muito válido. UF: Qual o seu olhar sobre a cópia no sistema da moda? RF: No meio de tanta cópia, pela democratização da informação, ganha valor também a autoralidade. UF: Você foi convidado a desfilar sua próxima coleção de inverno nas semanas de moda do México e da Colômbia. Comente essa participação internacional.

foto: divulgação

UseFashion: Você afirma em seu blog que nunca desejou ser estilista. A aproximação com a moda veio por causa de seus desenhos. Como tudo começou?

RF: Acho muito interessante e importante qualquer convite que me possibilite um envolvimento com países tão próximos e tão distantes para os brasileiros. Vivemos de costas para a América Latina, onde muitas coisas preciosas e emocionantes estão acontecendo. UF: Fale sobre o trabalho de algum estilista que você admira. RF: Gosto muito de Machado de Assis, pois ele faz personagens bem vestidos, elegantes e exuberantes. UF: Se não fosse estilista, você seria... RF: Equilibrista.

SPFW | Verão 2008

SPFW | Verão 2007

Ilustração Ronaldo Fraga

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cultura

por Eduardo Motta*

O PIAUÍ É AQUI Nada de fashion weeks coalhadas de celebridades e imprensa internacional, estou falando da moda que se pratica em Caruaru, Divinópolis, Goiânia e Birigui. Outro dia tomei um avião em Porto Alegre, sobrevoei a Brasília de Niemeyer, de Lucio Costa e das cidades satélites e pousei em Teresina. Era um dia “mais fresquinho” como disse o rapaz da van que me buscou no aeroporto. Os termômetros marcavam 34 graus.

foto: reprodução

À noite, no Piauí Center Moda, as luzes se apagaram, o cara da técnica abriu o som e as garotas altas e magras desfilaram as últimas criações de marcas que eu, e talvez você, nunca ouvimos falar. Mas elas estão lá. Contratam estilista, modelista, costureira, pagam cachê à modelo, ao maquiador, ao iluminador e pencas de impostos. A top Shynaider é do Piauí e eu também não sabia. Os sítios arqueológicos do Estado abrigam os vestígios do primeiro homem das Américas. Disso eu tinha conhecimento, mas nunca transformei as inscrições rupestres piauienses em referência, embora já tenha trabalhado com as francesas de Lascaux em um projeto de estamparia. Mais tarde, no quarto de hotel, passei um bom tempo pensando na Shynaider com Y, no primeiro homem, nos mistérios da genética e na máxima de que estar nos grandes centros, no coração dos acontecimentos, onde circulam as idéias e o capital faz diferença. Mas que qualidade de diferença? Quem não está lá, o provinciano, o caipira, como se diz pejorativamente, costuma sofrer com isso. É assim desde a antiguidade, quando os gregos corriam para Atenas, os cristãos para Jerusalém e os incas para Machu Pichu. E não é como brasileiros, latinos, indianos ou congoleses, aqueles que não nasceram nem se mudaram para Nova York ou Paris se sentem? Irremediavelmente periféricos em relação a europeus e americanos do norte? De concreto mesmo é que enquanto fervemos no caldeirão cool do internacionalismo, a moda se espalha insidiosa pelos sertões do Brasil insular e apronta das suas. Põe comida na mesa, faz dinheiro, cultura e festa. Ás 21h30, sem horário de verão e com os termômetros indiferentes marcando os mesmos 34 graus, o público da semana de moda do Piauí aplaudia calorosamente um vestido corde-rosa com enorme jabô igualzinho ao Lanvin. De volta à capital gaúcha jantei em um restaurante japonês, comprei um livro sobre design escandinavo, um outro do sociólogo Georg Simmel, para repor o que uma amiga me emprestou e esqueci no hotel de Teresina. Depois, em uma espécie de paroxismo de delícias urbanas entrei em uma sala de cinema. O filme era Rede de Mentiras do Ridley Scott. Em uma das últimas cenas, quando o personagem de Leonardo Di Caprio avisa ao seu superior da CIA (Russel Crowe) que pretende ficar no Oriente Médio, porque quer, ele se surpreende e retruca: “Mas ninguém gosta do Oriente Médio!” e o Di Caprio, barbado e amadurecido responde: “Talvez pensar assim seja exatamente o problema.” Esta conversa me fez lembrar de outra. Quando em o Diabo Veste Prada Miranda Priestley afirma categoricamente para a assistente que “todo mundo quer ser como

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nós”, é justo no momento em que a garota decidira que não era bem assim. É quando ela vira as costas e vai-se embora. Não tem moral da história. Apenas a constatação de que o mundo gira forte, gira rápido, e de que o Piauí é aqui. Assim como Nova York e o Oriente Médio, o Piauí, agreste ou generoso é dentro de nós, arrogantes moradores da banda rica do Brasil, por sua vez a banda pobre do mundo. Viajei para Teresina a convite da Semana de Moda do Piauí, representando o UseFashion. Lá fiz uma palestra sobre tendências de verão, enveredei por todas as considerações acima e fiz algumas visitas a fábricas e lojas. Isentas como a decisão de falar da boa moda que vi por lá. Sobretudo, fui extremamente bem recebido. ALGUMAS MARCAS DO PIAUÍ Riggor Betanea, a designer e proprietária, trabalha excepcionalmente bem o algodão. As peças são descomplicadas, leves, inteligentes. Cheias das últimas informações de moda, e todas muito bem adaptadas por ela ao contexto tropical e industrial. Lados opostos A loja tem um jeito de residência, mas tem filiais em Brasília e São Luís, no Maranhão. Lá dentro os irmãos Igor e Ingrid esbanjam sintonia com o planeta fashion. Começaram com bolsas, incluíram o beachwear e agora o vestuário. Acertam em quase tudo e com um tino comercial e desenvoltura de fazer inveja ao lifestyle do Leblon. Aline Souto A receita da boa roupa casada com elementos regionais não é um clichê para esta estilista talentosa. Ela modela, corta e cria estampas com domínio completo do que faz. Aline dá aulas na escola de moda e também atende noivas dispostas a depurar o look tradicional em nome do bom gosto. Soma Referência para moda festa na cidade. A roupa é comercial e planejada para girar rápido, com especial cuidado nos acessórios e na cartela de cores. A modelagem é eficiente e sem grandes complicações.

foto: Pedro David/divulgação

O país do futuro, o país continental, a oitava economia do mundo, o país das balas perdidas, de todas as raças, de Clarice Lispector, de Machado de Assis, das bossas cariocas, da Bienal do Vazio, também é o país da moda.

* Eduardo Motta é designer, consultor de moda da UseFashion, com formação em Artes Plásticas e autor do livro "O Calçado e a Moda no Brasil - Um Olhar histórico".

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CALÇADOS & BOLSAS

Photo C. Chaize

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SPRING SUMMER 0

Primeiro Salão Mundial de Tecidos para Vestuário / Parc d’Expositions Paris-Nord Villepinte France / De terça-feira 10 a sexta-feira 13 de fevereiro de 2009 / MCR Communication Brasil Tel.: (55.11) 6847.4943 / [email protected] / www.premierevision.fr

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CALÇADOS & BOLSAS

Calçados & Bolsas fotos de desfile e still: © Agência Fotosite

Edição de moda: Eduardo Motta

UMA QUESTÃO DE MUITOS ESTILOS Com desenhos marcantes, cores destemidas e materiais personalíssimos, os complementos desequilibram o status nos códigos do look e comandam o jogo no verão. Não espere modelos tímidos, conformados com a obscuridade. A regra é ter estilo, e muitos deles. No mínimo, eles jogam de igual para igual com a roupa, amplificam as tendências dominantes, recusam o mimetismo com o vestuário, e tornam a experiência de usá-los um exercício criativo e estimulante. Toda esta potência tem muitas faces, que mapeamos nas páginas seguintes. Elas estão a serviço dos melhores negócios para quem pesquisa, produz e comercializa, e são um presente para a consumidora, que se depara com modelos que ela seguramente ainda não tem disponível em casa.

DRIES VAN NOTEN | PARIS

DRIES VAN NOTEN | PARIS

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USEFASHION JOURNAL

VERÃO 2010

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CALÇADOS & BOLSAS ny | londres | milão | paris

Coloridos A cor chega com intensidade à estação. As puras podem ser misturadas sem medo, e as escalas copiam as passagens do arco-íris, evoluindo de quentes para frias em tons fortes. Observe as justaposições entre elas e as inteligentes inserções de cinza e preto, anulando algumas áreas e emprestando ainda mais brilho ao conjunto.

SERGIO ROSSI | MILÃO

BRIAN ATWOOD | MILÃO

RENAUD PELLEGRINO | PARIS

SERGIO ROSSI | MILÃO

18-4252 TPX

17-4433 TPX

181547 TPX

18-1629 TPX

17-1563 TPX

13-1011 TPX

17-3812 TPX

18-1142 TPX

16-1336 TPX

12-0643 TPX

16-1364 TPX

14-4103 TPX

Pantone 3005 C

Pantone 299 C

Pantone 1815 C

Pantone 1805 U

Pantone 1788 C

Pantone 4685 C

Pantone 5285 C

Pantone 7517 C

Pantone 729 C

Pantone 3945 C

Pantone 1505 C

Pantone 428 C

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Pantone 872 C

Pantone 8003 C

Branco

Preto

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CALÇADOS & BOLSAS ny | londres | milão | paris

Gráficos Este é um efeito novo. Aqui, explorado em estampas e em preto e branco, que oferecem um excelente resultado visual. Há boas variações em que o preto entra em contraste com cores ácidas. Além da possibilidade de diferenciar com a cor, as áreas ainda podem ser construídas em recortes. São boas variáveis, mas é inegável o impacto luminoso destes produtos em p&b.

BRUNO FRISONI | PARIS

FENDI | MILÃO

SERGIO ROSSI | MILÃO DRIES VAN NOTEN | PARIS

DRIES VAN NOTEN | PARIS

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VIKTOR & ROLF | PARIS

SERGIO ROSSI | MILÃO

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CALÇADOS & BOLSAS ny | londres | milão | paris

Étnicos Como havíamos identificado ao abordar as Megatendências do verão 2010, a força dos elementos africanos toma de assalto o décor e o aspecto dos materiais. Também como fora assinalado, as referências se fundem, evitando a descrição literal e evocando a força de origem. As contas redondas, as misturas de estampas e os répteis têm um papel determinante na caracterização deste estilo.

LOUIS VUITTON | PARIS

LOUIS VUITTON | PARIS

DRIES VAN NOTEN | PARIS

JIMMY CHOO | MILÃO

LOUIS VUITTON | PARIS

CHLOÉ | PARIS

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CALÇADOS & BOLSAS ny | londres | milão | paris

Orgânicos Da mesma maneira que no vestuário, as formas orgânicas são usadas para modelar excêntricos volumes. Folheados exuberantes, pregas que inflam e arredondam o shape, ou linhas de contornos de solados e saltos, fazem a diferença. Há uma incidência de cores quentes, vermelho sobretudo, ressaltando a semelhança com formas do corpo humano.

SERGIO ROSSI | MILÃO SONIA RYKIEL | PARIS

ROGER VIVIER | PARIS

MARNI | MILÃO

MIU MIU | PARIS

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VALENTINO | PARIS

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CALÇADOS & BOLSAS ny | londres | milão | paris

Geométricos Os efeitos mais interessantes provêm dos planos recortados na modelagem, que podem ser conferidos nos modelos de Roger Vivier e nas moldagens inovadoras na gáspea do scarpin Nina Ricci. Mas as possibilidades não param por aí. Na Jil Sander é a linha do corte do cabedal e a planta angulosa que assumem o papel de representar a geometria. Toda a coleção Marni trabalha com recortes e planos de cores que privilegiam a idéia de construção. Na Balenciaga o efeito é explorado diretamente na estampa.

BALENCIAGA | PARIS

NINA RICCI | PARIS

ROGER VIVIER | PARIS

JIL SANDER | MILÃO

MARNI | MILÃO

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JIL SANDER | MILÃO

ROGER VIVIER | PARIS

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CALÇADOS & BOLSAS

CALÇADOS & BOLSAS

ny | londres | milão | paris

ny | londres | milão | paris

Art Déco Fonte de influência determinante na estação, a Art Decó empresta formas e conteúdos para os produtos de verão. É interessante ver como os estilistas trabalham a referência, que também tem fundo geométrico, mas é tratada em ritmos criados por formas angulosas, como na sandália Valentino, e em camadas arquitetônicas no salto da Chanel. Em alguns casos, as citações ficam distantes, mas preservam a essência dos contornos arredondados alternados com linhas retas, e o efeito lapidado, que pode ser conferido no fecho da bolsa Lanvin.

MISSONI | MILÃO

LANVIN | PARIS

CHANEL | PARIS ROBERTO CAVALLI | MILÃO

LANVIN | PARIS

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BALENCIAGA | PARIS

BALENCIAGA | PARIS

VALENTINO | PARIS

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CALÇADOS & BOLSAS ny | londres | milão | paris

Depurados A relação aqui é com a Megatendência Grau Zero. É sob sua influência que assistimos a entrada destes produtos despretensiosos no que diz respeito à ostentação fácil, coisa que eles deixam de lado em favor do bom shape, da função exata e da qualidade da matéria-prima. É luxo para poucos. Perceptível apenas para quem lê a qualidade sob tamanha discrição.

MARNI | MILÃO

VBH | PARIS

CHRISTIAN LOUBOUTIN | PARIS

PRADA | MILÃO

BALENCIAGA | PARIS

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DRIES VAN NOTEN | PARIS

BRUNO FRISONI | PARIS

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CALÇADOS & BOLSAS ny | londres | milão | paris

Estampas FOLHAGEM E ANIMAL PRINT

LANVIN | PARIS

JIMMY CHOO | MILÃO

CHLOÉ | PARIS

STELLA MCCARTNEY | PARIS

GIVENCHY | PARIS

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DIOR | PARIS

MANOLO BLAHNIK | NOVA YORK

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Recortes

MARNI | MILÃO

GIVENCHY | PARIS

MIU MIU | PARIS

VBH | PARIS

MIU MIU | PARIS

RENAUD PELLEGRINO | PARIS

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CALÇADOS & BOLSAS ny | londres | milão | paris

Tramas e Tressês MISSONI | MILÃO

LANVIN | PARIS

MARC JACOBS | NOVA YORK

GIORGIO ARMANI | MILÃO

VBH | PARIS MIU MIU | PARIS

LANVIN | PARIS

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CALÇADOS & BOLSAS ny | londres | milão | paris

Metais ROGER VIVIER | PARIS

MIU MIU | PARIS

VERSACE | MILÃO

BALENCIAGA | PARIS

MIU MIU | PARIS

LOUIS VUITTON | PARIS

CHRISTIAN LOUBOUTIN | PARIS

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ROGER VIVIER | PARIS

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CALÇADOS & BOLSAS ny | londres | milão | paris

Materiais

CAMURÇA

NEOPREME

VERNIZ

MISTURAS: COBRA/PLÁSTICO

REBECCA TAYLOR | NOVA YORK

PIERRE HARDY | PARIS

COURO AMASSADO

TELA/TRANSPARÊNCIA

BURBERRY | MILÃO

JUTA

CHLOÉ | PARIS

PRADA | MILÃO

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PIERRE HARDY | PARIS

MIU MIU | PARIS

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Metalizados

BOTTEGA VENETA | MILÃO

MIU MIU | PARIS

BURBERRY | MILÃO

PRADA | MILÃO

BRUNO FRISONI | PARIS

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BRIAN ATWOOD | MILÃO

CHRISTIAN LOUBOUTIN | PARIS

GUCCI | MILÃO

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CALÇADOS & BOLSAS ny | londres | milão | paris

Réptil

CHRISTIAN LOUBOUTIN | PARIS

CHRISTIAN LACROIX | PARIS

VBH | PARIS

PRADA | MILÃO

CHRISTIAN LOUBOUTIN | PARIS

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MISSONI | MILÃO

MISSONI | MILÃO

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Fechamentos Os cabedais cheios, que dominaram as últimas estações, e permanecem com a cotação alta, aumentam a área de trabalho e acionam uma série de alternativas de fechamento também para os produtos de verão. As telas transparentes ajudam na refrigeração e dão impulso extra a estas opções. Com velcros, zíperes e elásticos, que se alinham com as idéias de ajustes da modelagem das roupas, as curvas do corpo se repetem, valorizadas em menores proporções nos contornos dos pés.

PIERRE HARDY | PARIS

PIERRE HARDY | PARIS

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SERGIO ROSSI | MILÃO

STELLA MCCARTNEY | PARIS

SERGIO ROSSI | MILÃO

EMILIO PUCCI | MILÃO

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Alças

VBH | PARIS

VBH | PARIS

YVES SAINT LAURENT | PARIS

BURBERRY | MILÃO

CHLOÉ | PARIS

GUCCI | MILÃO

VBH | PARIS

DOLCE & GABBANA | MILÃO

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CALÇADOS & BOLSAS ny | londres | milão | paris paris

Saltos e Solados Há muitas frentes de desenhos, muitos estilos. De preponderante apenas a inventividade e as alturas. No primeiro caso, não faltam experimentações: volumes grandes, forrações exóticas, contrastes com o cabedal, etc. No segundo, ou se está no topo ou rente ao chão. Rasteiras e saltos muito altos não fazem concessão para tamanhos médios. Na hora do lançamento, pelo menos, já que no giro de mercado é outra coisa. Mas este não é apenas um detalhe, ele diz respeito à forma como se trabalha a comunicação e a imagem, atraindo a atenção no geral para oferecer o comercial no particular. As plataformas não são mais blocos maciços, a meia pata é quase um imperativo e o desenho e o décor dos saltos incorporam a estação, ora geométricos, ora étnicos e assim por diante. Acrílico e madeira voltam a falar alto no verão 2010.

MARC JACOBS | NOVA YORK

GUCCI | MILÃO

D&G | MILÃO

ZAC POSEN | NOVA YORK

MARNI | MILÃO

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DKNY | NOVA YORK

MARNI | MILÃO

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foto: Livro Moda - O século dos Estilistas - Editora Könemann/reprodução

foto: reprodução

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Capa do álbum Island Life produzido pelo artista Jean-Paul Goude

Grace Jones is Perfect O RETORNO DA DISCO DIVA O visual andrógino e geométrico de Grace ajudou a definir o dress code da década de 80

“Grace is Perfect”. É assim que Andy Warhol define Grace Jones em um de seus clipes. Nascida Grace Mendoza, esta jamaicana de 60 anos não passa despercebida onde quer que vá. Personalidade forte, estilo, vozeirão. Atributos reunidos em um corpo eleito, por muitos, como um dos mais belos do mundo. Grace ficou conhecida pela figura exótica e andrógina que agitou o mundo durante as décadas de 70 e 80. Das polêmicas festas no Studio 54 às passarelas de Paris, seu estilo inspirou gerações e ajudou a definir o dress code dos anos 80.

que foi um grande sucesso. Na década de 80, Grace adotou o visual que lhe traria fama e fortuna: andrógino, geométrico, sexual e poderoso. Foi esse estilo que ajudou a torná-la um ícone pop, ao lado de Boy George e David Bowie. Nesta mesma época, ela casou-se com o produtor, artista gráfico e fotógrafo Jean-Paul Goude, com quem veio a ter um filho. Neste período ela viveu a fase mais criativa de sua carreira. Com o nome associado à irreverência, foi adotada como musa por ninguém menos que Andy Warhol. Junto com o produtor musical Tom Moulton, Warhol deu-lhe a visibilidade que a transformou na Diva máxima da discotheque scene de Nova York.

Aos 12 anos mudou-se com sua família para Nova York, e aos 20 anos passou a trabalhar como modelo. Azzedine Alaïa, com seus vestidos bandagem modelando exageradamente o corpo, encontrou em Grace a modelo perfeita, elegendo a bela como uma de suas favoritas. Ele não foi o único que viu em Grace o visual ideal. Ela também era a predileta de Jean Paul Gaultier, Philip Treacy e Issey Miyake.

Paralelo à carreira de cantora, ela levava a carreira de atriz. Atuou em Conan, O Bárbaro (1984) onde viveu Zula, uma guerreira amazona, como a Bond girl May Day em 007 - Na Mira dos Assassinos (1985), e na pele da vampira Katrina em Vamp (1986).

Sua carreira de cantora teve início na década de 70, durante um desfile de Kenzo Takada. O estilista convidou a então modelo para cantar. Grace subiu ao palco e não fez feio. Para ajudar no orçamento, ela passou a se apresentar em pequenos bares e festas em Paris, onde morava. Um contrato com a Island Records lhe valeu o primeiro álbum, Portfolio (1977),

No mês de novembro, Grace foi capa da revista londrina, Dazed & Confused em um polêmico ensaio, clicado pelo ainda mais polêmico Chris Cunningham. Seu recente retorno à cena musical foi marcado pelo lançamento do novo álbum, “Hurricane”, e pela apresentação no Meltdown Festival de 2008, que dedicou uma edição inteiramente a eterna Disco Diva.

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USEFASHION JOURNAL

Azzedine Alaïa encontrou em Grace o corpo ideal para exibir seus vestidos extremamente sensuais

JANEIRO/FEVEREIRO 2009

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