Tema 10 _ O Consagrado

  • April 2020
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10- O CONSAGRADO

A- Objectivo Dar aos jovens elementos que os motivem e os façam apaixonar-se por Jesus, de tal modo que possam optar por ele numa vocação particular. Durante todo o processo do nosso discernimento, descobrimos muitas coisas para viver a nossa vocação. O que interessa, nesses momentos, é ver qual o sentido da entrega total de uma vida na consagração religiosa, para se doar no seguimento de Jesus Cristo.

B- Dinâmica

O animador estude o tema e veja qual será o melhor modo do seu grupo o debater…

C- Desenvolvimento do tema 1- A vocação religiosa É necessário que haja sacerdotes, religiosos e religiosas porque há necessidade de anunciadores da pessoa de Jesus Cristo e da sua mensagem. Trata-se de uma necessidade no campo da fé, não no campo da cultura. É uma vocação que nasce no contacto do homem com Jesus Cristo. Muitos homens e mulheres, depois de ter conhecido Jesus, já não puderam viver separados dele e dedicaram-lhe a vida, quando perceberam que a sua vocação era segui-lo de forma absoluta e total. O evangelho de S. Marcos diz que Jesus chamou algumas pessoas para que estivessem com ele e assumissem a missão da evangelização. Nessa vocação dos apóstolos convergem os chamamentos que Deus faz a homens e mulheres de todos os tempos, para que o sigam incondicionalmente e assumam a sua própria missão de anunciar a boa notícia da salvação. Os apóstolos assumiram o encargo que Jesus lhes confiou. Assim está descrito nos primeiros dez capítulos do livro dos Actos dos Apóstolos. Nesses capítulos ressalta-se a qualidade de testemunhas que eles possuem. Viveram ao lado de Jesus, escutaram as suas palavras, deram-se conta da sua missão, viram-no morrer e ressuscitar, receberam o seu Espírito e agora sentem necessidade de comunicar aos outros a experiência salvífica que vivenciaram: «Vós sereis minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judeia e Samaria, e até os confins da Terra». (Se possível ilustrar com uma breve leitura – exemplo – do livro dos Actos dos Apóstolos) 2- Testemunhas de Deus no mundo Os religiosos e religiosas têm a vocação de testemunhas no mundo. A testemunha tem duas qualidades que lhe são essenciais: a experiência e o anúncio. A testemunha anuncia a experiência que viveu. Fazer uma experiência é muito diferente do que saber algo. Eu posso saber muitas coisas porque as pesquisei, estudei,

reflecti... porém, só posso ser testemunha delas se as experimentei. Testemunha não é aquele que sabe muito, mas aquele que teve uma experiência. A experiência não se discute. São João expressa-o bem a respeito de Jesus Cristo. «O que ouvimos, o que vimos com nossos olhos, o que contemplamos, o que nossas mãos apalparam do Verbo da vida, o que vimos e ouvimos, vo-lo anunciamos» (1Jo 1,13). Para poder ser testemunhas de Jesus Cristo deve-se fazer a experiência de Jesus. 3- Fazer a experiência de Jesus As pessoas pedem-nos que lhes anunciemos Jesus. Isto exige de nós a experiência de Jesus, para que o nosso anúncio tenha força de transformação nas pessoas. Fazer a experiência de Jesus é referir a nossa vida concreta a ele, ou seja, viver como Jesus viveu, pensar como Jesus pensou, amar como Jesus amou, sentir o que Jesus sentia. A experiência de Jesus Cristo é o ponto de partida do nosso testemunho ao mundo. 4- O mundo precisa de Jesus Os homens procuram sempre o sentido das suas vidas, precisam de algo que explique e justifique a sua existência. Nós, que fazemos a experiência de Jesus Cristo, sabemos que Jesus é a resposta absoluta de Deus a todas as necessidades, problemas e interrogações dos homens. Jesus Cristo, Deus e homem. Como homem, sabe o que existe no homem; e como Deus proporciona ao homem a razão última da existência. O homem precisa de um valor absoluto que dê sentido a todos os outros valores com os quais terá de viver no decurso de sua permanência na Terra. Se não põe este valor absoluto em Deus e no seu filho Jesus Cristo, pô-lo-á noutras coisas que têm nomes diferentes: causa, revolução, progresso, história, ciência etc. Absolutizando esses valores, torná-los-á ídolos que lhe justificam todas as coisas que diz e faz. Jesus veio para ordenar todas as coisas, para dar um sentido mais profundo à vida do homem, para implantar o reino de Deus e a sua justiça como primeiro valor, certo de que as outras coisas serão acrescentadas àquilo que já é fundamental. Quando Jesus passa a ser o valor primário da nossa vida no mundo, então encararemos a realidade política, económica e social a partir da vida cristã, de maneira que haja justiça no mundo, sejam respeitados os direitos dos homens e cresça a civilização do amor na humanidade. Essa é a pregação de Jesus, dos apóstolos, da Igreja, de todos os religiosos e religiosas do mundo. 5- Anunciar Jesus com a vida e as palavras Nós que conhecemos Jesus Cristo numa experiência pessoal de fé, anunciamo-lo com a simplicidade da nossa vida concreta e das suas manifestações de acolhimento, bondade e compreensão. Expressamo-nos sendo solidários em todas as ne-

cessidades humanitárias da nossa sociedade. A nossa vida é oculta, porém realmente transformadora, conforme a vida de Jesus durante trinta anos passados ao lado de seus pais, crescendo em sabedoria e em graça diante de Deus e dos homens. Embora a nossa vida cristã já seja evangelizadora, a nossa experiência de fé impele-nos, também, a fazer algo positivo pelos outros. Lutaremos para construir um mundo mais humano e justo, removendo todas as suas estruturas de pecado. E a partir da experiência cristã de vida e de actividade reais, realizadas à luz de Jesus Cristo, nascem, necessariamente, as palavras de vida denunciadoras do pecado que destrói o homem nas mais diversas expressões e encarnações de ordem social, económica e política, e o anúncio da boa notícia proclamada aos pobres, aos marginalizados e doentes, aos indefesos e pacíficos, aos que amam a Deus e constroem o seu reino. 6- Qualidade do testemunho Para que as pessoas recebam e entendam o anúncio que fazemos de Jesus, há algumas exigências: a) Que o sinal evangélico que pretendemos ser, seja de tal modo claro e transparente, que não necessite de muitas explicações. Com os votos religiosos, nós queremos ser sinais da vida futura. Demonstrar com a nossa pobreza que Deus é o bem supremo e que, por isso, escolhemos ser pobres e fazemos a nossa opção pelos pobres, e a partir deles anunciamos essa realidade. Isto foi muito claro em Jesus que, sendo rico, se fez pobre por nós e viveu toda a sua vida em ambientes pobres. Com a nossa obediência, anunciamos que o que vale neste mundo é fazer o que Deus quer, para além dos egoísmos e determinações dos homens. Jesus viveu como filho obediente de José e de Maria, e submetendo-se a um projecto histórico infamante obedeceu a Deus, até a morte na cruz. A nossa castidade consagrada quer mostrar ao mundo que o primeiro amor é para Deus, ao qual entregamos a nossa sexualidade e os nossos afectos, pondo-nos a serviço de todos os homens ao anunciar-lhes a boa notícia de Jesus Cristo. Estes sinais têm de ser muito claros para que as pessoas os entendam e recebam a mensagem que querem transmitir. Em Jesus foram sinais muito claros, de forma que os religiosos, ainda hoje, os lêem assim e procuram segui-los com sua vida. b) Que seja um testemunho que respeite a fé e a liberdade da pessoa. Os religiosos não são magos. Por isso, não devem esperar milagres do seu anúncio de Jesus Cristo. De facto, lidam com pessoas humanas que zelam pela sua liberdade e que têm direito de aceitar ou rejeitar o anúncio. Além disso, aceitar o anúncio de Jesus Cristo é questão de fé, que é dom de Deus, que tem os seus tempos próprios. Não devem desanimar diante de pessoas e ambientes que não entendem o seu anúncio nem compreendem a sua vida. Devem recordar sempre que a sua vida,

centrada em Cristo, será bem entendida apenas por aqueles que amam e vivem em Cristo. c) O testemunho dos religiosos seja gratuito, ou seja, a sua força deve vir unicamente de Deus: «Ninguém conhece o Pai senão o filho; e ninguém conhece o filho senão o Pai e aquele a quem o Pai o queira revelar». Ninguém pode perceber o testemunho dos religiosos se Deus não derrama o seu Espírito sobre ele. Os religiosos são, unicamente, mediadores de Deus, instrumentos da sua acção. Por isso, quando se apresentam com o anúncio de Jesus Cristo, devem apresentar-se com as mãos vazias. 7- Princípios de verdadeira evangelização - Considerar-se a si mesmo como escolhido e enviado: Jo 1,16; 17,18;At 22,14. - Exercitar-se permanentemente na humildade: Mt 3,11; 11,29; 2Cor 12,9-10. Paulo VI dizia: «A renovação depende da nossa humildade». -Anunciar unicamente a palavra de Deus: Rm 15,18-19; 1Cor 1,20. - Dar testemunho: Jo 3,16. - Ser corajoso: At 4,27-31. - Preparar-se bem através da oração e a reflexão. O Espírito Santo fala nos momentos de estudo e meditação. - Depender do Espírito Santo: At 1,8. - Ter fé nos sinais e prodígios, pois se Jesus precisou deles, tanto mais nós os necessitamos no apostolado. - Ser optimistas. Recordemos as palavras de João Paulo II: «A alegria deve sobressair em nós. A Bíblia fala-nos muitíssimo dela. Deus fez-nos luz do mundo, sal da terra, pescadores de homens, pastores das ovelhas perdidas. Ele vê a abundância da colheita e quer ter ceifeiros. A palavra de Deus nunca falha. É espada de dois gumes nas mãos de quem a usa».

D- Reflexão em conjunto Senti, alguma vez, o chamamento à vida religiosa? Sinto-me disposto a escutar e a responder ao chamamento do Senhor? À luz desta reflexão, que opinião tenho das pessoas consagradas que conheço: padres, religiosos, religiosas…?

E- Cântico

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