MARIA ALBANICE RAMOS LOUREIRO MARIA DOROTEA DE J. MOURÃO SANTOS
EDUCAÇÃO ESPECIAL: INCLUSÃO DO DEFICIENTE AUDITIVO EM TURMAS REGULARES
Belém 2002
MARIA ALBANICE RAMOS LOUREIRO MARIA DOROTEA DE J. MOURÃO SANTOS
EDUCAÇÃO ESPECIAL: INCLUSÃO DO DEFICIENTE AUDITIVO EM TURMAS REGULARES
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Pedagogia do Centro de Ciências Humanas e Educação da UNAMA, como requisito para obtenção do grau em Pedagogia Educação Infantil e Supervisão Escolar, orientado pela Professora Especialista Madacilina de Melo Teixeira.
Belém 2002
MARIA ALBANICE RAMOS LOUREIRO MARIA DOROTEA DE J. MOURÃO SANTOS
EDUCAÇÃO ESPECIAL: INCLUSÃO DO DEFICIENTE AUDITIVO EM TURMAS REGULARES
Avaliado por:
_____________________________________ Profª Especialista Madacilina de Melo Teixeira (UNAMA)
Data: ____/____/____
Belém
2002
A Deus todo poderoso e Nossa Senhora do Perpétuo Socorro que nos concedeu forças e persistência que possibilitaram a concretude deste trabalho
Agradecemos
a
Deus
pela
força
e
sabedoria Aos nossos familiares pela compreensão dos motivos que nos fizeram ausente em alguns momentos de suas vidas.
“O despertar da consciência na criança coincide sempre com o aprendizado da linguagem que a introduz pouco a pouco como indivíduo na sociedade”. Emíle Benveniste
RESUMO
O estudo teve como objetivo promover uma sensibilização dos profissionais que trabalham em classe inclusiva com portadores de necessidades especiais em classe de ensino regular, para que possam adquirir incentivo, autonomia, espírito crítico, criativo, passando a exercer a sua cidadania. Visando-se a socialização do deficiente auditivo em uma sociedade dominante e excludente, a qual encontram-se educadores sem qualificação e ambiente inadequado para o atendimento necessário do aluno em estudo. Baseando-se nos princípios de “igualdade de oportunidade” e “educação para todos”, é que questiona-se na inserção e permanência à escolarização aos alunos considerados portadores de necessidades especiais, em que estão amparados pela Lei de Salamanca (1994, p.15), e um compromisso assumido pelo Brasil no combate a exclusão de toda e qualquer pessoa no sistema educacional de ensino. Obviamente enfrenta-se um desafio tornar a escola um espaço aberto e adequado ao ensino inclusivo. Sabe-se que muitos obstáculos são encontrados particularmente sobre os princípios da educação inclusiva para que atenda as especificidades de cada um. Realizou-se na pesquisa de campo com 3 professores, 2 responsáveis e 3 alunos da rede pública de ensino, estadual e municipal através de questionários. Nas respostas obtidas observou-se a problemática encontrada pelos entrevistados. Acredita-se que a medida que os profissionais envolvidos nesse processo recebam um assessoramento de técnicos e uma formação continuada mais direcionada ao desenvolvimento da prática pedagógica, certamente serão minimizados em parte a problemática encontrada no processo de inclusão, já que esses profissionais terão como suporte a nova filosofia proposta pela “educação para todos”, incluindo portadores de necessidades educativas especiais ao processo de inclusão no Ensino Regular. PALAVRAS-CHAVE: Processo, inclusão, educação, deficiente auditivo.
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1- INTRODUÇÃO...................................................................................10 1.1
JUSTIFICATIVA: .........................................................................................10
1.2
PROBLEMÁTICA: .......................................................................................11
1.3
OBJETIVOS ................................................................................................11
1.3.1 Objetivo Geral .........................................................................................11 1.3.2 Objetivo Específico..................................................................................11 1.4
METODOLOGIA..........................................................................................12
CAPÍTULO 2- REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................13 2.1
CONCEITO DE EDUCAÇÃO ESPECIAL....................................................13
2.2
CONCEITO DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA: .................................................13
2.3
QUEM É O ALUNO DE EDUCAÇÃO ESPECIAL?......................................14
2.4
CARACTERÍSTICAS DO PORTADOR DE DEFICIÊNCIA AUDITIVA ........14
2.5
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA ESCOLA INCLUSIVA .........................15
2.6
PREPARAÇÃO DOS PROFISSIONAIS ......................................................15
2.7
INCLUSÃO DO PORTADOR DE DEFICIÊNCIA NO MERCADO DE TRABALHO: ................................................................................................16
2.8
PROBLEMÁTICA ENCONTRADA NA INCLUSÃO DO SURDO.................21
2.9
HISTÓRICO DE EXCLUSÃO: O QUE É ? PORQUE ACONTECE? ONDE ACONTECE? ..............................................................................................23
2.10 O IDEAL DAS LEIS E POLÍTICAS INCLUSIVAS........................................25 CAPÍTULO 3- A PESQUISA.....................................................................................27 3.1
A COLETA DE DADOS ...............................................................................27
3.2
ANÁLISES DAS ENTREVISTAS:................................................................30
CAPÍTULO 4- CONSIDERAÇÕES FINAIS...............................................................32 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................................34 ANEXOS ...................................................................................................................36
CAPÍTULO 1- INTRODUÇÃO
1.1
JUSTIFICATIVA: A educação especial assume, a cada ano, importância maior, dentro da
perspectiva de atender às crescentes exigências de uma sociedade em processo de renovação e de busca incessante da democracia, que só será alcançada quando todas as pessoas, indiscriminadamente, tiverem acesso a informação, ao conhecimento e aos meios necessários para a formação de sua plena cidadania. Já que a educação especial em seu primeiro momento caracterizavase pela segregação e exclusão, logo os portadores de necessidades especiais eram simplesmente ignorados, evitados, abandonados ou encarcerados e muitas vezes eliminados. Após a evolução histórica, a educação especial até 1990, passou a ser vista de um outro modo após o evento que formalizou a “educação para todos” como plataforma básica para o sistema educacional, segundo a proposta na Declaração de Salamanca (UNESCO, 1994), que levanta aspectos do contexto brasileiro a serem considerados na adoção e na implantação do processo de inclusão. Por mais paradoxais e contraditórios que possam parecer, esses aspectos vêm se refletindo conjuntamente nos sistemas educacionais muito embora esses reflexos gerem conseqüências inevitáveis para a educação especial já que a humanidade prima pela igualdade de valores dos seres humanos e, pela garantia dos direitos entre eles. Por outro lado, essa mesma humanidade exclui de um ritmo de produção cada vez mais vital à crescente competitividade, pela dificuldade de exercer o pleno dever de cidadão de uma humanidade trabalhadora, produtiva, participativa e contribuinte. Emergem, assim, a necessidade de indivíduos- cidadãos, sabedores e conscientes de seus valores, direitos e deveres. Portanto a inserção de todos num programa educacional flexível que possa abranger o mais variado tipo de alunado e oferecer o mesmo conteúdo curricular sem perda da qualidade do ensino e da aprendizagem.
1.2
PROBLEMÁTICA: A socialização do deficiente auditivo na sociedade dominante, onde
ocorre o preconceito, a falta de educadores qualificados e ambiente adequado para o atendimento do aluno com necessidades de Educação Especial.
1.3
OBJETIVOS
1.3.1 Objetivo Geral Promover a acessibilidade do portador de necessidades especiais em classe de ensino regular para que possa adquirir incentivo à autonomia e o espírito crítico, criativo e passe a exercer a sua cidadania.
1.3.2 Objetivo Específico -
Participação da família e da comunidade no processo de desenvolvimento da personalidade do educando.
-
Ingresso do educando portador de necessidades especiais auditivas em turmas do ensino regular.
-
Expansão do atendimento aos portadores de necessidades especiais auditivas na rede regular de ensino.
-
Preparar o portador de necessidades especiais auditivas para o mercado de trabalho
-
Proporcionar aos portadores de necessidades especiais auditivas as mesmas condições de aprendizagem.
-
Sensibilizar a comunidade em relação ao preconceito à inclusão de portadores de necessidades auditivas.
-
Propiciar aos professores, já em exercício no ensino fundamental, uma formação continuada que inclua informações e práticas acerca dos portadores de necessidades especiais.
1.4
METODOLOGIA
Realizou-se uma pesquisa de
campo envolvendo professores,
responsáveis e alunos portadores de necessidades especiais auditivas das Escola Estadual Manoel de Jesus Moraes e a Escola Municipal de Educação Infantil e Ensino Fundamental Profª Inês Mendonça Maroja que funcionam sob regime de inclusão, através de um questionário com cinco perguntas a respeito do tema em discussão (Inclusão do Surdo no Ensino Regular).
CAPÍTULO 2- REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 CONCEITO DE EDUCAÇÃO ESPECIAL É
um
processo
que
visa
promover
o
desenvolvimento
das
potencialidades de pessoas portadoras de deficiências, conduta típica ou de altas habilidades, e que abrange os diferentes níveis e graus do sistema de ensino. Fundamenta-se
em
referenciais
teóricos
e
práticos
compatíveis
com
as
necessidades específicas de seu alunado. O processo deve ser integral, fluindo desde a estimulação essencial até os graus superiores de ensino sob o enfoque sistêmico, a educação especial integra o sistema educacional vigente, identificando-se com sua finalidade, que é a de formar cidadãos conscientes e participativos. Segundo Scotti (1999, p.20), “a educação deve ser, por princípio liberal, democrática e não doutrinária. Dentro desta concepção o educando é, acima de tudo, digno de respeito e do direito à educação de melhor qualidade”. A principal preocupação da educação, dessa forma, deve ser o desenvolvimento integral do homem e a sua preparação para uma vida produtiva na sociedade, fundada no equilíbrio entre os interesses individuais e as regras de vida nos grupos sociais. A Educação Especial obedece aos mesmos princípios da Educação Geral, deve se iniciar no momento em que se identifique atraso ou alterações no desenvolvimento global da criança e continuar ao longo de sua vida, valorizando suas potencialidades e lhe proporcionando todos os meios para desenvolvê-las.
2.2 CONCEITO DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA: É a implementação de uma pedagogia que é capaz de educar com sucesso todos os educandos, mesmo aqueles comprometidos, isto é, oferecer às pessoas com necessidades especiais as mesmas condições e oportunidades
sociais, educacionais e profissionais acessíveis as outras pessoas, respeitando-se as características específicas de cada um. Logo a Educação Inclusiva dar-se-á através de mecanismos que irá atender a diversidade, como, por exemplo, proposta curricular adaptadas, a partir daquelas adotadas pela educação comum. O atendimento dos educandos portadores de necessidades educativas especiais incluídos em classes comuns, exige serviços de apoio integrado por docentes e técnicos qualificados e uma escola aberta à diversidade.
2.3 QUEM É O ALUNO DE EDUCAÇÃO ESPECIAL? O aluno da Educação Especial é aquele que, por apresentar necessidades diferentes dos demais alunos no domínio da aprendizagem curricular correspondente à sua idade, requer recursos pedagógicos e metodológicos educativo específicos. Genericamente chamados de portadores de necessidades especiais, classificando-os em: portadores de necessidades mental, visual, auditiva, física, múltipla e portadores de altas habilidades (superdotados).
2.4 CARACTERÍSTICAS DO PORTADOR DE DEFICIÊNCIA AUDITIVA O deficiente auditivo é considerado dessa forma, ao ser constatado sua perda total ou parcial de resíduos auditivos, por doenças congênitas ou adquiridas dificultando assim a compreensão da fala através desse órgão (ouvido). A deficiência auditiva pode manifestar-se como: - Surdez leve / moderada: é aquela em que a perda auditiva é de 70 decibéis, que dificulta, mais não impede o indivíduo de se expressar oralmente, bem como de perceber a voz humana com ou sem a utilização de um aparelho auditivo. - Surdez severa / profunda: é a perda auditiva acima de 70 decibéis, que impede o indivíduo de entender, com ou sem aparelho auditivo, a voz humana, bem de adquirir naturalmente o código da língua oral.
Os alunos portadores de deficiência auditiva necessitam de métodos, recursos didáticos e equipamentos especiais para correção e desenvolvimento da fala e da linguagem.
2.5 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA ESCOLA INCLUSIVA Partindo do princípio de “igualdade de oportunidade” e “educação para todos” é inegável que deve-se ampliar as oportunidades educacionais para uma grande parcela da população em que está inserido o acesso e permanência à escolarização aos alunos considerados portadores de necessidades especiais. As escolas inclusivas devem reconhecer e responder as necessidades diversas de seus alunos, acomodando ambos os estilos e ritmos de aprendizagem e assegurando uma educação de qualidade à todos através de um currículo apropriado, arranjos organizacionais, estratégias de ensino, uso de recursos e parceria com as comunidades. Na verdade, deveria existir uma continuidade de serviços e apoio proporcional ao contínuo caso de necessidades especiais encontrados dentro da escola. As crianças com necessidades educativas especiais / auditivas, deveriam receber qualquer suporte extra requerido para assegurar uma educação efetiva.
2.6 PREPARAÇÃO DOS PROFISSIONAIS Para se incluir crianças com necessidades especiais no ensino regular, deve-se pensar em uma preparação para os profissionais que irão estar envolvidos nesse processo, principalmente o educador que irá contactar diretamente com essas crianças, desta forma, o desenvolvimento de seus conhecimentos e habilidades facilitarão a sua prática pedagógica na identificação precoce, avaliação e estimulação dessas crianças desde a pré-escola, com o auxilio de um programa assistencial infantil que atendesse a criança de 0 (zero) a 6 anos de idade no sentido de promover o desenvolvimento físico, intelectual, social e a prontidão para a escolarização.
Contudo é necessário a intervenção de profissionais especializados no processo pedagógico, pelo fato do mesmo ter experiência e fundamentações teóricas que irão facilitar o trabalho pedagógico tornando-o mais eficaz.
2.7 INCLUSÃO
DO
PORTADOR
DE
DEFICIÊNCIA
NO
MERCADO
DE
TRABALHO: A integração profissional está ocorrendo sob três formas: - As pessoas deficientes são admitidas e contratadas em órgãos públicos e empresas particulares, desde que tenham qualificação profissional e consigam utilizar os espaços físicos e os equipamentos de trabalho sem nenhuma modificação. - Pessoas deficientes são admitidas por empregadores que concordam em fazer pequenas adaptações específicas para elas, por motivos práticos e não pela causa da igualdade de oportunidades, e - Pessoas deficientes são aceitas para trabalhar em empresas que as deixam trabalhando em grupos longe dos demais funcionários e do público, geralmente, sem carteira assinada e/ou, se contratadas, sem promoções ao longo dos anos. Essas inclusões profissionais dos portadores de necessidades especiais, esta dando-se atualmente, por iniciativa de algumas empresas, geralmente multinacionais, espelhando-se na inclusão adotada em seus países de origem – Estados Únicos por exemplo. A Educação Inclusiva, segundo Marech, (2001, p.2) “teve início nos Estados Únicos através da Lei Pública 94.142 de 1975 e atualmente já se encontra na sua segunda década de implementação”. A socialização do deficiente auditivo na sociedade dominante, onde ocorre o preconceito, a falta de educadores qualificados e o ambiente adequado para o atendimento do aluno com necessidade de Educação Especial para que seja amenizado esta problemática, a Educação Especial assume a cada ano, importância maior dentro da perspectiva de atender as crescentes exigências de uma sociedade em processo de renovação e de busca incessante da democracia, que só será
alcançada quando todas as pessoas indiscriminadamente, tiverem acesso a informação, ao conhecimento e aos meios necessários para a formação de sua plena cidadania. A inclusão do deficiente auditivo deve ser integral, fluindo desde a estimulação essencial até os graus superiores de ensino, sob o enfoque sistêmico a educação especial integra o sistema educacional vigente, identificando-se com sua finalidade, que é a de formar cidadãos conscientes e participativos. A educação deve ser, por princípio liberal, democrático e não doutrinário. Dentro desta concepção o educando é acima de tudo, digno de respeito e do direito à educação de melhor qualidade. A principal preocupação da educação dessa forma, deve ser o desenvolvimento integral do homem e a sua preparação para uma vida produtiva na sociedade fundada no equilíbrio entre os interesses individuais e as regras de vida nos grupos sociais. Desta forma o slogan “Educação para todos” representa um compromisso assumido por nosso país no combate à exclusão de qualquer pessoa do sistema educacional. Obvio está que para alcançarmos esta meta é fundamental enfrentarmos o desafio de tornar a escola um espaço aberta e adequado ao ensino de todo e qualquer aluno, incluindo aqueles com deficiência. Sabemos, entretanto, que são muitos obstáculos à oferta de educação a esse alunado, particularmente de maneira integrada, dentro dos princípios da educação inclusiva. Sabe-se que a humanidade prima pela igualdade de valores dos seres humanos e, como tal, pela garantia da igualdade de seus direitos. Por mais paradoxais e contraditórios que possa parecer, este ser era, ou ainda é excluído pelo ritmo de produção cada vez mais vital à crescente competitividade por lhe dificultar o exercício pleno de seus deveres de cidadão de uma humanidade trabalhadora, produtiva, participativa e contribuinte. A Educação Especial até o ano de 1997, não havia se constituído, enquanto âmbito de ação da Secretaria Municipal de Educação (Belém) de maneira estruturada e sistemática. Na verdade, o descaso dos administradores municipais anteriores demonstrou o quanto esta modalidade de ensino ainda não foi
compreendida em toda sua importância, tanto pelos órgãos governamentais quanto não-governamentais. A educação especial, no atual momento, vive uma dinâmica vantajosa de transformação em termos da sua concepção e diretrizes legais. Neste contexto, vem reafirmar o compromisso de estabelecer um plano de ação político pedagógico para a área, que envolva a perspectiva de inclusão das pessoas portadoras de necessidades educativas especiais. Aqui estão presentes os anseios que povoam hoje qualquer iniciativa de ultrapassar os limites da segregação, do preconceito, da inacessibilidade do espaço escolar e, principalmente, da falta de qualidade do ensino público. Entretanto, faz-se necessário traçar, mesmo que sucintamente, contexto histórico da Educação Especial no Brasil, a fim de delinear seu processo de construção e compreensão de posicionamentos atuais. Observa-se, nos diferentes momentos históricos da educação especial, tendências, orientações e diretrizes diversas que vão desde à compaixão até a perspectiva de inclusão. Tradicionalmente, esta área tem sido utilizada para conceituar um tipo de educação diferente da viabilizada no ensino regular, ou seja, uma modalidade da educação que se destina às crianças excepcionais. No Brasil, até os anos 50, não se falava educação especial, mas sim, na educação de deficientes: As escassas instituições que existiam e a restrita literatura
disponível
direcionavam-se
às
deficiências
específicas,
não
se
configurando como sistema e definindo sua clientela com pessoas excepcionais, e isto é, “aquelas que vem em virtude de características intrínsecas, diferentes da maioria da população, necessitavam de processos especais de educação”, Bueno (1996, p.101). Não se pode negar que, nesta década, a educação especial sofre um processo mais intenso de atuação, incluindo distúrbios, desajustes e inadaptações de diferentes origens, culminando por volta dos anos 70 com a instalação de um subsistema educacional, com a disseminação de instituições públicas e privadas de atendimento ao excepcional e com a criação de órgãos normativos, estadual federal. A nomenclatura também passou por modificações. O tema proposto será deficiência, entendendo-se esta, enquanto perda de função psicológica, fisiológica ou anatômica, apresentando como características, a normalidade de caráter temporário
permanente em membros, órgãos ou outra estrutura corporal, incluindo aí os sistemas próprios da função mental. Atualmente, com o redimensionamento da educação especial, observase uma nova concepção e prática diferente que resulta numa modificação da nomenclatura vigente. A educação especial decorre, agora, pelas mesmas vias que a educação regular, constituindo-se em uma modalidade de atendimento que perpassa todos os níveis de ensino. Privilegia-se uma educação inclusiva, através da qual as escolas devem buscar práticas de educar com êxito todas as crianças, inclusive as que tem maiores comprometimentos (portadores de síndromes e deficientes mentais graves). Deste
contexto
demanda
o
termo
necessidades
educacionais
especiais, referindo-se a “todas as crianças ou jovens cujas necessidades se originam em função de deficiências ou dificuldades de aprendizagem” Salamanca, (1994, p.67). Faz-se necessário dizer que tais conceitos não estão fechados, as discussões não estão esgotadas, temos tais como, necessidades educativas ou educacionais, especiais ou específicas; ainda se constituem pontos de debates, cabendo a nós participar também deste processo. Uma das causas que levou a pensar-se em inclusões dos portadores de necessidades educativas, foi pelo fato de serem atendidos em Escolas Especiais que atendiam exclusivamente alunos portadores de necessidades educativas especiais, este atendimento sofreu severas críticas, pelo fato de reduzir ou eliminar a oportunidade do convívio do aluno portador de deficiência com sua família, vizinhança e até mesmo com a sociedade. Todavia, é importante mencionarmos que sempre haverá crianças e adolescentes que necessitarão desses atendimentos em escolas especializadas. Já que estas, geralmente, apresentam uma gama de serviços médicos e paramédicos, além dos educacionais propriamente ditos, que não são encontrados nos recursos escolares comuns e que, para muitos alunos são imprescindíveis. Sabendo-se da necessidade que esses alunos apresentam em socializar-se, foram instalados em escolas comuns, as classes especiais, caracterizadas pelo agrupamento de alunos de acordo com a sua categoria de excepcionalidade, com a responsabilidade de um professor especializado. Estas classes especiais funcionam como auxílio ou como serviço especial, dependendo da
forma do atendimento que o mesmo esteja necessitando. Após feito esse processo sentiu-se a necessidade em integrar ou incluir esses alunos em uma classe comum de ensino. Dado a essa necessidade, pensou-se em Escola Includente, aberta para todos, e de tal qualidade que possibilite a construção individual de todos os alunos. Com isso, percebemos uma aproximação nesses dois tipos de ensino, o regular e o especial, portanto, não se pode acabar com um nem com outro sistema de ensino, mas sim juntá-los, unificando num sistema educacional único, partindo do princípio (de que todos os seres humanos possuem o mesmo valor e os mesmos direitos), otimizando seus esforços e se utilizando de práticas diferenciadas, sempre que necessário, para que tais direitos sejam garantidos. É isso que significa, na prática, “incluir a educação especial na estrutura de educação para todos”, conforme mencionado na declaração de Salamanca (UNESCO, 1994). “Inclusão e participação são essenciais à dignidade humana e aos gozos e exercício dos direitos humanos. No campo da educação, tal se reflete no desenvolvimento de estratégias que procuram proporcionar uma equalização genuína de oportunidades. A experiência em muitos países demonstra que a integração das crianças e dos jovens com necessidades educativas é mais eficazmente alcançada em escolas inclusivas que servem a todas as crianças de uma comunidade” Unesco (1994). Percebe-se que com esse processo de inclusão dos portadores de necessidades educativas especiais, no ensino regular, que devemos ter uma perspectiva realista: não se mudam atitudes da noite para o dia, sejam elas individuais ou coletivas. Principalmente quando consideramos que toda nossa tradição histórica tem sido omissa, preconceituosa e discriminativa. Tendo como base esse contexto, isso implica na reformulação de políticas educacionais do sentido excludente ao sentido inclusivo. Uma grande polêmica referente a esse aspecto, é que localidades em que a educação especial auditiva já tenha se constituído como sistemas paralelo de ensino, refere-se à oneração financeira de tal reformulação. Dessa forma, nenhum começo é fácil. Sabe-se que existe uma preocupação muito grande nesse processo de transformação da educação de um paradigma de exclusão para um que seja de inclusão, já que o educando está acostumado com elementos que apresentam a mesma
deficiência,
ao
serem
incluídos
em
classes
regulares,
torna-se
constrangedor, pois terá contato com diversos modelos de alunos, e isso os restringe no início, depois se adaptam ao processo. Há uma inquietação no que diz respeito a capacitação profissional da educação regular e da educação especial. Essa inquietação ocorre pelo fato do profissional de educação regular não se achar preparado para atuar com esses alunos includentes pelo fato de não terem cursos específicos para atuarem com essa clientela. Atualmente no curso de magistério (quase extinto) em seu currículo dá alguns embasamentos para que o educador supere essa dificuldade e tende suprir a necessidade encontrada pelo educando, quando isso não acontece recorrer aos profissionais especializados disponíveis (SEMEC) a atender ao seu chamamento. Nesse caso cresce, também, a necessidade de se planejar programas educacionais flexíveis que possam abranger os mais variados tipos de alunado e que possam, ao mesmo tempo, oferecer o mesmo conteúdo curricular sem perda de qualidade do ensino e da aprendizagem. Para que seja bem sucedido é necessário reunir os profissionais especializados, pedagogos da área (deficiência) e o corpo técnico da escola, para se chegar a um consenso e adaptar de forma coerente no currículo, técnicas que suprirão as necessidades tanto dos portadores de necessidades como dos ditos normais.
2.8 PROBLEMÁTICA ENCONTRADA NA INCLUSÃO DO SURDO A educação dos surdos é um assunto polêmico, que traz a tona limitações e problemas do sistema educacional vigente. As propostas educacionais direcionadas
para
crianças
surdas
tem
como
objetivo
proporcionar
o
desenvolvimento pleno de suas capacidades. Contudo, diferentes práticas pedagógicas envolvendo tais sujeitos apresentam uma série de limitações e estes, ao final da escolarização fundamental (que não é alcançada por muitos) não são capazes de ler e escrever satisfatoriamente ou ter um domínio adequado dos conteúdos. Dessa forma as diretrizes oficiais e discussões sobre a inclusão de surdos mostram ambigüidade e indefinições. Reconhecem que o uso da língua de sinais é um direito do surdo e uma forma de garantir melhores condições de escolarização. Por exemplo o Plano Nacional de Educação Especial (MEC/SEESP,
1994) propõe o “incentivo ao uso e à oficialização da Língua Brasileira de Sinais”. Entretanto, são vagas as recomendações para a escola, comum e seus professores, não ficam especificadas diretrizes no sentido de oportunizar a construção de uma condição bilíngüe do surdo ou de oferecer um ensino que, em algum aspecto, seja desenvolvido por meio da Língua de Sinais. Os discursos atuais evidenciam uma urgência em incluir o aluno portador de deficiência auditiva na escola regular. O argumento mais invocado é a Declaração de Salamanca junto com outros 87 governos. Na verdade, o que fica no esquecimento é o que diz seu artigo 19, assumindo pelos órgãos oficiais: “Políticas educacionais deveriam levar em consideração as diferenças e as situações individuais. A importância da língua de sinais como meio de comunicação entre surdos, que deveria ser reconhecido”. O fato é que os órgãos governamentais legitimam o compromisso com a inclusão social, mas não provém de recursos para atendimento educacional das escolas públicas. O caso do uso da língua de sinais pelo surdo é um exemplo significativo, pois afirma-lhes o direito de uso, mas há apenas uma recomendação para que pais e professores aprendam essa língua. A inclusão do aluno surdo não deve ser norteada pela igualdade em relação ao ouvinte e sim em suas diferenças sócio-histórico-culturais, às quais o ensino se ancore em fundamentos lingüísticos, pedagógicos, políticos, históricos, implícito nas novas definições e representações sobre a surdez. Todavia, selecionar uma língua traz uma série de tensões, principalmente por se inscreverem um grupo majoritário de ouvintes, e outro grupo minoritário daqueles que não ouvem. A escola, ao considerar o surdo como ouvinte numa lógica de igualdade, lida com a pluralidade dessas pessoas de forma contraditória, ou seja, nega-lhe sua singularidade de indivíduo portador de deficiência auditiva. Tais inconsistências reivindicam uma revisão educacional, que trace uma nova visão curricular com base no próprio surdo. Em relação à polêmica discussão acerca da educação dos surdos, configura-se a questão curricular, pois as escolas encontram-se atreladas a uma ideologia oralista, conveniente aos padrões dos órgãos de poder. Na educação dos surdos, o currículo faz parte de práticas educativas e é efeito de um discurso dominante nas concepções pedagógicas dos ouvintes. Estas ações materializam-se na afirmação de que o currículo é um espaço contestado de
relação de poder, o que significa dizer que, nas práticas escolares, estas questões estão literalmente veiculada em uma ordem necessária. O que a escola discute atualmente, por meio de seu currículo, é que “como se organizam os saberes e o conhecimento dentro do espaço para se ter uma educação de qualidade” Silva (2001, p.21). Mas, para que estas questões passem a ser legítimas, é necessário ir além delas, olhando o currículo não apenas como organização de conteúdo, pois a educação não é neutra em seus valores. “No currículo há o conflito na compreensão do papel da escola em uma sociedade fragmentada do ponto de vista racial, étnico e lingüístico. É preciso, assumir uma perspectiva sócio-lingüística e antropológica na educação dos surdos dentro da instituição escolar, considerando a condição bilíngüe do aluno surdo” Silva (2001, p. 21). Atualmente tem-se falado muito em mudanças educacionais dos surdos. Repensar esta proposta, na verdade, é uma tarefa desafiadora. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB- Lei nº 9394/1996), em seu artigo 58, capítulo V, define a Educação Especial: como modalidade escolar para educandos portadores de necessidades especiais preferencialmente, na rede regular de ensino deverão assegurar, entre outras coisas, professores especializados ou devidamente capacitados para atuar com qualquer pessoa especial em sala de aula. Admite também que, nos casos em que necessidades especiais do aluno impeçam que se desenvolva satisfatoriamente nas classes existentes, este teria o direito de ser educado em classe ou serviço especializado.
2.9 HISTÓRICO DE EXCLUSÃO: O QUE É ? PORQUE ACONTECE? ONDE ACONTECE? Sabe-se que as pessoas deficientes / portadoras de necessidades especiais,
desde
os
tempos
primórdios
não
recebiam
nenhuma
atenção
educacional, nem outros serviços, simplesmente por parte da sociedade que os ignorava, rejeitava, perseguia e explorava essas pessoas, por serem consideradas “possuídas por maus espíritos ou vítimas de sina diabólica e feitiçarias” (JONSSON, 1994, p.61). Dado a esses procedimentos da sociedade e da família direcionadas as pessoas deficientes serem freqüentes e excludentes surgiram vários problemas sociais como exploração do trabalho infantil, prostituição e privação cultural e a falta
de estímulo do ambiente e da escolaridade. Dessa forma começou-se a praticar a exclusão social dessas pessoas por pertencerem a minoria da população. Em várias partes do Brasil ainda vemos a exclusão e a segregação de diversos grupos sociais vulneráveis. Muito embora na segunda metade dos anos 80 nos países mais desenvolvidos começaram a surgir movimentos de inclusão social, tomando impulso na década de 90. Esses movimentos tem por objetivo a construção de uma sociedade para todos inspirado nos princípios de celebração das diferenças, direito de pertencer, valorização da diversidade humana, solidariedade humanitária, igual importância à minorias, cidadania com qualidade de vida. Dessa forma, segundo Jonsson (1994, p.61) começou a surgir em muitos países desenvolvidos, a “educação especial” para crianças deficientes, que antes eram atendidas em instituições por motivos religiosos ou filantrópicos e com pouco ou nenhum controle sobre a qualidade da atenção recebida. Assim sendo, algumas dessas crianças passaram a vida inteira dentro dessas instituições, fazendo com que surgissem as escolas especiais, pois a sociedade começou a admitir que as pessoas deficientes poderiam ser produtivas e recebessem escolarização e treinamento profissional. Em seguida surgiram as classes especiais dentro de escola comum, o que aconteceu não por motivo humanitários e sim para garantir que as crianças diferentes não “interferissem no em sino” ou não “absorvessem as energias do professor” a tal ponto que o impedissem de “instruir adequadamente o número de alunos matriculados nessas classes”. (CHAMBERS e HARTMAM in JONSSON, 1994, p.62). Para que as pessoas com deficiência pudessem ter participação plena e igualdade de oportunidades, seria necessário que não se pensasse em adaptar as pessoas à sociedade e sim a sociedade as pessoas (JONSSON, 1994, p.63). Isso fez com que no final da década de 80 surgisse a idéia de inclusão. Logo os países desenvolvidos como os EUA, Canadá, Espanha, Itália..., foram os pioneiros na implantação de classes inclusivas e de escolas inclusivas. Conforme pudemos constatar a educação inclusiva começa a ganhar novos adeptos logo após a Declaração Mundial de Educação para todos, aprovada
pela ONU (1990), inspirado no Plano Decenal de Educação para todos (BRASIL, MEC, 1993). Em seguida, a UNESCO registrou na Declaração de Salamanca (1994), o conceito de “inclusão” no campo da educação comum.
2.10
O IDEAL DAS LEIS E POLÍTICAS INCLUSIVAS Nosso país não pode desperdiçar ninguém e precisamos investir no enorme potencial de cada pessoa através da implementação da Lei dos Americanos com deficiências. A minha administração compromete-se a mudar a política pertinente à deficiência; da exclusão para a independência, do paternalismo para o impowerment- Presidente dos E.U.A, Bill Clinton, 23/07/93.
Sabe-se que no Brasil quase tudo é espelhado em leis americanas e como não deixaria de ser essa legislação tem sido vista como o meio mais importante para acabar com a discriminação da sociedade, de um modo geral, e das empresas, em particular, contra a inserção de pessoas portadoras de deficiência (GIL e BENGOECHEA, 1991). Portanto a legislação é uma faca de dois gumes. Por um lado as lei forçam para pressionar empregadores a contratarem pessoas deficientes, do outro lado elas poderão criar antipatia em relação a estas pessoas. Por isso, percebe-se que elas precisam ser revistas, já que na maioria das vezes, são demoradas ou nunca acontecem. Com relação as pessoas com deficiências, basicamente existem dois tipos de leis: as gerais e as especificamente pertinentes à pessoas deficientes. Leis Gerais integração mistas: são aquelas que contém dispositivos separados sobre o portador de deficiência para lhe garantir alguns direitos, benefícios ou serviço. Temos como exemplo as Constituições Federal e Estadual (BRASIL, 1998, por ex. S. Paulo, s.d), o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA, Brasil, 1993) e a Lei Federal nº 9394, de 20 de dezembro de 1996, que trata da educação profissional (BRASIL, 1996). Leis Específicas integracionistas são aquelas que trazem no seu bojo a idéia de que a pessoa com deficiência terá direitos assegurados desde que
ela tenha a capacidade de exercê-los. É o caso da Lei nº 7.853/89, parágrafo único, II, “f”, que trata da “matrícula compulsória em cursos regulares de estabelecimentos públicos e particulares de pessoas portadoras de deficiência capazes de se integrarem no sistema regular de ensino” (BRASIL, 1994 b); a Instrução Normativa nº 5, que “dispõe sobre a fiscalização do trabalho das pessoas portadoras de deficiência” (BRASIL, 1991); e a Lei nº 8.859, de 23/03/94, que entende “aos alunos de ensino especial o direito à participação em atividades de estágios” (BRASIL, 1994). A Educação Inclusiva teve início nos Estados Unidos através da Lei Pública 94.142, de 1975, encontrando-se na segunda década de implementação. No contexto da Declaração de Salamanca consiste: proporcionar uma oportunidade única de colocação da educação especial dentro da estrutura de ‘educação para todos’ firmada em 1990 [...] ela promoveu uma plataforma que afirma o princípio e a discussão da prática de garantia de inclusão das crianças com necessidades educacionais especiais nessas iniciativas e a tomada de seus lugares de direito numa sociedade de aprendizagem (UNESCO, 1994, p.15)
No que diz respeito ao conceito de necessidades educacionais especiais, a Declaração afirma que: durante os últimos quinze ou vinte anos, tem se tornado claro que o conceito de necessidades educacionais especiais teve de ser ampliado para incluir todas as crianças que não estejam conseguindo se beneficiar com a escola seja por que motivo for. (UNESCO, 1994, p.15)
CAPÍTULO 3- A PESQUISA
3.1 A COLETA DE DADOS Ao realizarmos a pesquisa de campo, para sabermos a opinião de algumas pessoas que estão inseridas nesse “processo de inclusão”, entrevistamos três (3) educandos e três (2) educadores da rede pública, juntamente com dois (2) famílias ou responsáveis por esses educandos portadores de necessidades especiais auditivas. Segundo depoimento dos educandos, a maior dificuldade encontrada por eles dar-se no relacionamento com os educadores e com os próprios educandos, pelo fato dessa inclusão ser feita de forma brusca, encontrando educadores sem preparo para recebê-los, e os educandos sem o hábito de conviverem em sala de aula com pessoas diferentes. Sabe-se que para que haja essa inclusão, precisa-se sensibilizar e treinar todos os funcionários da instituição, desde o pessoal de apóio até o diretor ou administrador, que o educando portador de necessidades especiais requer um atendimento específico pela dificuldade que tem em se comunicar com os demais, essa inclusão para eles causou um grande impacto, fazendo com que os mesmos se isolassem por determinado tempo até que se adaptassem ao meio a qual estava se inserindo. De acordo com o depoimento desses educandos entrevistados, foi muito difícil a sua aceitação no grupo, com o passar do tempo é que os colegas começaram a perceber que os mesmos (portador de deficiência) precisavam de ajuda, passando assim a auxiliá-los no desenvolvimento e entendimento das atividades propostas em sala de aula. O grande problema estava nos educadores que para ministrar suas aulas não se preocupavam com a presença do aluno portador de necessidades especiais auditivas que precisam de certos requisitos para que possam entender melhor o que é repassado em sala de aula, para o educador a aula é administrada como se fosse uma turma de alunos “normais”, sem se preocupar com as especificidades da escola inclusiva.
Segundo os educandos a disciplina mais difícil para entender é o Português pela falta de comunicação, dificultando a interpretação e a produção de texto, nas demais disciplinas há dificuldade de assimilar os conteúdos, porém se torna mais flexível a aquisição desses conhecimentos até mesmo pela colaboração que os colegas lhes dão, para que haja um aprendizado melhor. Os alunos que participaram dessa entrevista, relataram que as escolas ainda não estão preparadas para a inclusão dos surdos (severos -70 a 90 dB). Isto ocorre desde o ambiente escolar que não é adequado, as necessidades mínimas do aluno, assim como os educadores não estão capacitados para lidar ou se comunicar com surdos (profundo- acima de 90 dB). A dificuldade ao se relacionarem com os colegas dar-se-á pela forma de comunicação, pois os mesmos não têm habilidade nem conhecimento de como interagir com os portadores de necessidades especiais, discriminando-os muitas vezes, fazendo com que se exclua do grupo. Sobre a pergunta feita na inserção do surdo no mercado de trabalho, segundo os depoimentos os surdos, infelizmente ainda são discriminados pela dificuldade encontrada na comunicação. Sabe-se que no processo de “inclusão” há um grande desafio e ao mesmo tempo uma troca afetiva, que se dá exatamente para toda sociedade, o qual deverá ser feito um trabalho de conscientização, um trabalho essencial para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária, na qual as diferenças sejam consideradas e respeitadas. O que se percebe é que no mercado de trabalho as pessoas portadoras de necessidades especiais recebem na média abaixo do salário mínimo, e a exploração e a cobrança é bem maior, talvez para testar a capacidade dessas pessoas nas atividades que irão desempenhar em suas funções. De acordo com o posicionamento dos professores entrevistados o assessoramento que lhes são oferecidos dar-se de forma insuficiente, já que os profissionais (técnicos) que os assessoram, o faz uma vez por semana, ou trocando idéias nos encontros realizados pelo órgão a qual pertencem, sendo assim insuficiente para a sua prática pedagógica. Referente ao currículo não há especificidade para adaptá-lo a essa clientela. A metodologia aplicada depende muito do professor que de acordo com
seus conhecimentos e competência irá desempenhar suas atividades em sala de aula. Percebe-se que a dificuldade mais acentuada encontra-se na forma de como se comunicar com essas crianças surdas, pelo fato de não conhecerem a fundo a técnica de comunicação utilizada através da língua de sinais que os profissionais não tem (domínio) habilidades para que haja uma comunicação professor x aluno ou vice-versa. Um dos fatores que dificultam o desempenho desse profissional de educação no que diz respeito ao ambiente de trabalho é a falta de estrutura em que o espaço da sala de aula não esta adequado para atuar com especificidade para o atendimento dessas crianças de acordo com sua deficiência. O desempenho do profissional dar-se-á de forma mais gratificante, quando há a participação da família dando suporte de como entendê-lo, já que os mesmos têm mais contato com a criança, fazendo um resgate de sua auto estima. Segundo relatos da família, esse processo inicialmente trouxe bastante problema para os portadores de necessidades especiais principalmente os surdos, pelo despreparo profissional já que estes precisam de uma comunicação específica, ou seja, o professor deveria pelo menos ter um mínimo de conhecimento sobre a língua de sinais (LIBRAS), para que houvesse um melhor relacionamento e entendimento entre professores e alunos. O processo de inclusão dos portadores de necessidades especiais auditivos, para uns traz benefícios quando apresenta surdez leve, porém, aos que apresentam surdez profunda ou severa, às vezes causa isolamento, ou seja, exclusão, pelo fato de comunicar-se mais através de sinais, e nem toda a comunidade escolar esta preparada para lidar com esse tipo de deficiência. O relacionamento com a família segundo depoimento dos pais, é normal. Já com os professores e colegas no início apresentaram dificuldades, pois vinham de instituição ou escolas especializadas, com convivência de pessoas portadoras da mesma deficiência, facilitando assim seu entrosamento. Com o processo de inclusão tiveram que se adaptar ou se isolar dos demais.
Sabe-se que esse processo terá melhores êxitos, no momento em que os profissionais da educação se qualifique e capacite-se para atender essa clientela que requer atendimento específico, no caso da surdez severa.
3.2 ANÁLISES DAS ENTREVISTAS: De acordo com os depoimentos de professores, familiares e alunos à respeito do processo de inclusão, chegamos a conclusão como se reporta uma das mães entrevistadas, que na teoria tudo é satisfatório, porém na prática está deixando a desejar. Isso nos reporta a Bueno (1993) em suas análises, afirma que “o descompasso é ainda maior entre a teoria e a prática, entre o discurso oficial e a realidade. A população portadora de necessidades especiais, que socialmente, já é tão estigmatizada do ponto de vista de sua escolaridade”. De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, de 20/12/96, a maioria das crianças portadoras de necessidades especiais passam a ser atendidas na escola regular com exceção de algumas delas que prosseguirão sua escolaridade em instituição ou classes especiais, quando sua deficiência é muito comprometida dificultando assim sua inclusão. Evidentemente, a força e a importância da nova Lei de Diretrizes e Bases, no que concerne à educação especial, não pode ser subestimada. Ela não institui somente a obrigatoriedade do portador de necessidades especiais freqüentar a rede regular de ensino, como estabelece serviço de apoio especializado para o atendimento das peculiaridades de cada criança. No que concerne ao corpo docente, prevê um quadro de professores qualitativamente preparados para atuar junto a esses alunos. O que contradiz após as entrevistas realizadas, em que, foi unânime a afirmação em todas as categorias entrevistadas que o profissional que está atendendo as pessoas portadoras de necessidades especiais no processo de inclusão não estão capacitadas para atuar com essa clientela, que queira ou não, precisam de técnicas e mecanismos
para desenvolver suas habilidades,
principalmente se as pessoas apresentarem surdez profunda. Dessa forma afirma Glat (1988, p.11):
se não houver uma modificação estrutural no sistema educacional brasileiro, a inclusão de alunos portadores de necessidades especiais, principalmente os mais prejudicados, nunca será concretizada, logo, a noção de inclusão total não é uma proposta, e sim uma utopia.
Portanto, qual seria a vantagem, para um aluno com uma deficiência auditiva severa, de freqüentar uma classe em que ele não compreende a aula, não consegue fazer os mesmos trabalhos que os outros colegas fazem e fica em um canto, pois o professor não consegue transmitir-lhe os conteúdos por não ter preparo nem conhecimento da língua de sinais (LIBRAS), para facilitar seu aprendizado. Acredita-se que, em nível de pré-escolar, a integração ou inclusão de crianças com deficiências de vários níveis, sejam viáveis, desde que, essas crianças tenham atendimento especializado paralelo ou simultâneo e seus professores recebam orientação de como lidar com elas, independentemente do tipo ou grau de deficiência. Porém, para aqueles alunos mais prejudicados, é preciso planejar com muito cuidado essa inserção, para que não seja mais um excluído do processo educacional.
CAPÍTULO 4- CONSIDERAÇÕES FINAIS
Analisando a situação existente em nosso país, pode-se constatar, nas últimas décadas, foi empreendido inegável esforço por parte de determinados segmentos sociais e políticos no sentido de incluir em várias leis o direito à igualdade educacional e atendimento integrado de aluno com deficiência auditiva na rede regular de ensino. Mesmo com o respaldo legal, observa-se que o sistema educacional não se estruturou para oferecer esse serviço educacional, as pessoas portadoras de deficiência em geral, principalmente no sistema público de ensino. Já que a inclusão não é de interesse apenas dos alunos com deficiência auditiva, uma vez que ao inserirmos este educando na escola regular estar-se exigindo da instituição novos posicionamentos e procedimentos de ensino baseados em concepções e práticas pedagógicas mais evoluídas, além de mudanças na atitude de professores, modos de avaliação e promoção dos alunos para séries e níveis de ensino mais avançados. A inclusão é igualmente um motivo que força o aprimoramento da capacitação profissional dos professores em serviços e que questiona a formação dos educandos. A integração tem sido muito falseada na maior parte dos planos e projeto na área de educação do portador de deficiência auditiva em nosso país, conforme o pensamento de Mazzotte que diz ser a integração apenas constante nos documentos oficiais e nos discursos políticos. Na verdade, ainda persistem muitas polêmicas sobre o significado real de integração, muitas vezes as pessoas envolvidas nesse processo procede de forma instituitiva, não conduzindo uma integração educacional efetiva, nesse caso há uma mera integração física, e não um atendimento específico que venha atender as necessidades do deficiente, principalmente o auditivo que requer de especificidade em sua comunicação, variando de acordo com o nível de perda auditiva. No âmbito escolar, observa-se a falta de preparo pedagógico do professor para atender essa clientela, pois os cursos de formação para o magistério
não dá uma fundamentação teórica nem prática para o exercício da função referente a esse processo. Nesse caso, o professor de classe regular necessita de acompanhamento do especialista para minimizar a sua angústia. Dessa forma, torna-se necessária uma preparação prévia desse professor, a redução de números de alunos por turma, uma estrutura física adequada e o apoio especializado ao docente regular, um acompanhamento permanente aos pais e uma campanha de conscientização com
a comunidade
sobre a problemática da inclusão do surdo em classe regular. Sabe-se que, ainda há muito o que fazer, pensar, pesquisar, discutir e debater sobre esse assunto, que por si só é tão complexo. As possibilidades não se esgotam com esta pesquisa, tão pouco considera-se encerrado as discussões sobre o tema. Logo, o objetivo maior é sensibilizar o meio acadêmico, os pais, os professores que trabalham ou não com educação especial e a própria comunidade em geral a estarem atentos aos problemas encontrados pelos portadores de deficiência auditiva, quanto a seus anseios, as suas dúvidas e os seus desejos. Pode-se falar em integração ou inclusão dos portadores de deficiência auditiva no ensino regular a medida que esses segmentos se mobilizarem para tentar minimizar o tema em estudo, certamente estaremos dando um passo definitivo contra a exclusão e a favor da inclusão constituindo um motivo para que a escola se modernize e atenta às exigências de uma sociedade que não admite preconceito, discriminação, barreiras sociais, culturais ou pessoais.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BUENO, José Geraldo Silveira. Educação especial brasileira: integração segregação do aluno diferente. S.P: Cortez, 1993.
CONFERÊNCIA MUNDIAL SOBRE NECESSIDADES EM EDUCAÇÃO ESPECIAL. A Declaração de Salamanca sobre princípios. Política e Prática em Educação Especial. 1994.
GLAT, Rosana. A integração dos excepcionais: realidade ou mito? Mensagem da Apae, p.11-14, 1988.
GÓES, Maria Cecília Rafael; LACERDA, Cristina Broglia Feitosa. Surdes, processo educativo e subjetividade. São Paulo: Lovise, 2000.
GOTTI, Marlene. O processo de aquisição de linguagem por crianças surdas. Integração. Ano 7, n. 18, p.30.33, 1997.
JOVER, Ana. Inclusão: uma utopia possível. Nova Escola. n. 123, p.8-17, jun. 1999.
MAZZOTTA, Marcos José Silveira. Fundamentos de educação especial. São Paulo: Pioneira, 1982.
MELLOW, Cruckshand William. A educação da criança e do jovem excepcional. Trad. Leonel Vallandro. Porto Alegre: Globo, 1975.
RAIÇA, Darcy; OLIVEIRA, Maria Tereza Batista de. A educação especial do deficiente mental. São Paulo: EPU, 1990.
SANTOS, Mônica Pereira. Educação inclusiva. Integração. Ano 10, nº 22, p.35, 2000.
SASSAKI, Romeu Kazumi. Inclusão, construindo uma sociedade para todos. RJ: WVA, 1997.
SCOTTI, Annete Rabelo. Adaptação curricular na inclusão. Integração. Ano 9, nº 21, p. 19-20, 1999.
SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO. Teoria Prática: a educação especial. RJ, 1990.
SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO. Escola Cabana Construindo uma Educação Democrática e Popular. Caderno de Educação nº 01,. Belém. Out/ 1999.
SILVA, Marília da Piedade Marinho. A construção de sentidos na escrita do aluno surdo. São Paulo: Plexus, 2001.
ANEXOS
ANEXO I ENTREVISTA COM OS ALUNOS
1)
Você encontra ou encontrou dificuldades ao ser incluído no ensino regular? Cite as vantagens e desvantagens.
2)
Quais as disciplinas que dificulta mais seu aprendizado? Justifique-a.
3)
A escola está preparada para a inclusão dos surdos? Como é seu relacionamento com os colegas e professores?
4)
Como você analisa a inclusão do surdo no mercado de trabalho?
5)
Os professores estão preparados para ministrar aulas aos portadores de necessidades auditivas? Justifique.
ANEXO II ENTREVISTA COM OS PROFESSORES
1)
Você recebe assessoramento para o desempenho de suas atividades pedagógicas em relação as crianças com deficiência auditiva?
2)
Você reformulou o Currículo e a Metodologia para poder trabalhar com essa criança (surda) na Inclusão?
3)
Você tem facilidade de se comunicar com essa criança (surda)? E os colegas?
4)
O seu ambiente de trabalho está de acordo com a Metodologia aplicada?
5)
Como você analisa o papel da família nesse processo educacional?
ANEXO III ENTREVISTA COM A FAMÍLIA
1) Como você vê o processo de inclusão para criança portadora de necessidades especiais no Ensino Regular?
2) Como é realizado o relacionamento da família com a criança surda?
3) Qual as dificuldades encontradas no processo de “inclusão” de seu filho? Há um bom atendimento?
4) Você acha que a “inclusão” desta criança traz benefícios para o mesmo?
5) Como você percebe o relacionamento de seu filho na escola, com o(a) professor(a) e com os colegas?