PRÉ - PROJETO DE EDUCAÇÃO COMPARTILHADA EM CLÍNICA MÉDICA INTRODUÇÃO O formato tradicional de ensino, em que o professor é o fiel depositário do saber e os alunos são tábulas rasas, meros receptores do "conhecimento", há muito tem sido combatido pelos acadêmicos da educação. Entretanto, no dia-a-dia de muitas escolas, essa ainda é a prática prevalente. E não é diferente também na educação superior. Desinformação dos professores, desorganização institucional, a falta de um modelo coerente, em que discurso e ação sejam ressonantes, além da herança das falhas educacionais da formação anterior são alguns dos aspectos que podem justificar essa dificuldade de passar do discurso à ação. Outro aspecto a ser considerado é a forma com que os mais jovens vêm criando suas relações ao longo da vida, os padrões destas, e os seus meios. Jovens universitários de hoje pertencem a uma geração que foi criada desde a infância com acesso à informação rápida e contínua - uma geração que cresceu com o aperfeiçoamento dos PCs e com o surgimento e difusão da Internet. Essa tecnologia vem socializando o acesso à informação, e essa tem se tornado ampla e vertiginosa de tão abundante e veloz. Ainda, nos últimos anos, uma nova geração de "aplicativos" têm colocado a pessoa no centro do fluxo de informações da internet. São exemplos os programas de compartilhamento de arquivos de som e imagem, os Chats, Grupos de discussão e Blogs. A informação, nessa perspectiva, ficou ainda mais dinâmica, multi-direcional. Todos, de uma forma ou de outra, são autores e consumidores de informação. Assim, nessa perspectiva, educar hoje não mais é uma questão de propriedade do conhecimento, mas sim da sua organização, de como garantir a qualidade da sua construção (ou produção), e de como socializá-lo, de forma a não criar uma espécie de "apartheid digital". Por fim, nos últimos anos têm havido incentivos ao que se chama de "inclusão digital": oportunização de acesso à internet àqueles sem condições econômicas para tal. E essa política tem sido implementada primariamente em escolas de educação fundamental. As escolas de educação superior, por outro lado, disponibilizam computadores e acesso à internet à sua comunidade por não se compreender, nos dias de hoje, atividades de ensino de qualidade, pesquisa e extensão - missões específicas da academia - sem a utilização desses meios. Entretanto, a potencialidade desses instrumentos muitas vezes é subutilizada. Não raro computadores são utilizados como meros editores de texto, e a internet apenas como forma alternativa de comunicação e pesquisa a material já produzido, de qualidade discutível. Professores de hoje, predominantemente da era pré-geração C, se vêem diante da tecnologia e se sentem incapazes de utilizá-la eficientemente. Ou, ainda, utilizam-na como se assim o soubessem. Uma forma de "analfabetismo cibernético". E em nosso meio não é diferente! Falta "in-formação" para implementar práticas para melhor aproveitar essas ferramentas que, sem dúvida, marcarão uma mudança de paradigma no conceito de educação, geração e distribuição do conhecimento, na linha do tempo. Este projeto baseia-se, então, na tradição de nossa Universidade na área de informática, na sua estrutura física voltada à internet, e no potencial de nossos alunos em colaborar com esse projeto, pela sua natureza de compartilhamento e construção do conhecimento de forma mais criativa que a mera disponibilização de conteúdos. Entretanto, também o aspecto mais objetivo do projeto - um meio rápido, confiável, local, para troca de informações - será destacado . Dessa forma buscaremos uma síntese - ou melhor, uma práxis - fundamentada nas idéias "medievais", mas não menos "pós1 2 modernas", de Comenius e Philip Kotler
1. "Professores devem ensinar menos para que os alunos possam aprender mais". 2. "Pensar globalmente, agir localmente".
JUSTIFICATIVA - Facilitar o aprendizado num ambiente em que permita a interação colaborativa de alunos e médicos do serviço de Clinica Médica. OBJETIVOS Primários - Criação de um "sistema" que permita aos alunos de Internato de Clínica Médica do Curso de Medicina da UCPel e aos Residentes do Programa de Clíncia Médica do HUSFP terem acesso à informação, além de um fórum (e/ou chat) de discussão de dúvidas com professores e monitores tanto em relação ao estudo diário ("teórico") quanto na assistência aos pacientes, tanto ambulatorias quanto hospitalizados, além de plantões. - Disponibilização, por alunos e professores, de bibliografia atualizada numa espécie de home-page do programa. - Criação de um tutorial para navegação em sites relevantes (a cada área de atuação da clínica médica, por exemplo), proporcionando uma utilização mais organizada das ferramentas de estudo já disponíveis na internet. Secundários - Proposição de temas específicos para discussão entre os participantes do programa. A temática a ser desenvolvida seria de responsabilidade de todos, e a viabilização dessa participação será tema de discussão futura (por exemplo: um assunto médico de importância em determinado momento na comunidade, ou uma discussão acadêmica sobre ocorrências em saúde veiculados pela mídia). - Avaliação (ou auto-avaliação) do processo educativo usando ferramentas disponíveis na internet. - Outras discussões relevantes, como atividades transdisciplinares, incentivo à pesquisa e assuntos de natureza diversa à area da educação formal propriamente dita.