QUINZENÁRIO INDEPENDENTE AO SERVIÇO DAS COMUNIDADES DE LÍNGUA PORTUGUESA
1ª Quinzena de Dezembro de 2008 Ano XXIX - No. 1053 Modesto, California
[email protected] www.tribunaportuguesa.com
$1.50 / $40.00 Anual
Pág. 16 a 18
Pág. 31,32
MUSICA
FRATERNAIS
ARTE
Roberto Lino e a boa música portuguesa
O futuro implica uniões entre fraternais
Gallo Center for the Arts um sucesso
Roberto Lino e os seus amigos andam por aí a cantar a melhor musica portuguesa de sempre. Autores como Fausto, Rui Veloso, Xutos e Pontapés, Luis Represas, Pedro Abrunhosa, Paulo Gonzo, podem ser ouvidos semanalmente, quer na Casa do Benfica quer noutros lugares. Mais uma oportunidade para a nossa comunidade conhecer melhor o que de bom se fez em Portugal. Esperamos que outros artistas adiram a este esquema de cantarem o bom e o melhor.
O mundo em que nós vivemos hoje obriga a que as nossas fraternais procurem entre si afinidades para precaver o futuro e poderem continuar a dar resposta aos seus beneficiários como têm dado até agora. Muito recentemente, algumas organizações fraternais, para corresponder a esses desafios, estão a dar passos importantes no sentido de se unirem. É um processo lento e que requer muitos cuidados, e é isso que está a acontecer, com muito bom senso.
Desde a estreia há um ano, mais de 200 mil pessoas assistiram a 300 eventos musicais. Um sucesso clamoroso de um sonho que levou uma década a chegar ao seu termo. Gallo Center for the Arts, localizado na Baixa da Cidade de Modesto, também já ofereceu a mais de 30 mil estudantes, matinés com actuações de muitos artistas. Parabéns ao Gallo Center. Para 2009 teremos mais portugueses a cantarem lá. A não perder, nunca...
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SEGUNDA PÁGINA
Tribuna Portuguesa
EDITORIAL Olho por olho, dente por dente O que aconteceu nestes últimos dias na India, com grupos de terroristas a atacarem em diversas frentes e com propósitos bem definidos, faz com que as democracias não possam dar-se ao luxo de não responderem com as mesmas armas. Estamos a ficar fartos de ver os países ditos democráticos a evitarem esse tipo de resposta, tratando essa “canalha”, como diria o meu amigo Conselheiro, com luvas brancas e passaporte para os nossos tribunais comuns, para as nossas prisões de primeira classe, com ginásio, televisão e possívelmente com jornais diários à disposição. Não, essa “canalha” não merece respirar o mesmo ar que nós respiramos. Este tipo de terrorismo é ignóbilmente preparado por mentes que não têm lugar em qualquer das nossas sociedades, por isso, terrorismo combate-se com terrorismo, olho por olho, dente por dente. Não podemos é aceitar, depois de vermos com os nossos próprios olhos, a chacina ocorrida, vê-los em tribunais, defendidos por advogados pagos pelas nossas taxas. Saudamos os comandos militares da India que, um a um, foram fazendo a justiça que se impunha, evitando que pudessemos ver os terroristas na televisão a vangloriarem-se do que tinham feito. Um grande exemplo a seguir. Algumas das políticas de direita dão muitas das vezes para o torto. Menos regulamentações deu o que deu, quer aqui, quer em muitos outros países e até vimos um homem da craveira intelectual como Alan Greenspan a pedir desculpa no Congresso por se ter enganado àcerca da capacidade de importantes organizações financeiras poderem trabalhar correctamente e honestamente sem serem regulamentadas ou auditadas. Isto vem a propósito não dos problemas que as grandes companhias e bancos da América estão a ter, mas em referência às nossas fraternais que têm muito do seu dinheiro investido em “bonds” e em companhias que sempre deram boa conta de si. Sabe-se que as nossas fraternais estão a avançar no sentido correcto de precaver o futuro. O futuro está na união e na solidez financeira, para que as nossas fraternais continuem a oferecer aos seus associados os melhores benefícios possíveis. jose avila
Vejam a maneira tipo terceiromundista como nos Açores ou em Portugal se tratam as pessoas que entram para um Governo. Além de ser incorrecto, só alguns países da América Latina é que usam esse formato: “O elenco governativo, presidido por Carlos César, será assim constituído: Vice-Presidente – Dr. Sérgio Ávila, economista, 39 anos; Secretário Regional da Presidência – Dr. André Bradford, licenciado em Comunicação Social e Cultural, 37 anos; Secretária Regional da Educação e Formação – Dra. Maria Lina Mendes, licenciada em Educação de Infância com Mestrado em Ciências de Educação, 44 anos; Secretário Regional da Ciência Tecnologia e Equipamentos – Dr. José Contente, docente universitário, 50 anos; Secretário Regional da Economia – Dr. Vasco Cordeiro, advogado, 35 anos; Secretária Regional do Trabalho e Solidariedade Social – Dra. Ana Paula Marques, professora do ensino secundário, 46 anos; Secretário Regional da Saúde – Dr. Miguel Fernandes Correia, economista, 36 anos; Secretário Regional da Agricultura e Florestas – Dr. Noé Rodrigues, advogado, 52 anos; Secretário Regional do Ambiente e do Mar – Prof. Dr. José Álamo de Meneses, professor universitário, 49 anos; Para o cargo de Subsecretário Regional dos Assuntos Europeus e da Cooperação Externa será nomeado o Dr. Rodrigo Vasconcelos de Oliveira, advogado e Mestre em
Relações Internacionais, 32 anos, sendo a Direcção Regional com as mesmas áreas extinta. Como Subsecretário Regional das Pescas manter-se-á o Comandante Marcelo Leal Pamplona, licenciado em Ciências Militares Navais, de 52 anos de idade”. Agora vejam como David Brooks, do New York Times, escreve sobre os potenciais membros do governo do Presidente eleito Obama: “O dia 20 de Janeiro de 2009 vai ser histórico. Barack Obama (Columbia, Harvard Law) fará o juramento, enquanto sua mulher Michelle (Princeton, Harvard Law) o olhará com orgulho. Perto, os seus consultores de politica externa, incluindo, talvez, Hilary Clinton (Wellesley, Yale Law), Jim Steinberg (Harvard, Yale Law) e Susan Rice (Stanford, Oxford D. Phil). O grupo de política interna estará também lá: Jason Furnam (Harvard, Harvard Ph.D.), Austan Goolsbee (Yale, MIT Ph.D.), Blair Levin (Yale, Yale Law), Peter Orszag (Princenton, London School of Economics Ph.D.), e Greg Craig (Harvard, Yale Law), etc..” Daqui da California aproveitamos a oportunidade para corrigir o documento anterior vindo do Governo dos Açores, em bom português: “O elenco governativo, presidido por Carlos César, será assim constituído: Vice-Presidente – Sérgio Ávila, licenciado em Economia, 39 anos; Secretário Regional da Presidência – André Bradford, licenciado em
Comunicação Social e Cultural, 37 anos; Secretária Regional da Educação e Formação – Maria Lina Mendes, licenciada em Educação de Infância com Mestrado em Ciências de Educação, 44 anos; Secretário Regional da Ciência Tecnologia e Equipamentos – José Contente, licenciado em GeologiaBiologia e Mestre em Metodologia das Ciências, 50 anos; Secretário Regional da Economia – Vasco Cordeiro, licenciado em Direito, 35 anos; Secretária Regional do Trabalho e Solidariedade Social – Ana Paula Marques, licenciada em História e Ciências Sociais, 46 anos; Secretário Regional da Saúde – Miguel Fernandes Correia, licenciado em Economia, 36 anos; Secretário Regional da Agricultura e Florestas – Noé Rodrigues, licenciado em Direito, 52 anos; Secretário Regional do Ambiente e do Mar – José Álamo de Meneses, licenciado em Engenharia do Ambiente e Doutorado em Engenharia Civil e do Ambiente, 49 anos; Para o cargo de Subsecretário Regional dos Assuntos Europeus e da Cooperação Externa será nomeado Rodrigo Vasconcelos de Oliveira, licenciado em Direito e Mestre em Relações Internacionais, 32 anos. Tal como diria a RTP, assim se escreve bom português. Que a lição seja aprendida de uma vez por todas. Só quem usa este formato são as televisões portuguesas e os governos ou instituições governamentais. Os jornais de Portugal já há muitos anos que não usam esta feira de vaidades. Aproveitamos a ocasião para felicitar o Governo Regional dos Açores e a sua nova equipa, fazendo votos para que compreendam cada vez mais a importância da California nas relações com os Açores.
Year XXIX, Number 1053 Dec 1st, 2008
COLABORAÇÃO
Tribuna Portuguesa
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Tribuna da Saudade
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eza a mitologia clássica que o deus Plutão ao enamorar-se da ninfa Mintha, a esposa ficou tão ciumenta ao ponto de transformar a ninfa numa planta-hortelã, cuja formosura exalava uma atraente fragância". (Funk & Wa-gnalls Standard Dictionary of Folklore, Mythology & Legend). A hortelã (mint em inglês) é o nome vulgarmente aplicado a várias ervas aromáticas, das quais a spearmint (hortelã de sopa) e a peppermint (hortelã-pimenta) são as mais populares. Em geral, a hortelã é considerada de grande utilidade na medicina e na culinária, e muitas variedades de hortelã são produzidas comercialmente. É costume ajuntar um raminho de hortelã em bebidas com gelo, adicionar molho e geleia de hortelã em carnes, e fazer chá de hortelã p'ra combater indigestão. Os antigos Hebreus tinham uma
9 às 3 pm
predilecção exagerada pela hortelã, tanto assim que Jesus Cristo condenou os Fariseus, que davam mais importância à imposição de taxas a determinadas plantas, ignorando o cumprimento dos preceitos da Lei: "Ai de vós, Fariseus, porque pagais o dízimo da hortelã, da arruda e de todas as outras ervas, mas deixais de lado a justiça e o amor de Deus". (Lucas 11:42). Desde tempos imemoriais, a hortelã desfrutou de imensa popularidade nas Ilhas Britânicas, onde foi introduzida pelos Romanos. Aparentemente, a hortelã foi implantada na América pelos primitivos povoadores de Massachusetts. Medicinalmente, a hortelã era empregada em banhos a fim de acalmar e envigorar os nervos e os músculos. Igualmente, usouse a hortelã p'ra mitigar indisposição do estômago, dores de ouvidos, olhos lacrimejantes, e mordeduras de animais e insectos. No século 16, em casos de
hidrofobia e dispepsia, recomendava-se misturar em vinho o pó de folhas de hortelã, juntamente com arruda, verbena, tanchagem, absinto e outras ervas. Ao norte da Europa, usava-se a hortelã p'ra evitar que o leite azedasse, e em Jamaica bebia-se chá de hortelã p'ra aliviar cólicas. Na Irlanda, p'ra afugentar as pulgas, aspergia-se com hortelã as camas e as casas, e na Bolívia era crendice que quem encontrasse hortelã em flor, no dia de S. João, seria feliz por toda a vida. Na tribo de índios Meskwaki bebia-se chá de hortelã como tónico contra a malária, e fazia-se uma espécie de rapé (com folhas secas de hortelã) p'ra curar dores de cabeça. P'ra reavivar quem se encontrava "às portas da morte", aplicava-se também esse rapé nas narinas do moribundo. Em "History of Food", Maguelonne Toussaint-Samat escreveu que antigamente era proibido às amas de leite beber chá de hor-
telã, e ser quase impossível fabricar queijo com o leite fornecido por vacas alimentadas em pastagens de hortelã. Curiosamente, a hortelã está associada com as origens da cidade de San Francisco na Califorlândia. Embora os Espanhóis, em 1776, tivessem estabelecido um Presídio perto da entrada da baía de San Francisco, e uma Missão mais além no interior, a actual cidade de San Francisco não foi oficialmente assim chamada até 1847, uma vez que o Presídio e a Missão nunca formaram um pueblo, mas preferentemente dois distintos aglomerados populacionais. Em 1835, quando o governador mexicano José Figueroa decidiu estabelecer uma freguesia nessa área, o inglês William Richardson persuadiu-o que a localidade ideal seria numa cove (enseada) situada a meio-caminho entre o Presídio e a Missão. O local era conhecido por Yerba Buena (hortelã silvestre em espanhol), nome derivado da abundância de hortelã brotando ali à volta. O governador acedeu à sugestão de Richardson, que imediatamente levantou uma barraca na Yerba Buena Cove. Com a afluência de novos residentes, na
suamaioria americanos e ingleses, em fins dos anos 1830 e princípios dos anos 1840, evoluiu e desenvolveu-se uma comunidade própria, separada da Missão e do Presídio. Em 1846 a população de Yerba Buena havia duplicado, mas os habitantes continuavam a chamar Yerba Buena à povoação, a esse tempo estendendo-se já e até engolfando o presídio e a missão. Tudo mudou dramaticamente quando correram rumores que estava planeada a construção dum porto (presentemente a cidade de Benicia no Estreito de Carquinez), que teria o nome de Francisca. P¹ra evitar confusão com o nome da baía, as autoridades municipais de Yerba Buena mudaram-lhe o nome, oficialmente, p'ra San Francisco City em 1847. No entanto, Yerba Buena continua a ser, ainda hoje, o nome de uma das ilhas na baía, servindo de âncora à parte central da Ponte da Baía, ligando San Francisco e Oakland.
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Traços do Quotidiano
Da Música e dos Sons
Achei bem fazer uma lista de boa musica Portuguesa para a malta...
Luis Represas
Rui Veloso
Tribuna Portuguesa
Algumas sugestões de boa musica de artistas Portugueses: Perdidamente – Luís Represas 125 Azul – Luís Represas Com um brilhozinho nos Olhos – Sérgio Godinho Paixão – Rui Veloso Prometido é devido – Rui Veloso Lado Lunar – Rui Veloso Não há estrelas no céu – Rui Veloso Encosta-te a mim – Jorge Palma Criatura da Noite – Entre Aspas Cavaleiro Andante - Beto Se Eu Fosse Um Dia o Teu Olhar – Pedro Abrunhosa Tempo – Pedro Abrunhosa Não sou o único - Resistencia Sou como um rio - Delfins A Carta - Toranja Leve Beijo Triste – Paulo Gonzo Navegar, Navegar - Fausto A Casinha – Xutos e Pontapes Maria – Xutos e Pontapes Chuva Dissolvente – Xutos e Pontapes Homem do Leme – Xutos e Pontapes Os Filhos da Nação – Quinta do Bil Chamateia – Tradicional dos Açores Ilhas de Bruma – Tradicional dos Açores
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enho de informar os caros leitores que não sou mais Margarida. Trocaramme o nome. Agora sou Mary. Bem, não há nada de sinistro nisso, já explico. Um dia destes ao entrar no salão de manicura para marcar uma consulta, pois às vezes é bom receber tratamento profissional das nossas unhas, a moça que me atendeu, natural do Vietnam e que pouco fala inglês, perguntou o meu nome e, quando comecei a soletrar ela disse logo: “Vou escrever Mary!” Como o meu nome começa pelas três primeiras letras de Mary, ela não hesitou e resolveu logo o problema . Para quê ter o trabalho de escrever o resto das letras... Confesso que até achei piada à resolução dela e saí do salão a sorrir... Já me chamaram Margaret, Maggie, Marge, mas Mary foi a primeira vez. Poderia ter sido outro nome pior... Porém, julgo que vou manter o nome com que fui baptizada e que, também, é o nome da minha mãe e da tia-avó Margarida Morais que emigrou para a
América no começo da década de 20. Aliás, o meu nome do meio é Maria, mas, como na América não gostam de nomes longos, cortei-o da minha assinatura. Agora, quando voltar de novo à manicura, já sei qual o nome que vou usar... Vem isto a propósito de que as pessoas que servem o público deveriam saber suficiente inglês para facilitar o trabalho, pois em alguns estabelecimentos como lojas, restaurantes e serviços telefónicos de informação, tornase difícil. por vezes, compreender o falar dos empregados e até pode causar sérios problemas na interpretação, especialmente, se for relacionado com algum problema de saúde. Também o que acho impróprio e rude é quando os empregados falam a sua língua, entre si, quer seja o inglês ou outra qualquer, quando estão a servir os clientes. Isso dá prova da falta de consideração para quem lhes está a dar o ganho e o lucro à sua empresa. Sou a favor de se dar oportunidades a toda a gente que queira trabalhar, sei bem o quanto custa aos novos imigrantes se adaptarem ao novo país, também já passei por isso, mas há muitas escolas que tem
classes nocturnas de inglês para adultos que eles deveriam aproveitar para o seu bem próprio e das suas carreiras professionais. Foi o que fiz pouco tempo após aqui chegar ao frequentar as classes oferecidas pela San Rafael High School que muito me ajudaram a aprender a falar e a escrever o inglês. Costumava chamar à classe, as Nações Unidas, pois tinha colegas de 14 diferentes países dos quais obtive autógrafos nos seus próprios idiomas. Ao falar em aprender línguas, faz-me lembrar uma lição do livro da terceira classe, julgo que era intitulado” Como pobre de pedir”, em que a Maria Rosa tinha de pedir à sua vizinha para lhe ler os rótulos dos medicamentos. Infelizmente, mesmo hoje, ainda há muita gente como a Maria Rosa. Conheço algumas pessoas, muitas sem culpa própria, que são analfabetas e outras que mal sabem assinar os seus nomes. Sinto muito a situação delas porque julgo que estão a perder algo que lhes poderia ser benéfico e fundamental para o seu bem físico e intelectual.
ento 2008, aconselha-se que entrem em contacto com o Consulado-Geral, para 3298 Washington Street, San Francisco, California 94115, Telefone: (415) 346-3400 ou Telefax: (415) 346-1440. San Francisco, 18 de Novembro de 2008.
nossa Comunidade. As candidaturas devem ser apresentadas a Direccâo Regional — Açores no período compreendido entre 15 de Outubro e 15 de Dezembro do ano anterior a execução do projecto. Para quaisquer informacöes sobre estes apoios, os interessados podem entrar em contacto corn o ConsuladoGeral de Portugal em San Francisco, pelo telefone
Sérgio Godinho
Entre Aspas
1. O Consulado-Geral de Portugal em San Francisco apresenta os seus melhores cumprimentos e à semelhança dos dois primeiros certames, tem a honra de comunicar que a Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas vai levar a efeito os “Prémios Talento 2008”, que visam homenagear os portugueses e luso-descendentes residentes no Estrangeiro, que se distinguem em diferentes áreas. Mais tem a honra de comunicar que apenas serão admitidas as candidaturas recebidas pela DGACCP até ao dia 17 de Março de 2009, inclusivé. Para tomarem conhecimento do regulamento dos Prémios Tal-
Jorge Palma Pedro Abrunhosa
Delfins
Sousa’s Wines & Liquors EspEciais
2. O Consulado-Geral de Portugal em San Francisco a pedido da Direcçäo Regional — Açores, que à semelhanca do sucedido em anos anteriores aquela Direcçao Regional promove em 2009 apoios a organizações/associaçôes/entidades que apresentem projectos relevantes e de interesse para a
415-346-3400. San Francisco, 26 de Novembro de 2008.
Sabores e Sons dos Açores
Vinho D’Oiro Tinto $2.50 / garrafa
$12.99 Caixa de 24 latas Azeite BOM DIA $8.99 litro
Polvo Congelado $2.50 libra
COMPRE através da Internet no
sousawine.com
400 Moffett Blvd, Mountain View, CA 650-967-4461
A associação estudantil SOPAS-Society of Portuguese-American Students-das escolas secundárias Tulare Union, Tulare Western e Mission Oak, apresenta no sábado, 13 de Dezembro de 2008, o seu sexto anual Sabores e Sons dos Açores (Tastes and Sounds of the Azores). É uma noite com uma mini feira gastronómica, onde as pessoas terão oportunidade de provar mais de 30 pratos e sobremesas diferentes da nossa rica gastronomia açoriana. Este acontecimento terá lugar no refeitório da nova escola secundária Tulare, a Mission Oak, na avenida Bardsley no sábado, 13 de Dezembro, a partir das 19h00—sete da noite. O preço é de $12 por pessoa e os bilhetes são limitados. Para mais informações devem contactar com qualquer jovem director desta associação de jovens estudantes ou com o professor encarregado na escola secundária Tulare Union, Diniz Borges pelo telefone
559-686-7611. Os bilhetes serão vendidos até ao dia 9 de Dezembro e não teremos bilhetes à porta. Para além da comida haverá a apresentação dos alunos de Português-IV com algumas modas tradicionais dos Açores e o grupo de música popular Saca-Rolhas. Com os melhores cumprimentos,
Amanda Brasil, presidente Andrea Leonardo, presidente SOPAS-Tulare Union SOPAS-Tulare Western Frankie Pimentel, presidente SOPAS- Mission Oak
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Muito Bons Somos Nós
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hora a que vos escrevo, para ser honesto, a última coisa que me apetece é escrever-vos. É domingo, dia da família – e o que eu mais gostaria de fazer, naturalmente, era brincar com o meu novo iPhone 3G, em que pus enfim as mãos anteontem e com o qual não consegui namorar ainda nem um bocadinho. Um gadget novo, já se sabe, faz sempre soar algum tipo de campainha na alma de um homem sem filhos – e este não é apenas mais um gadget, é o brinquedo do ano, quase um bebé, a concretização de um sonho para os velhos MacUsers e uma súbita possibilidade de ascensão ética para todos os restantes. A estes, eu gostaria de dar as boasvindas. Que durante tantos anos tenham ignorado a minha mensagem, recusando os meus bemintencionados folhetos, fechando-me a porta na cara ao longo dos meus passeios missionários de sábado de manhã ou mesmo (e isto foi o que mais me custou) rindo-se de mim ao verme desesperado para sincronizar um telemóvel, piratear um disco ou simplesmente aceder à Internet wireless – tudo isso é agora o menos importante. O evangelismo é assim: um homem espalha sementes à esquerda e à direita, no cimo de montanhas e no fundo do mar – e depois é Steve Jobs quem opera no coração das pessoas. Quanto a mim, perderam tempo com essas trampas do 386 e do Pentium II e sei lá mais o quê. Nunca foram possuídos pelo espírito de um iMac, de um G4, de um MacBook – e, se a certa
altura ainda aprenderam o que era um iPod ou o iTunes, foi porque o nosso Steve tem um coração magnânime e não deixou nunca de dar uma segunda oportunidade às almas danadas. Em todo o caso, esta é a terceira – é bom que a aproveitam. Três vezes negou Pedro a Cristo. Três vezes “Santo” era o Senhor dos Exércitos – e em três pessoas ele se dividiu depois. À quarta, é das Escrituras, está-se sempre fora de jogo. As cruzes e os pelourinhos fizeram-se para isso. O fogo do Inferno também. E, no entanto, trata-se de um Apple. Um prodígio de design e de bom gosto? Certamente. Um carro de combate blindado a crashes e a vírus, contra o qual nada pode nem o mais artificioso dos hackers? Sem dúvida. Uma máquina ágil e voluntariosa, dispondo-se a nós com a simplicidade de uma árvore genealógica e ocupando-se ela própria de mitigar as imensas encruzilhadas que se propunham desviar-nos do nosso furioso caminho? Até mais não poder ser. Mas, como a Bovary de Agustina quando visitava o Vesúvio, uma máquina com um ligeiro coxeio numa das pernas, venturosamente desenhado para que a partir dele possamos apreciar a perfeição de tudo o resto. E, como a Bovary de Oliveira quando visitava o Vesúvio, uma máquina incerta sobre se deve mancar de uma perna ou da outra e desenvolvendo a cada instante novas coxeaduras, como se certificando-se de que efectivamente não escaparemos a apreciá-la. Caros amigos, não tenham dúvidas: comprem um
«Comprem um iPhone e estarão a comprar um molho de sarilhos. Um McIntosh não é um computador, é uma missão – e um iPhone, tanto quanto já me apercebi até este momento, é outra. Mas é a vossa missão, pessoal e intransmissível – e, se a conseguirem superar, ninguém mais conseguirá parar-vos.» iPhone e estarão a comprar um molho de sarilhos. Digo-vos eu, que há uma data de anos faço parte da família Mac: um McIntosh não é um computador, é uma missão – e um iPhone, tanto quanto pude aperceber-me até aqui, é outra. Mas é a vossa missão, pessoal e intransmissível – e, se a conseguirem superar, ninguém mais conseguirá parar-vos. Que não haja MMS, é apenas o vosso o primeiro teste. Que seja preciso entrar em despesas para obter o mais básico dos processadores de textos, o segundo. Que, ainda assim, não seja nunca possível fazer um simples copy and paste sem passar o texto por um browser, o terceiro. Ora, se pensam que Steve Jobs falhou em juntar-se-nos no século XX porque se esqueceu de prever uma função tão rudimentar como o corta-e-cola, pensem melhor: ele só não a pôs lá para experimentar a vossa resistência. À função corta-e-cola, à tecnologia MMS, ao editor de texto e, de resto, ao gravador de vídeo, à bateria extraível, ao bluetooth stereo e a tudo o mais cuja ausência considerou essencial para
purificar-vos. Vencei a prova e juntai-vos enfim a nós. Por mim, que ao longo dos últimos dois dias fiz um amigo num tekkie da Vodafone – chama-se Hugo e, qual Simão Cireneu, carregou a minha cruz ao longo do calvário que foi
extrair três mil contactos do HTC para pôr no iPhone –, sei como vou morrer: vou morrer de ataque cardíaco, aos comandos de um Apple qualquer, depois de mais um insolúvel problema de compatibilidades com outro desses programinhas para máquinas calculadoras fabricados pelo sr. Bill Gates. Mas vou morrer diferente – e, em sendo morrer feliz uma contradição de termos, morrer diferente já não será mau.
[email protected] In Revista NS
Sabor Tropical
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na saiu do Fórum arrasada, depois da audiência que pôs fim ao seu casamento de vinte e nove anos. Na reunião com o Juiz, olhou uma única vez para seu marido e viu-o pálido, como se fosse desmaiar. Já não se falavam há alguns meses, desde que ele pedira o divórcio e saíra de casa. Sua advogada tinha combinado que almoçariam juntas e ela aceitou o convite por gratidão à grande amiga que se empenhara em conseguir uma divisão de bens que a favorecera mais do que ao exesposo. A sua vontade, naquele momento, era ir para cama chorar. No restaurante, não sentiu nenhuma alegria ao encontrar outros amigos que programaram a surpresa do almoço de despedida de casada. Nem o vinho bebido em grande quantidade arrancou-lhe um único sorriso. No final, agradeceu o empenho de todos por tentarem fazê-la feliz. Festa acabada, no táxi, a caminho do seu “doce lar”, ela desabou num choro desesperançado. E seguiu chorando por dois anos até encontrar um novo amor. Mas, isso é outra história. Até que ponto uma festa para descasados, para comemorar uma separação, é válida ou traz alegria para quem acaba de ficar só? Como festejar um desenlace, a morte
do amor? Se este sentimento acabou para ambos e querem comemorar, há que se considerar os filhos, as famílias que conviveram durante anos, que não devem estar se sentindo confortáveis nesse momento. E mesmo que o casal seja jovem e tenha ficado casado por pouco tempo, ainda assim fica a rondá-los a sombra do fracasso dos planos, do desejo esvaziado de formarem uma família. Algumas festas, com direito a convites, lembranças, doces e bolos, contam com a presença dos ex-cônjuges que, de comum acordo, resolvem participar aos amigos e familiares, a decisão de se divorciarem. Outras são feitas por um dos cônjuges, somente, ou oferecidas por seus amigos, com a intenção de levantar a auto-estima de quem está partindo para uma nova vida ou para a liberdade, como queiram. Foi o que aconteceu a Nadir. Ela e seu marido se separaram e esperaram, pacientemente, pelo divorcio. Ele mudou de cidade, constituiu nova família e não se incomodaram com o tempo que escorria. Quatorze anos depois foram chamados para a homologação do divórcio. Filhos e netos fizeram-lhes companhia durante a audiência. Assinaram os papeis e os filhos sugeriram comemorar a separação. Acharam a idéia excelente e decidiram festejar na casa onde viveram os vinte e três anos do seu casamento, local onde nasceram os seus cinco filhos e onde a
família ainda reside. A festa foi emocionante e tão inusitada quanto fora a de seu casamento, com direito a álbum de fotografias e tudo o mais, conta Nadir, com as lágrimas lavando seu rosto. Lá estavam, além dos filhos e netos, os vizinhos e amigos mais chegados. A tarde foi de alegria genuína, mas na hora da despedida, quando o ex-marido os abraçou e pediu à filha mais velha que tomasse conta da mãe, por ele, “a realidade se mostrou nua, crua e fria. Depois... o vazio, a dor, a tomada de consciência, a tristeza, as lágrimas. A saudade!”, conclui minha amiga. Uma revista de grande circulação entre nós, a “Isto é”, trouxe uma matéria, há alguns dias, assinada por Renata Cabral, dando conta que esse tipo de festa já acontece nos Estados Unidos há algum tempo e agora toma força por aqui, entre O Rio de Janeiro e São Paulo. Entretanto, não é novidade, pois Yolanda Penteado e Cecellio Matarazzo, na década de 50, ao se separarem, reuniram a sociedade paulista, da qual faziam parte e eram destaques, numa grande festa, para anunciarem sua decisão. A festa foi reproduzida na televisão pela rede Globo, na minissérie “Um só coração”. Na visão de Fabrício L. Ribeiro, Católico convicto, palestrante, “a festa para descasar é uma inversão de valores que mostra até que ponto chega o relativismo
moral dos nossos dias e até que ponto este relativismo interfere no bem das famílias”. Segundo ele, “se já era contraproducente casar-se com a idéia de ‘se não der certo, separa’, mais preocupante é quando as pessoas, ao fracassarem na formação de uma família, comemoram isso como se fosse um feito repleto de mérito” A despedida de casado, para algumas pessoas, é uma demonstração de péssimo gosto, entretanto, manter um casamento quando se vive ao lado de um homem que espanca a esposa e os filhos ou ao lado de uma esposa que não respeita o marido e a família, também é de gosto tão péssimo quanto amargo. Creio que a festa para descasados é uma moda que, se pegar, será só mais um motivo para se comer e beber. Como disse o Sábio Salomão “...Tudo tem um tempo determinado... tempo de chorar e tempo de rir, tempo de prantear e tempo de saltar de alegria...” E se para alguns o divórcio é tempo de chorar e para outros, tempo de pular de alegria, que cada um assuma o seu tempo, seguindo seu coração e assumindo as conseqüências das suas atitudes.
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COMUNIDADE
Alcides Machado vai cantar na passagem do Ano a Mountain View, cujo endereço é o seguinte:
Tribuna Portuguesa
Short & sweet - Se o Diniz Borges pode apresentar um livro, com graça e saber, em 10 minutos, se o Padre Manuel de Sousa pode fazer um sermão bonito em 9 minutos, e Edmundo Macedo uma homenagem em 8 minutos, isto quer dizer que todos aqueles que pensam falar mais de dez minutos, que se calem para sempre ou aprendam a lição.
I.F.E.S. 432 Stierlin Road Hall Mountain View, CA For Information Call (650)967-2759
Bom senso - Seria mais bonito quando um mestre de cerimónias pedir que nos sentemos ou calemos, durante os espectáculos que percorrem os salões das nossas Sociedades, que o façamos ordeiramente, respeitando aqueles que estão ao nosso lado. A boa educação não fica mal a ninguém.
Alcides vai apresentar a sua nova canção nesse Baile. "Já vem o ano novo, Já vem já vem" Para mais informações visite
Obras - O Artesia D.E.S. está-se preparando para fazer grandes obras no seu Salão, fazendo uma maior e mais funcional cozinha e modificando o salão para melhor responder às necessidades.
www.myspace.com/alcidesMachadoMyspace
Será só sorte? - Só sabemos de dois felizardos da nossa comunidade que vão assistir à tomada de posse do nosso novo Presidente Obama. São eles, Manuel Eduardo Vieira e Diniz Borges. Se houver mais, digam-me. Chico Avila tem uma agenda recheado para o mês de Dezembro: Dezembro 13 - Festa de Natal no Salão do Modesto California Ballroom. Dezembro 20 - Brisbane, Austrália Dezembro 24 até 7 de Janeiro 2009 - Natal e Passagem do Ano no Curzeiro de Sidney, Austrália à Nova Zelândia. Chico Avila acabou de regressar do Cruzeiro à Europa - Londres, Madeira, Ilhas Canárias, Lisboa e Vigo), onde actuou para todos os portugueses que seguiam no maior navio do Mundo, o “Independence of the Seas”. Segundo informações obtidas por este jornal, o cruzeiro foi um sucesso mais uma vez.
Antes tarde que nunca - Vimos o último Contacto California e gostámos. Só foi pena o Osvaldo Palhinha não ter perguntado ao Secretário de Estado das Comunidades a razão porque demorou 3 anos e 8 meses a visitar a California. Convite - Se nunca visitou o Sporting de Santa Clara seria bom que o fizesse e ficasse com a boca aberta como nós ficámos de surpresa. Uma organização incrível, com 22 equipas de futebol. “Minor” em Português - Um sonho de 34 anos tornou-se realidade este Verão com a aprovação do “minor” oficial em Português na San José State University. Este novo curso tem início no semestre da primavera de 2009 mas o primeiro aluno a recebê-lo será já este mês de Dezembro. Parabéns à professora Virginia da Luz Tarver e todos os apoiantes deste curso. De Saudar - O Governo Regional dos Açores tem 11 mulheres na sua estrutura, o que é de saudar, num arquipélago onde as mulheres durante muitos anos foram afastadas de cargos político devido ao habitual machismo português.
Conjunto Genica - 31 de Dezembro em Artesia D.E.S. Manuel Jacinto - 31 de Dezembro no SES Hall de Santa Clara Roberto Lino - 13 de Dezembro em Half Moon Bay 31 de Dezembro em Sacramento Conjunto Sem Dúvida - 6 e 31 de Dezembro no Salão de Thornton Zé Duarte - 13, 26 e 31 de Dezembro no UPSES de San Diego Mike Silva DJ - 6 de Dezembro - Salinas 13 de Dezembro - I.S.T.W - Watsonville 20 de Dezembro - CPDES - Santa Cruz 31 de Dezembro - Salão de N.Sa/ Assunção - Turlock
Falecimento Maria da Conceição Catoia Dez 8, 1920 - Nov 13, 2008
Faleceu no dia 13 de Novembro de 2008, aos 87 anos, no Emanuel Medical Center, em Turlock, Maria da Conceição Catoia, nascida em Bobadela, Boticas, Portugal. Deixa a chorar a sua morte, seus filhos João Catoia Varela e esposa Amélia Varela, residentes no Brasil; Arlindo Catoia Varela e esposa Diromar Varela, residentes no Brasil e Laurinda Vieira e marido Manuel Eduardo Vieira, em Livingston; 12 netos, 19 bisnetos e 2 trinetos. Era viúva de Francisco Martins Varela. Os serviços funerários estiveram a cargo de Whitehurst, Norton & Dias Funeral Service. O Rosário efectuou-se na St. Jude Thaddeus Catholic Churck em Livingston no dia 17 de Novembro e no dia seguinte e na mesma igreja, houve Missa de corpo presente. Maria da Conceição Catoia ficou sepultada no Turlock Memorial Park. Tribuna Portuguesa envia sentidas condolências a toda a família.
Grandeza - Os 10 maiores produtos do Condado de Stanislaus, onde este jornal reside, são os seguintes: Leite ($745 milhões); Amêndoas ($466 milhões); Galinhas ($222 milhões); Gado ($164 milhões, 53% menos); Nozes ($119 milhões); Silagem ($78 milhões); Arvores de fruta ($75 milhões); Tomatos ($60 milhões); Perus ($55 milhões) e Pêssegos ($53 milhões). E tudo isto num só Condado.Wow! Boa Ideia - A Direcção Regional das Comunidades da responsabilidade de Alzira Silva, em parceria com Universidades credenciadas, criou um bem estruturado Portal na Internet àcerca das Comunidades Açorianas no Mundo. Faça-lhe uma visita em www.comunidadesacorianas.org. Vale mesmo a pena. Little Portugal - Um novo trabalho fotográfico sobre o Little Portugal de San José está a ser elaborado por Kim Guesman. Mais um projecto a apoiar. Entre os melhores do mundo - 3 vinhos tintos do Douro e 1 Dão nos 100 melhores vinhos do ano, segundo a revista Wine Spectator: 3° lugar - Quinta do Crasto Douro Reserva Old Vines 2005, $40, 95 pontos; 57° lugar - Sogrape Dão Callabriga 2005, $16, 90 pontos; 90° lugar - Churchill Douro Estates 2006, $24, 90 pontos; 98° lugar - Niepoort Douro Vertente 2005, $32, 92 pontos. À nossa saude!
Tribuna Portuguesa
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Rasgos d’Alma
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om licença da palavra e perdão pelo atrevimento da expressão – talvez imprópria para arrancar em estilo este desenjoado artigo de barriga cheia – acabo de arrotar peru. D’há trint’anos p’ra cá, apesar de me orgulhar imenso da minha dupla nacionalidade, confesso que, na última semana de Novembro, não sou português nem americano. Sou, orgulhosamente, peruano. Adoro o bicho. Não lhe invejo a sorte mas admiro-lhe a elegância e louvo-lhe a irreverência na forma intrépida como aceita de cabeça erguida o seu decapitado destino à frente da (capoeira) tradição cá nas milionárias Quintas do fabuloso Tio Sam. Tive sorte de entrar pela primeira vez há trinta anos atrás na California, precisamente três semanas antes do Thanksgiving. Sem demora, in loco, encaixei logo a minha primeira grande lição de história nos States: a espantosa riqueza desta vibrante nação – ao contrário do que muita boa gente pensa lá por fora e até muitos mal agradecidos se queixam cá por dentro – está longe de ser exclusivamente material. Aterrara em Boston numa sexta feira e tivera a oportunidade de passar o fim de semana ali perto,
na casa de um bom amigo que morava em Cambridge. Aquela curta estadia ante a deslumbrante paisagem outonal da Nova Inglaterra ajudara-me então a digerir um pouco melhor a mágoa ardente de ter deixado para trás a pequenina ilha forrada de bruma e bordada de hortênsias no explendor paisagistico à beira mar plantado na outra margem do Atlântico, ali mesmo, nas venerandas barbas do Velho Continente. Este Novo Mundo, porem, expraiando-se agora em fascinante paisagem multicolor à minha frente, pressentia eu querer começar a piscar-me o olho com uma realidade distinta e destinada a seduzir-me com o passar do tempo. Não me enganei. Caiu-me desde logo muito bem este gastronómico convivio familiar de Acção de Graças saboreado ao redor da mesa à boa e tradicional maneira americana. Todos sabemos que não se limita aos meros comes e bebes esta rica tradição indígena que nos aquece a alma e enternece o coração enquanto o Natal não chega. O simbolismo histórico ao redor do Thanksgiving faz-me sentir bem como americano-luso que vê neste feriado deveras original a America no seu melhor: um país que se orgulha em dar tanto como se preza em agradecer. É esta a America que eu adoro, uma nação que não se limita apenas a encher-me o estômago
quando muito bem sabe poder igualmente atestar-me as medidas. Não digo que o segredo esteja ùnicamente no peru; ao fim e ao cabo venho de terra onde o peixe ainda é rei. Tambem não é só do recheio; em dia de fome feia caime melhor a mariscada. Tampouco julgo que se trate da apetitosa batata doce do Artur Tomás nem das primorosas castanhas do Joe Avila; delicias que não dispensei à minha mesa na passada quinta feira. Mas, então o que será? Todos os anos, dentre tantos motivos que tenho sempre de sobra para agradecer ao Tio Sam pela gentileza de me ter deixado plantar raizes e assentar arraiais nestes seus férteis vales cá da longinqua costa do Pacifico, gosto acima de tudo de dar graças pelos bons amigos (o que me acolheu há trinta anos na sua casa em Cambridge já faleceu) que ainda me trazem um sorriso no Outono desta vida acelerada demais para meu gosto cá na tresloucada barafunda dos States, sempre na buliçosa vanguarda do mundo. Na verdade, na idade em que estou, preferiria que a vidinha andasse um pouco mais devagar, mais do que não fosse para poder abraçar nas calmas aqueles amigos que, em três decadas na diáspora, raramente vou tendo oportunidade de rever. Trinta anos de trabalho duro na
vida de um imigrante podem parecer uma eternidade. Trinta anos a trabalhar no duro ao serviço dos imigrantes, todavia, passam-se relativamente depressa. Perguntem ao Euclides Alvares. Passou as últimas três décadas servindo a comunidade através dos microfones da sua benquista Voz dos Açores e ainda lhe parece que foi no outro dia que toda esta brincadeira começou. Ainda me lembro de andar na escola primária e de vê-lo ao portão – da casa que ficava mesmo em frente lá na Rua da Igreja de São Pedro dos Biscoitos – a namorar a Gabriela dos seus sonhos, companheira inseparável duma imigramada vida já a morar-lhe na casa dos sessenta com os netos a saltarem-lhe para o colo. Mas ninguem dá por isso. Se as aparências iludem, a do Euclides é uma delas. Ninguem lhe dá a idade que tem. Para mim, no entanto, a idade ainda é o menos. Mais ano menos ano – nesta fase da vida – pouca diferença faz. Já quanto ao nome, não diria o mesmo. {Euclides, sem quaisquer papas na lingua, acho que o melhor será revelar-te agora o segredo: Inveja – da tua Barbara freguesia que nem se chega p’rós calcanhares dos meus pitorescos Biscoitos – espero que saibas… nunca tive. Ciumes – do teu soberbo currículo de condecorado radialista sem rival cá
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nestas remotas paragens da nossa imensa diáspora – francamente, tambem não tenho. Dores de cotovelo – desse teu vaidoso chapéu de verdelho confradinho com ares enólogos de meia bola – jamais terei. No teu nome, porem, (por não me terem baptizado Euluciano) confesso que está o meu fraco. Euclides soa tão bem. Nem necessita apresentação. “Eu, Clides, servi-vos dedicadamente com trinta anos de rádio e espero ainda servir-vos com outros trinta e tal porque trago o coração na ponta da lingua e dou-me bem com toda a gente. A minha gente, a minha familia, a minha comunidade…serão sempre o microfone da minha felicidade.” Parabéns é pouco, meu caro. Sabes bem que mereces muito mais.} Todos os meus bons amigos merecem muito mais. Por isso, ao chegar a esta altura do ano, se enterrar um dente a mais no peru ou deixar escapar indelicadamente um ou outro arrôto indiscreto…não é por mal. Antes pelo contrário, é porque a tradição me está a cair muito bem. A Acção anual de dar Graças à mesa pelos bons amigos que ainda tenho é prazer peruano que jamais deixarei de celebrar como deve ser.
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Crónica de Montreal
Ao Cabo e ao Resto
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orque “O Dever” é um jornal de inspiracão cristã, permitam-me que, nesta crónica, faça uma breve reflexão sobre a religião católica. Confesso-me, mas sem pedir a absolvição a ninguém: sou católico, laico e republicano e a Bíblia continua a ser o rneu livro de cabeceira. Não sou daqueles “cristãos de domingo”, para quem ter uma vida e uma prática cristãs significa apenas ser baptizado e ouvir missa uma vez por semana... Muito jovem ainda, antes do 25 de Abril de 1974, cheguei a conhecer, na ilha Terceira, alguns dissabores com a PIDE (e com o meu pai...) por me envolver com alguns sectores mais progressistas da Igreja de então. E quero aqui recordar dois homens que muito contribuíram para a minha formação moral, cultural e intelectual. Refiro-me aos padres Coelho de Sousa e Avelino Soares que, nesses tempos de opressão e repressão, souberam ser frontais, íntegros e corajosos, a ponto de darem cotoveladas em muitas consciências adormecidas... Esta experiência permitiu-me arreigar uma outra convicção: que muito da estrutura moral das gentes açorianas se deve ao clero. Educadores, confessores, pregadores, homens da cultura e da ciência, os padres foram, durante muito tempo, os guias espirituais do nosso povo. E, juntarnente com os professores primários, tiverarn um contributo,decisivo na formação de mentalidades. Sou, pois, a favor de uma Igreja mais justa, mais humana, mais progressista. Uma Igreja renovada, mais aberta ao diálogo, mais activa, mais participativa e mais virada para os problemas da comunidade e do mundo. Por isso há que propor aos cristãos que passem de povo
passivo a povo dinâmico na construção da vida na perspectiva do Evangelho. Há que dinarnizar, por exemplo, escolas de Formação Teológica, escolas que, para além de preparar agentes da pastoral, catequistas e ministros da comunhão, possam tarnbém despertar uma consciência laica responsabilizada, perante os acontecimentos da Igreja e do mundo. É certo que o mundo actual cria novos interesses, que estão a afastar progressivamente os crentes dos comprornissos da sua fé. Há, efectivamente, um alheamento de muitos católicos na construcão de uma Igreja Nova. Até porque estes tempos, marcados pelas novas tecnologias da comunicação e da informação, não correm de feição para a Igreja. Atentese, por exemplo, no diminuto número de ordenações sacerdotais, na falta de vocações, no envelhecimento do clero, etc. Cabe, por conseguinte, a todos nós um papel importante na construção dessa Igreja Nova. Uma Igreja Nova e uma Nova Igreja que se comprometa com o quotidiano da Humanidade. Bons exemplos disso são as preocupações rnanifestadas, a diferentes níveis, pelos responsáveis de algumas dioceses, cujos prelados já não exercem a sua acção pastoral de uma forma uniformizadora como acontecia até aos inicios dos anos 70 do século passado. Hoje vemo-los e ouvimo-los a denunciar as injustiças sociais, a fome, a miséria, as guerras, os massacres, etc. Aliás, desde os tempos imemoriais das catacumbas, que os cristãos sempre utilizaram a oração como forma de luta e de resistência. E veja-se o que se passa, actualmente, em muitos países dominados por regimes de ditadura, onde, para os cristãos, rezar é sinónimo de
resistir. Durante o Estado Novo, a Igreja tinha influência e poder embora não fosse possível afirmar que ambos se equivaleriam. Depois, com a instauração do regime democrático, o que perdeu em poder nomeadarnente devido à sua íntima relação com o Estado - foi ganhando em influência. Antes, quando um bispo falava, o seu discurso poderia eventualmente soar a falso porque a sua mensagem quase nunca era dissociada de um silêncio cúmplice com São Bento. Hoje, pelo contrário, a voz do episcopado, porque já não se identifica com o poder instituído, é escutada com mais credibilidade, mesrno entre os sectores que lhe são adversos. E preciso “agarrar a modernidade” decorrente do Vaticano II. A Igreja tem que saber compreender e acompanhar a evolução dos tempos e das ideologias. É necessário construir uma igreja plural e liberalizada. Para isso o Vaticano deve abandonar a ideia que possui o monopólio da verdade, como aconteceu, não há muitos anos, com a despromocão que o Observatore Romano fez do escritor José Saramago, Prémio Nobel da Literatura 1998. A verdade não é posse de ninguém, porque ela é aquilo que todos vão descobrindo constantemente, através da reflexão confrontada corn o único modelo que é Jesus Cristo. Não é tarde para aprender a lição de João XXIII, que escreveu esta frase lapidar: “Há muito pó a limpar na Igreja”.
ara além da fé, coragem e grande força de vontade, um pouco de sorte sempre ajuda também. Depois, é capaz de, para bem ou para mal, sermos irremediavelmente sujeitos a tratamentos, muitos deles quiçá em jeito experimental. Quando me encontrei pela primeira vez com o meu oncologista (radiação), logo ele me perguntou se eu não me importaria de colaborar num estudo sobre os efeitos secundários que a quimioterapia – no meu caso para tratamento do esófago e pulmão – poderia ter no cérebro. Para isso, eu teria de fazer, e fiz, um MRI (imagem de ressonância magnética). Ora, surpresa das surpresas, esse teste acabou por ser cancelado porque, e contra o que estava previsto, eu tinha cancro na cabeça! Claro, que fui tratado imediatamente, ficando por saber se foram efectivamente destruídas essas células malignas. A questão que ora levanto, é: E se eu não tivesse feito o referido MRI? Por acaso saber-se-ia da minha condição cerebral? Se, pela negativa, o que teria sido de mim? É possível que a situação acabasse por ser descoberta. Mas, também, de bons intencionados está o Esta semana, começo a terceira fase dos tratamentos. Na segunda vez, porém, última, fizeram-me uma análise ao sangue, pesaram-me (já perdi alguns 10 kg!), etc. Na altura, a médica, mandou-me tirar uma radiografia aos pulmões, depois de, ao perguntar-me se eu me sentia melhor, ter recebido um não como resposta. Pois bem, quando ela viu a radiografia, não tardou em informar-me que a doença estava a melhor, e em virtude do que, iria proceder a algumas alterações. E assim foi. Enquanto que na primeira fase dos tratamentos me injectavam
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Etopide e Cisplatin (platinum) durante duas horas em cada um dos três dias, agora não só substituíram o Cisplatin por Carboplatin (comummente usado no tratamento de cancro dos ovários) como passou a ser de duas horas no primeiro dia e de uma hora nos seguintes dois dias (Etopide apenas). Seria porque o tratamento inicial era demasiado forte? Será porque, sendo assim, desejem, no meu caso, experimentar este outro medicamento? Seja como for, vou ser “egoísta”: o principal é que eu fique melhor! Com esta mudança, porém, o interessante é que os efeitos secundários se manifestam muito mais rapidamente. Ou seja, dois, três dias logo a seguir ao tratamento, enquanto que no primeiro tratamento, esse facto ocorreria quase três semanas depois. Por outro lado, se agora o gosto e o cheiro a metal, a falta de apetite, etc., são mais dominantes, todavia tem a vantagem de me fazer sentir mais bem disposto também, mais cedo. Mas atenção! Nada fiando, porque o “jacto” de diarreia poderá manifestar-se de um momento para o outro e onde quer que se possa estar. O que é bastante desagradável e frustrante. Para quem tem estado habituado, como eu, na maioria das vezes a acordar de hora a hora ao longo das intermináveis noites de insónia, ora por causa da diarreia, por insónia e outras causas, tem sido como que uma dádiva do céu quando nestas últimas noites me é permitido dormir um pouco mais. Por outro lado, fico sempre hesitante em responder quando me perguntam se me sinto “melhor”, porque qualquer que seja a minha condição no momento, o facto é que ela é apenas temporária, na medida em que nunca sei como é que irei sentir-me, não dias depois, mas horas...
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Ao Sabor do Vento
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onheci a Maria da Barca, como eu a chamo, numa das minhas conversas na internet. E logo na primeira vez que falamos, travamos uma discussão sobre religião, onde veio ao barulho os Bórgias, Galileu e a famigerada Inquisição. Se bem que eu seja defensor do agnosticismo e a Maria uma Católica, Apostólica Romana, ferrenha, ficamos bons amigos. Senhora de porte fino, descendente da fidalguia Portuguesa, de uma simplicidade digna de se admirar. Já publicou vários livros, entre os quais um chamado “A casa da Barca”. Tive o prazer de a visitar duas vezes: uma em Lisboa e outra em Abrantes, na sua quinta, que mais parece um castelo. O seu avô paterno que se chamava José Guedes Brandão de Mello, fidalgo, cavaleiro, general, foi conselheiro, com exercício no Paço, Governador de Cabo Verde e Governador Civil da Guarda. Ele e os filhos António, Francisco, Pedro e Luis, eram os maiores rivais do rei Dom Carlos, durante as caçadas de Mafra e doutros lugares, segundo diziam as revistas da época, com retratos do Rei entre o avô, os tios e o seu pai. Vi, em sua casa, um retrato do Rei e outro da Rainha Dona Amélia, com dedicatórias, assim como retratos do rei Humberto, da Itália, que também era amigo da família. Maria de Lourdes Corrêa Brandão de Mello, nasceu na cidade de Lisboa, mas tem fortes laços com a cidade de Abrantes e a Vila da Ponte da Barca. Logo que aprendeu a escrever, começaram a surgir as histórias inventadas. Aos dez anos de idade publicou os primeiros textos no semanário infantil "O Senhor Doutor". Mais tarde, começa a escrever para a revista "Aleluia" e para o "Panorama", participando também a vários concursos de contos, sendo sempre premiada. Publicou a primeira obra literária, "Poesia", em 1963. Autora de seis livros publicados, relaciona a pintura com a sua criação literária, assinada com o pseudónimo de Tereza de Mello. Ao longo da vida sempre gostou de colaborar com a imprensa local para a qual escreve crónicas, salientando-se o "O Jornal de Abrantes", “Consciência Nacional" e "O Povo da Barca". Em Dezembro de 2003, o Cenáculo Artístico e Literário
"Tábua Rasa", organizou em sua honra, uma homenagem à mulher, escritora, poeta e pintora, no Circulo Eça de Queiroz, em Lisboa. Achei muita graça a este conto que ela escreveu. OS PÁSSAROS VOAVAM AO LONGE Aqueles periquitos viviam satisfeitos dentro da gaiola. Pulavam do chão para o poleiro, do poleiro para o chão, do chão para o poleiro. Comiam a alpista separando a casca que deitavam fora, bebiam água e tornavam a pular para o poleiro, do poleiro para o chão, do chão para o poleiro. Era um casal feliz, sereno, sem ambições, nem problemas. A periquita, às vezes fazia habilidades. Habilidades difíceis que ninguém lhe tinha ensinado: levantava a pata direita, passavaa por cima das asas, esticava-a até ao pescoço e, girando sobre si mesma, dava um salto mortal. Depois, empoleirava-se no balouço feito com um pauzinho seguro por dois arames no topo da gaiola. O periquito balançavaa , puxando com um bico uma guita atada no balouço. Às vezes mudavam de situação: ele ia para o balouço e ela puxava pela guita. Ao longe, os outros pássaros, cantavam e voavam livres, os periquitos, esses, não sabiam cantar e imitavam-nos com um som barulhento, irritante. Certo pardal, ouvindo aquele chinfrim, chegou-se curioso e olhou escandalizado. Parecia impossível! Aqueles passarinhos, apesar de presos, mostravam-se contentes e davam-se picadinhas amorosas, tão absorvidos que nem o viram chegar. Mal empregada periquita --pensou o pardal. Para que lhe serviam aquelas penas Tão coloridas e brilhantes ? Lá que o periquito não quisesse fugir, enfim, era lá com ele: teria as suas razões ( guardava melhor a mulher das cobiças alheias ), mas ele … ela era uma pena não ser vista pelos demais. E, vaidoso, imaginando já o sucesso que faria se aparecesse com tão vistosa companheira, começou a arquitectar a maneira de a raptar. Passou então a aparecer todas as tardes, e enquanto contava as suas aventuras com os outros pardais, disfarçadamente, com o bico, cortava a rede da gaiola, fazendo um buraquinho. A periquita ouvia emocionada a troça que faziam dos inofensivos
espantalhos, as partidas que pregavam aos trabalhadores comendo-lhes as sementeiras. Isso, sim, era uma vida divertida ! O periquito, irritado, desprezava aquele aventureiro. Queria lá saber das sementeiras, pois se eles não precisavam de se arriscar para terem a comida que quisessem! Ora, que lhes desse muito bom proveito e os deixassem em paz. Mas ele é que não deixava. Voltava sempre a contar novas aventuras do seu mundo livre e, quando se despedia, a periquita ficava triste, sonhadora. Revoltava-se contra a vida monótona que levava e, encostada às grades da gaiola, olhava melancólica os pássaros voarem ao longe… Sentia-se infeliz e miserável. Tinha perdido a alegria de viver e, desesperada, pedia ao marido para fugirem os dois, para irem ter com os outros pássaros. O periquito, sempre ponderado, tentava dissuadi-la. Explicava que teriam de pagar muito caro pela liberdade. Não estavam habituados a voar tanto para encontrar a comida. Não resistiriam a dormir ao relento. Não se saberiam defender dos perigos que adivinhava escondidos por todos os lados. Não, a liberdade não era para eles, que tinham muito mais e melhor: a sua vida sem perigos, o seu amor sem preocupações. Mas ela não o queria ouvir. Chamava-lhe egoísta e covarde. Zangava-se e, revoltada, foi preparando a sua fuga. Os dias iam passando. O pardal voltava sempre e agora, ajudado por ela, iam fazendo maior o buraquinho na rede. O periquito tinha desistido de lutar. Olhava-os aterrado, esperando apenas que no último momento, a sua fêmea, num rasgo de bom senso, não chegasse a fugir. Mas a sua fêmea tinha perdido todo o bom senso; dir-se-ia magicamente atraída pela liberdade e desejosa de alcançá-la. Um dia partiu com o pardal. Saltitaram de galho em galho, expandindo o seu entusiasmo e escarnecendo o periquito que ficara prudentemente na gaiola. Alargaram o voo, subiram nos ares. O quintal e a aldeia iam diminuindo. Já avistavam o ribeiro, como um risco, dividindo a várzea de arroz. Cá em baixo era tudo muito pequenino: tão pequenino que parecia um brinquedo. A periquita quase teve tonturas. O pardal, fazendo troça, voava
cada vez para mais longe chamando por ela que, já sem forças, cansada e com fome, não o c o n s e g u i a acompanhar. As suas pequenas asas, tão frágeis, tão aguentavam tanto bater. Perdia altura. O ribeiro aumentava, aumentava, parecia um mar imenso. Alquebrada, cheia de medo, fechou os olhos. Sentia-se morrer. Lembrou-se da gaiola, da vida sem perigos, do periquito que sempre fora tão seu amigo. Cada vez perdia mais altura. O ribeiro esperava por ela. Abriu os olhos e, nesse momento, assustada perante a perspectiva duma morte horrível, as suas asas tomando alento bateram desesperadas, subiram nos ares, voaram em direcção a casa. O pardal não a vendo, voltou atrás saber o que se passava. Pousaram num canteiro do jardim a descansar e a depenicar a terra à procura de grãos de semente. A periquita ganhava novas forças, mas a noite vinha caindo e com ela um vento húmido que se embrenhava nas suas penas. Transida de frio, perdida na escuridão, ouvia os pássaros aconchegarem-se nos ramos das árvores que ela já não conseguia alcançar. Desiludida, cheia de remorsos, odiou o pardal, e, incapaz de aceitar o seu fracasso, acusou-o da sua leviandade e esperou pela manhã para se vingar. Quando o Sol nasceu e o pardal impaciente a foi buscar para novo passeio, atacou-o á bicada e desvairada, fora de si, acabou por matá-lo sem mesmo lhe dar tempo a defender-se nem a recompor-se da surpresa. Depois cambaleando, envergonhada e arrependida, dirigiu-se para a gaiola e entrou pelo buraquinho, esperando o perdão. Mas o periquito, muito digno, fingiu nem a ver, e imperturbável continuou a comer a alpista. Foi ter com ele, que disfarçou, saltando para o poleiro. Ela seguiu-o humilde, e durante toda a tarde, tentou por todos os meios fazer as pazes. Pediu, suplicou, prometeu não tornar a fugir, mas nada o demoveu. A desilusão tinha sido muito grande. Sentia-se humilhado e ferido no seu orgulho. Passaram a viver como dois estranhos, cada qual no seu
poleiro. Não mais andaram de balouço e a periquita deixou de fazer habilidades. Os dias iam passando. Agora sentia-se doente, cheia de febre, desconfiava que algo de anormal acontecia dentro de si. Impaciente, esperava confiante. Uma tarde, teve a certeza das suas suspeitas e, ao pôr um ovo branco, pequenino, não conseguiu dominar a sua alegria. O periquito olhou-o comovido e, nesse momento, tudo esqueceu. Nunca mais a largou um instante com excessivos cuidados para que não se cansasse, comesse bastante e não se esquecesse e beber água. Enquanto ela chocava, contavalhe histórias para a distrair. Todavia, por vezes, tinha momentos irreprimíveis de mau humor. Atormentavam-no a desconfiança e o ciúme. Não sossegava, nem de noite. Adormecia tarde e tinha pesadelos terríveis. A periquita de nada suspeitava, ajeitava melhor o seu futuro filho para que não se magoasse, nem apanhasse frio. Os pássaros voavam ao longe … o coração do periquito parecia estalar de dor. Temia uma desilusão e, sem coragem para enfrentá-la, um dia, desesperado, preferiu a dúvida. Na manhã seguinte, em cima do pequenino ovo, os dois periquitos, lado a lado, de cabeças unidas, dormiam… para sempre. Tereza de Mello Do livro: O MAR DO BÚZIO 1967 Esta minha amiga tem uma gata, chamada Arisca, que vai ser a herdeira da fortuna toda que ela tem e por isso, quando lhe escrevo mando sempre beijos para a Arisca e arranhões para a Maria da Barca.
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Reflexos do Dia-a-dia
A
s comunidades de origem portuguesa na Califórnia têm os seus méritos. É sabido que desde que a nossa emigração se estabeleceu neste estado norte-americano, temos tido homens e mulheres, com capacidade de ir além do seu próprio interesse e darem de si próprios para o bem comunitário. Nem sempre compreendidos, por vezes sofrendo das desiluções que o serviço público traz, as nossas comunidades têm sido abençoadas com homens e mulheres que trabalharam, e trabalham, para que tenhamos uma comunidade melhor, o que poderá, obviamente, conter diferentes conotações e interpretações para diferentes pessoas. Um desses homens que tem dedicado a sua vida às causas comunitárias, particularmente na sempre dificultosa missão que é a nossa comunicação social, é Osvaldo Palhinha. Conheço o Osvaldo e a Aurélia Palhinha há mais de 25 anos. Daí que, quando soube que iriam celebrar os 100 programas do Contacto-Califórnia, programa que vêm produzindo para a RTPinternacional, há mais de quatro anos, quisemos (eu e a minha mulher) ir a esta festa, essencialmente para dar um grande abraço amigo ao Osvaldo e à Aurélia, porque: os amigos são para as ocasiões. Não vou falar da festa, deixo essa tarefa aos repórteres que lá estavam. Quero sim reflectir, em voz alta, sobre o trabalho que o Osvaldo Palhinha tem feito nas nossas comunidades. Como já o
disse, conheço o Osvaldo há um quarto de século. Conheço o seu trabalho na comunidade de Artesia e mais recentemente, com o Contacto em todo o estado. Conheço ainda a sua dedicação às causas comunitárias, à difusão da língua e da cultura, à luta pela dignidade do emigrante, pela sua integração no mundo norte-americano. O seu trabalho, as suas lutas (e travou inúmeras), as suas utopias, porque todos as temos, foram sempre relacionadas com a construção duma comunidade em crescimento, duma comunidade integrada no multiculturalismo americano, duma comunidade consciente do seu legado cultural, duma comunidade em progresso. É que, o Osvaldo Palhinha que conheço é um homem progressista, um homem dedicado às grandes causas, (e viu-se isso com a presença e a amizade de políticos locais e estaduais), um homem que nunca poupou esfor-ços na construção de comu-nidades que prezam o seu passado sem se estrangularem nele. No momento em que se celebra o centésimo programa Califórnia-Contacto, um marco importante numa iniciativa televisiva que tem divulgado os sucessos da Califórnia portuguesa na RTP-internacional, há que reconhecer o trabalho que o Osvaldo Palhinha, sempre acompanhado da Aurélia, tem feito. Uma vida no sul da Califórnia, onde arregaçou as mangas e trabalhou. É que este Osvaldo Palhinha do Contacto, cedo começou na comunicação social. Na rádio, onde foi
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revolucionário - com as suas notas editoriais audazes; nos jornais, cedo colaborando com o Tribuna quando este ainda estava nas mãos do fundador João Brum, e onde se destacava os seus escritos elucidativos; na televisão sendo fundador da RTA, televisão pioneira no serviço diário na Califórnia. O Osvaldo Palhinha que conhecem através do Califórnia Contacto é mais do que um produtor dum programa quinzenal na RTP-internacional, é acima de tudo um homem íntegro, um homem que se entusiasma pela capacidade inventiva das nossas comunidades, um homem que dedicou uma vida ao serviço da comunicação social em língua portuguesa na sua comunidade de Artesia e não só. Bem-haja ao Osvaldo e à Aurélia. Ainda bem que a comunidade tem gente desta. Para eles aqui fica mais um abraço. Para a comunidade, o desejo que estes heróis das lutas comunitárias jamais sejam esquecidos. O inacreditável aconteceu. Um padre da Igreja Católica, na Carolina do Sul, disse aos seus paroquianos que se tivessem votado por Barack Obama não podiam tomar parte da Santa Comunhão, porque o candidato favorecia o aborto. O padre, Jay Scott Newman escreveu numa carta distribuída aos paroquianos da Igreja Católica de St. Mary’s na cidade de Greenville que estão colocando as suas almas em risco ao comungarem antes da confissão e da apropriada penitência por terem votado pelo presidente-eleito. “Votar por um candidato que é pró-aborto (favorece a escolha da mulher em questões de aborto) quando há uma alternativa plausível dum candidato que é pró-vida (contra
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a escolha da mulher), constitui colaboração directa com o pecado, e os que o fizeram colocaram-se nas margens da Igreja de Cristo e sujeitos ao julgamento da lei divina. As pessoas nesta situação não devem receber a Comunhão até que se tenham confessado e reconciliado com Deus através do Sacramento da Penitência, a não ser que queiram comer e beber do seu próprio sangue.” Claro que esta última frase é medieval, mas há padres que gostariam que voltássemos aos tempos medievais. Porém isso não acontecerá e esteja o Reverendo Newman, e outros da mesma casta, descansados que esse tipo de ameaça já não cola. Mais, ainda bem que dentro do seio da Igreja há homens (infelizmente ainda só homens) inteligentes a exercerem a sua profissão de padres que são arejados e que jamais escreveriam uma carta destas. Aliás, nem tão pouco uma afirmação do Bispo de Denver - este antes da eleições - convenceu os Católicos que pela primeira vez em 40 anos votaram maioritariamente por um candidato do Partido Democrático, ou seja 54% dos Católicos votaram por Barack Obama. Também se sabe que o dito padre estava a pregar para o coro é que no condado de Greenville, na Carolina do Sul, as percentagens são: 61% Republicanos e 37% Democratas. Daí que o sacerdote sabia, muito bem, o que fazia: dividir para conquistar. Para mim existem três reflexões. Primeiro, este padre, como muitos outros, infelizmente, ainda pensam que são donos da verdade e acham que a sua intolerância vai mudar a opinião dos cidadãos, particularmente os mais informados.
É que a notícia relembrou-me quando a Igreja em Portugal “proibiu” o seu rebanho de ler o livro O Evangelho Segundo Jesus Cristo de José Saramago. Mal veio a proibição e os crentes encheram as livrarias para comprarem o dito livro. Segundo, quando citei a notícia da AP, exemplifiquei os termos pró-vida e pró-aborto, em itálicos e em parênteses, porque não posso com eles. Então os Republicanos são pró-vida, mas favorecem algo que a igreja condena, a pena de morte; são pró-vida, mas favorecem guerras, são pró-vida mas favorecem políticas sociais injustas. Como aqui já reflecti, e também como disse o próprio presidente-eleito, não é uma questão de se ser próaborto, ninguém o é. Estamos a falar numa questão de direitos, neste caso das mulheres, serem donas dos seus corpos. Porém, não me espantaria que este padre reaccionário ainda favorecesse, na sua igreja, o uso da mantilha e das saias pelos calcanhares para o sexo feminino. Terceiro, temos nos EUA uma separação de igreja e estado, que é sagrada, mas, infelizmente, é constantemente violada pelas Igrejas. Todas as Igrejas que recebem privilégios, são isentas de impostos. Em troca têm que manter neutralidade. Isso não acontece. Daí que, seria melhor para todos nós que as igrejas pudessem usar o púlpito para o discurso político, como o fazem, descaradamente, mas serem sujeitas ao pagamento de impostos, como todas as outras colectividades. Aliás, em tempos de vacas magras, como estamos vivendo, com uma forte crise económica, se as colectas das igrejas, fossem sujeitas a um imposto de 25%, ajudaria, muito mesmo, os cofres do estado, pagaria por muitos programas sociais. Vai esperando, como diz um amigo meu.
Memorandum
1 – ... um livro digno do ‘Nobel’ da simplicidade
E
stou cada vez mais a consolidar a minha crença na convicção de que há sérios aspectos da experiência humana que escapam à fita-métrica da ciência. Por outras palavras: a ciência não gozaria do saudável atrevimento da doutrina da relatividade, se fosse isenta da sua complementaridade poética. Mas temos de cultivar a humildade de manter o equilibrio possível nas curvas das ideias. Porém, até hoje não fui desafiado por uma definição científica que me explicasse o “vagido” original do bem e do mal: continuo a suar “frio” para descortinar o objectivo do imperativo da fé; e não encontro (felizmente) maneira de contabilizar na coluna do “deve & haver” a maisvalia financeira do valor da dignidade e do custo da compaixão... A sensibilidade poética tanto pode servir de hissope para aspergir a alegria divina, como arvorar-se em ribanceira agreste para encaracolar a dor humana. Talvez por isso, não deva resistir ao veredicto segundo o qual os Poetas são membros duma comunidade incumbida de traduzir, em linguagem humana, as interrogações musicais patentes na partitura misteriosa da razão-de-ser do universo. E pronto! Chegámos ao momento de in-
terromper o nosso discurso (emocional?) para colocar no regaço do prezado leitor o livro de poemas “Fragmentos de uma vida”, assinado por Maria de Lourdes Dias, valorosa poetiza luso-canadiana de auspiciosos recursos humanos. Na breve nota apresentativa do seu livro, a poetiza usa uma linguagem tão simples quão autêntica para lembrar que os seus poemas “deixam transparecer a beleza e encanto do meu sentir, traduzindo o olhar de criança que em mim continua a existir.” Quem porventura decidir anuir ao meu convite para juntar, fraternalmente, os “Fragmentos de uma vida”, depressa se sentirá em boa vizinhança emocional com a poetiza Maria de Lourdes Dias: a menina açoriana que jamais esqueceu a orfandade paterna, quando contava apenas seis anos de idade; depois, a mulher já feita que um certo dia teve de abandonar a rotina insular do seu querido Faial, para abraçar a tarefa missionária de emigrante, professora e mãe (de dois filhos): Obrigado, Senhor Porque me deste a vida E me permitiste que à vida desse duas vidas.. 2 – “... contigo, tudo o que vejo tem esplendor.” (Maria de Lourdes Dias) Tudo leva a crer que a sua maternidade não ficaria completa sem o nascimento do seu livro. Dir-se-ia que a sua inquietação poética veio um dia transformada em missionária do Amor, pronta a colocar no
altar da Poesia a oferenda das próprias alegrias e penares, com o intuito de amaciar, e se possivel esquecer, as arestas amargas do destino. Junto-me agora, com o devido cuidado, aos dizeres do enorme poeta francês Paul Valery, quando escreveu que “dans le poète, l’oreille parle et la bouche écoute...” ou, se quizermos continuar ainda com Valery, mas desta feita na tradução inglesa das suas afirmações: “... if prose is like walking, poetry is like dancing”. Ora esta tournée linguística poderá talvez ajudar a compreender a caminhada bilíngue da poetisa de que vimos falando, dado que ela não se deixou enclausurar pelos contornos vigilantes da língua mátria. Podemos facilmente constatar que Maria de Lourdes Dias cedo descobriu que a Poesia não se deixa espartilhar no “colete-de-força” do versejador de rimas. Aliás, ao longo das páginas de “Fragmentos de uma vida”, a autora viaja sem salvo-conduto pelas alamedas das línguas que conhece. Logo se imagina que a poetisa depressa descobriu que o poema é uma sinfonia do intelecto e nunca uma vitrina da linguística... Oh, ma vie! Où étais-je? Pourquoi ne m’as-tu pas réveillée plus tôt? Avant que ma peau soit ridée, Avant que mes cheveaux soient blanchis M’aurais-tu oubliée? M’aurais-tu abandonné? Que s’est-il passé? Sigo adiante para lembrar que Fernando
Pessoa, no amplo exercício da sua liberdade poética, deixou escrito e assinado um fragmento do seu (nosso) certificado de origem artístico: “o poeta é um fingidor / finge tão completamente / que até finge ser dor / a dor que deveras sente”. Seja-me permitido recordar que muitos açorianos sabem por instinto que o poeta é um explorador do imaginário, e que a Poesia é a sua inseparável caravela pronta a sulcar os mares do desconhecido. Sim, nascemos... mas nem sempre morremos envolvidos pela finidade psico-geográfica da ilha. E nem sempre é preciso sair da Ilha para assistir ao natal da Liberdade. Afinal, fazemos parte dos ignorados habitantes da pequenina “terceira ilha” do sistema solar... “Fragmentos de uma vida” apresenta-se como relato poético da experiência vivida por uma Mulher vibrante, que não precisou de ser tocada pela “varinha mágica” do génio para nos guindar ao mirante da crença do bem oculto em todo o mal: um ser humano dotado de sensibilidade artística bastante para interpretar e comunicar as emoções do seu (feminino) coração, sem todavia delas permanecer irremediável cativa. No final, ficámos com licença para celebrar a aleluia da sua contagiante alegria: De braços abertos, tu me recebeste, Só tu penetraste em meu coração Com teu doce olhar, tu me prendeste, Só tu me soubeste dar tua mão...
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Temas de Agropecuária Dois Poemas Inéditos de Álamo Oliveira
A
indústria de lactícinios tal como a economia em geral, está-se preparando para a continuação de uma viagem económicamente desfavorável, que persistentemente teima em continuar Muito embora a imprensa escrita em referência à industria de lactícinios, esperimente pintar um quadro positivo em referência à posição económica da agropecuária, o que é certo é que os produtores e processadores do leite olham com inquietação o próximo futuro da industria. Altos custos da produção tornaramse regra geral - fertilizantes, energia, sementes e outros produtos. Os que produzem silagens, alfafa e cereais, imediatamente passaram os seus custos aos produtores de leite, onde tiveram um impacto dramático, muito embora presentemente os preços estejam mais baixos. Espera-se que estes preços continuem a flutuar, mas sem variações duradoras. A longo prazo, o programa governamental subsidiado
para a industria do etanol continua a pressionar preços mais altos para o milho e outros cereais que contêm energia. Especialmente os preços de nitrogenio vão encorajar maiores culturas da soja no próximo ano, o que quer dizer menos acres na cultura do milho Há um ano atrás, os preços por todo o leite nos Estados Unidos era de $2.00 a mais, por cada 100 libras, que este ano e continua a descida num futuro que não parece muito brilhante. A curto prazo não há nehuma alternativa. Até ao mês de Julho passado, as exportações, que chegaram a atingir 11% de toda a produção, ofereceram uma ajuda tremenda ao consumo, mas o panorama economico global tem sofrido modificações consideráveis, tais como o aumento no valor do dolar, que causa um aumento nos nossos produtos além fronteiras, a produção que aumentou na União Europeia, New Zealand, e o escandalo da adulteração do leite, na China, que causou um impacto negativo no con-
sumo dos produtos do leite nos Paises Asiáticos, que estavam em constante crescimento Aqui nos Estados Unidos, os nossos problemas económicos não se vão resolver tão depressa. A confidência do consumidor está muito abaixo do esperado e certos produtos do leite tais como queijo e sobremesas geladas, que são considerados produtos de luxo, têm tendência a perder vendas. Nos primeiros seis meses deste ano, a produção ultrapassou a procura, o que contribuiu para um aumento nos inventários. Quanto ao futuro, não parece muito brilhante para a industria. Há alguns programas sobre a mesa, que podem ter impacto positivo a longo prazo, mas a curto prazo parece provável que a industria continuará a navegar num mar económicamente alterado, em que como muitas vezes no passado, vem à mente a frase traditional dos nossos Pais e Avós (salve-se quem puder).
Virgem-louca Eram de granito os seios da virgem-louca Era de espuma o rendilhado do vestido transparente. Era de “jazz” o som inconstante que se ouvia e o infinito debruava o termo-espaço No azul havia um risco branco de gaivota
Outono Gemem os gonzos enferrujados nos portões capitalistas. Choram as nuvens as primeiras lágrimas e as folhas raptadas lá vão… lá vão… Há desacordo nas cores triste e magras; poentes chorosos e dias sem principio; noites sem estrelas, espelhos sem Lua Tudo é feio! Tudo parece estar morto! - Ah! Eu não gosto de ti, Outono! Tu fizeste, da Natureza, um aborto!
Álamo Oliveira Sold. Cad. 863/66 Mafra
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Rifa das SOPAS A associação estudantil SOPAS (Society of Portuguese-American Students) está a promover uma rifa cujo produto reverte a favor das várias actividades que esta associação promove para os jovens luso-descendentes de Tulare que frequentam as escolas secundárias americanas. Os bilhetes para a rifa custam dois dólares cada e estarão à venda até ao próximo dia 12 de Dezembro. Haverá uma amalgama de prémios, incluindo uma noite de hotel na cidade do Pismo, uma colecção de livros da Portugeuse Heritage Publication, entre outros, e como primeiro prémio uma viagem ida e volta de Oakland-Terceira, para o próximo ano de 2009 cortesia da SATA Internacional. Apelamos à nossa comunidade para apoiar esta iniciativa comprando os seus bilhetes através de qualquer jovem membro da associação estudantil SOPAS de uma das três escolas secundárias de Tulare.
VI edição do programa “Saudades dos Açores” A sexta edição do programa “Saudades dos Açores” decorre de uma iniciativa da Direcção Regional das Comunidades da Presidência do Governo, em parceria com a Azores Express e SATA Express. O programa visa proporcionar a cidadãos nascidos nos Açores e emigrados nos Estados Unidos da América e Canadá, com mais 60 anos e que não visitem o arquipélago há mais de duas décadas por motivos económicos, o reencontro com a sua terra natal, bem como o contacto com familiares e amigos. Este ano, o programa vai reunir 15 participantes (oito do Canadá e sete dos EUA), com idades compreendidas entre os 61 e os 79 anos de idade. A SATA Express e a Azores Express oferecem os bilhetes, de ida e volta, entre Toronto e Ponta Delgada e Boston e Ponta Delgada, respectivamente, enquanto a Direcção Regional das Comunidades assume as despesas com o alojamento, alimentação, programa de actividades em S. Miguel e viagens na Região para os participantes que tenham familiares noutras ilhas. Esta iniciativa conta, ainda, com a colaboração de várias instituições de apoio social na América do Norte, como o Centro Abrigo, em Toronto, SER-Jobs for Progress, em Fall River, e os centros comunitários portugueses POSSO e VALER, na Califórnia São estas instituições, com quem a Direcção Regional das Comunidades estabeleceu protocolos de cooperação, as responsáveis pela selecção dos idosos, de acordo com os critérios previamente definidos pelos parceiros do programa “Saudades dos Açores”
A nossa VIII Grande Noite de Gala e Jantar de Natal está agendada para o próximo dia 13 de Dezembro, no bonito Salão da Turlock Pentecost, com as presenças do Dr. António Menezes Rodrigues,Vice-Presidente do Sporting Clube de Portugal e do ex-atleta internacional Oceano Cruz, o homenageado da noite. Horas: Das 18:00 às 19:00 - Hora Social (Maria Alice’s Catering) 19:10 - Saudação de boas vindas à plateia, convidados de honra e orgãos sociais. 19:20 - Marcha do Sporting, interpretada pelos cançonetistas : Nucha e Eduardo Santana. 19:50 - Apresentação da “Miss Sporting 2008/09” . 20:00 - Jantar servido e confeccionado por Fernando Aviz, rega do com vinho, sumos e café. Bolo e Champanhe. 21:00 - Sorteio da Rifa 21:30 - Oradores da noite: “Dr. António Menezes Rodrigues, Vice-Presidente do Sporting e Oceano Cruz, o homenageado da noite.”. 22:00 - Grande espectáculo musical com o seguinte elenco: “NUCHA E O SEU PAR DE BAILARINAS” - estreia em absoluto na Califórnia e uma das mais categorizadas vozes da canção ligeira em Portugal e “EDUARDO SANTANA”, o grande vencedor do último evento. Aceitam-se reservas até ao 10 de Dezembro.
Não se vendem bilhetes à porta. Nota: Para efeitos de controlo de entradas e registo de quantidade de refeições a servir, aceitam-se reservas até ao dia 10 de Dezembro. Se não forem levantados até à data mencionada, as reservas ficam imediatamente sem efeito, ficando a Direcção do Núcleo, com o direito de vender os respectivos ingressos a outros interessados.
Gabriela Canavilhas é a nova Directora Regional da Cultura A principal responsável pelo Festival MusicAtlântico, nos Açores substitui no cargo, Vasco Pereira da Costa. Gabriela Canavilhas é a nova directora regional da Cultura, pasta que era pertença de Vasco Pereira da Costa. Entre outras funções, Gabriela Canavilhas é, actualmente, a directora do Festival MusicAtlântico, nos Açores, passando agora a trabalhar directamente com Carlos César. Relembre-se que o Presidente
do Governo chamou a si, no decorrer do anterior mandato, a pasta da Cultura. Gabriela Canavilhas, nascida em 1961, em Sá da Bandeira (Angola), viveu a infância e a adolescência em S. Miguel e nas Flores, ilhas de origem dos pais. Entre 1986 e 2004 manteve intensa actividade artística nos palcos das principais salas de concerto e festivais nacionais, incluindo na Fundação Gulbenkian, na Culturgest, no Centro Cultural de Belém, na Funda-
ção de Serralves, no Teatro Nacional de S. Carlos, no Teatro S. Luiz, no ACARTE, na programação de Lisboa 94, na Expo 98, nos Festivais Internacionais do Algarve, de Évora, de Tomar, de Mafra, de Leiria e de Alcobaça, bem como concertos de descentrali-
zação em todo o país, incluindo nos Açores e na Madeira, apresentando-se, também, em vários países estrangeiros. In JornalDiario
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Agua Viva
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ue tempo é este que corre, corre… E parece que toda a gente diz o mesmo. Eu diria que voa por entre os dedos da pouca vida que temos para fazer tudo o que gostaríamos de fazer, nas calmas, com cuidado, motivação, esperança, alegria e talento para que tudo saia perfeito. Eu gosto do que é perfeito, embora não o seja. Se voltássemos a nascer na mesma pessoa, e desde crianças nos fosse dada a noção das realidades futuras, creio que havíamos de ser melhores e havíamos de aprender a lutar pelos nossos sonhos, as nossas aspirações, entenderíamos melhor os desejos dos outros que ainda não tinham vivido bem a primeira vez. Isto talvez pareça complicado, mas não será descabido e impensado. A verdade é que vivemos numa época do corre-corre e chega depressa sem qualidade nas corridas que fazemos para atingir as metas que desejamos. E ao fim do dia dizemos “Lá se vai mais um dia que não volta mais e durante o qual não fiz nada do que me propunha”. Talvez que ainda não seja demasiado tarde, embora cedo não seja. Talvez apenas o tempo exacto para concluir algumas tarefas começadas, ou deixar escrito o que se gostaria de ter feito e entregar aos outros como testamento a cumprir. Não há que deixar para amanhã, pois só faltam 30 dias para acabar este 2008. Será que ainda temos tempo de colocar o trigo a grelar para este Natal? Será que ainda temos tempo de pensar nos que estão doentes e não podem fazê-lo? Será que ainda nos lembramos dos que foram nossos amigos e partiram do nosso lado tão de repente que já não lhes podemos dizer Bom Natal! Nunca devíamos ter tanta pressa que não pudéssemos parar para saborear as coisas doces da vida. Parar no Tempo é bom para saborear o passado e descobrir coisas boas do presente às quais ainda nem demos o devido valor. Gosto de saber que ainda há pessoas que recordam os tempos de infância, que cultivam a esperança dos dias passados com a família, com os amigos e as tradições à mistura. Este ano, à semelhança da minha amiga Delphine Costa, quero ter o gosto de plantar uma seara, por mais pequena que seja e entregá-la ao Menino Jesus, quando fizer um pequeno altar e O colocar no trono que merece. Já sei que não é Ele que ali está. Sei que é como se fosse um fotografia de um ente-querido de quem se gosta muito, e dá-me uma certa Paz, Ternura, Alegria, Consolação. A casa parece ter cheiros diferentes. Já houve quem me perguntasse o que representa o trigo germinado ou grelado. Nos nossos Açores diz-se assim mas no nosso País chamam-se searas ou searinhas por serem pequenas, feitas em pequenos pratos que se colocam junto ao altar do Menino Jesus que supostamente o abençoa e que deve ser transplantado para a terra no dia de reis, ou seja dia 6 de Janeiro para que a colheita do ano seguinte seja abundante. Na ilha Terceira usa-se semear o trigo no dia 8 de Dezembro, dia de Nossa Senhora da Conceição; em São Miguel usa-se semear a ervilhaca, que por levar mais tempo a germinar, tem de ser semeada mais cedo, no dia 1 de Dezembro. Cada terra tem seu uso, mas a forma de o fazer é pràticamente a mesma. Algumas pessoas colocam um pouco de terra no prato, cujo tamanho é variável, outras só em água, e ainda outras colocam uma pequena camada de algodão e em cima o trigo e colocando água de modo que sempre o trigo absorva a humidade necessário e cresça verde e viçoso como um pequeno campo. Não se esqueçam que deve ser colocado por dentro de uma janela com bastante claridade em quarto bem arejado. Esta interessante tradição que ainda se cultiva em Portugal, Açores e Madeira, teve origem na região da Provença, Sul de França que foi o grande centro de irradiação do Presépio com raízes medievais. Nas nossas casas não só se usa o Menino em palhinhas deitado, mas também de pé, em cima do tremó e com os pratinhos de trigo de cada lado e uma pequena luz de azeite em frente. Há também quem coloque os pequenos ornamentos de flores de junquilho que perfumam todo o ambiente e ou ainda as rosas de Japão, que abundam nesta época do ano, nos nossos Açores.
O dia de São Martinho pregou-nos uma partida este ano - choveu e bem, mas mesmo assim, nada evitou que estes dois cozinheiros (acima na foto) António Martins e Jorge Pires, não pudessem mostrar todos os seus dotes nas variadas iguarias que nos proporcionaram. E foram muitas e boas. Alfredo Cunha (terceiro da esquerda na foto abaixo) foi o anfitrião desta festa de amigos.. Na foto do meio, a conversa do costume - discutiu-se a temporada taurina deste ano, e todos falaram muito bem da Feira de Thornton.
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José Rodrigues, Presidente da Portuguese Heritage Publications of California entrega a Pauline Stonehill um certificado de apreço. Esq/dir: Len Stonehill, Lionel Goularte, Pauline Correia Stonehill, Bernardine Goulart, Joe Machado, Delminda e José
Pauline Correia Stonehill, autora do livro A Barrelful of Memories: stories of my Azorean family, foi homenageada pela mesa directiva da Portuguese Heritage Publications com um prenda e um certificado de apreço durante um jantar realizado na passada semana no restaurante Sousa, em San José. Este acto de justiça e gratidão por parte da editora portuguesa deve-se ao facto de Pauline C. Stonehill ter doado os seus direitos de autora de uma obra que tem tido imensa
procura e venda Rodrigues,Ginny e Al Dutra, Lucinda e John Ellis, José Luís da Silva, Judy e Tony Goulart na comunidade conta-nos, com amor e compaixão, os sobre a nossa emigração e a vida portu-guesa e luso-americana. Satisfazendo a promessa que tinha feito a tramites de uma família dos Açores que quotidiana das famílias de emigrantes seu pai, o qual viria a falecer quando ela na área de Los Banos, com enormes açorianos nos princípios do século tinha apenas 24 anos de idade, Pauline esforços e sacrifícios, veio ajudar a passado. Esta publicação também serviu conta a história da sua família que construir a importante indústria da de inspiração e de prova documental ao emigrou dos Açores para a Califórnia nos agricultura, uma das grandes maravilhas Dr. Alvin Graves quando escreveu o seu livro The Portuguese Californians outra princípios do século passado à procura de deste estado. uma vida melhor. Nesta autobiografia, o A Barreful of Memories foi já adoptado importante publicação da editora segundo volume da colecção Pioneers da como leitura obrigatória para vários Portuguese Heritage. Portuguese Heritage Publications, Pauline cursos universitários que se debruçam
João de Brito, reconhecido pintor lusoamericano, foi o artista convidado a representar Portugal com duas das suas obras na exposição de arte Exonome organizada pelo Consulado Geral do México em San Francisco. Esta exibição, como indica o nome Exonome, tem por finalidade descobrir, reconhecer e patentear artistas de artes plásticas nascidos nos países latinos, mas agora a residir na Califórnia. Exonome é um vocábulo que define a pessoa que vive num lugar onde não nasceu, mas simultaneamente consegue fazer uma vivência sem perder totalmente as suas raízes. Por viver em lugares diferentes, o Exonome não se sente totalmente de nenhum, mas tem influências e constrói a sua realidade com elementos dos dois ou mais mundos que fazem parte da sua experiência de vida. No momento em que a globalização é o tema central da discussão universal, esta exposição de arte não tem por fim expandir as fronteiras físicas, mas expor mentes e culturas, dando-nos a conhecer o que as várias sociedades têm em comum e
permitindo-nos explorar o que cada uma delas nos transmite. Para além da enorme qualidade e diversidade dos artistas e materiais empregados em cada obra, esta exposição tem a peculiaridade de ser feita dentro do Consulado Mexicano, localizado num edifício antigo da baixa de San Francisco, onde as paredes antigas de tijolos vermelhos servem de fundo às obras de arte expostas, no meandro de corredores e consultórios por todo o edifício consular. No dia da inauguração da exposição, terça-feira, 18 de Novembro, quase duas centenas de convidados, incluindo mais de 30 portugueses, encheram por completo aquele consulado. A exposição está aberta ao público das 8 da manhã à 1:30 da tarde, da segunda à sexta-feira, até ao dia 18 de Dezembro, nas instalações do Consulado Geral do México, 532 Folsom Street, San Francisco. Vale a pena uma visita. João de Brito ao ser entrevistado para a Univision, tendo como fundo uma pintura sua.
Visite a webpage da Portuguese Heritage Publicatiosn of California www.Portuguesebooks.org
ENTREVISTA
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Bruno Catarino, do BANIF, deslocou-se aos Estados Unidos para compreender melhor as necessidades da nossa comunidade. Bruno Catarino desde há um ano que é Director Comercial da Direcção Internacional do Grupo Banif. Fez a sua carreira profissional de 14 anos noutros Bancos Portugueses, bem como numa Multinacional Americana antes de ingressar no BANIF. Qual foi o propósito da vossa visita a California? Para alem de conhecer cada vez melhor os nossos escritorios e ver as suas reais potencialidades deles, em termos de crescimento, alargamento das suas estruturas, e adequada cobertura da nossa comunidade emigrante nos Estados Unidos. Estive em Newark, em Fall River e agora em San Jose onde fizemos essas analises. Temos conhecimento que existe forte potencial no Sul e Centro da California, no Vale de San Joaquin, onde reside uma importante comunidade Portuguesa. Quais são as potencialidades do vosso banco em relação às necessidades dos vossos clientes na America? O nosso banco tem uma herança muito forte que vem do Banco Comercial dos Acores e do proprio Banif, que se traduz no Banif Açores. Com base do historial que temos do acompanhamento da nossacomunidade, sabemos bem que os nossos emigrantes pretendem uma presença cada vez mais próxima do seu Banco. Proximidade proveitosa também para nós, pois estamos sempre a aprender com a nossa comunidade. Temos sim um oferta sem qualquer tipo de risco, que nos tempos que correm hoje, é uma oferta que faz todo o sentido. Sempre apostámos em produtos de depósitos a prazo, com total garantia de capital, juro garantido. Também introduzimos algumas inovações, tal como o 90x4, um produto a prazo, sem risco, que tem tido um sucesso muito grande, não só para clientes do Banif Açores SA, residentes nos Estados Unidos, bem como no Canada, Venezuela, Africa do Sul e mesma na Europa. É um depósito a prazo, que tem uma flexibilidade de pagamentos de juro trimestral, e mesmo a possibilidade de acesso ao capital investido sem qualquer penalização em determinados momentos dessa aplicação, podendo ser mobilizada trimestralmente. A crise finaceira mundial tem alterado o normal funcionamento do vosso Banco? Não, de forma alguma. A crise faz-nos estar mais alerta para os desafios que existem, mas também cria oportunidades que surgem a todo o momento. Esta crise
começou aqui nos Estados Unidos, e segundo o velho ditado português de “não pormos os ovos todos no mesmo cesto”, temos notado um incremento de depósitos no nosso Banco por parte dos emigrantes residentes nos Estados Unidos da America, que é um sentimento normal, como refúgio às possiveis dificuldades de alguns Bancos americanos. Óbviamente tivemos e temos todo o gosto em servir cada vez melhor os novos clientes. Tivemos um acréscimo muito interessante de novos clientes, este ano na America o que é muito positivo. Em Portugal temos um Banco sólido, um banco que está proteg ido , inclusivamente de contaminações por via de falências estrangeiras, porque temos uma estrutura accionista muito sólida, liderada pelo Comendador Sr. Horacio Roque, que está disposto a qualquer aumento de capital, sempre que é necessário, para aumento da liquidez do Banco. Temos também agora uma total garantia aos depositantes, dada pelo nosso Governo, que todos já conhecem aqui, o que ainda dá mais tranquilidade e garantia aos clientes de Bancos Portugueses. Sendo assim, a sua vinda aos Estados Unidos foi muito benéfica? Já tenho algum conhecimento das nossas comunidades, até por experiência familiar, pois tenho familiares no Canadá, no Brasil e em França. Sei bem qual é o sentimento dessas comunidades, qual o espírito empreendedor deles, que já estão emigrados há longos anos e ajudaram a construir os países onde estão inseridos. Basta ver as grandes transformações havi-
Bruno Catarino e Francisco Braga, gerente do BANIF em San José
das no Vale de San Joaquin para se perceber a grande influência que os portugueses tiveram. É interessante estar no terreno. Estou na área comercial de acompanhamentos dos emigrantes nossos clientes há um ano e ainda não tinha observado de perto a realidade Americana. Ver as pessoas olhos nos olhos, falar c o m elas, ouvir
sugestões e oportunidades de melhoria da nossa maneira de ser e de actuar. Também é importante ouvir pessoas que não são da nossa comunidade falarem da mais valia da nossa gente, que dizem eles, até se distinguem de muitas outras comunidades. A comunidade portuguesa integrase muito bem e não se esquece das suas raízes, muito embora se sintam orgulhosas de pertencerem aos seus novos países. Acha que os seus estudos o ajudaram no seu trabalho? Acho que sim. A minha família tentou ajudar-me a alargar os meus horizontes, na educação e especialmente no ensinamento de línguas. Isso facilitou-me muito a minha vida profissional. Já trabalho na banca desde 1995, e tive também a oportunidade de trabalhar numa multinacional americana de consultadoria a Instituiçõs Financeiras, que me levou um ano ao Brasil, aos Estados Unidos, na zona de Chicago e também em França. Onde é que estudou? A minha formação base é Licenciatura em Contabilidade e Administração Financeira com especialização posterior na área financeira na Universidade Católica.
O Banif é o 7° maior grupo financeiro português cotado no Euronext. Com cerca de 3900 funcionários num total de 475 balcões, incluindo 61 balcões de seguros, tem mais de 1,2 milhões de clientes. O Banif começou o processo de internacionalização seguindo as comunidades emigrantes da Madeira e dos Açores com o estabelecimento de sucursais no Canadá, Estados Unidos, Venezuela, Brasil e África do Sul, depois vindo a adquirir licenças bancárias no Brasil, Malta, Reino Unido, Espanha e Cabo Verde. Pelo segundo ano consecutivo, o Standard & Poor’s inclui o Banif na “S&P Global Challengers Class of 2008” sendo a única instituição financeira portuguesa na lista da S&P como “Líderes de Amanhã” (Leaders of Tomorrow). O BCA – Banco Comercial dos Açores, agora parte do Grupo Banif, foi o pioneiro entre os bancos portugueses a estabelecer sucursais nos Estados Unidos - San José (California), Fall River (Massachusetts), Newark (New Jersey) e Canadá (Toronto).
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TELEVISÃO
Tribuna Portuguesa
Nelson Ponta-Garça, actual editor do Contacto California, foi o mestre de cerimónias
Manuel Eduardo Vieira, Chairman da Organização promotora da comemoração dos 100 programas do Contacto California, agradece a presença de tantos amigos.
Padre José Fernandes falou do Osvaldo antes de proceder à invocação.
Edmundo Macedo, Cônsul Honorário de Portugal em Los Angeles, foi o orador da noite.
Esta comemoração dos 100 Programas do Contacto Califoria teve por objectivo agradecer ao casal Palhinha, o esforço e a dedicação que tiveram durante quatro anos, em trazer-nos quinzenalmente um programa com os sucessos das nossas vidas, as nossas tradições, a maneira como encaramos a vida neste país a que todos chamamos nosso, além de mostrarem a nossa cultura literária e musical. Só quem trabalha neste mundo da comunicação social perceberá o tempo que se gasta para se produzir com qualidade um programa de 30 minutos, que irá ser visto em todos o mundo. São muitas milhas percorridas, muitas entrevistas, muitas horas de edição, que foram feitas com muita dedicação, para orgulho da nossa comunidade californiana. Aurélia e Osvaldo Palhinha quando aceitaram esta incumbência da RTP, sabiam das dificuldades que iriam ter, sabiam que o normal funcionamento das suas vidas iria ser alterado, mas mesmo assim aceitaram o desafio e o resultado está à vista. Agora, o Contacto California vai entrar no seu segundo ciclo de vida, com um lema importante - “qualidade e diversidade, sempre.” É um novo desafio, que irá ser vencido, como o primeiro o foi. A experiência acumulada nesta primeira fase do Contacto servirá de base para novos vôos, novas dimensões de amostragens das nossas comunidades, que irão encantar ainda mais a nossa gente daqui e d’além. Não nos podemos esquecer que o mundo está em permanente mudança e assim será com o novo Contacto California - novas ideias, novas formas de contar o tempo, novas realidades, enfim, um mundo novo à nossa espera. Edmundo Macedo, o orador da noite, referiu-se assim ao homenageado: ”Há pessoas cuja personalidade inventiva não morreu à nascença, antes floresceu -saindo do escuro, abandonando o vazio, emergindo sem presunção na sociedade exigente e crítica, produzindo obras de apreciáveis volume e mérito -- que desde logo conferem capacidade e denunciam talento. Há pessoas assim. Conheço uma delas. Melhor, conhecemos uma delas. Refiro-me ao Osvaldo Palhinha.” Actuaram a Ilda Maria Ramos, Grupo Coral “Saudades da Terra”, Crystal Mendes e Manuel Cabral.
Ilda Maria Ramos participou neste festa cantando country e rock, o que ela faz muito bem. Embaixo:Comissão Organizadora e homenageados Manuel Eduardo Vieira, Lucia Noia, Fátima Parreira, Osvaldo e Aurélia Palhinha, José Avila
Crystal Mendes cantou dois fados, um da Mariza e outro da Amália. Bonita voz e bonita presença. O futuro é risonho.
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TELEVISÃO
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A comunidade do Chino prestou homenagem à Aurélia e Osvaldo Palhinha, pela voz de Margarida Gomes e pelo Presidente da Sociedade.
A Câmara Municipal de Artesia através dos seus vereadores Victor Manalo e João Martins associou-se à festa
Liz Rodrigues, Presidente da Luso American Fraternal Federation saudou a Aurélia e o Osvaldo Palhinha
O Grupo Coral “Saudades da Terra” além de cantarem bem, também ofereceram uma lembrança ao casal homenageado
Aurélia, Manuel Eduardo Vieira, Osvaldo, Lúcia Noia e Cristina Palhinha, filha do casal. Direita - aspecto parcial do Salão do Artesia D.E.S. antes do bem servido jantar
O Grupo “Saudades da Terra” cantou durante vinte minutos e encantou nesta sua estreia em Artesia. Este Grupo tem 35 elementos, mas nem todos puderam deslocarse ao Sul da California. Além de cantarem em missas, este Grupo também canta temas tradicionais.
Tony Mendonza, deputado estadual, procedeu à entrega de uma “Resolution” da Assembleia Estadual em Sacramento ao casal Palhinha
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ARTESIA/PATROCINADORES
Tribuna Portuguesa
Amigos e familiares dos Palhinhas encheram o Salão do Artesia D.E.S.
Amin Ashrafzaden, MD Cornea & Refractive Surgery Catarat Surgery Board Certified Ophthalmologist
COLABORAÇÃO
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Minha Língua Minha Pátria
A
s vidas dos autores das duas burlas que sacudiram Portugal no século XX, Alves dos Reis e Branca dos Santos, pouco de comum tinham entre si, excepto a sua humilde origem, o mesmo lugar de nascimento e uma idade aproximada. De facto, um lançou-se numa carreira de fraude antes de haver atingido a maioridade, a outra à beira dos setenta anos. Um viu pela primeira vez o interior de uma prisão na sua juventude, a outra já depois dos oitenta. Um preferiu uma existência pública de luxo e ostentação, a outra dias recatados e domésticos. Sem embargo, ambos revelaram tanto uma surpreendente criatividade como o espírito de organização que marcou as suas operações até um inevitável desfecho. Artur Virgílio Alves dos Reis nasceu em Lisboa a 3 de Setembro de 1898, filho de um agente funerário que acabou na insolvência. Frequentou o primeiro ano do curso de Engenharia, que teve de abandonar devido à precária situação económica da família. Casou então com Maria Luísa Jacobetty de Azevedo, vinda de um meio social superior que não via com bons olhos essa desigual união. Fugindo a constantes humilhações, procurou um emprego em Angola, onde se fixou em 1916. Começara então uma assombrosa carreira de falsificador. Para concorrer a um lugar de relevo na colónia apresentou um diploma de licenciatura em Engenharia Civil pela na realidade inexistente Polytechnic School of Engineering da Universidade de Oxford. Como director dos Caminhos de Ferro de Moçâmedes revelou um extraordinário sentido de iniciativa e obteve brilhantes resultados no desenvolvimento da empresa. Empenhou-se também em negócios, nem sempre limpos, de exportação de produtos angolanos para Portugal e conseguiu assim acumular certo capital. Em 1922 regressou a Lisboa, abriu uma firma de investimentos, a Alves dos Reis, Ltda. e criou um banco, o Angola & Metrópole. Um dos seus projectos, contudo, fracassou. Com um cheque sem cobertura sobre Nova Iorque comprou um alto número de acções da companhia ferroviária angolana Ambaca. Pensava vendê-las com lucro antes que a falta de fundos fosse descoberta mas o segundo negócio não se concretizou e Alves dos Reis foi preso. Passou 54 dias numa prisão do Porto até ser absolvido em julgamento e durante esse tempo concebeu um plano de grandiosas dimensões. Assim, com a cumplicidade de alguns estrangeiros e portugueses, forjou uma série de documentos em nome do Banco de Portugal e com o aval de outras organizações encarregou a firma inglesa Waterlow & Sons de imprimir 580 000
notas de 500 escudos. Era um trabalho de que a referida firma normalmente se ocupava e Alves dos Reis, fazendo-se passar por alto funcionário do Banco, pediu o maior sigilo sobre a operação, alegando a sua delicadeza ante a crise económica que então se atravessava. Um dos seus cúmplices, irmão do Ministro de Portugal na Haia, conseguiu que a remessa chegasse a Portugal pela mala diplomática. Um pequeno revés teve então lugar. Receoso de que o imaculado aspecto das notas despertasse suspeitas, Alves dos Reis decidiu deixar uma parte delas toda a noite na banheira de sua casa, o que lhes daria um tom de certo uso. No entanto a tinta desbotou e tudo o que se obteve foi uma banheira cheia de água cor-de-rosa e certo volume de dinheiro sem possível aplicação. Alves dos Reis, como proprietário de um banco e de uma agência de venda de carros americanos, com conta aberta no National City Bank, de Nova Iorque, levava uma vida elegante e faustosa. Havia inclusivamente comprado para sua residência o palacete conhecido como o Menino de Ouro, a S. Mamede, edifício onde muito depois funcionou o Instituto Britânico de Lisboa. Também comprou acções do Banco de Portugal, na esperança de em breve se tornar o accionista maioritário e assim poder abafar investigações sobre a sua fraude. Entretanto o aumento de circulação de notas de 500 escudos com a efígie de Vasco da Gama começou a levantar suspeitas. Por outro lado tornava-se estranho que o Banco Angola & Metrópole concedesse empréstimos sem acusar qualquer entrada de fundos. As notas de banco tinham contudo a aparência de absolutamente legais e o Banco de Portugal negou existir qualquer irregularidade. Foi apenas quando um obscuro bancário no Norte de Portugal encontrou por acaso duas notas com o mesmo número de série que o escândalo estalou. A 5 de Dezembro de 1925 a Polícia encerrou a sucursal do Porto do Banco Angola & Metrópole e nesse mesmo dia Alves dos Reis foi de novo preso. A 7 desse mês o Banco de Portugal ordenou a retirada de circulação de todas as notas de 500 escudos com a efígie de Vasco da Gama. O mais famoso burlão do seu tempo passou quase cinco anos na Penitenciária de Lisboa até ser julgado e condenado a 20 anos de prisão. A 7 de Abril de 1945 foi por fim posto em liberdade. Duas décadas eram passadas desde o caso das notas mas não estava completamente olvidada a popularidade que então obtivera como génio financeiro e mesmo potencial salvador das finanças do País. Anos depois da sua saída da Penitenciária teve lugar um último e anticlimático golpe. Alves dos Reis havia vendido a uma firma de Lisboa 6 400 arrobas de café angolano por sessenta contos, quantia quase irrisória em relação às suas anteriores operações. No entanto esse café só existia no papel. Pela terceira vez preso, foi condenado a quatro anos de prisão, sentença que não chegou a cumprir, dado que faleceu pouco mais tarde, a 9 de Julho de 1955.
Dona Branca Maria Branca dos Santos nasceu em Lisboa em 1902, de uma família pobre. Foi rápida a sua passagem pela escola primária. Branca era praticamente analfabeta mas dotada de um forte gosto pela matemática e por operações comerciais. Desde muito jovem praticou o que se poderia designar como uma incipiente actividade bancária. Encarregava-se então de guardar os ganhos diários de varinas e outros vendedores ambulantes e de os
devolver ao fim do dia mediante uma gando e atingiu mesmo a imprensa interpequena comissão. Famosa pela sua hon- nacional. Tardiamente, o Banco de Portuestidade, em breve viu a sua clientela gal alarmou-se, prevendo a possibilidade da sua bancarrota. Na RTP o Ministro das aumentar. Muito pouco se sabe da sua biografia. Finanças acautelou o público sobre o Escasseiam dados sobre o seu estilo de perigo que estas transacções representavida, possíveis empregos ou amorios. vam. Parece no entanto ter mantido um “caso” Grande número de depositantes acorreu com um banqueiro que talvez a tivesse então às agências do chamado Banco do industriado em segredos do mundo da Povo para levantar as suas poupanças e o pânico generalizou-se. Foi o princípio da finança. Chegaram entretanto os anos 70 e Dona derrocada deste império financeiro. Branca, como era conhecida, lançou-se a Muitos colaboradores de Dona Branca (os uma mais ambiciosa operação bancária. ratos a escaparem do navio que se afunAceitava depósitos de aforro sobre os dava) retiraram o que puderam dos sacos quais pagava 10% mensais de juros (em onde o dinheiro vivo se acumulava e procontraste com os 30% anuais praticados curaram transferir bens imóveis para seu pelas entidades bancárias) e concedia nome. empréstimos a juros mais elevados, Um destes colaboradores era suspeito do assalto a uma chegando mesmo a ourivesaria, de onde 50% mensais, tudo três quilos de ouro obviamente à haviam sido submargem da lei. traídos. Numa busca Os seus clientes passada à sua vinham de todas as residência foi enconclasses sociais e em trado um cofre conbreve começou a tendo 60 000 contos ser conhecida como em efectivo e a Banqueira do cheques no valor de Povo. Com a co90 000. laboração de familPara corresponder iares e amigos de aos pedidos de leconfiança foi estavantamento de funbelecendo uma exdos, Dona Branca tensa rede de agênpassou centenas de cias por todo o país. cheques, muitos Numa de Lisboa, a deles sem cobertura. de Alvalade, eram A 8 de Outubro de notórias à porta as Dona Branca 1984 a Banqueira do longas filas de clientes. Quando chegava, escoltada por Povo foi detida pela Polícia e enviada guarda-costas, centenas de pessoas tenta- para a Cadeia das Mónicas, em Lisboa. vam acercar-se a ela e tocá-la. Havia criado a imagem de um benfeitora, uma O seu julgamento, junto com 68 outros arguidos, iniciou-se em 1988 no Tribunal fada boa, quase uma “santinha”. Apesar da enorme riqueza acumulada, da Boa-Hora, sob a acusação de emissão levava umaexistência apagada. Morava de cheques sem cobertura, burla agranuma casa modesta mas confortável, não vada, falsificação e abuso de confiança. ia a restaurantes, gostava de uma vida As sessões duraram um ano e quando as doméstica, vendo telenovelas brasileiras. sentenças foram proferidas, 24 dos arguiCom o seu cabelo branco bem cuidado, os dos foram absolvidos mas Dona Branca seus óculos, o rosto sem maquilhagem, foi condenada a dez anos de prisão pelo parecia uma bondosa avozinha de sorriso crime de burla agravada. Depois de cumsempre pronto. Vestia com singeleza mas prida parte da sentença, pobre e cega, foi certa elegância e as poucas jóias que os- acolhida num lar para a terceira idade. Faleceu a 3 de Abril de 1992. Apesar da tentava eram discretas embora de valor. Possuía uma casa de campo e um chalet sua anterior popularidade, apenas cinco de praia mas havia-os posto ao nome de pessoas acompanharam o seu corpo ao primas e sobrinhas que a rodeavam. Cemitério do Alto de São João. Mostrava-se generosa com os seus Os casos de Alves dos Reis e Dona agentes, oferecendo-lhes carros e auxil- Branca fizeram História tanto em Portuiando-os financeiramente em situações gal como no estrangeiro, já que ambos haviam chegado a ameaçar a estrutura difíceis. Revela-se surpreendente que por anos as financeira do País. Apesar da genialidade autoridades policiais e bancárias não hou- que levou ao seu fulgor, ambos resultavessem interferido com estas operações. ram num triste fracasso e em morte na Suspeita-se contudo que alguns dos ex- pobreza e obscuridade. perimentados angariadores ao serviço de
[email protected] Dona Branca utilizaram processos de suborno. Era sem embargo uma situação que não se podia manter. Em Março de 1983 o semanário Tal & Qual chamou a atenção dos seus leitores para a estranheza destas actividades. A notícia foi-se divul-
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Apontamentos da Diáspora
I
nterrupção da gravidez e homicídio legalizado, no léxico vulgar, respectivamente aborto e pena de morte, são dos principais temas da actualidade, disputados a nível social, politico e religioso com convicções fervorosas e por vezes fanatismo e mesmo rancor e ódio. E se em alguns países mais evoluídos e tolerantes, já se conseguiu chegar a certo nível de entendimento cívico, sem necessidade de excomungar ou anatematizar ninguém, noutros ainda se continua a condenar quem pensa de modo diferente, e, por mais estranho que pareça, a ambição politica de governar e controlar aliada às pretensões religiosas do monopólio da verdade são mais parte do problema do que da solução. Por ocasião do longo processo das recentes eleições americanas, em que um afro-americano foi eleito presidente, tivemos a oportunidade de observar as tentativas de influenciar o processo e os resultados por parte de várias facções políticas e de certas denominações religiosas. Primeiro, todos os candidatos e a única mulher candidata tiveram de confessar publicamente as suas convicções religiosas, e, em segundo lugar, declarar inequivocamente as suas posições ideológicas quanto ao aborto, não bastando afirmar que respeitariam a lei vigente do pais. Curioso notar que a
grande ausente deste debate ideológico tenha sido a pena de morte. Nenhuma questão ou discussão foi levantada sobre o assunto. Pessoalmente estou convencido, é o sintoma mais evidente da insensibilidade humana e da degradação moral da nação. Obama foi eleito por larga margem do eleitorado americano, com entusiasmo há muito não visto, todavia, alguns lideres religiosos, “profetas de revelações especiais”, continuam a sua campanha contra o presidente eleito porque este não compartilha das suas convicções morais, sobretudo em relação ao aborto. Têm dúvidas que ele seja cristão e os mais fanáticos temem que seja o próprio AntiCristo, por conseguinte, indigno de dirigir a nação americana, a mais religiosa e abençoada do mundo ocidental. God bless America tornou-se praticamente o refrão de todos os eventos e actos oficiais do país. Por sua parte, os bispos católicos já declararam publicamente através da conferência episcopal que a igreja fará oposição a Barack Obamano no que se refere ao aborto. Entre eles, e dos mais prosélitos, o cardeal bispo de Boston. Portanto, para os bispos católicos a prioridade vai para o aborto, de nenhum outro problema actual falam com tamanho zelo, tanto da injustiça social, da pobreza degradante, da violência urbana, das calamidades da guerra, como da própria pena de morte, embora esta ponha termo
à vida de alguém na plenitude da existência, de maneira desumana e cruel. E se boa parte das pessoas condenadas e executadas, por delinquência pessoal e até crimes execráveis mereça punição e correcção adequadas, porém, nunca com pena capital, degradante e imprópria de qualquer sociedade civilizada. A pena de morte além de ser cruel pode e tem sido indesculpavelmente injusta com a execução de inocentes, incapacitados mentais e até menores. Por seu lado, a questão do aborto é apresentada a preto e branco, com base nas convicções religiosas. A infusão da alma no primeiro momento do encontro do esperma com o óvulo: esperma + óvulo = pessoa humana. Fórmula da filiação divina, que na realidade, como a investigação científica sugere, é bastante mais complexa do que um simples e sincero acto de fé. Para muita gente, informada e honesta, um embrião não é uma criança, como a semente não é a árvore, é o inicio de vida em evolução até chegar ao momento da sobrevivência viável. Esta evolução do feto, quando se pretende perspectivá-la em termos de tempo, dias, semanas ou meses, para que com certeza se possa determinar em que altura da gestação uterina temos uma pessoa parece que ainda lá não chegámos. Um acordo nesta matéria, talvez será muito difícil, já que fé e ciência partem de critérios diferentes. Fé é acreditar em
verdades reveladas através da doutrinação, ciência é provar com métodos experimentais e evidência racional a natureza das coisas. O próprio conceito de pessoa e de sexualidade humanas não é fácil definir-se e aceitar-se, tendo-se em conta apenas padrões religiosos dogmatizados. Assim, tratando-se de aborto e da sua conexão com a sexualidade humana, grandemente influenciados pelas convicções religiosas, não há muito espaço mental para se divergir sem atropelos. Talvez a atitude mais sensata e civilizada seja o respeito mútuo pelas convicções alheias, sejam elas de proveniência religiosa, filosófica, médica ou tão pouco culturais. Numa sociedade pluralista como a nossa, parece ser a única solução racional. Concluindo, quanto ao aborto e à sexualidade, como interrupção e reprodução da vida, o uso de contraceptivos poderia ajudar a resolver o problema, infelizmente neste sector, o maior obstáculo a ultrapassar parece surgir da parte dos professos celibatários da hierarquia católica.
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DESPORTO DESPORTO ACTUALIDADE
15 de Fevereiro de 2001 Tribune
1 de115 Março dede Julho Maio Abril de de 2001 de 2001 2001
Sporting sobe ao pódio-V. Guimarães pagou a factura Leões redimiram-se da derrota com o Barça com uma vitória fácil sobre os minhotos (2-0) e já estão no terceiro lugar. Depois de mais uma semana de competições europeias na qual apenas o FC Porto teve motivos para sorrir, disputaram-se neste fim-de-semana alguns jogos da nona jornada da Liga portuguesa em que os quatro representantes portugueses na Europa jogam todos em casa. Os encontros Benfica-V. Setúbal e FC Porto-Académica realizam-se amanhã segunda-feira (1 de Dezembro)
2008/09 Resultados 10ª Jornada Leixões 1 Naval 1.º Maio 1 Belenenses 0 Marítimo 2 Trofense 2 Rio Ave 0 Sporting 2 Vitória de Guimarães 0 P. Ferreira 1 E. Amadora 0 Sp. Braga 1 Nacional 0 FC Porto-Académica (12/01/08) Benfica-V. Setúbal (12/01/08)
Clubes
J
V
E
D Bm/Bs
P
Leixões Benfica Sporting Marítimo Nacional .Sp. Braga FC Porto Naval E. Amadora V. Setúbal V.Guimarães Académica P. Ferreira Trofense Belenenses Rio Ave
10 9 10 10 10 10 8 10 9 9 10 9 10 10 10 10
7 6 6 5 5 4 4 3 3 3 2 2 2 2 1 1
2 3 1 3 2 4 2 3 2 1 4 3 3 1 4 4
1 0 3 2 3 2 2 4 4 5 4 4 5 7 5 5
23 21 19 18 17 16 14 12 11 10 10 9 9 7 7 7
Próxima Jornada (11ª) Vitória de Setúbal x FC Porto Rio Ave x Naval 1.º Maio Marítimo x Benfica Académica x P. Ferreira Nacional x Belenenses E. Amadora x Sporting Vitória de Guimarães x Leixões Trofense x Sp. Braga
SÉRIE AÇORES
Um golo de Michel Simplício, no último minuto, permitiu à Naval conquistar um empate (1-1) no terreno do líder, Leixões, respondendo ao tento de Zé Manel que, aos 73 minutos, tinha colocado a equipa de Matosinhos em vantagem, em jogo antecipado da 10ª jornada. Com este resultado, a equipa de José Mota mantém o primeiro lugar isolado, mas pode perder esse estatuto para o Benfica, caso os encarnados vençam o V. Setúbal na próxima segunda-feira, visto que o avanço sobre os encarnados é agora de apenas dois pontos. Foi o fim de um ciclo de quatro vitórias consecutivas para o Leixões, que mesmo assim já vai em nove jogos seguidos sem perder, depois da derrota na ronda de abertura, com o Nacional. A Naval, mantém para já o oitavo lugar, com doze pontos, mais um do que o Estrela da Amadora.
Belenenses-Marítimo Vai de vento em popa o Marítimo de Lori Sandri. Vitória no Restelo por 0-2 e oitavo jogo consecutivo sem perder. Os avançados Djalma e Baba fizeram os golos da formação da ilha da Madeira. Com este resultado, o Marítimo assume o quarto lugar da tabela. O Belenenses, por seu lado, continua mergulhado nos últimos lugares. Jaime Pacheco tem muito trabalho pela frente.
Resultados: (10ª Jornada) Angrense - SC Vilanovense (12/01/08) U. Micaelense 0 Vitória do Pico 0 Marítimo PDL 2 Rabo de Peixe 0 Madalena 0 Lusitânia 0 Capelense 2 Boavista S. Mateus 0
Classificação: Clubes
J
V
E
Boavista
10
5
4
D Gm- P Gs 1 11-5 19
Madalena
10
5
3
2 20-10 18
Capelense
10
4
5
1 20-12 17
Angrense
9
4
4
1 15-17 16
Lusitânia
10
3
5
2
9-9 14
Marítimo SC
10
2
4
4
6-10 10
U. Micaelense 10
2
4
4
9-13 10
Vitória Pico
1
5
3 11-14 8
Vilanovense
8
1
3
4
8-18 6
Rabo Peixe
10
1
3
6
8-19 6
Próxima Jornada (11ª) Boavista S. Mateus - Angrense Vilanopvense - U. Micaelense Vitória do Pico - Marítimo P. Delgada Rabo de Peixe - Madalena Lusitânia - Capelense
Rebentou a guerra de palavras entre Fernando Hidalgo, empresário de Lisandro, e os dirigentes do FC Porto por causa das negociações para a renovação de contrato do avançado. O empresário garantiu ontem que o jogador não voltará a sentar-se à mesa com os dirigentes do clube. "Não há mais hipóteses de Lisandro e o FC Porto se entenderem quanto a uma renovação de contrato", frisou. A indignação do empresário prende-se com a desmarcação de uma reunião alegadamente agendada para discutir a renovação de Lisandro, contrariando as suas próprias declarações da véspera, quando garantiu que Lisandro não seria assunto do encontro com os portistas. A versão dos dirigentes azuis e brancos vai no mesmo sentido e refere que a reunião terá sido pedida pelo empresário a Antero Henrique, director geral do FC Porto, para tratar de "oportunidades de
deirenses entregam o quarto posto ao rival Marítimo
Trofense-Rio Ave Trofense chegou à segunda vitória na Liga, a primeira em casa, após bater o Rio Ave por 2-0. Pinheiro abriu o marcador aos 62’ e já perto do final cobrou um canto que permitiu a Valdomiro sentenciar o resultado. Os pupilos de Tulipa chegam aos 7 pontos e “apanham” Rio Ave e Belenenses na classificação
P. de Ferreira-E.Amadora
safios. Sem os castigados Marco Caneira e Derlei nem os lesionados Abel, Tonel, Pedro Silva e Fábio Rochemback ,a formação de Paulo Bento, recebeu o Guimarães, que não tem atingido esta época o nível evidenciado na passada e, regressou aos triunfos (2-0) no Estádio José Alvalade, situação que não acontecia há mais de dois meses, desde 20 de Setembro, altura em que bateu o Belenenses, por 2-0 e subiu ao terceiro lugar da classificaço. Hélder Postiga inaugurou o marcador muito cedo (8') e Liedson (21') sentenciou o jogo, igualando Travaços na lista de goleadores leoninos
Sp. Braga-Nacional O Sp.Braga venceu o Nacional da Madeira por 1-0, em jogo da 10.ª ronda da Liga Sagres, com o único golo da partida a ser apontado por Matheus, aos 28'. A equipa de Jorge Jesus sobe ao sexto lugar, com 16 pontos, enquanto os ma-
Lisandro gera guerra entre o empresário e os "dragões"
III Divisão
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Após a derrota por 5-2 imposta pelo FC Barcelona na UEFA Champions League no reduto "leonino", o Sporting , voltou a poder contar com Marat Izmailov, debelados que estão os problemas físicos do médio russo, enfrentou a formação da cidade-berço, sem vencer há cinco de-
Leixões-Naval
Classificação:
16-10 16-8 11-6 13-5 13-10 11-5 11-6 11-11 5-10 5-8 7-11 4-8 11-16 8-15 6-14 6-11
Sporting-V. Guimarães
mercado", deixando expressamente de fora a renovação de Lisandro. Fernando Hidalgo, contudo, insiste: "Viajei da Argentina para o Porto, porque tínhamos uma reunião agendada com Antero Henrique, a seguir ao jogo da Champions, para falarmos da renovação e ligaram-me à meia-noite a cancelar tudo". Segundo Antero Henrique, a desmarcação da reunião prende-se muito simplesmente com o facto de "a equipa estar estabilizada e não haver qualquer intenção de proceder a contratações, pelo que estaria fora de causa discutir oportunidades de mercado", reforçando mais uma vez a ideia de que "a situação de Lisandro não estava na agenda do encontro e se Fernando Hidalgo diz o contrário, é porque está a mentir". De resto, apenas o carácter excepcional das acusações de Fernando Hidalgo levaram o FC Porto a abordar o assunto, dado que, como é sabido, não faz parte da cultura do clube abordar tais situações na praça pública. Depois de ter garantido a totalidade do passe do jogador na última época, o FC Porto terá feito uma proposta de aumento ao jogador, situação a que Lisandro respondeu com uma contraproposta que os portistas acharam pouco razoável. É verdade que os dirigentes do FC Porto já nos tinham dito qual era a sua política e nós respondemos que íamos limitar-nos a cumprir o contrato", referiu Hidalgo. O FC Porto espera isso mesmo. Fonte: O jogo
O Paços de Ferreira recebeu e venceu o Estrela da Amadora com um golo de William (80’). Os locais criaram sempre mais oportunidades durante todo o jogo, enquanto a formação da Reboleira só mostrou vontade de colocar o esférico no fundo da baliza de Cássio depois de sofrer o golo, acabando por ter uma reacção tardia
Oportunidade para o Benfica Depois de ter folgado na jornada anterior (o encontro ante o Estrela foi adiado para 17 de Dezembro), o FC Porto defronta na segunda-feira a Académica, moralizado pela passagem aos oitavos-de-final da UEFA Champions League, enquanto o Benfica-Setúbal encerra a ronda logo a seguir, num desafio em que os "encarnados" vão procurar reencontrar o caminho das vitórias após a goleada de 5-1 sofrida ante o Olympiacos CF na Taça UEFA. Motivação extra é o facto de a formação de Quique Flores poder ultrapassar o Leixões na liderança, depois do empate caseiro dos matosinhenses (1-1) frente à Naval, na sexta-feira à noite. A equipa de José Mota soma 23 pontos, mais dois do que o Benfica. In mais futebol
Real Madrid abre a porta a Di María O nome de Di María voltou a merecer amplo destaque na imprensa espanhola. O responsável foi Ramón Calderón, presidente do Real Madrid, e o motivo entrevistas à Antena 3 e à Rádio Marca, durante as quais desvendou algumas pistas sobre as próximas contratações do clube. Embora não tenha referido nomes, as qualidades enumeradas pelo responsável máximo do emblema merengue foram suficientes para os órgãos de comunicação social reafirmarem o interesse em Di María. No actual cenário, Di María é visto pela imprensa espanhola como uma alternativa bastante válida para substituir o extremo holandês Robben, que continua a ter muitos problemas de ordem física. O extremo holandês chegou ao Real Madrid, depois de ter sido treinado por José Mourinho no Chelsea e nunca se impôs. Recorde-se que o Benfica cedeu recentemente 10 por cento do passe de Di María por um milhão de euros à Getifute, empresa do conhecido empresário FIFA, Jorge Mendes. Na mesma altura, os encarnados adquiriram os restantes 50 por cento do passe de Sidnei (uma das grandes apostas de Rui Costa) por dois milhões de euros. fonte : O jogo
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Quarto Tércio
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oje vou tirar a minha boina a todos aqueles que por detrás das cortinas, trabalham duramente, para que a nossa tauromaquia seja possível. E são tantos.
Estes meses de descanso taurino deve servir para que as ganadarias e as organizações possam pensar naquilo que correu bem e naquilo que não correu tão bem nesta temporada que finalizou, para que em 2009 possamos ter uma tauromaquia ainda melhor. Seria também importante que se fizesse um curso para Directores de Corridas. Já são poucos e muitos deles trabalham de noite, o que não ajuda nada.
ano 2009. Temos muita gente por onde escolher e não aceitaremos que pensem Tiro a minha boina ao nosso bandarilheiro Mário que somos todos uns Teixeira, por ter ferrado recentemente bezerras/ “coitadinhos” aficionados. bezerros, uma das actividades mais importantes de Somos iguais ou melhores uma ganadaria. Será que temos ganadero dentro em do que os melhores e breve? merecemos o mesmo respeito que em qualquer Tiro a minha boina a todos aqueles que durante a parte do mundo, mesmo temporada tiveram palavras gentis para esta página e sabendo que temos praças para o seu autor. de toiros em freguesias Esta página estará sempre aberta a todos aqueles que com pouca gente. fazem da Festa Brava um hobby de paixão, de gosto e Às organizações, aos emde respeito por todos os seus intervenientes. presários, pedimos que sejam fortes na defesa da nossa festa, que não se deixem enganar com as vozes das sereias agoirentas que às vezes os uando acaba a temporada taurina rodeiam. há uma certa descompressão em todos os aficionados. Muitos dizem: “Já não era sem tempo. Já estava cansado de Antigamente os artistas desculpavam-se, porque andar de um lado para o outro, semana diziam que não tínsim, semana não”. hamos boas praças, que Este ano, por razões económicas e não não tínhamos bons só, realizaram-se menos espectáculos do cavalos. Hoje essas desque nos anos anteriores, mas mesmo asculpas já não existem. sim ainda houve muitas corridas de toiros Temos algumas boas e algumas touradas à corda. praças, temos muitos O que nós precisamos agora é de pensar bons cavalos e até temos como é que para o ano podemos fazer bons toiros. melhor. Só exigimos profissionContratar bom e a preços justos e não nos alismo, honestidade, arte deixarmos enganar, será o lema para o
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e técnica para estarem em frente ao toiro e mostrarem quão bonita é a nossa Festa dos Toiros. A economia está mal e queremos crer que em 2009 as coisas irão demorar a consertar. O novo Presidente vai ter muito trabalho para convencer os mercados que este nosso grande país, é mesmo grande até na desgraça, mas este país sabe levantar-se das cinzas e refazer para melhor, tudo o que de mal aconteceu nestes dois últimos anos.
ções que dão corridas de toiros durante tantos anos. Se não houver tantas, paciência. Não devemos andar a contra-ciclo, esquecendo as dificuldades das nossas organizações e de todos aqueles que as suportam. Que tudo corra pelo melhor e aqui vos deixo com uma bela fotografia de um dos momentos mais bonitos da temporada de 2008.
É possível que a nossa tauromaquia seja mais uma vez afectada por esta crise e se for, é compreensível. Nada de precipitações. Senso comum e compreensão das dificuldades daqueles que têm sido os responsáveis pelas dádivas às organiza-
Matador mexicano Israel Tellez, no quinto toiro da Açoriana, na Festa de Turlock
Prefira produtos dos nossos patrocinadores Sponsor our advertisers 122 páginas sobre Toiros, Cavalos, Corridas e Touradas à Corda Resumo da Temporada de 2007 da Terceira, Graciosa, São Jorge e California. 395 fotografias de toiros 195 fotografias antigas na velhinha Praça de São João Contactar: Tribuna Portuguesa
209-576-1951 Vende-se no Rosa Trade Rite Market, Padaria Popular, San José, Fernandes Linguiça, Tracy
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Direcção de Diniz Borges Apenas Duas Palavras
Sentado aqui. Nem pedra, nem mar. Sem pudor, a imaginar-me, a desejar-me, um nemesiano seguidor. Os olhos, que não as palavras, à sombra do poeta viajando. Sem poesia, mas concha que vai endurecendo, rolada na areia das andanças. Ou casulo? Bicho inquieto, em casa que é mais do que morada. São portas de sonhos que se abrem ao mais subtil toque de um sotaque amigo. São janelas de memórias que se iluminam a qualquer sinal da outra margem. E há cortinas que estremecem se a notícia tem um tom arroxeado. Descalço, de mãos distraídas nas folhas deste outono da vida e do tempo, caminho em sentidos, talvez opostos, na berma das minhas próprias palavras. Casa que não deixo. Concha que segrego.
salmo de josé Deus das ervas, deus das águas, Senhor meu, do meu destino. Aos ventos levai-me e ao céu, Morta folha ao entardecer. Sede o meu pastor sereno. Das más ovelhas guardai Este teu pobre cordeiro de lã preta mal vestido, Marcado a fogo e ferrete Como se fora maldita Oferta sem qualquer préstimo. Deus dos raios e mais coriscos. Senhor meu, da minha angústia. Livrai-me do fogo, desejo Que atormenta, que consome A larva, a concha que eu sou , Rei de tudo o que é inútil. Dizei uma só palavra Que me caiba na memória. Lembrar-me-ei, feito servo, Que a tua vontade é ordem, Que a tua sombra é o sol Que alumia noite e dia Todo o princípio e o fim Do trilho que só a mim Me coube em sorte na vida. Ouve o amén prolongado No fim da minha oração. Dai-me a benção e a razão Que me mandam estar calado Diante de vós, Silêncio, Senhor e Surpresa. (Amén)
Instante Tinha marcado as horas para ter saudades matar ilusões correr albuns saborear o pão molhado em leite ainda morno trincar o milho torrado esperar o caldo verde na sombra do bico-doce da figureira grande e afinar o violão ao som da lua Acertei o tempo para te sentir a alma Embebedar-me de ti Nos teus olhos namorar a memória do nosso encontro.
O salto que eu conto em verso E era tão de noite que ninguém me viu. A voz escura me disse atira o sacho à terra porque vais partir Lava os pés Vai à cidade Compra sapatos novos, um fato É chegada a hora. Eu disse não sei andar Só leio os sulcos Escrevo os regos de milho em tinta de estrume de mula Soletro somente o barro A voz me disse outra vez Anda, mata o cão Vende as galinhas Oferece a coelha ao Menino Porque é o princípio do teu natal Confessa-te de véspera Faz a promessa e reza Sobe de joelhos o adro Promete! Adora! E prometi dentro de mim Num mar branco de temor Que havia de esconder o medo No escapulário da sorte Ao que a voz comovida disse Beija a carta de chamada E vai-te sem mais saudades
Sobre o Livro de Contos Mar e Tudo Excerto dum texto escrito por Onésimo Almeida Mar e Tudo é um poema em estórias. Estórias de mar amargo. Mas também de amar. Veja-se por exemplo a bela página de ficção autobiográfica, em cumprimento quase da profecia do ti António Cordeiro (p.98) entretecida na igualmente bela história que com chave de ouro fecha este volume. Livro de contos português, a sua prosa carrega consigo aquela marca de certa melancolia saudosa da infância e adolescência, marca tão portuguesa, mais ainda açoriana e sobretudo micaelense, afinando pelo tom menor que caracteriza o seu folclore. A promessa dos dois amigos de irem cada ano, no primeiro dia de férias na ilha, até ao cimo da rocha, "permanece viva, viúva e triste". O dr. Rodrigues "em silêncio percorre o mar com o olhar magoado. Depois desce vagarosamente até ao porto." (p. 70) Numa terra de mar onde "o silêncio é dono de tudo" (p. 64), onde há "sombras prenhes de silêncio" (p. 77), onde às vezes "o sono morre na noite" (p.77) e onde há personagens como o Ti Chico Custódio, que repetem "canto-chão em pauta de miséria" (p.58), como fazer eufórico o registo? Contudo, ele é sempre criativo e profundamente humano: "A memória me basta de recordações infantis. Visões maduras como os figos de bico-doce de uma figueira nova que o diabo levou com a quebrada. Meu país era uma terra plantada em pátria nenhuma, com água no mar e maré cheia nos olhos. A memória me basta de sonhos tristes e ternos do meu avô
Nem cantes moda salgada que faça a lua acordar E eu obediente fiz O que a voz me ensinara: Botei o meu lenço à água No pé-ante-pé das sombras Parti eu. Daqui me fui. E era tão de noite que ninguém me viu.
homenagem Em tuas mãos da cor do tempo nascem Bordados de infinita paciência. Em teu olhar, que é sonho em noite escura, Moram crateras de silêncio amargo. Estendem-se os teus braços, e abençoam A lua, todo o sol e as densas nuvens. E o colo que me dás, onde repouso, Ainda tem sabor a tempestade. As dores que sentiste e mais sofreste No tempo das chegadas e partidas Fizeram do teu corpo um val’ de lágrimas.
Feliça morrendo-se de falta de ar adocicado por um eterno perfume de tabaco de rolo... A janela de cima da rocha foi-lhe púlpito para madrugadas de bons-dias a Ti António Bernardo e mestre João Botelho". (p. 68) "Glorinha, mel das ilhas" é decididamente a grande excepção. Mas mesmo assim, é de uma doçura melancólica (pp. 23-24, por exemplo) na sua profunda humanidade. Aliás, a humanidade e o mar de Mar e Tudo culminam na história do ti Cordeiro "Enquanto a ilha for...", a última do volume. (Atente-se especialmente no exímio retrato do protagonista, p. 90). Uma das marcas de autenticidade do livro está na oralidade, na capacidade de captar o discurso dos seus personagens. Escute-se a do ti Cordeiro, a contar ao narrador como lhe ensinou a nadar, era ele ainda criança. Essa narrativa é bem um paradigma da mestria do escritor no domínio da palavra e da fidelidade do ouvido à voz dos seus personagens (p. 96/7). Os dois amigos de um dos contos "regressavam, cada ano mais convencidos de que a ilha se comove quando a trazemos ao peito" (p.63). Estas páginas de Mar e Tudo trazem a ilha ao peito. A voz das suas histórias continua a cantar as sapateias e saudades, liras e olhos pretos, velhos pezinhos e tiranas das gentes que de ilha ao peito vieram para a América à procura do fim do mar onde supostamente havia tudo e onde afinal encontraram de tudo. E é desse tudo que nos contam e cantam estas histórias. A sua leitura tem o efeito da música. Torna mais doces e humanos os dias. São o outro tom da sapateia.
Esta edição traz uma prenda muito especial, não estivéssemos em época do Natal. Temos o privilégio de publicar alguns poemas inéditos do poeta José Francisco Costa. Conheço o José Francisco desde os tempos em que ele fazia rádio na Costa Leste e eu aqui no centro da Califórnia. Contactávamo-nos regularmente por motivo do dos noticiários (estamos a falar numa outra época da nossa rádio—a época pré-computadores e quse pré-satélites) que a estação onde ele trabalhava recebia dos Açores e nos eram passados via telefónica. É verdade, era assim. Mais tarde conheci o escritor, o professor e o poeta. Foi por sugestão do nosso amigo Onésimo Teotónio Almeida que o José Francisco participou no simpósio Filamentos da Herança Atlântica. Numa edição em que celebrámos o 25 de Abril, o José Francisco não só apresentou uma comunicação brilhante, como (não fosse ele um excelente professor) conseguiu que mais de 250 alunos das escolas secundárias de Tulare compreendessem o 25 de Abril através dos símbolos da magica revolução dos cravos. Mas, hoje falemos da poesia de José Francisco Costa. É um poeta requintado. Tudo o que escreve é trabalhado e retrabalhado. Gosta-se de ler e reler a poesia do José Francisco Costa. É que através da sua poesia, José Francisco Costa sabe da carne fazer verbo, para, como escreveu Onésimo Teotónio Almeida no prefácio do livro de poesia E da Carne se fez Verbo “partilhar no poema a sua maneira pessoal de urdir d if er en t e me n t e o co mu m d a experiência humana, mais o sentir transplantado, de ilha às costas a montar a tenda no hemisfério de outra língua e outro norte.” José Francisco Costa é professor de português no Bristol Community College em Fall River, MA., onde criou e dirige o LUSOCentro. Tem sido uma presença importante na disseminação da nossa cultura nas comunidades da Nova Inglaterra, onde fez rádio, teatro e colaborou em inúmeras iniciativas de índole cultural. Publicou dois livros de contos: Crónica do 25 e Mar e Tudo. Tem escrito vários poemas para musicas do grupo Belaurora das Capelas, ilha de S. Miguel, sendo a letra e música “o velho pezinho” uma das mais cantadas nas nossas comunidades e nos Açores. Traduziu e publicou com a chancela da LUSOCentro e da Direcção Regional das Comunidades Saudades de Francês Dabney. Com uma bela voz, José Francisco Costa é ainda um dos melhores recitadores de poesia que jamais ouvi. Graças à sua generosidade, temos o privilégio de publicar nesta página de artes e letras alguns inéditos. Obrigado José Francisco pela partilha destes magníficos poemas. Obrigado por toda a tua escrita, por todo o teu trabalho como um verdadeiro activista cultural junto das nossas comunidades luso-americanas em terras norteamericanas. Abraços diniz
ENGLISH SECTION
15 de Maio de 2001
December 1st, 2008
Ideiafix
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December 1st marks a national holiday in Portugal. Dia da Restauração – The Day of the Restoration. It all began in 1578 when a youthful 24-year-old King D. Sebastião took his troops to try to win over North African territories. His uncle, King D. Filipe II of Spain refused to participate in such a mad venture and delayed the marriage of one of his daughters to the Portuguese king until after this military campaign. The Portuguese army suffered a humiliating defeat against Sultan Ahmed Mohammed of Fez and D. Sebastião disappeared (most probably killed in battle) in Alcácer-Quibir. His great-uncle, Cardinal D. Henrique, who had served as Regent during the king’s early years assumed the throne, but unsuccessfully tried to renounce his clerical vows and find a bride (at age 66) to continue the Avis-Beja dynasty. After 17 months, the king died in 1580 and the government of the Portuguese kingdom was left to five governors. Princess D. Catarina, Duchess of Bragança, was the most direct descendent to King D. Manuel I, but D. António, Prior of Crato, claimed the throne in 1580. King D. Filipe II of Spain who was also a grandson of Portuguese King D. Manuel I used gold from the Americas, through Cristovão de Moura e Távora, the “highnoon demon,” to persuade the high-ranking Portuguese officials and then won the battle of Alcântara against the forces of D. António whose reign lasted about 20 days in mainland Portugal, but another three years in the Azores where he had gathered support and established a government on Terceira Island. In 1581, King D. Filipe I of Portugal (II of Spain), aware of the legend of D. Sebastião who would appear in the fog to save the nation, had his supposed remains transferred to a dignified marble tomb at the Monastery of Jerónimos in Lisbon next to his greatuncle Cardinal-King D. Henrique. During the reign of King Filipe II of Portugal (III of Spain), the Portuguese overseas possessions were being coveted by the English and the Dutch and Cristovão de Moura e Távora was promoted to Marquis of Castelo Rodrigo and Vice-Roy of Portugal. Knowing of the major disappointment by the Portuguese, the king visited Lisbon during several months and died shortly after returning to Spain. He was succeeded by his son, King D. Filipe III of Portugal (IV of Spain), who had accompanied him on his Lisbon trip and was acclaimed Prince of Portugal in 1619. Gaspar de Guzmán became Count-Duke of Olivares, the king’s minister and the empire’s administrator. Several disrespectful acts that undermined the Portuguese autonomy took place, as previously promised by the king’s grandfather, D. Filipe I of Portugal (II of Spain) at the Courts of Tomar in 1581. The economic and political policies were disastrous leading Portugal to ruin and Portuguese overseas territories to fall into the hands of others nations – Ormuz to the Persians and Bahia and Pernambuco to the Dutch while Macau and Mina were protected against Dutch forces. Olivares’ orders were followed by Diogo Soares, Secretary of the Council of Portugal in Madrid, and his relative Miguel de Vasconcelos, Scribe and later Secretary of State of Portugal under the Duchess of Mantua who had been nominated Vice-Queen of Portugal in 1631. Dissatisfied with these policies, a group of aristocrats and middle class citizens (Miguel de Almeida, Francisco de Melo, Jorge de Melo, Pedro de Mendonça Furtado, António de Saldanha and João Pinto Ribeiro) met at the house of Antão de Almada to plot the restoration of Portugal’s independence. The Duke of Bragança was summoned from Vila Viçosa to assume the Crown and Scepter of Portugal. On December 1st, 1640, the revolt took place in Lisbon proclaiming the Duke as King D. João IV of Portugal and initiating the Dynasty of Bragança. The people took to the streets and only when the body of Miguel de Vasconcelos, the hated Portuguese Secretary of State who was seen as working for the enemy, was thrown out the window at Terreiro do Paço was the revolution perceived as successful. The peace treaty with Spain was finally signed in 1668, after 28 years of war that guaranteed Portugal’s independence.
The ‘Ilha Azul’ (‘Blue island’), as Faial is often called because of its countless hydrangea hedges encountered everywhere on the island, is without doubt one of the most charming islands of the Azores. With a shape that resembles an irregular pentagon, Faial covers a surface of approx. 173 sq. km (21 km long and 14 km wide at its most extreme points), which makes it the archipelago’s fifth largest island. The distances to its neighbors are around 7 km to Pico, 19 km to São Jorge, 85 km to Graciosa and 124 km to Terceira. Topographically dominated by the Caldeira, a huge crater with a diameter of about 2 km and a depth of 400 m, featuring gentle slopes intercepted by secondary volcanic formations and the island’s highest peak, reached at Cabeço Gordo, a since 1672 dormant volcano with an altitude of 1,043 m. However, Faial’s biggest attraction is surely its capital, the delightful town of Horta with its famous yacht harbor and a rich architectonic patrimony – probably the archipelago’s liveliest town with a very distinct cosmopolitan flair. With regard to Faial’s history it can be said that to a certain extent it mirrors the history of the whole archipelago and shows clearly that all historic developments were initiated from the outside. The discovery of the island is closely linked with that of São Jorge in 1450 and settling kicked off on a large scale in 1466 when the Flemish nobleman Josse van Hurtere – after whom the town of Horta was named – arrived on the island together with around thousand fellowmen in search of silver and tin deposits. When the search for these precious metals proved unsuccessful, the settlers started cultivating the fertile land instead, concentrating on wheat as well as pastel and archil. Especially the flourishing export of the dye plants to Flanders and England brought some wealth to the island, which – as well as the fact that Spanish ships laden with riches also used Horta as port of call on their return trip from the colonies – attracted many corsairs and Faial was pillaged severely several times during the 16th and the 17th centuries. Other setbacks in those times were a monstrous eruption of the Cabeço do Fogo in 1672 and a series of devastating earthquakes. Yet, the inhabitants recovered from these blows always quite rapidly, not least because
of their continuous exploitation of the neighboring Pico Island, whose administration was always conducted by Faial. In the middle of the 18th century, the first American whalers introduced their business to the island and whaling became an important source of income for the islanders. Another mainstay of the island’s economy was the cultivation and exportation of oranges until 1860 when a mycosis destroyed the orange plantations. When the first telegraphic cable was laid from Lisbon to Horta and then, in 1900, the connection with Nova Scotia in Canada was made, Faial – or better Horta – developed into the centre of telegraphic communication between the Old and the New World and many international communication companies settled in Horta, making Faial the most progressive island of the Azores. Another milestone in Faial’s history was the landing of the first hydroplane in the port of Horta in 1919 and until the 2nd World War all transatlantic flights per hydroplane used Horta’s harbor for a stopover. Faial also became an important military base for the Allies during World War II. Then, under Salazar’s regime, Faial sank into oblivion like all the other islands of the archipelago. Only when Faial got its airport in 1971 and the Azores Islands were declared ‘autonomous region’ – where Horta was granted the seat of the parliament in 1976, as it became one of the three regional administration centers, Faial’s political and economic importance grew again. Yet, this period of prosperity only lasted until the island experienced another major setback with the terrible earthquake in 1998, which left the island with considerable damages, especially in the northwest, where several villages were almost entirely destroyed. Today’s 15,000 inhabitants primarily make their living out of agriculture, cattle raising, dairy production, fishing and commerce and of course with tourism, which is constantly growing, mainly thanks to its delightful capital with its famous marina where transatlantic sailors from all corners of the world meet and leave this island with a such a unique international flair. You don’t have to be a nomad of the sea to find Faial a fascinating island to visit!
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Portuguese Tribune Pela Primeira Vez Nesta Praça Jim Verner
Leonel Moura is a European artist born in Lisbon, Portugal, that works with Artificial Intelligence (AI) and robotics. He created in 2003 his first swarm of 'Painting Robots', able to produce original artworks based on emergent behavior. Since then he has produced several artbots, each time more autonomous and sophisticated. RAP (Robotic Action Painter), 2006, created for a permanent exhibition at the American Museum of Natural History in New York, is able to generate highly creative and original art works, to decide when the work is ready and to sign it, which it does with a distinctive signature. ISU (The Poet Robot), 2006, generates random poems, very much in the style of the Lettrist Movement and of Concrete Poetry. In 2007 the Robotarium, the first zoo dedicated to robots and artificial life, opened in Alverca. Based on the BEAM robotics (Biology, Electronics, Aesthetics, Mechanics) the exhibition depicts a series of over 100 small autonomous robots with different morphologies and characteristics. A large installation shows 50 cricket-like small robots imprisoned in droplet glass shapes creating a kind of jun-
gle sound environment. Other robots look like small trees or move around like insects. BEAM robotics is presented as a new kind of (artificial) life. For more info on Leonel Moura: http://www.amnh.org/exhibitions/permanent/humanorigin s/human/art2.php http://www.leonelmoura.com/insect.html
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Joe Pacheco had been living in California for 35 years before he decided to raise fighting bulls. While he always enjoyed corridas in his native Terceira, he had no experience with toiros bravos. What he knew was the dairy business. But, for whatever the reason, in 2001 Joe decided to start a ganadaria brava, São Sebastião, with the divisa colors red and white. His situation required that he start on a small scale at his dairy farm in Kingsburg. He began with just two cows, one from Manuel Correia and one from António Cabral. His seed bull came from John Mendonça, the renown Number 44 that had given an excellent fight in a corrida. Two cows and a bull – you can’t start much smaller than that! But, the bloodline was excellent. Both the Correia and Cabral herds had Saltillo/Santa Coloma bloodlines and these ganaderos selected to keep it pure. The seed bull had been imported from Mexico from the ranch of Fermin Rivera, who also raised the Saltillo/Santa Coloma bloodline. Joe knew he need a few more animals, and he was lucky when, later that year, António Cabral decided to re-
duce the size of his herd. So Joe jumped at the chance to buy 15 more cows. Now, with 17 cows and one bull, it was still a small herd, but Joe knew that with proper care and careful selection he could increase the numbers and maintain the best qualities of the bloodline. While he did add another seed bull, also from the ranch of Fermin Rivera, Joe did not try to buy more cows. The growth of São Sebastião has been based on the selection of heifers born to the existing animals.
Today, at his farm near Fresno, Joe has 56 mother cows. As we walked through the corrals, I was impressed by his results in just seven short years. One sign of a good ganadaria brava lies in physical uniformity, and the São Sebastião cows, calves, and bulls all share the classical Saltillo/Santa Coloma characteristics. Colors are varied, with a predominance of grey tones ranging from light to dark, and the balanced body conformation that is the benchmark of the bloodline. Of course, looks are only part of fighting cattle – without bravery, the finest looking animals are worthless for the corrida. But I had just witnessed some of Joe’s bulls and heifers in the recent events at Riverdale, so I knew they were brave. I even had the chance to do a few passes with a couple of the heifers and experienced their noble, smooth charges. As we watched the animals feed, we talked about the California bloodless bullfights and what the future might hold in store. Joe explained that he felt there is an urgent need for greater cooperation among the California bull breeders. Rather than working together to increase the number and quality of corridas, he said that too many of the ganaderos seek to do their own thing. Joe said that by joining forces and working with the many Portuguese communities in the State, there could be a united front to maintain these traditional festas in spite of the opposition of outsiders who do not understand or appreciate the deep roots of the culture. I could see that Joe Pacheco, is more than just a good ganadero – he has a vision about the future of bloodless bullfights.