Debate Add Entre Octávio Gonçalves E Elenáro

  • Uploaded by: ramiromarques
  • 0
  • 0
  • June 2020
  • PDF

This document was uploaded by user and they confirmed that they have the permission to share it. If you are author or own the copyright of this book, please report to us by using this DMCA report form. Report DMCA


Overview

Download & View Debate Add Entre Octávio Gonçalves E Elenáro as PDF for free.

More details

  • Words: 1,328
  • Pages: 3
Debate em torno do modelo de avaliação de desempenho suscitado no ProfAvaliação do dia 24/10/09 As posições do Octávio Gonçalves e do Elenáro Agora vamos ao Elenáro para termos a noção clara de quem envereda por falácias e atropela raciocínios: Como não o explicita, presumo que o colega parte do pressuposto que a avaliação de professores é um acto tão banal (atente que está em causa a progressão, a carreira e a reputação pública de um profissional, que não são propriamente coisas de somenos) que qualquer o pode desempenhar, sem que seja necessário determinar, aferir e avaliar as competências requeridas para o fazer (diga-me, seriamente, quando e como foi isto feito e se concorda com a avaliação que foi efectuada). Se não pensa assim, então, diga-me quais são as competências e os conhecimentos que um avaliador de professores deve possuir. Embora a Cristina já tenha dado alguns exemplos, eu poderia dar-lhe conta (em privado) de inúmeros casos concretos de avaliadores que estão a sugerir, e alguns mesmo a impor, aos colegas avaliados as suas metodologias, as suas concepções e as suas práticas, a maioria das quais estão desactualizadas, são menos eficazes e proficientes (as escolas e os alunos sabem-no) e, em alguns casos, são até incompetentes em muitos domínios. Podia não ser assim, mas a realidade em muitas escolas é esta e não adianta negá-lo. Mas, não tem que ser assim se os avaliadores forem obtidos, a título de exemplo, por concurso público perante representantes do Conselho Pedagógico, do Conselho Geral e da Direcção Executiva, tendo em conta a avaliação do seu currículo, das suas formações, da sua experiência pedagógica e didáctica, bem como do reconhecimento e autoridade que gozam junto dos pares. Olhe que isto é exequível e não levanta problemas ou celeumas nas escolas, como coloca a lotaria actual. Ao alimentar a ideia peregrina e basista de que está tudo no mesmo patamar, que todos podem avaliar e que a avaliação pelos melhores (cuja experiência e autoridade seja também reconhecida pelo Conselho Pedagógico e pela escola) é impraticável, então aquilo que o colega defende é uma avaliação de faz de conta e é por isso que está tão cómodo com este modelo. A sua argumentação é que é falaciosa, pois assenta num indisfarçável logro conceptual e numa fulanização injustificada, porque a minha pessoa não está aqui em discussão, pelo que comete uma espécie de referência ad hominem abortada. O seu logro conceptual está na redução (que não passa de uma compreensão amputada e deslocada) das realidades substantivadas nos termos “formação”, “trabalho” e “práticas” ao conceito de “melhores notas”. Esta sua argumentação não tem pés nem cabeça, pois eu não me refiro a notas, mas a múltiplas competências e conhecimentos, adquiridos através de formações superiores e especializadas, experiências pedagógicas (algumas de supervisão pedagógica e orientações de estágios, por exemplo), experiências e desempenhos docentes, qualidade e diversidade do trabalho desenvolvido e reconhecido, práticas reconhecidamente ajustadas e consistentes (conceda-me que esta panóplia de ferramentas e de saberes, os alunos com melhores notas ainda não possuem). Mas, mesmo no quadro do seu argumento falacioso de recurso à comparação com os alunos, quem é que acha que, ente os alunos, está em melhor posição para hetero-avaliar os desempenhos dos colegas, os melhores ou os piores alunos? Como vê, está completamente equivocado a propósito dos meus argumentos. Sobre a fulanização, o colega tem informações sobre a minha pretensão em ser avaliador? O colega não conhece a minha simplicidade e, sobretudo, a minha humildade intelectual, por temperamento e por formação. É que é exactamente por não me achar

capaz de avaliar, com competência, rigor e seriedade os meus colegas, que me permito o cepticismo de me comparar a outros que estão exactamente na mesma plataforma de não competência em que eu estou. Mas, na minha escola, também sei reconhecer os colegas que têm essas competências. O ministério da Educação é que não sabe! Já em relação à questão da “opinião pública”, deixe-me que lhe diga, com todo o respeito, que a circunstância de ter visto um atropelo de raciocínio na minha explanação apenas denota que não a compreendeu. Eu não afirmei que a opinião pública não é importante (também não me subestime a esse ponto), o que eu disse e reafirmo é que não é líquido que a maioria daquilo a que chama opinião pública (não opinião publicada, embora mesmo aqui as coisas tenham mudado nos últimos tempos, exactamente por força da nossa persistência e coerência – está a ver a ironia destas coisas!) esteja contra os professores e ache que os “malandros” não querem é ser avaliados. Acontece que, como mostrei no post anterior, a realidade mostra que as pessoas têm sido mais sensíveis aos argumentos e à postura dos professores do que à obstinação da ministra. Não acha? Pelos vistos, a sua convicção era exactamente a que tinha Maria de Lurdes Rodrigues, mas que, como se constatou, era ilusória. É a mesma ligeireza e dolo com que trata os meus argumentos que lhe serve também para pôr em causa a robustez (ou não, pois o colega não conhece o meu trabalho para afirmar que sim ou que não) da minha formação em psicologia e em psicologia cultural (porventura até desconhecendo a matriz epistemológica e paradigmática desta área, dada a inexistência de trabalhos e de formação neste domínio, em Portugal). A este propósito, apenas lhe sugiro que em vez de juízos de valor epidérmicos (embora esteja no seu direito tê-los e expressá-los) apresente as suas credenciais nestes domínios. Julgar é fácil, fundamentar é que é lixado. Um dia destes com mais tempo, também prometo que lhe explicito as minhas ideias sobre uma avaliação exequível, exigente, séria, competente e consensual nas escolas. Octávio Gonçalves Nota do editor do ProfAvaliação: O comentário do Elenáro que suscitou este texto do Octávio foi este: "acha que é uma avaliação consistente e séria aquela que permite que um avaliado possa ver o seu trabalho e as suas boas práticas postos em causa por um avaliador com menos formação, pior trabalho e piores práticas?" - Octávio Gonçalves Falacioso é este argumento. Então um aluno que tire melhores notas que o professor tirou durante o seu tempo de estudante também não pode ser avaliado por um professor assim. Peço desculpa, mas este tipo de argumento é estendível a muitas outras coisas e, como tal, falacioso. Aliás, assim sendo, quem propõe para avaliar o/os melhor/es professor/es, Octávio? Se não há ninguém melhor, quem o avaliará? Deus? Quanto ao ponto 2) que referiu, o Octávio, mais uma vez, tropeça no seu raciocínio. Esqueceu-se dum importante facto: a opinião pública interfere em tudo e é ela o factor de expressão e mobilização das massas. A opinião pública, num mundo cada vez mais de (des)informação, é central para tudo. É ela que faz partidos vencerem ou perderem eleições, independentemente de terem governado bem ou não. É ela que faz com que os professores, hoje em dia, sejam enxovalhados a torto e a direito. Criou-se a ideia que os professores são isto e aquilo e,

os pais, vêm-se no direito e dever de reagir de acordo com as massas. Por isso não venha com essa história que a opinião pública não conta. Vá por esse caminho e um dia ainda tropeça nela. Concordo apenas numa coisa que decorre do seu raciocínio: a opinião pública conta mas não deve ser entendida como barómetro no caminho que se deve de seguir. Acrescento ainda que, a opinião pública é, por natureza, burra que nem uma porta e facilmente manipulável. Por isso, há que a tratar como uma criança e explicar-lhe tudo muito direitinho e de forma simples e directa. Termino dizendo que, quem não percebe que as lutas políticas de hoje (e arrisco de sempre) se ganham com a opinião pública, então não percebe como funciona a sociedade moderna. Esperava mais de um professor de Psicologia e amante de Psicologia Cultural e Antropologia. Quanto ao último ponto... É a psicologia do "bota abaixo" em pleno vigor. Elenáro

Related Documents

Rob Gonalves
November 2019 24
Gen-comments Add E
May 2020 4
Debate
June 2020 27

More Documents from ""

May 2020 7
April 2020 5
October 2019 1
October 2019 9
June 2020 0
June 2020 0