Debate Em Torno Do Modelo De Add

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Debate em torno do modelo de avaliação de desempenho suscitado no ProfAvaliação do dia 24/10/09 As posições do Octávio Gonçalves, do Elenáro, José Cerca, Miguel Loureiro, Apache. JAD, JAS, MAT, Wegie O debate foi suscitado por um post do Wegie: “Para a crítica da avaliação de desempenho”. O editor do ProfAvaliação (Ramiro Marques) fez uma selecção dos comentários mais substantivos. Os textos seleccionados são assinados pelos autores. O Post do Wegie que suscitou o debate: 1- Gostaria de sublinhar em primeiro lugar que qualquer avaliação tem como primordial objectivo distribuir os avaliados numa pauta, de forma a os indivíduos interiorizarem o seu lugar relativo (acima de uns e abaixo de outros). Serve para exaltar o trabalho individual e a competição. Serve para destruir o esforço colectivo e a cooperação entre indivíduos. 2- Este modelo de avaliação ADD insere-se no esquema de avaliação hierárquica da função pública. Directores-Regionais avaliam Directores de Escolas que por seu turno avaliam Professores. 3- É um facto que a Administração Pública que foi partidarizada ao longo de anos é o facto de os funcionários de muitos serviços já não valerem pela sua competência e honestidade, mas por uma cotação de corredor, que corresponde ao poder que se pensa que um funcionário tem em função das suas amizades com gente do poder. É-se avaliado antes de mais pelos laços com o poder, basta ser militante do PS ou do PSD para se subir na cotação, se for militante do partido do poder sobe-se, mas se for militante do partido da oposição é-se respeitado porque com a alternância convém evitar militâncias. A partir daqui há todo um conjunto de parâmetros que podem valorizar um funcionário: A pertença uma certa clientela, laços de amizade ou familiares. 4- Parece-me evidente que os interesses instalados na burocracia do Ministério da Educação vão lutar raivosamente pela implementação deste esquema porque é o único que permite a uma auto-reprodução. Não é a mudança de cabeça do Ministério que vai alterar alterar o prosseguimento desta política. 5- Se a única alternativa que se oferece é uma vaga auto-avaliação e não uma avaliação séria com a intervenção de delegados dos grupos disciplinares, supervisionados por entidades externas com formação nas áreas diciplinares, com observação de aulas com observação de projectos (ou situações educativas de natureza não disciplinar), papel de director de turma, etc, a luta a longo prazo está perdida. Isto é será possível que a oposição anule esta ADD Simplex, mas no futuro outra similar se imporá. Wegie “Gostaria de sublinhar em primeiro lugar que qualquer avaliação tem como primordial objectivo distribuir os avaliados numa pauta.” Ao contrário do que defende o autor do post, eu considero que o principal objectivo da avaliação é o diagnóstico. Detectar as dificuldades de aprendizagem e (quando se trata do desempenho de alunos) ou de ensino (quando olhamos para o desempenho de um

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professor) e as suas causas. Reduzir a avaliação à norma é empobrecer o seu potencial educativo. Miguel Pinto Agora vamos ao Elenáro para termos a noção clara de quem envereda por falácias e atropela raciocínios: Como não o explicita, presumo que o colega parte do pressuposto que a avaliação de professores é um acto tão banal (atente que está em causa a progressão, a carreira e a reputação pública de um profissional, que não são propriamente coisas de somenos) que qualquer o pode desempenhar, sem que seja necessário determinar, aferir e avaliar as competências requeridas para o fazer (diga-me, seriamente, quando e como foi isto feito e se concorda com a avaliação que foi efectuada). Se não pensa assim, então, diga-me quais são as competências e os conhecimentos que um avaliador de professores deve possuir. Embora a Cristina já tenha dado alguns exemplos, eu poderia dar-lhe conta (em privado) de inúmeros casos concretos de avaliadores que estão a sugerir, e alguns mesmo a impor, aos colegas avaliados as suas metodologias, as suas concepções e as suas práticas, a maioria das quais estão desactualizadas, são menos eficazes e proficientes (as escolas e os alunos sabem-no) e, em alguns casos, são até incompetentes em muitos domínios. Podia não ser assim, mas a realidade em muitas escolas é esta e não adianta negá-lo. Mas, não tem que ser assim se os avaliadores forem obtidos, a título de exemplo, por concurso público perante representantes do Conselho Pedagógico, do Conselho Geral e da Direcção Executiva, tendo em conta a avaliação do seu currículo, das suas formações, da sua experiência pedagógica e didáctica, bem como do reconhecimento e autoridade que gozam junto dos pares. Olhe que isto é exequível e não levanta problemas ou celeumas nas escolas, como coloca a lotaria actual. Ao alimentar a ideia peregrina e basista de que está tudo no mesmo patamar, que todos podem avaliar e que a avaliação pelos melhores (cuja experiência e autoridade seja também reconhecida pelo Conselho Pedagógico e pela escola) é impraticável, então aquilo que o colega defende é uma avaliação de faz de conta e é por isso que está tão cómodo com este modelo. A sua argumentação é que é falaciosa, pois assenta num indisfarçável logro conceptual e numa fulanização injustificada, porque a minha pessoa não está aqui em discussão, pelo que comete uma espécie de referência ad hominem abortada. O seu logro conceptual está na redução (que não passa de uma compreensão amputada e deslocada) das realidades substantivadas nos termos “formação”, “trabalho” e “práticas” ao conceito de “melhores notas”. Esta sua argumentação não tem pés nem cabeça, pois eu não me refiro a notas, mas a múltiplas competências e conhecimentos, adquiridos através de formações superiores e especializadas, experiências pedagógicas (algumas de supervisão pedagógica e orientações de estágios, por exemplo), experiências e desempenhos docentes, qualidade e diversidade do trabalho desenvolvido e reconhecido, práticas reconhecidamente ajustadas e consistentes (conceda-me que esta panóplia de ferramentas e de saberes, os alunos com melhores notas ainda não possuem). Mas, mesmo no quadro do seu argumento falacioso de recurso à comparação com os alunos, quem é que acha que, ente os alunos, está em melhor posição para hetero-avaliar os desempenhos dos colegas, os melhores ou os piores alunos? Como vê, está completamente equivocado a propósito dos meus argumentos. Sobre a fulanização, o colega tem informações sobre a minha pretensão em ser avaliador? O colega não conhece a minha simplicidade e, sobretudo, a minha humildade intelectual, por temperamento e por formação. É que é exactamente por não me achar

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capaz de avaliar, com competência, rigor e seriedade os meus colegas, que me permito o cepticismo de me comparar a outros que estão exactamente na mesma plataforma de não competência em que eu estou. Mas, na minha escola, também sei reconhecer os colegas que têm essas competências. O ministério da Educação é que não sabe! Já em relação à questão da “opinião pública”, deixe-me que lhe diga, com todo o respeito, que a circunstância de ter visto um atropelo de raciocínio na minha explanação apenas denota que não a compreendeu. Eu não afirmei que a opinião pública não é importante (também não me subestime a esse ponto), o que eu disse e reafirmo é que não é líquido que a maioria daquilo a que chama opinião pública (não opinião publicada, embora mesmo aqui as coisas tenham mudado nos últimos tempos, exactamente por força da nossa persistência e coerência – está a ver a ironia destas coisas!) esteja contra os professores e ache que os “malandros” não querem é ser avaliados. Acontece que, como mostrei no post anterior, a realidade mostra que as pessoas têm sido mais sensíveis aos argumentos e à postura dos professores do que à obstinação da ministra. Não acha? Pelos vistos, a sua convicção era exactamente a que tinha Maria de Lurdes Rodrigues, mas que, como se constatou, era ilusória. É a mesma ligeireza e dolo com que trata os meus argumentos que lhe serve também para pôr em causa a robustez (ou não, pois o colega não conhece o meu trabalho para afirmar que sim ou que não) da minha formação em psicologia e em psicologia cultural (porventura até desconhecendo a matriz epistemológica e paradigmática desta área, dada a inexistência de trabalhos e de formação neste domínio, em Portugal). A este propósito, apenas lhe sugiro que em vez de juízos de valor epidérmicos (embora esteja no seu direito tê-los e expressá-los) apresente as suas credenciais nestes domínios. Julgar é fácil, fundamentar é que é lixado. Um dia destes com mais tempo, também prometo que lhe explicito as minhas ideias sobre uma avaliação exequível, exigente, séria, competente e consensual nas escolas. Octávio Gonçalves Nota do editor do ProfAvaliação: O comentário do Elenáro que suscitou este texto do Octávio foi este: "acha que é uma avaliação consistente e séria aquela que permite que um avaliado possa ver o seu trabalho e as suas boas práticas postos em causa por um avaliador com menos formação, pior trabalho e piores práticas?" - Octávio Gonçalves Falacioso é este argumento. Então um aluno que tire melhores notas que o professor tirou durante o seu tempo de estudante também não pode ser avaliado por um professor assim. Peço desculpa, mas este tipo de argumento é estendível a muitas outras coisas e, como tal, falacioso. Aliás, assim sendo, quem propõe para avaliar o/os melhor/es professor/es, Octávio? Se não há ninguém melhor, quem o avaliará? Deus? Quanto ao ponto 2) que referiu, o Octávio, mais uma vez, tropeça no seu raciocínio. Esqueceu-se dum importante facto: a opinião pública interfere em tudo e é ela o factor de expressão e mobilização das massas. A opinião pública, num mundo cada vez mais de (des)informação, é central para tudo. É ela que faz partidos vencerem ou perderem eleições, independentemente de terem governado bem ou não. É ela que faz com que os professores, hoje em dia, sejam enxovalhados a torto e a direito. Criou-se a ideia que os professores são isto e aquilo e,

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os pais, vêm-se no direito e dever de reagir de acordo com as massas. Por isso não venha com essa história que a opinião pública não conta. Vá por esse caminho e um dia ainda tropeça nela. Concordo apenas numa coisa que decorre do seu raciocínio: a opinião pública conta mas não deve ser entendida como barómetro no caminho que se deve de seguir. Acrescento ainda que, a opinião pública é, por natureza, burra que nem uma porta e facilmente manipulável. Por isso, há que a tratar como uma criança e explicar-lhe tudo muito direitinho e de forma simples e directa. Termino dizendo que, quem não percebe que as lutas políticas de hoje (e arrisco de sempre) se ganham com a opinião pública, então não percebe como funciona a sociedade moderna. Esperava mais de um professor de Psicologia e amante de Psicologia Cultural e Antropologia. Quanto ao último ponto... É a psicologia do "bota abaixo" em pleno vigor. Elenáro "O que os professores exigem é a suspensão imediata do actual modelo." Sinceramente, já começo a ficar cansado com esta cassete, sem que se apresentem alternativas válidas,consistentes e coerentes a esta suspensão. Mas o que é mais grave é que, perante esta exigência, (sobre a qual neste momento, me abstenho de adicionar qualquer adjectivo) a mensagem que passa na opinião pública é que "os professores exigem é a suspensão imediata de toda e qualquer avaliação". E isso é mau para toda uma classe docente, sobre a qual recai uma difícil e exigente tarefa da qual depende o futuro cultural e formativo dos cidadãos de qualquer País. Só por isso deveria haver mais respeito e compreensão não só por parte da sociedade civil, mas também da tutela de quem ela depende. Parece-me, por outro lado que a intransigência, quer de parte de certas forças sindicais, quer por parte de alguns movimentos de professores, surgidos e alimentados na blogosfera, terão contribuído para se criar uma imagem não muito favorável a esta classe na qual me incluo com muito orgulho. José Cerca Quem disse, ou onde diz, que para atingir o topo da carreira é preciso ser Excelente? Oue é extraordinário, é que se exija para Bom um mínimo de 6,5 até 7,9 valores, numa escala de 1 a 10, correspondendo esse Bom ao mínimo exigido para prosseguir e subir na carreira. Em que organização esse mínimo para a progressão é tão alto? Só entre grandes investigadores, presumo. Já agora e porque me esqueci, tendo um professor (no caso) ) sido classificado como Excelente, em qualquer estádio da sua carreira, há necessidade de estar a ser avaliado sempre, para confirmar que ele é excelente? Só por doença menta! Porque não se está excelente, ou se é ou se não é. Continuar a avaliar os Excelentes é contradizer a própria

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avaliação. Esses também deveriam ser dispensados e até serem promovidos a Avaliadores. Miguel Loureiro Se lerem aquilo que escrevi vão repara que falo da intervenção dos delegados disciplinares supervisionados por entidades externas. Em termos gerais isto não significa estritamente avaliadores externos. Significa que existiria um acompanhamento e eventual validação por parte duma entidade externa. Isto é perfeitamente factível. A não ser que prefiram ser avaliados pelo Director e respectiva família ou fazer como a avestruz e dizer que não querem avaliação nenhuma... Wegie 1- Gostaria de sublinhar em primeiro lugar que qualquer avaliação tem como primordial objectivo distribuir os avaliados numa pauta, de forma a os indivíduos interiorizarem o seu lugar relativo (acima de uns e abaixo de outros). Serve para exaltar o trabalho individual e a competição. Serve para destruir o esforço colectivo e a cooperação entre indivíduos. 2- Este modelo de avaliação ADD insere-se no esquema de avaliação hierárquica da função pública. Directores-Regionais avaliam Directores de Escolas que por seu turno avaliam Professores. 3- É um facto que a Administração Pública que foi partidarizada ao longo de anos é o facto de os funcionários de muitos serviços já não valerem pela sua competência e honestidade, mas por uma cotação de corredor, que corresponde ao poder que se pensa que um funcionário tem em função das suas amizades com gente do poder. É-se avaliado antes de mais pelos laços com o poder, basta ser militante do PS ou do PSD para se subir na cotação, se for militante do partido do poder sobe-se, mas se for militante do partido da oposição é-se respeitado porque com a alternância convém evitar militâncias. A partir daqui há todo um conjunto de parâmetros que podem valorizar um funcionário: A pertença uma certa clientela, laços de amizade ou familiares. 4- Parece-me evidente que os interesses instalados na burocracia do Ministério da Educação vão lutar raivosamente pela implementação deste esquema porque é o único que permite a uma auto-reprodução. Não é a mudança de cabeça do Ministério que vai alterar alterar o prosseguimento desta política. 5- Se a única alternativa que se oferece é uma vaga auto-avaliação e não uma avaliação séria com a intervenção de delegados dos grupos disciplinares, supervisionados por entidades externas com formação nas áreas diciplinares, com observação de aulas com observação de projectos (ou situações educativas de natureza não disciplinar), papel de director de turma, etc, a luta a longo prazo está perdida. Isto é será possível que a oposição anule esta ADD Simplex, mas no futuro outra similar se imporá. Wegie

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“O que os professores exigem é a suspensão imediata do actual modelo.” O que os professores exigem é a imediata revogação de alguns artigos do ECD, nomeadamente aqueles que criaram a divisão artificial da carreira em duas categorias, uma delas, à qual ascenderam professores iguais a tantos outros, por via de um concurso indiscutivelmente inconstitucional. “a mensagem que passa na opinião pública é que "os professores exigem é a suspensão imediata de toda e qualquer avaliação"”. Não ter modelo formal de avaliação é preferível a ter um modelo que premeie a chicoespertice, o oprtunismo, a sacanice. Por alguma razão existem muitos países por essa Europa fora sem qualquer modelo formal de avaliação de professores. Quem se diz cansado da cassete “suspensão da ADD” devia perceber que a cassete “necessidade de um modelo de avaliação de professores que premei o mérito, promova as boas práticas, blá, blá, blá…, já cansa! Apache Octávio, Só lhe vou responder à segunda parte. À primeira, diga-me onde é que eu digo o seguinte e cito-o: "Sobre a fulanização, o colega tem informações sobre a minha pretensão em ser avaliador?" Quando me responder a isto eu comentarei o resto da primeira parte do seu comentário. Enquanto não me achar onde é que eu fiz algum julgamento sobre a sua pretensão, ou não, em ser avaliador, não falarei do resto. É que por palavras na boca dos outros é feio. Quanto à opinião pública, volto a citá-lo: "tem que rever essa sua obsessão com o que os outros dirão de nós". Quem diz isto é porque pouco se importa o que os outros pensem, ou seja, que a opinião pública, não conta. Não vou entrar neste campo no plano privado e do individuo que ai a história é já outra. O resto do seu comentário ao ponto dois revela-me duas coisas, ou não vive no mesmo país que eu, ou então anda em muito boa companhia numa qualquer irmandade que lhe impede de ver o que o comum dos mortais pensa. Ainda há coisa de uma ou duas semanas ouvia numa conversa de café um amigo de um amigo a dizer qualquer coisa como: "pois o que os professores não querem é ser avaliados!". E fartei-me de ouvir o mesmo vindo de todos os quadrantes da sociedade. Desde psicólogos a alunos. Por isso, deve estar mesmo noutro país que não o meu. E não, eu não confundi opinião publicada com opinião pública, como tentou dar a entender. E também não se engane, só nos últimos tempos é que houve uma ligeira mudança na opinião pública, a qual foi aumentando por pela opinião publicada, que referiu. Mas, volto a dizer, é algo muito recente e, se calhar, muito incipiente ainda.

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Mas volto a dizer, se não quis dizer que a opinião pública não conta, então deverá ter mais cuidado nas observações que faz. Induzem em erro. É que com o que disse, não há outra interpretação possível. Quanto à sua profissão, credenciais ou seja lá o que lhe queira chamar, tome nota que eu não o chamei de estúpido, imbecil ou mentecapto. Não lhe chamei nem fiz nenhum atentado à sua capacidade profissional. Por isso agradeço que me retribua a gentileza. O que lhe disse e repito, aliás, cito-me foi: "Esperava mais de um professor de Psicologia e amante de Psicologia Cultural e Antropologia." O esperar mais é bem claro e não se trata de insulto. Se calhar o Octávio não pode dizer o mesmo, pois por muito elevado que tenha sido o seu discurso, por palavras na boca dos outros é insultuoso. Tomar como insulto um comentário a um comentário seu e partir para o campo das competências como partiu o Octávio, isso sim, é de uma "ligeireza" como disse. Tenha lá calma e não confunda desilusão com insulto. Mais uma vez lhe digo, para estudioso e profissional do campo da psicologia esperava melhor compreensão do que se diz e menos ataque pessoal. Já agora, peço-lhe que tente deixar parágrafos entre nos comentários. Torna mais fácil a leitura dos mesmos. Elenáro

"Julgar é fácil, fundamentar é que é lixado." Octávio V. Gonçalves. Ora aqui está uma máxima que deve merecer atenção por parte de todos aqueles que estão, verdadeira e honestamente, interessados na temática do processo avaliativo, seja este de professores ou de qualquer outra actividade profissional. E digos mais: opinar é fácil, mas como como bem disse Bachelard, "a opinião pensa mal". Já agora um problema com que me deparo sempre que tenho de avaliar e faço-o com frequência enquanto professor e avaliador: como transformar qualidades em quantidades? José Moreira Tavares Sobre a avaliação, para além de não conhecer, nem eu nem ninguém, qualquer modelo, mas teorias e experiências falhadas, para além das empíricas e ad hoc, convinha que alguém provasse os benefícios tão propalados de tal instrumento, mas não justificados na prática (que os contradiz). Fico à espera. Sobre o ponto 5, não tenho dúvidas de que tudo vai continuar na mesma, mesmo sabendo-se que o simplex não é nada, para além da janela aberta do oportunismo para os oportunistas ou caçadores de MB e Exc., que nunca foram, nem serão.

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Ainda sobre o trabalho cooperativo/colaborativo/grupal, eu que sou estupidamente individualista no trabalho (por ser de outra geração?), rio-me por constatar que o mundo sempre avançou pelas descobertas individuais e que nas guerras só um grupo ganha, perdendo todos. Para além do mais (também trabalhei em grupo) nunca tive a sorte de conhecer um trabalho de grupo feito pelo grupo, mas sim, feito por um ou dois e assinado por todos. E a concorrência que uma avaliação deste tipo (ou de outro) traz, dá origem à colaboração? Não estou a entender. Expliquem-me. Miguel Loureiro "A ausência de ideias em torno da avaliação só mostra a verdade dum axioma: Os professores já não são o que foram, não podem tornar a ser o que eram, mas muito menos ainda podem ser o que são." Wegie Não te conhecia esta vertente axiomática. Mas não posso deixar de registar o teu axioma. Em particular num contexto fundamental como o é o debate de ideias enquadrado no movimento dialéctico da história O ponto 5. vem corroborar o que antes pensava acerca de ti: uma capacidade de identificar o essencial sem rodeios e sofismas, mas sempre atento à realidade. José Moreira Tavares Ainda não concluí a minha "terapêutica do silêncio" mas isto hoje está demasiado interessante para não fazer uma pausa na "terapêutica". Sobre a proposta de Wegie é obviamente sensata e exequível. Exigia algumas adaptações e, sobretudo, o reconhecimento da avaliação na sua função classificadora, estratificadora e, portanto, selectiva. Claro que a avaliação também tem uma função diagnóstica e formadora. Mas centrar a avaliação nessa função diagnóstica e formadora é condená-la à arbitrariedade daquilo que costumo chamar de "complexo mamã": a protecção do "coitadinho esforçou-se...". O problema da ADD não pode ser a avaliação, só pode ser o peso, a burocratização do trabalho docente, a submissão a uma pretensa objectividade e rigor dos critérios usados, a conflitualidade que provoca e, claro, a arbitrariedade da decisão final do director. Dirme-ão: para evitar essa arbitrariedade é que tem que ser objectiva e rigorosa, portanto, apoiada em factos, isto é, em evidências. Pois... será necessário recorrer a Bachelard para afirmar que "não há factos brutos"? Não, não há, todos o sabemos. E é bom que o aceitemos: evitaremos equívocos e frustrações. Portanto, o problema da ADD não pode estar na avaliação, está fora dela. Então, ocupemo-nos do que está fora dela e procuremos criar condições para que ela se torne menos perceptível nas escolas, isto é, que cada um faça o seu trabalho com dignidade e respeito. Os professores e os avaliadores. Sejam eles quem forem. A proposta de Wegie é um bom começo. JAD

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Nota1: A figura de Professor Avaliador deve resultar de uma alteração do ECD. O professor que progride na carreira, de acordo com as avaliações de desempenho e as consequentes "acelerações" e "abrandamentos”, ao aceder ao 8º escalão, deve poder optar por uma de duas vias distintas: 1) Sem diferenciação funcional - isto é desenvolve as funções normais de professor e desenvolve a sua progressão na carreira (até ao 10º escalão) de acordo com as avaliações de desempenho e as consequentes "acelerações" e "abrandamentos”. 2) Com diferenciação funcional - Professor que, além das funções normais de professor, desenvolve funções de Avaliador e/ou Coordenador. Esta segunda via deve ser restrita, por meio de um concurso interno e de acordo com as necessidades da escola, e condicionada aos professores que tenham formação específica na área da avaliação. Quem optar por esta via progride na carreira (8º até ao 10º escalão) de acordo com uma avaliação de desempenho específica. Nota2: A existência de quotas para as classificações de Muito Bom e Excelente cumpre apenas o objectivo de “obrigar” a uma diferenciação dos Avaliados. A atribuição de quotas é separada para os diferentes tipos de docentes. Nota3: O acesso ao 10º escalão deve estar condicionado a apresentação de uma prova pública. Nota4: Não há nenhum condicionamento por quotas na progressão da carreira dos professores. Nota5: Com este sistema de avaliação os professores, em média, progredirão mais rapidamente na carreira do que no sistema vigente (e anterior). Assim, e de forma a não aumentar a despesa global com as renumerações, os tempos de permanência em cada escalão devem ser revistos, diminuindo o nº de anos de permanência nos escalões mais baixos e aumentando nos escalões mais altos. Nota6: A dimensão da “participação na escola e relação com a comunidade escolar” deve ser avaliada de uma forma objectiva e mensurável. Dessa forma, deve haver uma negociação, entre o avaliado e o director, de um objectivo ou dois, que envolva a participação do professor num projecto, individual ou em parceria com outros professores, no âmbito da comunidade escolar, de acordo com o projecto educativo de cada escola, e que resulte num desenvolvimento de actividades e projectos que sejam, de facto, um valor acrescentado para a escola.

Nota7: Admito a colagem desta proposta ao modelo vigente. Mas, de boa-fé, isso, por si só, não desvaloriza a proposta. Aliás da experiência da aplicação do modelo vigente podem-se retirar muitas ideias positivas para um novo modelo.

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Nota8: Nesta proposta há uma tentativa clara de desburocratizar todo o processo avaliativo e de tornar o mais objectivo possível cada item, sem com isso prejudicar a eficácia da avaliação. Desta forma, o que é proposto como objecto de avaliação está destituído de qualquer carga burocrática sendo tudo quantificável: Assiduidade e cumprimento do serviço, Formação contínua, grau de cumprimento num projecto desenvolvido e prática lectiva (talvez a única componente burocrática que tem é a elaboração da auto-avaliação - note-se que não se fala em portefólios e não sei o que mais). MAT Tinha alguma vontade de responder individualmente a certos comentários aqui publicados, mas acho (sinceramente) que não vale a pena gastar tanto latim. Tentarei assim (ser querer ofender ou ferir as personalidades mais sensíveis) deixar três ou quatro ideias, breves. Constato que alguns têm concepções fantásticas sobre avaliação de professores. Óptimo, para eles. Palpita-me que uma empresa de avaliação possa, num futuro próximo, ser um bom negócio. Além do mais, tanto brilhantismo, poderá muito bem dar direito a um lugarzito num qualquer gabinete esconso do Ministério ou de uma Direcção (Geral ou Regional). Constato também que há quem tenha medo que seja significativo o número de professores que não quer ser avaliado. Não é preciso ter medo, o politicamente correcto, por mais idiota que pareça, é sempre do agrado da vasta “maioria silenciosa”. Claro que há sempre um ou outro incorrecto (para não dizer insurrecto) que não tem problemas em assumir que não segue o rebanho, mas não se preocupem, serão sempre meia dúzia de “pregadores do deserto”. É provável que eu seja um péssimo professor porque, confesso, (excepção feita à avaliação diagnóstica e mesmo esta, refere-se normalmente a pré-requisitos) nunca me passou pela cabeça avaliar algo que nunca tenha ensinado. Ora, o que se propõe nas avaliações de professores (e noutras profissões também, reconheça-se, mas isso não é para aqui chamado) é que alguém, (externo ou interno, é irrelevante para o caso) que não ensinou nada ao avaliado, o vá avaliar. Avalia o quê? O grau de aquisição dos conhecimentos transmitidos, não é certamente. E mérito para ser avaliador, quem lho reconheceu? Talvez a mesma entidade que reconheceu aos outros docentes competência para leccionar, não? Será que a manhosa entidade formou alguns excelentes, outros muito bons e vários bons? Deve ter sido, por isso é que havia classificações académicas e profissionais e entraram (por concurso) os melhores. Ah, mas o país precisa que sejam todos excelentes, para compensar a mediocridade dos governantes. Quando me inscrevo numa determinada formação, assumo à partida, que o formador me vai ensinar algo, reconheço-lhe por isso, o direito a me avaliar, mais, considero ser meu direito, saber se aprendi aquilo que me ensinaram. Se ninguém tem (previamente) nada para ensinar, não lhe reconheço o direito a me avaliar. (Manias, dirão alguns.) Dizem-me que a avaliação docente visa a melhoria das práticas, rumo à excelência. Pressuponho que quem quer instituir essa avaliação sabe perfeitamente o que é um professor excelente. Óptimo. Esses génios que dêem formação aos outros, explicando concretamente o que deve fazer um professor para ser excelente e no final avaliem o

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que cada um aprendeu. Eu, e certamente muitos outros, temos muito gosto em nos inscrever na formação. À falta de génios (e por essa Europa fora, pelo número de países sem modelo formal de avaliação docente, eles parecem não abundar), qualquer modelo de avaliação que não passe pela mera verificação do cumprimento dos deveres profissionais (e não são poucos) é pura demagogia. Apache Avaliadores externos? Sim!? Onde está o número suficiente para tal? E como se pode avaliar alguém (como se avaliam as escolas hoje) em 2 dias, sem conhecer de lado nenhum? Vejam-se as Avaliações Externas das Escolas e vejam-se os Rankings (relativizando o seu valor) e compare-se o nível atribuído às escolas e o lugar relativo que ocupam. Circo. Quem disse, ou onde diz, que para atingir o topo da carreira é preciso ser Excelente? Oue é extraordinário, é que se exija para Bom um mínimo de 6,5 até 7,9 valores, numa escala de 1 a 10, correspondendo esse Bom ao mínimo exigido para prosseguir e subir na carreira. Em que organização esse mínimo para a progressão é tão alto? Só entre grandes investigadores, presumo. Já agora e porque me esqueci, tendo um professor (no caso) ) sido classificado como Excelente, em qualquer estádio da sua carreira, há necessidade de estar a ser avaliado sempre, para confirmar que ele é excelente? Só por doença menta! Porque não se está excelente, ou se é ou se não é. Continuar a avaliar os Excelentes é contradizer a própria avaliação. Esses também deveriam ser dispensados e até serem promovidos a Avaliadores. Miguel Loureiro

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