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Papai Noel x Vovô Índio Jorjão Figueira No final do século XIX e início do XX, eram bastante acentuados os conflitos culturais na sociedade brasileira. Os estrangeiros com seus descendentes formavam um contingente respeitável na formação da população. Em tais circunstâncias, eram inevitáveis as trocas e influências culturais existentes. Procurando minimizar essa aculturação, alguns elementos de origem luso-brasileira, que se consideravam "patriotas" e "nacionalistas", começavam a criticar as influências que os imigrantes já começavam a exercer. Esse comportamento detectava-se inclusive nas festas e nas tradições natalinas comemoradas de formas variadas pelos diversos grupos. No Paraná, os luso-brasileiros praticamente não possuíam tradições natalinas. No máximo era uma ceia, o comparecimento à tradicional "missa do galo" e bailes onde destacava-se uma "caboclinha no jeito", uma "chimarrita" e o violeiro no fundo do salão, cercado de inúmeros admiradores. A partir da segunda metade do século XIX, nas colônias ao derredor da capital surgem as figuras do "presepe", do "pinheirinho" e pouco mais tarde o chamativo Papai Noel. O presépio foi melhor aceito pelos luso-brasileiros: afinal já existia o culto do "Menino Jesus" oriundo de Portugal. Com relação ao "pinheirinho" e à figura do Papai Noel, as reações foram mais fortes. Os "pinheirinhos" cobertos de pedaços de algodão, imitando a neve e enfeitados com objetos reluzentes (considerados quinquilharias desgraciosas), eram costumes introduzidos na cidade pelos alemães e poloneses. O algodão imitando a neve era visto como costume anti-brasileiro, deformador da mente infantil, já que em dezembro não havia neve e a temperatura podia chegar a 30oC. Foi o Papai Noel a figura que recebeu mais crítica. Essa tradição, oriunda do folclore nórdico, foi introduzida no Brasil, sob a versão francesa, e divulgado no mundo pelo capitalismo protestante. O Integralismo viam-no sob a ótica do ridículo, fazendo com quem os brasileiros se vestissem de "capotes siberianos" e peles "groelândicas", andando de trenó, e tendo seus cabelos, barba e rebuço salpicados de flocos de neve: exotismo caricato. Era assim que os Brasileiros comemoravam a data. Logo após a Revolução de 30, com o nacionalismo à flor da pele, cariocas, paulistas e paranaenses tentaram substituir essa figura escandinava por uma outra, "tupiniquim", mais brasileira. Adaptando assim um personagem criado por Monteiro Lobato com o nome de "Vovô Índio", substituto artificial da figura do Papai Noel. Pensavam assim que seria fácil sua absolvição pela população, porem não foi o que aconteceu e hoje este capitulo da historia esta praticamente esquecido. ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
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