Santa Catarina uma tragédia que se repete E.E. Professor Renê Rodrigues de Moraes - Guarujá - SP - Prof. Silvio Araujo de Sousa - 23/07/2008 Texto adaptado com finalidades pedagógicas para aplicação em minhas aulas de Geografia, em escola pública, tendo com textos de referência duas reportagens do Jornal O Estado de São Paulo de 30 de novembro de 2008. A conta da ocupação irracional - José de Souza martins - e, É preciso aprender com os erros e as tragédias- Bruno Paes manso , Vitor Hugo Brandalise Renato Machado
Vulnerabilidade da região Não é a primeira vez que o Vale do Itajaí sofre inundações de grandes proporções. O Vale já passou por duas enchentes históricas, em 1983 e 1984, causando a morte de 43 pessoas, deixando claro a vulnerabilidade da região, fato que deve ser o foco da atenção de autoridades e pesquisadores. Estudo de caso Nove especialistas, professores da Fundação Universidade Regional de Blumenau e da Universidade Estadual de Santa Catarina, se reuniram para discutir as causas prinipais da enchente deste ano e sugerir providências. Características da região - Morfologia do Vale A região tem relevo altamente acidentado, formado por montanhas e encostas íngremes, principalmente ao sul de Blumenau. Vale do Itajaí - uma região vulnerável
Geologia As montanhas da região têm grande quantidade de terra sobre rocha e a espessura do solo é muito grande, suscetível a desmoronamento. Clima Nos últimos meses, o enorme volume de chuvas que caiu sobre o Vale do Itajaí. No fim de semana da tragédia, choveu cerca de 1/3 do volume de água esperado para o ano todo e encharcou o solo, que, sem capacidade de absorver mais água, desceu montanha abaixo. Pincipais causas A enchente na região é reflexo tanto de elementos da natureza, quanto de elementos humanos, e podem ser resumido em cinco principais causas.
A quantidade de chuva na região O local de concentração da chuva O tipo de rocha do Vale do Itajaí A forma como vem sendo feita a ocupação desordenada do local O desmatamento da vegetação local
Chuva Em quatro dias choveu 500 milímetros (mm), esse índice pluviométrico tem o significado de 500 litros de água para cada metro quadrado da região, isto é mais do que o dobro da enchente de 1984, causada por uma chuva de 200 milímetros. Devemos considerar também que a média anula da região é de 1500 milímetros, foi 1/3 da chuva de todo o ano, caindo em quatro dias. Essa quantidade de chuva seria uma tragédia em qualquer região habitada, desse país.
Chuva - não foi o único problema Historicamente, as enchentes ocorrem a partir do Alto do Vale do Itajaí, uma área de 8 mil quilômetros quadrados, formada por trinta cidades rurais, e, é nesta região que está concentrado o Sistema de alerta a enchentes, com monitoramento meteorológico e hidrológico. Quando chove no alto do Vale, a Defesa Civil tem pelo menos 24 horas para evitar o pior nas partes mais baixas. Contudo neste ano a chuva se concentrou no médio do Vale Itajaí, na região de Blumenau e entorno, uma região em que não há sistema de alerta nos rios, logo não houve como se precaver.
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Rochas As rochas que formam a encosta do Vale são antigas, de 600 milhões a 2,4 milhões de anos. Na região, não existem mais rochas sãs - são intemperizadas, decompostas ao longo dos anos e, com o tempo, se tornaram porosas e viraram barro. Além disso, esses solos são profundos, com 30 a 40 metros de espessura, sujeitos a se movimentar facilmente, situação que se potencializa por causa da inclinação das encostas, que chega a 70º de declive. A presença humana e a transformação do espaço Cortes nos morros: se a declividade acentuada já não bastasse, as construções a tornam ainda mais vulneráveis por causa dos cortes feito nas montanhas para a cosntrução de casas. Os assentamentos usam a terraplanagem para deixar o terreno liso adequado a construção de moradias. Esse retalhamento aumenta a instabilidade do solo. Tanto morar em cima quanto em baixo torna-se arriscado. Ricos e pobres Na tragédia deste ano, desabaram casas de ricos e pobres, algumas construções com mais de 50 anos de existência. Observações aéreas feita pelos professores das Universidades, pode-se constatar o problema da ocupação desenfreada e do desmatamento. Um fato que mostrou uma combinação de fatores como a força da água e a vulnerabilidade do solo, é que, houve desabamentos inclusive em áreas com mata nativa. Mas a proporção de avalanches foi incomparavelmente maior onde havia loteamentos e desmatamento. Matas Ciliares Por causa do declive acentuado das encostas, a ocupação do Vale do Itajaí ocorreu primeiramente nas margens e várzeas dos rios, o que causou o desmatamento de 90% das matas ciliares(1) da região. (1) Matas Ciliares, é um tipo de vegetação existem nas margens dos rios, protegendo-o da ação erosiva das águas, pois reduz a velocidades de escoamento, evitando enxurradas e os desbarrancamento das margens, o que levaria ao assoreamento do rio. Existe legislação que rege sobre essa questão da ocupação das margens dos rios.
Mata Atlântica As enscostas do Vale, cobertas por vegetação de Mata Atlântica, passaram a ser ocupadas ao longo do século passado, depois do adensamento da várzea. Nesta região a Mata Atlântica é um tipo de vegetação relativamente abundante, quando comparada ao restante do país. O desmatamento dessa área para ocupação das encostas foi suficiente para aumentar a vulnerabilidade do solo, já bastante acentuada em função de características locais. A natureza e os interesses imobiliários Todas as cidades do Médio Vale Itajaí fizeram planos diretores, porém as limitações impostas pela natureza não são reconhecidas. Durante muito tempo em Blumenau, políticos eram loteadores, o resultado disso, é que, o interesse imobiliário acaba sendo priorizado. Atualmente metade da população do Vale do Itajaí vive nas encostas dos morros. Observações As falhas apontadas nessa tragédia em Santa Catarina, envolvem elementos que estão presentes na maioria das cidades brasileiras, principalmente nas grandes regiões metropolitanas. Alguns fenômenos da natureza é até possível prevê-los, cabe as homens apenas se antecipar para minimizar as consequências. Vamos repassar as principais falhas:
Desmatamento e ocupação das encostas Destruição das matas ciliares Ocupação de áreas de várzea Ocupação de áreas de mananciais Aterramento e ocupação de áreas de manguezais Obras sem avaliação dos impactos ambientais Invasão de áreas de risco.
fontes: É preciso aprender com os erros e tragédias - Bruno Paes Manso, Vitor Hugo Brandalise e Renato Machado e A conta da ocupação irracional do Professor titular de sociologia da USP José de Souza Martins - Jornal O Estado de São Paulo - 30 de novembro de 2008.
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