Gêneros textuais: artigo acadêmico e resenha
Profa. Maria Eneida
• Segundo Ingedore Koch (2002), o ar4go acadêmico é “um meio rápido e sucinto de divulgar e tornar conhecidos, através de sua publicação em periódicos especializados, a dúvida inves4gada, o referencial teórico u4lizado (as teorias que serviram de base para orientar a pesquisa), a metodologia empregada, os resultados alcançados e as dificuldades encontradas no processo de inves4gação ou na análise de uma questão.
“Essencialmente, no ar4go, mostra-‐ se um problema, discute-‐se a respeito dele e apresenta-‐se uma solução” (KOCHE, p. 170).
“ D o a r 4 g o , e x i g e m -‐ s e c e r t a s qualidades, como linguagem concisa, correta e clara: coerência na exposição de ideias e na argumentação; coesão entre elementos e parágrafos e fidelidade às fontes” (KOCHE).
Estrutura do ar=go -‐ Iden=ficação Título do trabalho Deve ser claro, sucinto, apresentando o estudo. Autor
É a pessoa que fez o estudo e produziu o ar4go, localizado logo após o Ytulo e à direita da página.
Qualificação do Colocam-‐se em forma de nota de rodapé, o autor (profissional que o autor faz, seu local de trabalho, qual é e acadêmico) a sua 4tulação acadêmica mais elevada e a ins4tuição a que pertence.
O resumo consiste em uma síntese d o q u e f o i p e s q u i s a d o , d a m e t o d o l o g i a u 4 l i z a d a e d o s r e s u l t a d o s a l c a n ç a d o s . Normalmente antecede o corpo do ar4go e localiza-‐se na metade superior da página. Em seguida colocam-‐se as palavras-‐chave. • De acordo com Mo^a-‐Roth, as palavras-‐chave são expressões que concentram os temas do texto, orientando o leitor sobre as principais ideias desenvolvidas, ao mesmo tempo que auxiliam o escritor a delimitar e manter constante a linha de discussão.
EXEMPLO: Resumo: A reescrita assume uma grande importância no ensino da dissertação. O texto é um processo de construção quase sempre imperfeito, portanto, deve ser pensado, repensado, modificado e recriado. Palavras-‐chave: Reescrita; dissertação; texto.
Corpo do ar=go: situação-‐problema, discussão e solução-‐avaliação Situação-‐problema A situação problema orienta o leitor, apresentando a dúvida inves4gada (problema de estudo – o quê), os obje4vos (para que serviu o estudo) e afirmações opcionais que atribuem um valor ou jus4fica4va para a realização do estudo. Discussão
Expõe-‐se e discute-‐se as informações que foram u4lizadas para entender e esclarecer o problema. É nessa fase que o autor deve valer-‐se de todas as formas possíveis de argumentação. a referência a obras e autores consultados é de grande importância. A discussão corresponde ao desenvolvimento do ar4go, e pode ser dividida em quantos itens forem necessários.
Solução-‐avaliação
Apresenta os comentários finais, apontando as respostas ao problema inves4gado, as conclusões alcançadas e/ou limites do estudo desenvolvido. No ar4go de pesquisa, devem constar o método empregado e os resultados ob4dos.
• Referências bibliográficas – listam-‐se as referências bibliográficas per4nentes a todas as citações feitas, de acordo com as normas da ABNT. • Anexos ou apêndices – quando necessário, anexam-‐se os ques4onários, as tabelas, etc.
Geralmente no desenvolvimento do texto, isto é, quando o autor promove uma discussão e reforça os seus argumentos, faz uso de citação. Esse recurso consiste da menção no texto de uma informação oriunda de outra fonte consultada para dar apoio ou ilustrar o assunto apresentado. Serve para reforçar as ideias expostas em um texto e cons4tui um 4po de argumento denominado argumento de autoridade.
Citação direta -‐ é a transcrição literal de um texto ou de parte dele. Exemplo: Segundo Garcez, “todo ato de escrita pertence a uma prá4ca social. Não se escreve por escrever. A escrita tem um sen4do e uma função” (2001, p. 08).
Citação direta com mais de 4 linhas – é transcrita em parágrafo dis4nto, sem aspas e com entrelinhamento e letra menores. Exemplo: Em relação a intertextualidade, Garcez afirma: Um texto traz em si marcas de outros textos, explícitas ou implícitas. A esse fenômeno chamamos intertextualidade. Essa ligação entre textos pode ir de uma simples citação explícita a uma leve alusão, ou até mesmo uma paródia completa, em que a estrutura do texto inicial é u4lizada como base para o novo texto (2001, p. 41).
Citação indireta – é o texto redigido com base nas ideias de um outro(s) autor(es), podendo aparecer sob a forma de paráfrase ou de condensação, e sempre com a indicação da fonte. A paráfrase é a expressão da ideia de outro, com as palavras do autor do trabalho; a condensação é a síntese de um texto, conservando as ideias do autor citado. Exemplo: Costa Val afirma que trabalhar na área de redação é tarefa do professor de português, que busca o desenvolvimento comunica4vo do aluno (1993, p. 126).
Citação de citação – é a referência a uma parte de um texto do qual se tomou conhecimento por citação de outro autor. Não é muito usada, pois deve-‐se dar prioridade às citações dos textos originais. Quando se faz esse 4po de citação, usa-‐se a expressão citado ou apud. Exemplo:
Segundo Franchi (apud TRAVAGLIA, 2008,p. 24), “a gramá4ca é o conjunto sistemá4co de normas para bem falar e escrever, estabelecidas pelos especialistas, com base no uso da língua consagrado pelos bons escritores”.
ATIVIDADES 1) Faça uma paráfrase para cada trecho que segue:
a) “No ensino da construção do discurso persuasivo, a retórica busca levar o auditório a um posicionamento diante de situações de conflito (MOSCA, 2001, p.51). E é exatamente isso que encontramos nas sentenças judiciais, retoricamente estruturadas de modo a convencer as partes de que as decisões que emitem são justas e eqüita4vas”. b) “É de Ferraz Jr. (1994, p.29) a afirmação de que a prudência é a “marca virtuosa do jurista, que os romanos nos legaram, e que não desapareceu de todo na face da Terra”. E ela nos lembra Aristóteles, em sua Arte retórica, livro I (1356a), quando trata das provas do discurso persuasivo. Diz o filósofo grego que se obtém a persuasão no discurso por meio de três 4pos de provas: o caráter do orador (ethos), as paixões suscitadas no ouvinte (pathos) e o próprio discurso pelo que ele demonstra ou parece demonstrar (logos)”.
2. Responda as questões abaixo: a.
Qual é a situação-‐problema apresentada pelo ar=go?
b.
Qual é a jus4fica4va?
c.
Qual é o obje4vo do ar4go?
d.
Cite os autores que fundamentam o estudo proposto no ar4go acadêmico
e.
Aponte no texto a parte que orienta o leitor em relação à organização do ar4go
f.
Qual a função do termo assinalado nos seguintes trechos, jus4fique o uso no texto: “Na realidade, embora formalmente ela se assemelhe ao silogismo, a moderna doutrina percebe o papel que nela exerce a intuição, o próprio sen4r do julgador” (p. 159). “Na argumentação jurídica, portanto, ocorre um procedimento retórico – uma argumentação, fruto da razão e da vontade, entendimento que vem se ampliando na própria área do Direito (p. 159). ”
g.
Assinale marcas no texto que iden4ficam palavras ou expressões avaliatórias do autor ou de outras fontes
Vamos estudar a Resenha, um gênero textual que faz parte da vida de todas as pessoas, no caso da resenha crí=ca e, especialmente, daquelas que cursam uma universidade , no caso da resenha acadêmica. Resenha crí=ca – está presente em jornais, revistas e publicações com temá4ca voltada para objetos culturais como filmes, shows, peças de teatro, exposições, livros, eventos. Apresenta informações selecionadas e sinte4zadas sobre o objeto resenhado, ampliando-‐se, no entanto, com comentários e avaliações a respeito do mesmo tema, levando em conta o contexto e o público a que se dirige.
Resenha acadêmica – publicada em revistas ou sites especializados, focaliza um livro ou um ar4go acadêmico e preserva as caracterís4cas gerais da resenha crí4ca: informação e avaliação. Mas, segundo Goldstein, apresenta quesitos mais rígidos no diz respeito à composição. Em geral, traz dados bibliográficos sobre o livro ou ar4go resenhados, bem como informações sobre o autor, o tema, a estrutura e o conteúdo familiarizado com os conceitos e vocabulário da área de conhecimento abordada no ar4go ou no livro, sua linguagem é técnica e obje4va.
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Um gramá=co contra a gramá=ca Gilberto Scarton
Exemplo de resenha acadêmica
Língua e Liberdade: por uma nova concepção da língua materna e seu ensino (L&PM, 1995, 112 páginas) do gramá4co Celso Pedro Luz traz um conjunto de idéias que subverte a ordem estabelecida no ensino da língua materna, por combater, veemente, o ensino da gramá4ca em sala de aula. Nos 6 pequenos capítulos que integram a obra, o gramá4co bate, intencionalmente, sempre na mesma tecla -‐ uma variação sobre o mesmo tema: a maneira tradicional e errada de ensinar a língua materna, as noções falsas de língua e gramá4ca, a obsessão grama4calista, inu4lidade do ensino da teoria grama4cal, a visão distorcida de que se ensinar a língua é se ensinar a escrever certo, o esquecimento a que se relega a prá4ca linguís4ca, a postura prescri4va, purista e alienada -‐ tão comum nas "aulas de português". O velho pesquisador apaixonado pelos problemas da língua, teórico de espírito lúcido e de larga formação linguís4ca e professor de longa experiência leva o leitor a discernir com rigor gramá4ca e comunicação: gramá4ca natural e gramá4ca ar4ficial; gramá4ca tradicional e linguís4ca; o rela4vismo e o absolu4smo grama4cal; o saber dos falantes e o saber dos gramá4cos, dos linguistas, dos professores; o ensino ú4l, do ensino inú4l; o essencial, do irrelevante.
Essa fundamentação linguís4ca de que lança mão -‐ traduzida de forma simples com fim de difundir assunto tão especializado para o público em geral -‐ sustenta a tese do Mestre, e o leitor facilmente se convence de que aprender uma língua não é tão complicado como faz ver o ensino grama4calista tradicional. É, antes de tudo, um fato natural, imanente ao ser humano; um processos espontâneo, automá4co, natural, inevitável, como crescer. Consciente desse poder intrínseco, dessa propensão inata pela linguagem, liberto de preconceitos e do ar4ficialismo do ensino definitório, nomenclaturista e alienante, o aluno poderá ter a palavra, para desenvolver seu espírito crí4co e para falar por si. Embora Língua e Liberdade do professor Celso Pedro Luz não seja tão original quanto pareça ser para o grande público (pois as mesmas concepções aparecem em muitos teóricos ao longo da história), tem o mérito de reunir, numa mesma obra, convincente fundamentação que lhe sustenta a tese e atenua o choque que os leitores -‐ ví4mas do ensino tradicional -‐ e os professores de português -‐ teóricos, grama4queiros, puristas -‐ têm ao se depararem com uma obra de um autor de gramá4cas que escreve contra a gramá4ca na sala de aula. •
Fonte: h^p://www.pucrs.br/gpt/resenha.php Acessado em 25/09/2012.
3. Em geral, as resenhas acadêmicas apresentam informações sobre o autor, o tema e a estrutura da obra resenhada. Transcreva no quadro abaixo essas informações.
Autor
tema
Estrutura da obra resenhada
p A
resenha inclui variados tipos textuais: descrição, narração e argumentação. p Apresenta suas conclusões e metodologia empregada; p expõe um quadro de referências em que o autor se apoiou (narração) p apresenta uma avaliação da obra e diz a quem a obra se destina. p apresenta um relato ou análise temática, acompanhada de uma crítica ou análise interpretativa.
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Fonte da publicação Linguagem
Tema
Relato – sinte=ze os pontos principais do ar=go Organizadores sugeridos
Verbos sugeridos
No texto “...”(Ytulo do ar4go), nome do autor, breve biografia do autor Tema O obje4vo do autor.... Para isso.... O texto divide-‐se em.... Primeiro.../Primeiramente..../Na primeira parte.... No item seguinte..../A seguir Finalmente.... O autor conclui....
Sustentar – contrapor – confrontar-‐ opor-‐ jus4ficar-‐ defender a tese – afirmar – obje4var – ter o obje4vo de – se propor a – apresentar – desenvolver – descrever – explicar – demonstrar – mostrar – narrar – analisar – apontar – estruturar-‐se – debruçar-‐se – concluir – dividir-‐se – organizar-‐se – concluir – terminar – começar – sustentar que – dedicar-‐se a – relatar – eleger – abordar – enfa4zar-‐ determinar.
Aspectos para valorizar o Restrições em relação o ar=go ar=go Opinião do resenhista / leitor previsto
Operadores argumenta4vos -‐ cone4vos
Texto para a prova: “Mídia, poder e democracia: teoria e práxis dos meios de comunicação”, de Francisco Fonseca
Fonte: h^p://www.scielo.br/scielo.php? script=sci_ar^ext&pid=S0103-‐33522011000200003. Acessado em 11/04/15.