Estudo dirigido 1/ Linguística Joyce Mantzos Letras São Sebastião 1M1
1. Quando se classifica uma determinada área de conhecimento como ciência, esta deve passar por um processo de comprovação rigoroso. Tal fato se relaciona com o método científico, ou seja, o pesquisador deve observar e descrever a situação escolhida e presente por meio de suposições teóricas. Sendo assim, no caso da linguística, Saussure adotou a postura de um linguista científico, ou seja, ele estruturou uma área social, como a linguística, e lhe atribuiu os status de ciência por meio de uma pesquisa observativa e com base teórica, como é o caso do Estruturalismo, vertente criada por ele. Além disso, os pontos unânimes que os estudiosos concordam que há presença como ciência é a conclusão empírica, isto é, no caso da linguística, o evento é comprovado por meio da observação e experiência. A objetividade também é outra característica essencial em qualquer trabalho científico, ou seja, o estudioso adota um comportamento sem opiniões e julgamentos. Porém, há a possibilidade de qualquer confirmação ser questionada, por exemplo, nesse caso, tanto as teorias, observações, hipóteses e intuições linguísticas são constantemente inquiridas, pois a linguagem muda e novas formas explicativas são encontradas, o que vai, de certa forma, distanciar ou, até mesmo, deixar de lado, clássicas legitimações. Por exemplo, foi levantado a questão de não existir apenas um método científico, como o proposto pelo Positivismo, para estudar as ciências, ou a relação entre teoria, observação e a formulação de hipóteses, em que o linguista já poderia partir de uma suposição sem precisar de uma orientação teórica, ou intuição linguística que, geralmente, é sem reflexão. Ademais, a linguística também faz uso da terminologia que é seu vocabulário técnico científico. Reflexão: Mesmo com todas as controvérsias é importante atentar para o fato de que a linguística, graças à posição e ao estudo sério e científico que esta tomou, ela vem sendo muito mais valorizada do que no passado. Na verdade, mesmo que haja, sim, uma desigualdade de investimento entre as ciências humanas e as de exatas, não só no Brasil, como no mundo, as ciências sociais, incluindo a linguística moderna, que já rompeu com o passado, vêm se desenvolvendo, criando novas fronteiras e se atualizando a cada dia.
2. A linguística privilegia o estudo da linguagem falada por esta apresentar duas características próprias e importantes. A primeira se relaciona com a questão de a linguagem falada refletir a cultura de um povo, isto é, por exemplo, no caso do Brasil, o conjunto diversificado de línguas indígenas, sotaques e misturas com outras, evidencia, de forma geral, o quanto este país
apresenta culturas variadas, principalmente, se atentar para uma visão mais específica, como de uma região, uma certa comunidade. A segunda se refere ao uso das línguas naturais que se localizam dentre os sistemas semióticos, sendo que elas possuem a notável capacidade de se flexibilizarem e se adaptarem de acordo com o que a situação ou meio, em que o indivíduo estiver inserido, cobrar, isto é, a linguagem verbal é a forma mais usada e desenvolvida estudada pela linguística. Além disso, a linguagem falada fez com a linguística saísse de um viés mais normativo para uma perspectiva mais descritiva. Reflexão: A linguística se interliga, profundamente, com a existência da sociedade. Ela tem, como base, o estudo da relação entre o ser humano e a linguagem, onde estes moldam o sistema linguístico, não individualmente, mas em conjunto.
3. PETTER, Margarida. Linguagem, língua linguística. In: FIORIN, J. L. (org). Introdução à linguística – objetos teóricos. 6ª ed., São Paulo: Contexto, 2015, p. 9-11.
LINGUÍSTICA: 1. “A linguagem é “heteróclita e multifacetada”, pois abrange vários domínios; é ao mesmo tempo física, fisiológica e psíquica; pertence ao domínio individual e social; "não se deixa classificar em nenhuma categoria de fatos humanos, pois não se sabe como inferir sua unidade” (Ferdinand de Saussure). 2. “Doravante considerarei uma linguagem como um conjunto (finito ou infinito) de sentenças, cada uma finita em comprimento e construída a partir de um conjunto finito de elementos” (Noam Chomsky).
CEZARIO & MARTELOTTA. Aquisição da linguagem. In: MARTELOTTA, Mário Eduardo (org.). Manual de Linguística. São Paulo: Contexto, 2009, p. 208.
LINGUÍSTICA: 3. “Linguagem está vinculada a mecanismos inatos da espécie humana e comuns aos membros dessa espécie, daí a ideia de universais linguísticos” (Ester Mirian Scarpa). Reflexão: A linguagem é o ponto de partida para a construção da convivência social.
4. A linguística se posiciona de forma descritiva, ou seja, ela se opõe à postura prescritiva da gramática tradicional. Assim, enquanto a gramática tradicional prescreve como a linguagem deve ser falada, a linguística descreve como a linguagem é de acordo como as pessoas falam. Consequentemente, a gramática tradicional, por tentar produzir um padrão linguístico, ela seleciona 3 fatores em que essa imposição deve estar presente para refletir e classificar o que é, de acordo com ela, melhor e pior, sendo elas a inclinação literária, em que apenas intelectuais literatos estabelecem um modelo de linguagem, mesmo não relevando a situação social histórica do povo em que pertence por exemplo, mas não quer dizer que o linguista não seja contra ao estudo literário da língua, na verdade, isso pode ser de interesse individual de cada pesquisador. A hipercorreção também é um agente bastante utilizado nesse tipo de gramática, pois ela presa um protótipo linguístico de correção absoluto, sendo que é relativo ao ponto de vista tanto geral quanto individual, por exemplo, quando um observador percebe que, pela estrutura da sua língua nativa, o falante se comunica de forma estranha e que, para o observador, é errada, há um julgamento mais aceitável por questões meramente lógicas, porém se o observador afirmar que, de modo geral, a sua língua define o molde correto de qualquer língua ser discursada, é já questionável. A mudança linguística também é ameaçada, pela gramática tradicional, quando se afirma que o linguista deve ser subjetivo relevando o que sofre uma mudança para melhor ou para pior. Reflexão: No caso do Brasil, deve-se considerar a má qualidade da educação que, referente ao estudo linguístico, transmite, principalmente, ao aluno, uma postura prescritiva. Não que tal teoria seja algo incorreta de ser ensinada, porém a realidade linguística de muitos jovens e crianças, no Brasil, é muito diferente da instruída nas escolas, pois, além dos estudantes, boa parte, não terem condições materiais para terem acesso a um estudo mais profundo da língua portuguesa e nem a mesma é oferecida pelo governo, é descartada a bagagem cultural do indivíduo. Na verdade, é uma realidade completamente diferente para um povo que apresenta sotaques e línguas diferentes em seu meio social, como é o caso do brasileiro. Ela, sim, deve ser estudada, porém não de forma coagida.
5. Ao observar a interação entre as abelhas, Benveniste definiu a linguagem entre elas como código de sinais por apresentar características próprias e diferentes da humana. Por exemplo, o conteúdo da mensagem é fixo, ela só se remete a um tipo de situação
presenciada ou procurada, no caso, o alimento encontrado pela abelha. Outro requisito é que a mensagem é invariável, isto é, ela não tem a capacidade, como a humana, de partir do assunto central para outros. A mensagem também se refere à uma só situação e é de transmissão unilateral, ou seja, ela é única, central. Porém, a característica mais intrigante é de que o recado, proferido de uma abelha para outras, não pode ser decomposto, ou seja, enquanto a linguagem humana pode ser, em qualquer palavra ou frase, cometida ao processo de subdivisão de morfemas e fonemas, a comunicação entre as abelhas não possui a capacidade de articulação. Reflexão: A interação comunicativa entre as abelhas mostra que até um pequeno inseto pode demonstrar inteligência suficiente para formar um diminuto, mas interessante sistema de comunicação, onde, similarmente à humana, é válida e aceita em comunidade. Sendo assim, há a possibilidade de certas demonstrações de vida na terra terem similares formas de interatividade entre si.
6. O primeiro aspecto que diferencia a linguagem humana da do animal é que esta não possui limitações. Porém, no que se refere à semelhança, os animais se aproximam do ser humano por meio do comportamento simbólico, da transmissão cultural, imitação e da consciência do “eu” como papel social. Sendo assim, a experiência como fator obrigatório, na linguagem animal, é permanente, logo, na linguagem humana, é opcional. A falta de um aparelho vocal que transmita um diálogo mais complexo, como a do ser humano, se ausenta. O animal não participa de uma interação comunicativa como a do ser humano, mas, sim, à uma conduta natural. Além disso, eles não apresentam a capacidade de, a partir de uma mensagem, formular outras, logo, o ser humano não precisa estar, rigorosamente, ligado com a forma linguística e a referente mensagem. O simbolismo da comunicação, para o ser humano, não se configura com dados da experiência, já a do animal há esses dados e sempre será referente à uma situação objetiva, sem variação de assunto.
Reflexão: O poder da linguagem se faz presente em qualquer vida na terra, mesmo que se manifeste de formas diversificadas. Sendo assim, uma característica comum a esse domínio é a relação com o próximo, demonstrando que em qualquer contingente que
haja vida, há o predomínio da socialização, mesmo que essa, também, se manifeste de formas diferentes, mas sempre partindo do pressuposto da convivência coletiva.