9.1
IMPORTÂNCIA DA DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA (DFC)
De forma condensada, a Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC) indica a origem de todo o dinheiro que entrou no Caixa, bem como a aplicação de todo o dinheiro que saiu do Caixa em determinado período, e, ainda, o Resultado do Fluxo Financeiro. A DFC propicia ao gerente financeiro a elaboração de melhor planejamento financeiro. Por meio do planejamento financeiro, o gerente saberá o momento certo em que contrairá empréstimos para cobrir a falta (insuficiência) de fundos, bem como quando aplicar no mercado financeiro o excesso de dinheiro. Somente por meio do conhecimento do passado, porém, será possível fazer boa projeção do Fluxo de Caixa para o futuro (próxima semana, próximo mês, próximo trimestre etc.). A comparação do Fluxo Projetado com o real vem indicar as variações que, quase sempre, demonstram as deficiências nas projeções. Estas variações são excelentes subsídios para aperfeiçoamento de novas projeções de Fluxos de Caixa.
9.1.1
Principais transações que afetam o Caixa
A seguir relacionam-se, em dois grupos, as principais transações que afetam o Caixa. A - TRANSAÇÕES QUE AUMENTAM O CAIXA (DISPONÍVEL) Integralização do Capital pelos Sócios ou Acionistas São os investimentos realizados pelos proprietários. Se a integralização não for em dinheiro, mas em bens permanentes, estoques, títulos etc., não afetará o Caixa. Empréstimos Bancários e Financeiros São os recursos financeiros oriundos das Instituições Financeiras. Normalmente, os Empréstimos Bancários são utilizados como Capital de Giro (Circulante) e os Financiamentos, para aquisição de Ativo Permanente (Fixo). Venda de Itens do Ativo Permanente Embora não seja comum, a empresa pode vender itens do Ativo Fixo. Neste caso, tem-se uma entrada de recursos financeiros. Vendas a Vista e Recebimento de Duplicatas a Receber A principal fonte de recursos do Caixa, sem dúvida, é aquela resultante de vendas.
Outras Entradas Juros recebidos, dividendos recebidos de outras empresas, indenizações de seguros recebidas etc. B - TRANSAÇÕES QUE DIMINUEM O CAIXA (DISPONÍVEL) Pagamentos de Dividendos aos Acionistas Se os investimentos dos proprietários da empresa representam entrada em Caixa, os dividendos pagos, em cada exercício, significam diminuição do Caixa. Pagamento de Juros, Correção Monetária da Dívida e Amortização da Dívida O resgate das obrigações junto às Instituições Financeiras, bem como os encargos financeiros (juros, comissão, correção monetária etc.) significam saída de dinheiro do Caixa. Aquisição de Item do Ativo Permanente São as aquisições a vista de Imobilizado e de itens do subgrupo Investimentos (ações etc.) Compras a Vista e Pagamentos de Fornecedores São aquelas saídas de numerário referentes a matéria-prima e material secundário. Pagamentos de Despesa/Custo, Contas a Pagar e Outros São os desembolsos com despesas administrativas de vendas, com itens do custo e outros. C - TRANSAÇÕES QUE NÃO AFETAM O CAIXA Através dos itens relacionados no grupo A observam-se os principais encaixes (entrada de dinheiro no Caixa). Por meio dos itens relacionados no grupo B observam-se os principais desembolsos (saída de dinheiro do Caixa). Agora, serão observadas algumas transações que não afetam o Caixa, isto é, não há encaixe nem desembolso: • Depreciação, Amortização e Exaustão. São meras reduções de Ativo, sem afetar o caixa. • Provisão para Devedores Duvidosos. Estimativa de prováveis perdas com
clientes que não representa desembolso para a empresa. •
Acréscimos (ou Diminuições) de itens de investimentos pelo método de equivalência patrimonial.
Para melhor apreciação do Fluxo de Caixa, veja-se o Capítulo 18 do livro Contabilidade Empresarial, de José Carlos Marion, também publicado pela Editora Atlas S.A. 9.2
APLICAÇÕES FINANCEIRAS
Em períodos em que há ociosidade no caixa da empresa (mais entrada de dinheiro do que saída), é saudável a aplicação desses recursos, evitando-se a corrosão inflacionária. Tais aplicações são realizadas de acordo com o número de dias em que o dinheiro fica disponível. As aplicações mais comuns são: • Mercado aberto: — Fundos de investimento: aplicações por um dia; — Aplicações na BMF: aplicações por sete dias ou mais; • Letras de Câmbio; • Depósitos a Prazo Fixo; • Certificado de Depósito Bancário — CDB. Normalmente essas aplicações têm seus valores nominais atualizados pela perda do poder aquisitivo da moeda (vulgarmente, apesar de incorreto, se diz que elas “rendem correção monetária”) e sobre tais valores atualizados rendem (aí sim, correto!) juros. Esses “rendimentos” são, via de regra, tributados pelo imposto de renda, ocorrendo essa tributação já na fonte pagadora. Se isso ocorrer, duas hipóteses ainda podem se abrir. Numa delas, o rendimento não precisa mais ser considerado tributável quando da elaboração da “declaração do imposto de renda” (anual). Na outra, o “imposto de renda retido na fonte” é considerado uma antecipação do imposto de renda a ser calculado na declaração. 9.2.1
Aplicação na BMF
Data Junho/x4
02
17 17 17
Conta Débito Crédito Aplicações na BMF 1.1.3 10.000.000 Bancos c/ Movimento Histórico: pela aplicação a preço de custo na 1.1.2 10.000.000 BMF Bancos c/ Movimento 1.1.2 10.000.000 Aplicações na BMF 1.1.3 10.000.000 Histórico: pelo resgate Bancos c/ Movimento 1.1.2 500.000 Receitas Financeiras 4.4.1 500.000 Histórico: pelo rendimento auferido IR na Fonte a Compensar 1.1.8 50.000 Bancos c/ Movimento Histórico: 10% x $ 500.000 1.1.2 50.000
Bancos c/ Movimento xxxx 10.000.000 10.000.000 50.000 500.000
Aplicações BMF 10.000.000
10.000.000
IR Fonte a Compensar 50.000
Receitas Financeiras 50.000
Ativo Circulante (BP)
Desp./ Rec. Operacionais (DRE)
.
Tal contabilização deve obedecer rigidamente ao Regime de Competência. Se a aplicação passar de um ano para outro, os juros proporcionais (bem como o IR na fonte) aos dias corridos no exercício em encerramento devem ser computados, abrindo-se uma conta para Receitas Financeiras a Receber, como contrapartida de Receitas Financeiras. 9.2.2 Aplicações em depósitos a prazo fixo Admita-se que determinada empresa faça aplicação a prazo fixo (o raciocínio seria o mesmo para a Letra de Câmbio) em 1º-11-x4 para seis meses, com data de resgate marcada para 30-4-x5. O valor aplicado é de $ 50.000.000 e o total resgatado será de $ 80.000.000, havendo uma Receita Financeira igual a $ 30.000.000. O lançamento nesta oportunidade será: Data Nov/ x4
01 Aplicações, títulos e valores mobiliários Bancos c/ Movimento Histórico: pela nossa aplicação em depósito a prazo fixo conforme documento... 01 Aplicações, títulos e valores mobiliários Receita financeira a apropriar
Plano de Contas 1.1.12 1.1.2 1.1.12 Ver observação
Débito
Crédito
50.000.000 -
50.000.000
30.000.000 -
30.000.000
Histórico: pelo rendimento bruto da aplicação em depósito a prazo fixo conforme documento...
Oberve-se que o rendimento indicado compete para ao período de 19x4 (2/6) e parte ao período de 19x5 (4/6). Pelo Regime de Competência há necessidade de distribuir os juros proporcionalmente; por isso, utiliza-se a conta Receita Financeira a Apropriar. Se a empresa não apropriar a Receita mensalmente, em 31-12-x4, faz-se a apropriação que compete a 19x4. Dez./x4 3 1
Receita Financ. a Apropriar Receita Financeira Histórico: apropriação do rendimento proporcional até esta data da aplicação a prazo...
1.1.12.1 10.000.000 4.4.1
-
10.000.000
Na data do resgate, em 30-4-x5, apropria-se o restante da Receita Financeira: Abr./x5
30
Receita Financeira a Apropriar Receita Financeira Histórico: apropriação do rendimento proporcional...
1.1.12.1 4.4.1
20.000.000 20.000.000
Observações: 1. A Conta “Receita Financeira a Apropriar” é classificada no grupo Resultado do Exercício Futuro ou no próprio Ativo Circulante, reduzindo a conta “Aplicações, Títulos e Valores Mobiliários” (Código 1.1.12.1). Somos favoráveis à segunda corrente. Dessa forma, em 31-12-x4 a situação seria a seguinte: Ativo Circulante
Em $ mil
Aplic., Títulos Val.Mob. ( - ) Receita Fin. Apropriar
80.000 (20.000) 60.000
DRE Desp. Operacionais
Em $ mil
Desp. Financeira ( - ) Rec. Financeira
10.000
2. Em alguns casos o Imposto de Renda na Fonte pode ser retido na data da aplicação; em outros casos, na data do resgate (suponha-se Imposto de Renda na Fonte igual a 10%). Tanto na data da aplicação, como na do resgate, o lançamento seria: Data -
9.3
-
Imposto de Renda na Fonte Bancos c/ Movimento Histórico: Valor retido do IR conf. Documento (10% x 30.000.000)
Plano de Contas 1.1.8 1.1.2
Débito
Crédito
3.000.000 3.000.000
FINANCIAMENTOS
9.3.1 Empréstimos com juros - preflxados São empréstimos em que os encargos financeiros não variam proporcionalmente à inflação do período, mas já são conhecidos no momento da concessão do empréstimo. Suponha-se que uma empresa solicite 50.000.000, devendo pagar, em 90 dias tanto, um encargo financeiro total de $ por mês (Regime de Competência). A contabilização recomendada em 1-12-xl é:
Data Dez./ x1
3 1
3 1
Bancos c/ Movimento (Disponível) Emprestimos a Pagar Hist: (pela contabilização do principal) Despesa Juros a Apropriar Emprestimo a pagar Hist: (pela contabilização dos juros)
Ativo Circulante Disponível ______________ ______________ ______________
Conta Débito 1.1.2 50.000.000
Crédito -
2.1.6
-
50.000.000
2.1.10
15.000
-
2.1.6
-
15.000
BALANÇO PATRIMONIAL Passivo Circulante 50.000 Empréstimo a Pagar ______________ ( - ) Desp. Juros ______________ Apropriar ______________
65.000 (15.000) 50.000
Dessa forma, à medida que for passando o tempo, a Despesa de Juros a Apropriar será baixada como despesa financeira. Em 31-12-x1 ter-se-á: Passivo Circulante Emprést. Pagar 65.000 ( - ) Desp. Juros (10.000) Apropriar 55.000
Despesa Juros a Apropriar 15.000.000 5.000.000 10.000.000
Despesa Juros 5.000.000
Por ocasião do pagamento, a conta Empréstimos a Pagar será baixa&i. Muitas vezes, a empresa não tem recursos suficientes para cobrir suas obrigações geradas no processo operacional. Então recorre a Empréstimos Bancários e utiliza parte de suas duplicatas, oferecendo-se como garantia ao banco. Como remuneração ao capital de terceiros, a empresa pagará juros à instituição financeira que estiver concedendo o empréstimo. 9.3.2
Desconto de duplicatas
Outra maneira de obter recursos financeiros com duplicatas é o Desconto de Duplicatas. A empresa transfere (através de um endosso no verso do título) a propriedade das duplicatas ao banco (ou outro financiador). Como contrapartida, a empresa recebe do banco o valor constante nas duplicatas menos os juros (daí o título Desconto de Duplicatas) contados até seus vencimentos (das duplicatas). O banco, por sua vez, receberá o valor total da duplicata do cliente da empresa. Todavia, se, no vencimento da duplicata, não houver a sua liquidação (o banco não receber), a empresa deverá reembolsar ao banco (ela é co-responsável) o valor total da duplicata descontada.
A Cia. Socialista, após sua primeira venda a prazo, de posse de uma duplicata emitida contra seu cliente, Cia. Prestes, no valor de $ 80.000, encontra reais dificuldades para liquidar suas dívidas. Uma saída é propor ao Banco General o desconto de sua duplicata, que vencerá daqui a 30 dias. O gerente do banco concorda com o desconto, à base de uma taxa de juros de 4% ao mês. Dessa forma, a Cia. Socialista endossa a duplicata, transferindo a propriedade da mesma para o Banco General. O Banco General, por sua vez, libera $ 76.800 para a Cia. Socialista ($ 80.000 — 4% = 76.800). A Cia. Prestes recebe um aviso de que deve liquidar a duplicata, na data do seu vencimento, em favor do Banco General. Observe-se que se a Cia. Prestes não liquidar junto ao banco a referida duplicata, estará a Cia. Socialista obrigada a repor os $ 80.000 ao Banco General.
Contabilização Pelo fato de a empresa que desconta duplicatas ser responsável pelo pagamento das duplicatas ao banco, na hipótese de o seu cliente não liquidar no vencimento, não se pode dar baixa nas duplicatas negociadas ao banco por ocasião do desconto, devendo, portanto, ser evidenciadas no balanço. Assim, o total de duplicatas descontadas é evidenciado com a dedução de Duplicatas a Receber no Ativo Circulante. Informa-se aos leitores que a empresa negociou aqueles títulos, mas que poderá readquiri-los caso seu cliente não os liquide. Observe-se que o desconto não aparecerá no passivo circulante, pois ainda não se configurou como uma dívida. Quando a Cia. Socialista desconta o título: x xxx
Data xx
xx
Conta 1.1.1
Débito 76.800
Crédito -
Duplicatas Descontadas Histórico...
1.1.5
-
76.800
Encargos Financeiros a Apropriar Duplicatas Descontadas Histórico...
1.1.16 1.1.5
3.200 -
3.200
80.000
80.000
Bancos c/ Movimento
Observe-se que os encargos financeiros não são contabilizados imediatamente como despesas, pois só o serão à medida que transcorrer tempo entre o desconto e o vencimento. Assim, a conta Encargos Financeiros a Apropriar fica classificada no Ativo Circulante — Despesas do Exercício Seguinte pagas antecipadamente até a sua baixa pro rata tempore (proporcional ao tempo decorrido).
Admita-se que o final do mês seja 15 dias após o desconto. Para apurar o resultado mensal, metade dos encargos seria baixada como despesa: Encargos Financeiros a Apropriar Despesas Financeiras 3.200 1.600 1.600
Por ocasião do aviso bancário pela liquidação do título, faz-se o seguinte lançamento: Duplicatas a Receber xxxx 80.000
Duplicatas Descontadas 80.000 80.000
Na hipótese de o título não ser liquidado pelo cliente, o banco deve debitá-lo automaticamente na conta da Cia. Socialista. O lançamento na empresa seria o seguinte: Bancos c/ Movimento xxxx 80.000
9.3.3
Despesas Financeiras 80.000 80.000
Empréstimos com juros pós-fixados (variações monetárias)
Em virtude da inflação do período, os índices para cálculo dos encargos financeiros são conhecidos após a data do empréstimo. Data xxxx xx Neste tópico, a rigor, pode-se tratar de forma individualizada da variação monetária e dos juros. A - VARIAÇÃO MONETARIA Entende-se como variação monetária a atualização de uma dívida (ou de um direito) em virtude da taxa de câmbio. Essa variação é denominada variação cambial. Conforme exigência da Lei das Sociedades por Ações, as obrigações em moeda estrangeira, com cláusula de paridade cambial, classificadas no passivo, serão convertidas em moeda nacional à taxa de câmbio em vigor na data do balanço. Empréstimo Data do balanço Por exemplo, $10.000.000 —> atualizados —>$14.800.000 a diferença é a variação monetária $4.800.000
classificável como despesa no grupo Despesa Financeira PASSIVO 31-12-x1 Empréstimo a 10.000 Pagar
Em R$ mil 31-12-x2 14.800
DRE 19x2 Desp. Financeira Variação Monetária
Em R$ mil (xxxx) (4.800)
B — JUROS Além da variação monetária, há os juros que efetivamente remuneram o financiador. Normalmente, os juros, no caso de correção monetária da dívida, incidem sobre o valor atualizado. No caso de empréstimos em moeda estrangeira, normalmente são calculados sobre o valor da dívida original e multiplicados pela taxa de câmbio do dia para a conversão em reais. Os juros são calculados considerando-se o Regime de Competência. Então, periodicamente serão apropriados, mesmo que não liquidados (não houve ainda a remessa). As variações monetárias devem ser segregadas dos juros. Dessa forma, embora compondo o grupo Despesas/Receitas Financeiras, as variações monetárias serão classificadas em conta distinta da dos juros. Fique bem claro que a Correção Monetária Prefixada é classificada como juros no grupo Despesas Financeiras. Somente a Correção Monetária Pós-fixada tem tratamento segregado. Exemplo: Se uma empresa contrai empréstimo, em moeda estrangeira, por exempio, de 10.000 dólares, no início do ano, com o dólar cotado a $ 1,60, sua dívida corresponde a $ 16.000 mil (10.000 dólares x 1,60). Todavia, com a desvalorização do real, um dólar pode estar cotado a $ 1,90 no final do período. Dessa forma, a dívida corresponde a $ 19.000 mil (10.000 dólares x $ 1,90) no fim do exercício, havendo uma variação cambial de $ 3.000 mil (estes $ 3.000 mii são despesa para a empresa). Contabilização CIA. SIDERBRÁS No momento do financiamento: Bancos c/ Movimento 2.800 milhões
Financiamento 2.800 milhões
Contabilização de Juros (ainda não pagos): Juros Incorridos (despesa)
Juros a Pagar (Passivo) ou Financiamento
xxxx 9.4
xxxx
DESCONTOS FINANCEIROS (CONDICIONAIS)
Os descontos financeiros são os prêmios oferecidos pelo vendedor ao comprador, por um pagamento antecipado de dívidas assumidas com transação de mercadorias. Normalmente, o vendedor indica, na nota fiscal, ou na duplicata, que o valor da dívida é “X,’, e que será cobrada, dentro de 90 dias, pelo seu próprio valor; se for paga dentro de 60 dias, o comprador gozará de um desconto de 3%, e, se dentro de 30 dias, de 5%. Essas porcentagens variam segundo as condições; há, inclusive, os que concedem desconto a favor dos que fazem o pagamento no próprio dia do vencimento. Se o valor da venda for de $ 20.000.000 para pagamento em 60 dias, com 5% de desconto se o pagamento for feito em 30 dias, e o cliente aproveitar o tal prêmio, a contabilização ficará assim: No Comprador: Débito Crédito D – Fornecedores 20.000.000 C – Caixa 19.000.000 C – Desc. Financ. Obtido 1.000.000 No Vendedor: D – Caixa D – Desc. Financ. Obtido C – Clientes
Débito 19.000.000 1.000.000 -
Crédito 20.000.000
Devem ser abertas contas especiais para os descontos financeiros obtidos e concedidos. Quanto ao tratamento para elas, há grandes divergências. Para muitos autores tais descontos devem ser deduzidos dos valores de Vendas e de Compras, exatamente como foi feito com Devoluções, Abatimentos e Descontos Comerciais. Muitas críticas, entretanto, podem ser levantadas com relação a esse procedimento: tais descontos são fornecidos não em função direta da transação da mercadoria, como no caso dos descontos comerciais; tampouco decorrem de variações com as próprias mercadorias, como danos, avarias etc., que provocam devoluções ou abatimentos; antes, dependem do pagamento da dívida assumida. São em função, pois, do interesse e da possibilidade de a empresa efetuar o pagamento adiantadamente ou não, e não da transação efetivamente realizada. Além disso, há sempre o problema da apropriação: se a empresa efetua o encerramento do resultado em 31/12 de cada ano, por exemplo, as compras efetuadas no dia 10/12, cujo desconto seja para pagamento até 10/1 do ano seguinte, serão pagas com o aproveitamente do prêmio? Nem sempre a empresa tem conhecimento de tal fato, e essa informação é de grande importância para a apropriação ao ano dos descontos financeiros de tais compras. O mesmo sucede com as vendas. A empresa não sabe se seus clientes farão o pagamento antecipadamente, e tais descontos não poderão ser deduzidos das vendas do ano seguinte. Considerando os argumentos quanto à ligação do desconto financeiro com a
própria venda, e quanto à dificuldade e até impossibilidade de sua apropriação ao período, conclui-se que devem ser omitidos na apuração do Resultado com Mercadorias. Como melhor procedimento para o caso, conclui-se que este é a apropriação de todos os Descontos Financeiros Obtidos e Concedidos como receitas e despesas que alteram o resultado, porém considerados depois da apuração do Resultado Bruto. Seus saldos serão transferidos diretamente para a conta de Resultado, e a demonstração dedutiva ficará: Vendas ( - ) CMV Resultado com Mercadorias (Lucro Bruto) ( + ) Descontos Financeiros Obtidos Menos: Descontos Financeiros Concedidos Despesas Diversas
20.000.000 (14.000.000) 6.000.000 680.000 Soma 6.680.000 (100.000) (380.000) Lucro Líquido
(480.000) 6.200.000
Esse tratamento é o mais utilizado no Brasil e está de acordo com a Lei das Sociedades por Ações.