Adoração
Alexandre Carvalho
ADORAÇÃO: O QUE É? Para muitos, a palavra Adoração pode trazer à mente música suave, rosto com aparência reverente e introspectivo. Para outros, mãos levantadas, brados e danças. Mas... Quem está com a razão? A primeira vez em que a palavra adoração aparece na bíblia é no episódio onde Abraão está prestes a subir o Monte Moriá para oferecer Isaque em sacrifício a Deus (Gn 22:5). Não havia música, não estavam em um templo, não estavam dando brados, nem dançando. Deus havia pedido o único filho de Abraão, o filho de sua velhice, o filho através do qual Deus faria dele uma grande nação. A despeito de qualquer sentimento ou pensamento que pudesse estar passando pela cabeça de Abraão, ele chamou aquele momento de adoração. A palavra que ele provavelmente usou em hebraico foi shachah, que, embora signifique submissão, destaca a expressão física da adoração. De maneira prostrada, o súdito apresentar-seia diante de um líder ou rei. No Novo Testamento, a principal palavra grega usada para adoração é proskuneō, que originalmente tinha o significado de “beijar”. Segundo Russel Shed, entre os gregos era um termo técnico que significava "adorar os deuses", dobrando os joelhos ou prostrando-se. Beijar a terra ou a imagem, em sinal de adoração, acompanhava o ato de prostrar-se no chão. Colocar-se nessa posição comunicava a idéia básica de submissão. O gesto de curvar-se diante de uma pessoa e ir ate o ponto de beijar seus pés, quer dizer: "Reconheço a minha inferioridade e a sua superioridade; coloco-me a sua inteira disposição". Ao encontrar a mulher samaritana junto ao poço de Jacó, Jesus inicia uma conversa sobre uma necessidade física: matar a sede. Ele leva a conversa para o campo espiritual, mas a mulher não percebe. Então, Jesus se apresenta a ela através de uma revelação. A primeira reação da mulher foi discutir a forma, a arte: “ ossos pais adoraram neste lugar, mas vós dizeis que é em Jerusalém o lugar onde se deve adorar” (Jo 4:20). Nossos pais adoravam ao ar livre, vocês (judeus) dizem que é no templo. A mulher perguntou sobre uma questão física, Jesus respondeu com uma questão do coração. Ela perguntou onde adorar, Jesus respondeu o que é adoração. Em nossas igrejas há muitas pessoas como aquela mulher, perdidas debatendo locais, formas, programas... Adorar é reconhecer a superioridade de Deus, amá-lO acima de todas as coisas, de forma a reagir de modo adequado. Adorar é render-se.
Quem Pode Adorar a Deus? Adoração não é apenas um sentimento, um clima, ela é uma reação natural à revelação da divindade de Deus. Vamos analisar um pouco mais de perto o que aconteceu com a samaritana. Quando os discípulos retornaram, ficaram escandalizados ao verem Jesus conversando com uma mulher, e ainda samaritana! O texto diz que nenhum deles perguntou à mulher o que ela queria, nem perguntaram a Jesus por que motivo falava com ela (Jo 4:27). Eles estavam tão preocupados com as tradições, que ignoraram o ambiente de adoração. Ignoraram aquela nova convertida. O apego às tradições nos afasta da verdadeira adoração, nos torna como os fariseus. No momento em que ela percebeu que estava diante do Messias prometido, ela O adorou. Ela O amou acima de todas as outras coisas. Ela não se preocupou mais com a rixa entre samaritanos e judeus, com seu cântaro de água, com o que os outros iriam pensar dela, com os preconceitos, nada era mais importante àquela altura. Não havia outra opção pra ela. A partir do momento em que eu conheço a Deus, conheço sua grandeza e sua majestade, não me resta outra opção, tenho que adorá-lO. O salmista chegou a esta conclusão no Salmo 104. Leia do verso 24 ao 33, note que depois de constatar a grandeza de Deus ele conclui dizendo: “Cantarei ao Senhor enquanto eu viver; cantarei louvores ao meu Deus, enquanto eu tiver existência”.
Isto nos leva a uma dura constatação: Nem todos podem adorar a Deus. Sim, há pessoas que têm um desejo sincero e uma necessidade real de adorar a Deus, mas não podem adorá-lO. Por quê? Porque não foram apresentados a Ele, simplesmente não O conhecem. Ora é impossível reconhecer a superioridade e amar acima de todas as coisas, alguém que não conhecemos. “Agora, pois, ó Israel, que é que o SEHOR teu Deus pede de ti, senão que temas o SEHOR teu Deus, que andes em todos os seus caminhos, e o ames, e sirvas ao SEHOR teu Deus com todo o teu coração e com toda a tua alma,...” (Dt 10:12) “E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento” (Mt22:37). Estes dois versículos trazem a mesma condição: Ele precisa ser o meu Deus. Adorar ao Senhor é exclusividade daqueles que O tem como seu Deus.
Causa e Conseqüência Uma das coisas que complica a vida de qualquer médico é um paciente que chega a seu consultório reclamando apenas de “uma dor de cabeça que não passa”. Isto ocorre porque dor de cabeça é algo que pode ser provocada por vários motivos. Quando tomamos um analgésico, temos um alívio momentâneo, mas, após algum tempo, lá vem ela de novo. Enquanto a causa não for combatida, a dor de cabeça voltará assim que terminar o efeito do paliativo. Se os dízimos e ofertas caem, fazemos campanhas; se a freqüência aos cultos diminui, criamos programas especiais; se os jovens não se interessam pelas programações de culto, tratamos de recheá-las com músicas agitadas, chamamos um cantor famoso; se alunos faltam a EBD, cobramos responsabilidade. Todas estas ações são como analgésicos, podem resolver por algum tempo, contudo, passado o efeito, vem aquela velha “dorzinha” de cabeça novamente. Ao ser tentado no deserto, Jesus mostrou ao diabo que não veio ao mundo para tratar de sintomas, veio curar as doenças. Quando o diabo lhe ofereceu todos os reinos do mundo, Jesus o respondeu com o texto de Deuteronômio 6:13, que diz: “Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás.” Servir a Deus é conseqüência da minha adoração, não a causa. A terceira coisa que a mulher samaritana fez foi levar os homens daquela cidade para conhecer o Cristo. Ganhar almas foi uma reação natural ao impacto de deparar-se com o próprio Deus em forma humana. Muitas pessoas se entopem de atividades na igreja achando que estão adorando a Deus, crêem que isto as fará estarem mais próximas de Jesus – estão completamente enganadas! Gosto de cozinhar para minha esposa. Ora, cozinhar não me faz amá-la mais. Porém, porque a amo, tenho prazer em cozinhar para ela. Nosso relacionamento com Deus deve estar acima de tudo; as necessidades do reino vêm depois. Fomos salvos para adorar a Deus, não para servi-lO. A Obra de Deus no calvário não foi para libertar escravos para servi-lO, foi para restaurar filhos à comunhão com o Pai. Isaías viu o Senhor assentado em um alto e sublime trono, contemplou toda a adoração naquele ambiente, viu serafins e ficou maravilhado. Depois disto, ao ouvir a voz de Deus ele prontamente se oferece para o serviço: “Eis-me aqui, envia-me a mim” (Is 6:8). “Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rm 5:8). Quando este amor de Deus nos é revelado através de Jesus, agimos como Isaías: servimos. Vivemos uma época de muita exposição da palavra de Deus e pouca prática. Estamos na época do: receba!!! O que Deus pede de nós é: reaja!!! Se a reação falhou, provavelmente não houve adoração.
Adoração Deve Ser Contínua No meio da conversa com a samaritana, Jesus disse que a água que ele tinha pra dar se tornaria uma fonte a jorrar para a vida eterna na vida daquele que bebesse dela. Quando olhamos para nosso papel na eternidade, vemos que continuaremos como adoradores diante de Deus. Deus nos criou para O adorarmos por toda a eternidade. Nós bebemos a água aqui, portanto, a fonte começa a jorrar aqui e segue para a vida eterna. Fontes não são desligadas, elas jorram continuamente. O que Jesus estava dizendo é que nossa adoração tem que ser como uma fonte: tem que jorrar continuamente. Adorar não se resume a uma parte da programação de culto em nossa igreja ou a um momento durante o dia. A cada minuto do dia a fonte deve estar jorrando. É possível lavar o carro, arrumar a casa, namorar, estudar ou executar qualquer outra tarefa diária adorando a Deus. Enquanto Deus revela a si mesmo no intimo do coração pela Palavra lida e recebida, pelo reconhecimento de sua ação no mundo e pela comunicação pessoal do Espírito residente, nós devemos responder em adoração a Ele que declara e aprofunda nosso amor. Há duas coisas que fazem uma fonte parar de jorrar: o esgotamento do lençol d’água abaixo dela ou a falta de manutenção. No capítulo 7 de João, versos 38 e 39, Jesus fala que quem crer nEle, do seu interior fluirão rios de água viva. Ele estava se referindo ao Espírito Santo. Então, o lençol que abastece nossa fonte é o próprio Deus, que é eterno. Entretanto, a responsabilidade da manutenção é nossa! Falhamos em nossa manutenção quando, por exemplo:
Afastamo-nos da presença de Deus; Deixamos que o lixo se acumule e obstrua a fonte; Deixamos que outras coisas tenham prioridade em nossa vida e a negligenciamos; Prendemo-nos a formalidades e legalismos.
Em sua primeira carta aos Tessalonicenses, no capítulo 5, verso 19, Paulo adverte aquelas pessoas a não apagar o Espírito Santo. Na NTLH diz não atrapalhem a ação do Espírito Santo. Quando descuidamos da manutenção, o Espírito tem dificuldades de operar através de nós. Deixamos de ser adoradores para ser “louvadores”.
Louvor e Adoração: Tem Diferença? Uma confusão muito comum para muitas pessoas, inclusive para aqueles que dirigem o louvor nos cultos, está nos conceitos de louvor e adoração. Alguns crêem que é tudo a mesma coisa, outros que tem a haver com o ritmo da música, outras com o tipo de culto e por aí vai. Contudo, como já pudemos ver até agora, adoração não é só música ou programas. E então, como resolvemos esta questão? Analisar apenas a definição do dicionário já esclarece um pouco. Veja: Adoração - a.do.ra.ção sf (lat adoratione) 1 Ação de adorar. 2 Demonstração de afeto, respeito ou submissão. 3 Amor excessivo. 4 Objeto adorado. 5 Quadro que representa a veneração dos magos ao menino Jesus. 6 Filos Ato pelo qual reconhecemos a nossa dependência de Deus. Louvor - lou.vor sm (de louvar) 1 Ato de louvar. 2 Aplauso, elogio, encômio. 3Apologia de uma obra meritória. 4 Glorificação. Antôn: censura, crítica.
Gosto de usar uma ilustração bem simples para entender a diferença: alguém pode assoviar para uma moça bonita que passa, pode dizer frases que expressem seu desejo por ela, cantar pra ela, pode até dizer que está apaixonado. Contudo, ele não pode amá-la, porque para amar, é preciso conhecer. Tudo que esta pessoa fez foi louvar. Qualquer pessoa pode dizer que Deus é bom, pode cantar pra Ele, pode dançar, fazer um painel exaltando a santidade Dele. Qualquer pessoa pode louvá-lO, mas somente aqueles que aceitaram a Jesus como Senhor e Salvador de suas vidas podem adorá-lO. O louvor está relacionado com o exterior, adoração com o interior. Na vida do cristão, o louvor é a manifestação externa do transbordar de um coração completamente rendido, que ama a Deus acima de todas as coisas. Um grande perigo dos períodos de louvor é o de apenas emocionar as pessoas, sem leválas a conhecer o alvo da adoração. Por isto, muitos entram e saem das programações de culto, sem tomar a decisão de aceitar a Jesus. Saem sabendo elogiá-lO, mas sem conhecê-lO.
Adorar em Espírito Outra afirmação muito conhecida que Jesus fez foi: é preciso adorar em espírito (Jo 4:24). O espírito é o que nos distingue dos outros animais e é o que nos classifica em um nível acima deles. Quando Jesus diz que importa (é necessário) que a adoração seja em espírito, Ele pede que ela seja algo acima dos meros desejos e emoções, Ele pede que ela seja consciente. Jesus não estava criando um novo padrão, Ele estava reforçando algo que já se sabia no AT. Veja o que Isaías diz: “Com minha alma te desejei de noite, e com o meu espírito, que está dentro de mim, madrugarei a buscar-te; porque, havendo os teus juízos na terra, os moradores do mundo aprendem justiça” (Is 26:9). A Alma deseja, mas é o espírito quem abriga a consciência e toma a iniciativa de buscar a Deus. Jó foi outro a separar a razão da emoção. Diante do aparente caos que sua vida havia se tornado, ele diz: “Por isso não reprimirei a minha boca; falarei na angústia do meu espírito; queixar-me-ei na amargura da minha alma” (Jó 7:11). A alma estava passivamente amargurada, enquanto o espírito tomava a iniciativa de queixar-se. Mais à frente, falando da superioridade de Deus, ele mostra saber que espírito é exclusivo do homem: “a sua mão está a alma de tudo quanto vive, e o espírito de toda a carne humana” (Jó 12:10). Quando Paulo diz que a palavra de Deus é viva, que penetra até a divisão da alma e do espírito e é apta para discernir as intenções do coração (Hb 4:12), fala com a autoridade de alguém que passou boa parte da vida em uma adoração com a alma (ligada a uma rotina farisaica) e descobriu a profundidade da adoração em espírito. Nossa adoração, embora expresse também nossas emoções, deve ser consciente. Não pode estar presa a rotinas, sentimentos superficiais, deve partir do espírito. Por isso o salmista diz que tudo que tem fôlego, louve ao Senhor (Sl 150:6). Somos a excelência da criação, devemos adorar com excelência. Deus requer de nós aquilo que somente nós podemos lhe render.
Adorar em Verdade A segunda condição colocada por Jesus foi a verdade. Toda adoração dirigida ao Pai deve ser consciente e sincera. Isto era tão importante, que Ele usou um reforço: adoradores de verdade (verdadeiros), adoram em verdade. A sinceridade em nosso relacionamento com o Senhor é fundamental para que nossa adoração seja verdadeira. Ainda que pareça óbvio, muitas pessoas não enxergam ou ignoram isto. Basta observar nossas programações de culto. Conheci um pastor que dizia que o momento
em que mais mentimos é quando cantamos no culto. Vemos pessoas que quando oram, dizem coisas que não condizem com a vida que levam, ou simplesmente são meras repetições, outros insistem em “lembrar” a Deus todas as promessas que Ele fez. Davi aprendeu o que Deus requer de nós e declarou: “o que Tu queres é um coração sincero” (Sl 51:6 NTLH) e ainda: “derramai perante ele o vosso coração” (Sl 62:8). Sua dança, música, dinheiro, tempo ou sermões não valem coisa alguma sem um coração sincero diante do Senhor. Deus sonda nosso coração antes do primeiro acorde, do primeiro passo, antes que as palavras cheguem à boca (Sl 139:4). Isto foi o que levou a oferta de Caim ser rejeitada. Deus primeiro examina o adorador, depois aquilo que ele oferece como adoração. Esta verdade está revelada em Gênesis 4:4 e 5: “E Abel também trouxe dos primogênitos das suas ovelhas, e da sua gordura; e atentou o Senhor para Abel e para a sua oferta. Mas para Caim e para a sua oferta não atentou”. Veja o que os profetas Miquéias e Amós declaram: “Com que me apresentarei ao Senhor, e me inclinarei diante do Deus altíssimo? Apresentar-me-ei diante dele com holocaustos, com bezerros de um ano? Agradar-se-á o Senhor de milhares de carneiros, ou de dez mil ribeiros de azeite? Darei o meu primogênito pela minha transgressão, o fruto do meu ventre pelo pecado da minha alma? Ele te declarou, ó homem, o que é bom; e que é o que o SEHOR pede de ti, senão que pratiques a justiça, e ames a benignidade, e Andes humildemente com o teu Deus?” (Mq6:6-8) e “Odeio, desprezo as vossas festas, e as vossas assembléias solenes não me exalarão bom cheiro. E ainda que me ofereçais holocaustos, ofertas de alimentos, não me agradarei delas; nem atentarei para as ofertas pacíficas de vossos animais gordos. Afasta de mim o estrépito dos teus cânticos; porque não ouvirei as melodias das tuas violas. Corra, porém, o juízo como as águas, e a justiça como o ribeiro impetuoso” (Am 5:21-24). Eles sabiam que Deus exige sinceridade daquele que se aproxima dEle e que nosso relacionamento em espírito, determina nossa adoração em verdade. Jesus usou palavras novas, mas não um conceito novo. O Senhor quer verdadeiros adoradores desde o princípio de seu relacionamento com o homem. Não basta apenas encher-se de conceitos teológicos a respeito da adoração, é preciso praticá-la. Entretanto, ao partirmos para a ação, encontramos um problema: há um preço a ser pago. Talvez o receio de ter muitos seguidores sem a noção exata do significado de ser um adorador tenha motivado Jesus a tocar na questão do preço. Diante da multidão que o seguia, disse: “Se alguém vier a mim, e não aborrecer a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs, e ainda também a sua própria vida, não pode ser meu discípulo” (Lc 14:26). O amor a Jesus precisa ser maior que o amor a todas as demais coisas. Embora muito conhecida, esta verdade é difícil de ser praticada. Vivemos uma época de evangelho fácil. Uma época em que Deus parece o gênio da lâmpada: se precisamos Dele, basta uma “esfregadinha” e pronto. Muitos querem ostentar títulos de adoradores, levitas, ministros, profetas de Deus, mas não querem pagar preço algum. Cantam já estou crucificado com Cristo, mas fogem diante de um alfinete. Ainda em Lucas 14, Jesus faz uma comparação bem adequada ao ponto em que estamos. “Pois qual de vós, querendo edificar uma torre, não se assenta primeiro a fazer as contas dos gastos, para ver se tem com que a acabar? Para que não aconteça que, depois de haver posto os alicerces, e não a podendo acabar, todos os que a virem comecem a escarnecer dele,dizendo: Este homem começou a edificar e não pôde acabar” (Lc 14: 28-30). Antes de continuarmos, faça uma parada e faça as contas dos gastos para que sua torre de adoração não fique apenas no alicerce. Você está realmente disposto a pagar o preço?
Adoração Gera Transformação Uma verdade que poucas pessoas levam em conta é o poder de transformação que a adoração tem. A começar em você, sua igreja inteira pode ser transformada através do poder de Deus liberado aos adoradores. Não estamos falando deste conceito superficial da moda, mas de adoração em espírito e em verdade. Pude viver esta experiência de contágio em uma igreja inteira. Mas, como tudo que é espiritual, há um caminho a ser obedecido. 1. Transformação Pessoal Uma passagem muito intrigante foi a da transfiguração de Jesus no monte (Lc 9:28-36). O termo usado nesta passagem foi metamorphosis, que em grego significa “mudar de forma”. Jesus era adorador, Ele reconhecia a superioridade de Deus (Jo 8:28) e Sua obediência comprovava sua rendição à vontade do Pai (Lc 22:42). Os momentos de oração de Jesus eram uma oportunidade de adorar ao Pai em separado, em liberdade. O texto diz que enquanto adorava, o rosto de Jesus mudou de forma e suas roupas resplandeceram de brancura e Ele conversou com Moisés e Elias, que apareceram em glória. Naquele momento, Ele mudou para a forma espiritual e a conversa que teve foi neste nível mais elevado. Algo que os discípulos não podiam alcançar. Em II Co 3:18, Paulo afirma que o mesmo que aconteceu com Jesus enquanto Ele adorava, pode acontecer conosco. Veja: “Mas todos nós, com rosto descoberto, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados [metamorphosis] de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor”. Há, contudo algumas condições: o adorador precisa se aproximar de Jesus com o rosto desvendado; precisa contemplar a glória do Senhor; transformação é um processo, não um ato. •
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Com o rosto descoberto - É preciso haver verdade no rosto daquele que se aproxima de Jesus, não podemos nos aproximar dEle com máscaras ou disfarces. A religiosidade, o tradicionalismo ou a necessidade de características externas (ser reconhecido como tal) são disfarces que impedem que a glória de Deus nos transforme. Jesus não invade o ser de ninguém, Ele permanece batendo à porta até que alguém abra (AP 3:20). Buscar a Deus com sinceridade é o botão que ativa o processo de transformação pessoal. Contemplar a glória do Senhor – A psicologia, filosofia, auto-ajuda ou religião não são capazes de nos transformar. Precisamos contemplar a glória do Senhor. Ler a bíblia, orar ou jejuar também não podem produzir em nós na imagem de Deus. Não é o meio que utilizamos para chegar à presença de Deus que nos transforma, mas a própria presença dEle1. Mas, se contemplarmos Jesus enquanto fazemos estas coisas, a transformação pode ocorrer. Quando contemplamos a glória do Senhor, pela atuação do próprio Espírito do Senhor, ocorre a mudança em nós. Transformados de glória em glória – Mais nos aproximamos de Deus, mais vemos a sua glória, mais somos transformados. E, como ainda o vemos por espelho, esta transformação só estará completa no céu. E a grande notícia é que este processo não é doloroso ou humilhante, ele é feito de glória em glória. A bíblia não diz de dor em dor, de fracasso em fracasso. Portanto, a menos que você desista, passará a vida toda sendo transformado.
O ritmo de sua transformação dependerá da freqüência e intensidade com a qual você busca a glória do Senhor.
2. Transformação Daqueles à Sua Volta
Cerca de 60 anos após a liberação do povo Judeu do cativeiro em Babilônia, Esdras, escriba e sacerdote, parte para Jerusalém com cerca de duas mil famílias restantes. A bíblia diz que Esdras tinha preparado o coração para buscar e cumprir a lei do Senhor, como também para ensinar os Seus decretos e leis em Israel (Ed 7:10). O templo estava reconstruído os cultos retomados. Após uma jornada de quatro meses, chegam a Jerusalém. Não vamos nos ater agora aos levitas que foram com ele, mas a adoração propriamente dita. Após descansarem da viagem, promovem um grande culto a Deus. Passado o culto, os príncipes do povo de Jerusalém foram a Esdras e contaram que os sacerdotes, os levitas e o restante do povo havia se contaminado, casando-se com mulheres cananéias. Ao se deparar com adoração verdadeira, aqueles que estavam presos apenas à forma (a rituais), reconheceram que não poderiam continuar cultuando a Deus sujos diante dEle. Eles reconheceram que precisavam mudar de atitude, que precisavam começar do zero e pagaram o preço de mandarem suas mulheres e filhos de volta aos povos de origem. Outro momento de adoração que impactou todos em volta não se deu em um templo, se deu na prisão. Diante das adversidades, Paulo e Silas adoravam a Deus cantando. Muitos pregam sobre o terremoto, mas poucos falam sobre a transformação que aquele momento gerou nos demais prisioneiros e no carcereiro. O impacto foi tão grande, que os presos não conseguiram fugir não houve outro desejo no carcereiro além de aceitar a Jesus (At 16:25-35). Você pode transformar a visão que sua igreja tem da adoração a partir de sua busca pessoal.
Por Que é Tão Difícil Encontrar Verdadeiros Adoradores? Ao explicar à mulher samaritana o que é um verdadeiro adorador, Jesus diz que são estes que o Pai procura (Jo 4:23). Toda vez que leio este texto imagino um anúncio de emprego, como aqueles dos classificados de grandes jornais. Seguindo o raciocínio, é fácil notar que estamos falando de um excelente “emprego” com moradia (Jo 14:3), seguro de vida (Ap 21:4), plano de saúde (Ap 22:2), alimentação (Ap 7:16) e todos os demais complementos. Mas, se o “emprego” é tão bom, por que Deus tem que procurar quem preencha a vaga? Como acontece nos classificados, toda oferta de emprego traz suas exigências. Melhor o emprego, mais qualificações o empregador exige. Você pode ser um excelente profissional, contudo, sem tender às qualificações exigidas, não consegue a vaga. Note que este tipo de adorador é tão importante para Deus, que Ele não usa o departamento de recursos humanos (nós), Ele procura pessoalmente! Isto nos leva a uma conclusão: não é fácil encontrar quem preencha as qualificações para a vaga. •
O candidato precisa render-se
Já falamos da rendição e sabemos que ela é fundamental na adoração. Entretanto, passamos a vida toda buscando ser independentes (quem nunca desejou que chegasse logo os 18 anos?). Crescemos e o mercado de trabalho nos cobra liderança, visão, empreendedorismo, pro atividade, estratégias... O mundo nos cobra estar no controle. Deus nos cobra rendição. Educadores costumam dizer que desaprender é muito mais difícil que aprender. Por isso nos apresentamos como adoradores que escondem determinadas áreas suas que ainda querem controlar. Querer estar no controle é uma reação natural do ser humano difícil de ser mudada. Se isto fosse simples, nenhum proprietário que tenha o carro no seguro reagiria a um assalto.
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O candidato precisa aproximar-se de Deus
Aproximar-se de Deus é algo para corajosos. Ao longo do Antigo Testamento, vemos que aproximar-se de Deus poderia representar a morte, inclusive do sumo sacerdote. Muitos hoje preferem ficar na superficialidade das atividades, das programações de culto, tocar de vez em quando e... Continuar levando a vida de sempre. Um texto muito conhecido é o de Isaías 6, que fala de uma tremenda visão da glória de Deus. Ao contemplar a grandiosidade da majestade de Deus, Isaías vê o quão miserável ele é. Então a seguir um dos serafins se aproxima com uma brasa viva tirada diretamente do altar (verso 6). Imagine alguém se aproximando de você com uma brasa viva, que vai tocar seus lábios. Sua primeira reação é evitar o contato (isso deve doer um bocado!). Mas Isaías decidiu ficar e o toque daquela brasa gerou sua purificação. Somente depois disto ele estava apto para ouvir a voz do Senhor. Malaquias diz que o Senhor ficará assentado como fundidor e purificador de prata; e purificará os filhos de Levi, e os refinará como ouro e como prata; então trarão oferta em justiça (Ml 3:3). Para o refino, é necessário que o ouro seja completamente derretido, pois somente assim poderemos garantir que nenhuma impureza ficou escondida. Você está disposto a ser completamente derretido pelo Senhor? Ser purificado dói. Mas, se quiser ser um verdadeiro adorador, terá que passar por isto. •
O candidato precisa ter disponibilidade
Após ser purificado e ouvir a voz de Deus, Isaías se prontificou a ir. Ir pra onde? Fazer o que? Nada disso importava para ele. O nome disto é disponibilidade. Adorador precisa estar disponível para o Senhor. Muitos dos adoradores não estão dispostos a dar seu precioso tempo para o Senhor. Durante vários anos trabalhei em uma empresa que exigia o máximo do meu tempo. Bastava uma ligação e eu corria mais uma vez para o aeroporto. Minha esposa sofreu muito com isto, mas, se quisesse permanecer naquela função, precisava estar disponível. Não podemos adorar a Deus dando a Ele apenas o tempo que sobra. Estar disponível significa que o Senhor deve ter prioridade em sua vida. Quando ele chama, precisamos “correr para o aeroporto”! São apenas três condições. Porém implicam em uma profunda mudança. Por isso, muitos candidatos têm sido reprovados ainda na análise de currículo.
A Importância do Louvor Até agora falamos muito acerca da adoração e pouco sobre louvor. Antes que você ache que ele é desnecessário ou menos importante, vamos verificar o que a bíblia diz sobre esta manifestação de adoração.
1. Louvor Exalta a Grandeza de Deus O Salmo 95 nos diz para nos apresentarmos diante de Deus com louvores e celebrarmos com salmos porque o Senhor é Deus grande, rei grande sobre todos os deuses (Sl 95:2-3). Em uma época de superlativos, onde tudo é “o máximo”, “show”, “super”, grande pode parecer algo de menor importância e é assim que alguns reagem nas programações de culto.
Declarar a grandeza de Deus também é uma forma de nos fazer lembrar quem nós somos, de manter nossos corações humildes. Desde a antiguidade, as pessoas sabiam como se apresentar diante de um rei: prostrando-se e oferecendo presentes. Foi assim inclusive com os magos diante de Jesus, rei dos judeus. Louvar a Deus nos faz reagir a Ele de forma adequada. 2. Louvor Encoraja os Demais Cristãos O texto de Isaías 6 traz um detalhe que passa despercebido em uma leitura inicial. Os serafins clamavam uns aos outros, não clamavam diretamente a Deus, mas uns aos outros. Por que? Certa vez, antes de iniciar a programação de culto, nosso pastor convidou a congregação a dar um abraço na pessoa do lado e disse: “ _ ... tem gente que aqui que precisa muito ser abraçada esta noite...” Esta é uma verdade que muitas vezes esquecemos. Há pessoas que precisam ser encorajadas e o momento de louvor ajuda nisto. Ao cantar que Deus é Santo, é o único digno de adoração, é o Deus do impossível, é Senhor e nada foge ao Seu controle, encorajamos pessoas que, por estarem mergulhadas em seus problemas, ficam abatidas. O salmo 74, verso 21, diz: “Oh, não volte envergonhado o oprimido; louvem o teu nome o aflito e o necessitado”. O momento de louvor congregacional é a chance de encorajar aflitos e necessitados, não apenas emocioná-los com uma boa música.
3. Louvor Anuncia a Presença da Autoridade Na visão de Isaías, tem algo que me chama a atenção. Os serafins não cantavam diretamente para o Senhor, eles clamavam uns aos outros (Is 6:3). Eles cantavam entre si e a voz deles fez tremer os umbrais das portas e a casa se encher de fumaça. Foi através do louvor dos serafins que Isaías reconheceu diante de quem ele estava, e isto o fez reagir com um “ai de mim!”. Como disse antes, há muitas pessoas em nossas programações de culto que não podem adorar a Deus simplesmente por não O conhecerem. Nosso louvor pode apresentar Aquele que é digno de louvor e mais temível que todos os deuses (Sl 96:4). Nosso louvor pode fazer com que estas pessoas dêem seu primeiro passo para adorar a Deus: reconhecer quem Ele é. Independente do deus que elas venham adorando, o momento do louvor é o momento de elas saberem que é o nosso Deus (Sl 96:5). Nosso louvor começa a preparar seus corações para o apelo. 4. Louvor é Batalha Espiritual O filhos de Amom e de Moabe se uniram para guerrear contra o rei Jeosafá (IICr 20:1). O rei sabia que não havia como enfrentar o inimigo com suas próprias forças. Ele então busca ao Senhor, que lhe diz para não se assustar, pois não teria que lutar, tudo que deveriam fazer era cantar. Começando eles a cantar, o Senhor pôs emboscadas contra eles (IICr 20:22), que terminaram por matar uns aos outros. Ao louvarmos entramos em batalha espiritual. Reconhecer a grandeza de Deus, encorajar os demais cristãos e apresentar Deus ao demais, são coisas que o diabo se empenha em exterminar. Não estamos somente nos expressando, estamos em luta contra o inimigo. Vejo muitos na igreja que parecem desconhecer este fato, pois ignoram completamente o que seja estar em meio a uma guerra. O texto de Crônicas não diz que cantavam hinos de guerra para talvez afugentar o inimigo, mas cantavam apenas: “Louvai ao Senhor porque a sua benignidade dura para sempre (IICr 20:21)”. Há pessoas que pensam que precisam somente com os hinos de guerra
entram em batalha espiritual, puro engano. Entramos em batalha espiritual antes mesmo de sairmos de casa. O inimigo ataca em vários níveis, de forma que a batalha é permanente, veja só: •
O Campo de Batalha Da ;ossa Carne – Preguiça, cansaço, sono, acidentes pessoais, imoralidade e sua turma... Quando você decide expressar sua adoração através do louvor, você começa tendo que lutar contra sua própria carne. Em Romanos 7, Paulo nos dá uma bela explicação de quão árdua e incessante é a luta neste terreno.
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O Campo de Batalha Da ;ossa Alma – Tendemos a buscar o que nos agrada e deixamos de ouvir o que Deus quer ( - Essa música é chata... ; - Hoje vamos conduzir o culto desta forma... ; - O que vocês acham de...). Não posso louvar hoje porque estou triste, com raiva, deprimido... Não podemos deixar que nossas emoções conduzam nosso espírito. Como aconteceu com Paulo e Timóteo em Atos 16:6-7, precisamos submeter nossos desejos à vontade do Espírito Santo.
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O Campo de Batalha do Espírito – Tentamos, mas não conseguimos nos concentrar. Uso de estratégias que não são de Deus. Egocentrismo e humanismo invadem nossa mente. Críticas, repetição de “modelos” que roubam nossa verdade diante de Deus. Não podemos transformar o momento de culto (seja onde for) em um mero ritual.
Precisamos estar bem equipados, treinados e alerta todo o tempo, sem se embaraçar com negócios desta vida (IITm 2:4). Veremos as características pessoais do adorador em detalhes mais adiante.
Os Levitas Muitas pessoas empregam o termo levita apenas para os músicos e cantores. Outros aceitam o título até com uma ponta de orgulho, mas com uma visão extremamente limitada quanto à responsabilidade que a função representa. Um bom caminho para entender este assunto, é partir da história de Levi, passando por sua descendência e chegando aos nossos dias. Em nossos dias muitos membros de igrejas (e até pastores), empregam o termo apenas para pessoas envolvidas com a música. Podemos começar a desvendar este assunto pelo capítulo 3 de Números, onde as funções são descritas. Resumidamente, temos: LEVI Gérson Libni
Simei
Cuidavam da Tenda. Cobertura de dentro e de fora, cortinas da entrada, cortinas do pátio ao redor da tenda, do altar, da porta do pátio e suas cordas.
Custe Anrão
Isar
Hebrom
Merari Uzei
Cuidavam da arca da aliança, da mesa, do candelabro, dos altares, dos utensílios do lugar santo, da cortina do santo dos santos.
Mali
Musi
Cuidavam das tábuas da tenda, das vigas, das colunas, das bases e todos os seus utensílios; colunas do pátio ao redor com suas bases, estacas e cordas.
Há dois pontos que quero destacar neste texto: não havia sequer menção de música na descrição das funções; embora Moisés, Arão e toda a linhagem sacerdotal descendam de Custe (Esse 6:3), o mesmo zelo e santificação eram exigidos tanto de quem cuidava das coisas santas, quanto de quem exercia apenas trabalho braçal. O termo Levita está diretamente associado a serviço, não a dons ou habilidades. Desde a recepção, todos são separados e devem se purificar adequadamente para a celebração de culto ao Senhor. A música aparece quando Davi, ao levar a arca de volta a Jerusalém, mandou que os chefes dos levitas constituíssem a seus irmãos, cantores, para que, com instrumentos de música e levantassem a voz com alegria (Esse 15:16). Podemos identificar as funções dos Levitas acompanhando sua história ao longo da bíblia, ou situações diversas envolvendo estas pessoas e seus ministérios. 1. Levita tem a função de Unir Levi foi o terceiro filho de Jacó com Lia. Este nome vem do hebraico LÊWI, que significa juntar. O relato de Gênesis 29:34, mostra o desejo e a esperança que ela depositava em Levi: “E concebeu outra vez, e deu à luz um filho, dizendo: Agora esta vez se unirá meu marido a mim, porque três filhos lhe tenho dado. Por isso chamou-o Levi.” A esperança depositada nele era a de unir esposo e esposa.
Tipologicamente, a função dos levitas é a de unir Deus e sua Igreja. Ao exercer sua função, suas vontades, conforto e necessidades devem estar em segundo plano. Sua prioridade é unir a Igreja a Deus. Não temos que perder tempo unindo a Igreja à arte com nosso talento; unindo a igreja aos líderes por seus carismas; unindo a igreja à organização com cultos engessados por programas; precisamos investir todo nossa dedicação em unir a igreja a Deus. 2. Levita tem a função de servir Em Números 4:3, Deus manda que Moisés e Arão separe os homens de entre 30 e 50 anos para que sirvam na tenda da congregação. Hoje vemos muitos que gostam do “título” de levita, mas que não servem pra nada no reino de Deus. Creem que ter talento, ser bom músico, basta. O mundo e o inferno estão cheios de bons músicos! O primeiro problema é que para servir na tenda da congregação é preciso estar na tenda da congregação. Há levitas que só aparecem domingo à noite. Não são alunos da escola bíblica, não sabem o que é um culto de oração, um culto durante a semana e conhecem congregações da igreja apenas por foto. O segundo problema é que além de estar presente, é preciso também estar disposto a servir. Servir a Deus e servir às pessoas. A grande maioria dos levitas de hoje são dominados pela preguiça, são incapazes de ajudar a cuidar da tenda. Sim, eu disse cuidar da tenda! Carregar, arrumar, limpar e conservar limpo, entre outras tarefas vem junto com cantar, tocar e ministrar. É preciso notar que Deus não colocou condicionais para servir, estando cansado ou não, é nossa obrigação. 3. Levita tem a função de ser modelo para os mais novos Em Números 4:3, Deus estipula apenas que os levitas entre os trinta e cinqüenta anos deveriam servir na tenda. Entretanto, em Números 8:24, está escrito que a partir dos vinte e cinco anos
iniciariam suas atividades. Isto mostra uma preocupação de Deus em ensinar. Levitas precisam discipular os mais novos, precisam ser um padrão de conduta. É muito importante para as crianças, adolescentes, jovens e novos convertidos poder contar com os levitas de hoje como modelo de conduta. O modo como me comporto dentro e fora da igreja, deve ser modelo para os demais. Muitos de nós ignoramos esta importante função, o que pode comprometer uma geração inteira de pessoas. O colégio da igreja em que congregávamos no Rio tinha uma pequena frota de ônibus para os alunos. Nossa clínica ficava na rota de chegada deles e, como éramos líderes de juniores, a cada ônibus que passava todos ouviam os gritos de “– Tia Taaaaty!” ou” – Tio Alexaaandre!”. O mesmo acontecia quando nos encontravam na rua. Isto não nos deixava esquecer que éramos referência em tempo integral. Ainda que você não tenha crianças gritando seu nome, lembre-se que esta responsabilidade não se restringe às reuniões de culto. 4. Levita tem a função de ensinar como se deve servir a Deus Gosto muito de uma passagem registrada em IIRs17, onde o povo de Israel é tirado de sua terra para a Assíria. O rei da Assíria envia pessoas de Babilônia e outros lugares para habitar nas cidades de Samaria (vs.24). Por não temerem ao Senhor, Deus enviou leões que mataram a alguns deles. Eles pedem então socorro ao rei, que ordena que envie um dos sacerdotes para que ele fosse e lá habitasse, e lhes ensinasse o que exige o Deus daquela terra (vs.27). Então um dos sacerdotes habitou em Betel e ensinou àquele povo como deviam servir a Deus (vs.28). Precisamos ser aqueles que ensinam aos outros como servir a Deus!
No tempo de Esdras e Neemias, após uma leitura que durou uma manhã inteira, os levitas ensinavam o povo a lei de Deus; esclarecendo-a e explicando o sentido, de modo que o povo pudesse entender o que se lia (Ne 8:7-8). Para ensinar é preciso conhecer primeiro. Em seu reinado, Jeosafá, enviou levitas para ensinar a lei do Senhor em todas as cidades de Judá e o veio o temo do Senhor sobre todos os reinos que estavam ao redor de Judá, de modo que além de não guerrearem contra ele, ainda lhe traziam presentes (IICr 17:7-11). Levita deve ter intimidade com a bíblia a ponto de ser capaz de ensinar sobre qualquer assunto que ela aborde. O salmista nos ensina que até o louvor com coração reto está condicionado ao aprendizado da lei de Deus: “Louvar-te-ei com um coração reto, enquanto aprender as tuas justas leis (Sl 119:7).” O louvor e a bíblia devem andar juntos:” Estejam na sua garganta os altos louvores de Deus, e espada de dois gumes nas suas mãos (Sl 149:6).” 5. Levita tem a função de ser oferta movida Em Números 8:11, por ordem de Deus, Arão deveria apresentar os levitas como oferta movida ao Senhor. Para entender a importância disto, precisamos entender o que era uma oferta movida. Havia um tipo de oferta especial, que era apresentada a Deus com um movimento de vai-e-vem da congregação inteira. O significado deste movimento é que quando iam em direção ao altar, a congregação oferecia seu melhor a Deus e, quando voltavam, simbolizava que Deus os abençoava com a mesma oferta. Os levitas eram um canal que atraía as bênçãos de Deus para todo o povo. Você tem sido este canal?
6. Levitas são um presente de Deus para seus pastores Anteriormente Deus abriu mão de todos os primogênitos de Israel pelos levitas (Nm 3:41), mostrando o quanto eles eram preciosos aos olhos de dEle. Contudo, em Números 18:6, Deus os oferece como presente aos sacerdotes (Arão e sua descendência), para que estivessem a serviço deles (vs.3). O que Deus espera de nós é que sejamos presentes valiosos para nossos pastores e é triste ver que muitos tem se portado como “presentes de grego”, causando grandes dores de cabeça. A insubordinação é uma praga que precisa ser eliminada de nosso meio. Há pessoas que sentem certo orgulho de serem rotuladas de rebeldes, parece que gostam de serem chamadas à atenção para chamar a atenção. A carta aos hebreus nos adverte a obedecer e sujeitar-se aos pastores e explica o porquê: “Obedecei a vossos pastores, e sujeitai-vos a eles; porque velam por vossas almas, como aqueles que hão de dar conta delas; para que o façam com alegria e não gemendo, porque isso não vos seria útil (Hb 13:7).” Presentes não são devolvidos, mas se não nos trazem alegria, são deixados de lado. Se este é o seu caso, é tempo de reconciliar-se com seu(s) pastor(es) e com Deus, é tempo de pedir perdão e começar uma nova história. 7. Levita também tem passar pelo banco Como disse antes, os levitas de trinta anos para cima ensinavam aos de 25-29. Mas há uma grande verdade que é rejeitada pela maioria absoluta dos levitas de hoje e negligenciada pela maioria dos líderes na igreja: não se pode servir sem preparo.
Se alguém tem convicção de seu chamado, tem que ser capaz de resistir ao banco. Enquanto estive responsável pelos músicos de minha “igreja natal”, ninguém subia ao altar para tocar em uma programação de culto sem que tivesse passado um bom tempo no banco. O banco era uma oportunidade de aprender, de ser discipulado, de nivelar sua santificação com os demais membros do grupo de louvor, era o tempo de atingir a maioridade espiritual para o serviço. Muitos chegavam com uma tremenda euforia querendo fazer parte da equipe, mas não resistiam a um tempo indeterminado no banco. Mais que o simples preparo técnico, é fundamental o preparo espiritual do adorador. Esdras tinha a convicção desta verdade. Ao sair para sua viagem a Jerusalém, passa em revista ao povo e diz que encontrou sacerdotes, mas nenhum levita (Ed 8:15). Ele então convoca alguns dos chefes do povo e dois homens sábios e os envia ao sumo sacerdote de uma cidade chamada Ido, para que este lhe enviasse ministros para a casa de Deus. Ele afirma que segundo a boa mão de Deus, levaram um homem entendido, chamado Serebias (Ed 8:16-18). Ora, tudo seria normal não fosse o relato de que com ele também subiram levitas, dos cantores, dos porteiros e dos servidores do templo (Ed 7:7). Isto deixa claro que havia algo de errado com aqueles homens que os desqualificavam para o serviço na casa de Deus. Servir ao Senhor não é para qualquer um, nem de qualquer jeito. Infelizmente, o despreparo de muitos levitas de hoje é escandaloso e tem causado grandes sofrimentos ao corpo de Cristo. Por medo de causar mágoas ou constrangimentos, muitos líderes permitem que pessoas sem qualquer preparo espiritual e/ou técnico, estejam no altar exercendo a função de levita. A máxima:” – Na hora Deus abençoa...”, tem sido responsável por verdadeiras aberrações em nossas reuniões de culto.
Davi só matou gigante com estilingue uma única vez, depois disto tornou-se um hábil soldado. 8. Levita precisa ser purificado Toma os levitas do meio dos filhos de Israel e purifica-os (Nm 8:6). Esta foi a ordem dada por Deus a Moisés e a cerimônia incluía: • Borrifar a água da expiação, preparada com as cinzas da novilha vermelha, representando Jesus que nos limpa de nossos pecados; • Passar a navalha sobre toda a carne, já que ter o corpo raspado era um sinal de humilhação para o povo de Israel (Esse 19:4-5); • Lavar as vestes, significando pureza em sua conduta, como em Ec 9:8. Uma vez purificados, podemos ser para Deus o bom perfume de Cristo, nos que se salvam e nos que se perdem (IICo 2:15). Um levita não pode subir ao altar exalando o mau cheiro da vaidade, dos pecados encobertos, do humanismo e de tantas outras coisas que alguns insistem em carregar. É preciso estar em constante processo de purificação.
Adoração Exige Preparo A chegada do verão provoca uma corrida às academias. Pessoas consomem boas horas diárias em exercícios puxados, para apresentar um corpo em boa forma. Embora não freqüente academia, esta é uma analogia que pode ser aplicada a muitas situações em nossa vida, incluindo... isso mesmo: adoração. Se eu perguntar: Quem é mais importante? Deus, ou seu trabalho? Creio que todos responderão que Deus é, obviamente, muito mais importante. Entretanto, se temos uma reunião com os chefes, nos preparamos. Afinal, neste mundo competitivo, uma resposta errada ou a falta de conhecimento em alguma área de ação da empresa, pode custar o emprego! Mas para Deus, aquele que afirmamos ser o mais importante, insistimos em fazer as coisas “de qualquer jeito”! Imagine uma reunião de culto onde os músicos e cantores estão desencontrados entre si, errando letras e acordes; o dirigente parece meio ruim de leitura; alguém interrompe a programação para dar um aviso que foi esquecido; projetor mostra um assunto enquanto o dirigente fala de outro; o pastor se perde na mensagem. Como adorar em um ambiente destes? Verdadeiros adoradores zelam pela qualidade do culto ao Senhor, para que Ele o receba como algo agradável. O preparo para a adoração em dois níveis: individual e coletivo. O segundo é profundamente dependente do primeiro. Se o preparo espiritual individual, qualquer programação de culto estará presa apenas à forma. Tenha sempre em mente que devemos unir a igreja ao Senhor. Há alguns passos importantes para o preparo e treinamento que podemos seguir.
Defina a estratégia Na conversa de Jesus com a mulher samaritana, registrada em Jo 4, 15, Ele fala da água que cessaria com a sede dela, mas, quando ela pede por esta água, Jesus responde: “ – Vai, chama o teu marido e vem cá” (Jo 4:16). Jesus tinha uma estratégia para aquela ocasião e a seguiu. Com isso, não somente aquela mulher, mas muitos dos samaritanos creram nEle (vs.39). Definir a estratégia de uma programação de adoração cria sentido e concordância ao conjunto de eventos que podem ocorrer durante aquele período. Por exemplo: recepção, músicas, danças,
solos, recitativos, mensagem, apelo e música do momento de apelo em sintonia; de modo que a congregação seja conduzida, de forma racional a se encontrar com Jesus, único digno de ser adorado. Algo fundamental e muitas vezes ignorado em reuniões de planejamento na igreja (em todas as áreas) é ouvir e obedecer àquele que define a estratégia. Por isso vemos programações que são o retrato das preferências pessoais de quem está na liderança. Você deve estar se perguntando: Mas não é ele que define a estratégia? Veja o que diz Isaías 28:24-26. É Deus quem nos instrui e ensina o modo certo de fazer. Quando ouvimos e obedecemos a Deus, qualquer plano é bem sucedido.
Planeje, Execute, Avalie e Corrija Dizer que Deus define a estratégia não nos exime de nossa responsabilidade. A tarefa de “fazer acontecer” é nossa. Há uma expressão muito usada em nosso meio que tem levado a qualidade de nossas programações a níveis cada vez mais baixos. Quando ouço “– Na hora Deus abençoa!”, dobro meu estado de alerta. Tudo pode acontecer...
Em administração emprega-se a sigla PDAC (Plan, Do, Avaliate and Correct), ou Planeje, Execute, Avalie e Corrija. O planejamento minimiza as possibilidades de falhas; ao executar nos deparamos com algumas delas; a avaliação nos leva a identificá-las, bem como suas prováveis causas; daí surgem as idéias para correções, que exigem novo planejamento e... recomeçamos o ciclo. Ações de marketing, vendas, investimentos, posicionamento, relacionamento com clientes, todas obedecem este procedimento. Fazem isto para minimizar custos, maximizar lucros e deixar seus chefes felizes. Certamente que nosso Deus merece ficar mais feliz que seu chefe.
Quatro “Perguntinhas Básicas” para Planejamentos Há casos em que o responsável pela programação planeja, porém se perde no caminho. 1. Qual o tema da mensagem? Os demais eventos devem seguir o mesmo caminho pelo qual o pregador deseja conduzir o povo. Isto ajuda a manter o foco. 2. Que elementos são “indispensáveis” ao programa? Saudações, leituras, orações, testemunhos, músicas, solos... 3. Que ferramentas você tem? Projetor multimídia, grupo de teatro, solistas, dança, alguém que saiba conduzir uma leitura, alguém cujo testemunho seja adequado ao tema... 4. Em que ordem os eventos devem ocorrer? Esta ordem deve facilitar a todos os envolvidos (ministros e congregação) entender o caminho que estão percorrendo. A mensagem de todo o culto deve estar clara na mente do visitante. Muitas vezes deixamos a responsabilidade das mãos levantadas no apelo, inteiramente para o pregador. Pessoas podem ser encorajadas, impactadas ou simplesmente desmotivadas em uma programação de culto apenas pela ordem dos eventos. É importante observar que cada uma delas pode implicar em várias outras. A proposta aqui é simplesmente te dar um ponto de partida.
A Importância do Equilíbrio Creio que para muitos a idéia de culto seja simplesmente vir ao templo, cantar e ouvir a mensagem. Alguns (inclusive pastores) ignoram as demais partes do culto e priorizam o sermão. Chegam a dizer; “- Agora chegou o momento mais importante”. Outros, pelo contrário, saem depois que a música acaba.
Russell Shedd, em seu livro Adoração Bíblica, descreve alguns tipos de culto, com suas características próprias: • Carismático – Manifestações emocionais, sonoras, visíveis, mostrando a atitude dos adoradores em relação a Deus. • Didático e Pedagógico – Concentra os participantes na centralidade da palavra de Deus. • Eucarístico – Valoriza o culto pela ceia do Senhor. • Kerugmático (do grego Kerugma = proclamação) – Focaliza a atenção na evangelização dos não-convertidos. • Koinonia – Concentram sua atenção na comunhão uns com os outros. • Diaconal - Priorizam o irmão necessitado sem a preocupação de que ele seja membro da família do Senhor. Todos foram formados a partir de tradições ou do rompimento com elas. Entretanto, todos caracterizam apenas a forma e não o estado do coração, o grau de espiritualidade do adorador. Atos religiosos como falar línguas, distribuir os bens aos pobres, curar, profetizar e conhecimento dos mistérios não são nada sem amor (ICo 13:1-3). Embora Paulo estivesse falando do amor entre irmãos, isto também é verdade em nosso relacionamento com o Pai, como já vimos antes. Ao planejar uma celebração de culto ou mesmo um período de louvor, devemos ter em mente que o corpo de Cristo deve ser saudável. Devemos deixar de lado nossas preferências pessoais e pensar em facilitar a adoração dos demais membros, independentemente da idade deles. Isso mesmo! É muito comum hoje a adoração ficar restrita a certa faixa etária. A linguagem, o ritmo das músicas e a dinâmica das reuniões, geralmente privilegiam alguns e discriminam outros. Excluindo cultos infantis, quando foi a última vez em que você viu uma música para crianças ser cantada no momento de louvor em um culto de domingo à noite?
Um Último Desafio “Dá-me, filho meu, o teu coração, e os teus olhos observem os meus caminhos.” (Pv 23:26) “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida.” (Pv 4:23) De tudo que discutimos ao longo deste período, estes dois versículos são um bom fundamento a ser observado e seguido. Qualquer definição de adoração é vaga, pois depende da minha experiência pessoal com Deus. Com o amadurecimento espiritual, ela pode ser ampliada ou mudada. Entretanto, se você entregar colocar seu coração em Jesus e guardá-lo de tudo que queira retirá-lo dEle, as fontes de sua vida produzirão rios limpos, saudáveis e sua adoração será aceita por Ele. Uma pequena fonte de águas saudáveis abençoa a muitas pessoas. Seja esta fonte em sua igreja, adore!