SURF E EDUCAÇÃO: O CONCEITO DE MÍDIA-EDUCAÇÃO EM UMA PROPOSTA PEDAGÓGICA COM O SURF Giorgia Enae Martins Bolsista PET- Educação Física/UFSC Aluna da Graduação em Educação Física – Licenciatura/UFSC Resumo: Entendendo o espaço escolar atual, enquanto carente de novas propostas educativas, e ainda levando em conta a influência sobre a sociedade das tecnologias de informação e comunicação, as mídias, este trabalho propõe a utilização do conceito mídiaeducação aliado ao conteúdo do Surf na Educação Física Escolar. Palavras-chave: Mídia-educação, Surf, Educação Física Escolar. A infância e a adolescência têm fundamental importância para o desenvolvimento do ser humano, pois é nestas fases que o sujeito passa pela maioria dos processos orgânicos, psicológicos e sociais. Neste período ela se depara com situações até então nunca vividas, de modificação corporal, amadurecimento psicológico, e principalmente, de posicionamento frente à sociedade, e parte significativa dessas “trans-formações” se dão no ambiente escolar. A escola representa uma instância da sociedade incumbida de funções educativas, sociais, formativas, entre outras, a serem cumpridas dentro de determinadas regras, diretrizes e combinados, no intuito de garantir o desenvolvimento e a formação humana por meio de vivências e experiências que permeiam o processo ensino-aprendizagem. Para Michels (2006) o ensino sistematizado e a transmissão de valores, são ações educativas compreendidas pela escola de maneira integrada, que por assumir o papel de agente transformador da sociedade, é produto e produtora de relações sociais. No entanto as propostas de ensino, as concepções pedagógicas e o currículo não são construídos conforme os anseios e os objetivos dos alunos juntamente com o corpo docente comprometido com a educação. A estrutura de ensino escolar atual é determinada por uma realidade política e quantitativa, em busca do aumento de estatísticas, sem o devido cuidado com a qualidade do ensino e com aqueles que vivenciam o espaço escolar. Padilha (2001) propõe uma forma de organização escolar onde o planejamento, não mais, funcione como argumento administrativo e burocrático somente, mas como forma de estabelecer diretrizes norteadoras da educação. O ensino deve ser socializado por todos os agentes da escola comunicando-se e utilizando diversas formas de comunicação, pois estas interagem e integram os indivíduos que a constroem. Independentemente do meio que se utilizem para transmitir informação e conhecimento, as relações sociais ficam implícitas neste processo. Grande parte destes mecanismos de transmissão de informações encaixa-se na categoria midiática. Na sociedade, esta é utilizada, em sua maioria, como forma de transmissão de informações em massa, com objetivos condizentes com a lógica mercadológica e individualista vigente nos dias atuais. Na escola, local onde os meios de comunicação poderiam/deveriam ser utilizados de forma re-significada, as mídias são simplesmente consumidas, com pouca ou nenhuma contextualização. Esta relação simplista com os meios de comunicação e acesso a informação reduzem as mídias à somente suas funcionalidades e não como elemento educativo. Para que a escola promova essa articulação, deve buscar alternativas de produção de conhecimento e de socialização, utilizando meios e linguagens inovadoras, com embasamento, interesse e responsabilidade. A linguagem oral reproduz a construção do pensamento de forma simplificada, e facilmente conturbada por mecanismos de violência, desrespeito e até de submissão. Portanto uma proposta que una categorias midiáticas diversas a conteúdos escolares, incentivada pelo
conceito de Mídia-educação, em que o aluno participe desde a organização e construção até o resultado final do ensino, utilizando a mídia como veículo mediador e objeto da prática, caracteriza um ensino complexo, rico e que busca o desenvolvimento do aluno/ser humano de forma integral e atual. Mais especificamente nas aulas de Educação Física, os conteúdos devem condizer com a realidade da cultura corporal presente naquela comunidade ou localidade, já que as especificidades dos indivíduos diferenciam-se de acordo com as características ambientais em que estes se constituíram. Um ótimo conteúdo para se trabalhar nas aulas de Educação Física em escolas de cidades litorâneas, é o surf, por ser uma realidade presente no dia-a-dia do indivíduo residente em proximidades de praias. Mas o professor deve se perguntar: Como ensinar o surf dentro da escola? Este desafio pode estimular a criatividade do professor, assim como o interesse dos alunos pelo novo, de forma a incitar novas ferramentas metodológicas de ensino que se agreguem a formação humana, e é aí que entra o conceito de Mídia-Educação em uma proposta pedagógica com o conteúdo do surf nas aulas de Educação Física. “Estamos sendo educados por imagens e sons e muitos outros meios provindos da cultura das mídias, o que torna os audiovisuais um dos protagonistas dos processos culturais e educativos, e a escola precisa redimensionar tais potencialidades”. (Fantin, 2006)
O objetivo desse estudo é buscar no conceito Mídia-educação ferramentas de se trabalhar o surf na escola, de forma a aumentar a bagagem de conteúdos a serem trabalhados nas aulas de Educação Física. Reconhecendo a mídia como elemento presente na atualidade, esse trabalho propõe a utilização e estudo das características midiáticas em meio ao conteúdo do Surf nas aulas de Educação Física na escola. MÍDIAS Mídia é uma palavra derivada do latim que significa meio. São os meios de comunicação de massa, relacionados à área técnica de propaganda com a veiculação de mensagens comercias. Essa comunicação pode se dar por diversos meios, desde os mais acessíveis economicamente ao consumidor, como o rádio, ou de forma impressa em revistas, cartazes, luminosos, ou ainda em meios de comunicação mais consagrados como a televisão e de grande difusão como a internet. A função da mídia é planejar onde, para quem, quando, por que e como a mensagem deverá ser veiculada; negociar sua colocação nos programas mais adequados para o produto e exercer rigoroso controle do que está sendo transmitido, busca conhecer o consumidor, e oferecer o que ele precisa de maneira a produzir benefícios para o anunciante, consumidor e ainda promover a difusão do meio usado para tal, garantindo sua perpetuidade. Mídia é um termo que vem sendo cada vez mais utilizado em nossos dias, sendo na forma opinativa e de senso comum ou mais contextualizada e embasada por estudiosos e Instituições de Ensino Superior. Mídia pode significar a abrangência de todos os meios de comunicação de massa, sua utilização analisada, calculada, especializada e supervisionada. Não é fácil defini-la precisamente, mas é preciso compreendê-la em sua ação, pois principalmente a mídia televisiva é saturada de processos de submissão e dominação em massa, embasados nos objetivos de quem a produz e manipula a informação a ser repassada. O processo de difusão da informação ocorre tão veloz quanto a criação da necessidade de se manter informado, propagando os diversos meios de comunicação de forma a atingir cada vez mais casas em todo o mundo. Toda veiculação de informação parece ser clara e inteligível, contudo mensagens são absorvidas pelo espectador sem que este ao menos perceba, este elemento é chamado de
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referencial oculto. “O referencial oculto é o conjunto de representações desse espetáculo filmado e divulgado pelas televisões” (Bourdieu, 1930) que tendem a nos apresentar edições e reportagens que prendam a atenção do espectador, pelo maior tempo possível, garantindo a assim a venda dos espaços publicitários (propagandas). A lógica mercadológica de incitar ao consumo acaba por comandar o momento de “lazer” no refúgio da casa de cada cidadão, garantindo sua submissão a talvez o mais cruel dos processos de dominação, aquele que ocorre de forma subliminar e inconsciente. Não importa o mecanismo de transmissão a ser utilizado, mas quando isso ocorrer em função do processo educativo, é importante que se cultive a criticidade em relação a essas tecnologias. É necessário que se busque uma familiarização com as formas de se construir e distribuir a informação, assim como os meios usados para tal, estimulando sua utilização na aprendizagem dos conteúdos curriculares da escola e promovendo a construção de um saber escolar que se relacione com a vida em uma sociedade que determina, de forma sutil, o que devemos comer, conhecer, saber e fazer. SURF E EDUCAÇÃO O surf é uma atividade individual, onde uma pessoa, sustentada por uma prancha flutuante, desliza sobre as ondas, realizando manobras e desafiando as forças da natureza, ou simplesmente divertindo-se nesta relação do movimento humano com a água. Esta atividade que surgiu como forma de deslocar-se de volta a terra após a pescaria, por nativos da Polinésia, tem se destacado enquanto esporte, mercado de investimento e como atividade na natureza que propõe benefícios ao corpo e a mente. Sua difusão na atualidade é tanta, que a busca por seu aprendizado cresce a cada dia, assim como sua inserção na lógica esportivizada incorporada pela maioria das modalidades de atividades Físicas, agregando competições, marketing, investimento e globalização. Por suas características históricas e práticas relacionarem-se diretamente ao movimento humano, de forma a contribuir na construção e na valorização da cultura de movimento de quem o pratica, o surf, assim como os esportes tradicionais, a dança, a capoeira, a ginástica, entre outros, mostra-se como outra possibilidade de conteúdo nas aulas de Educação Física. O surf dentro do ambiente escolar tem constituído um processo demorado e desvinculado aos propósitos didático-pedagógico de uma visão mais construtivista da educação. No entanto nos últimos anos, tem alcançado alguns grandes marcos, que deram ainda maior credibilidade a esse esporte, como a inclusão do Esporte como disciplina em algumas instituições de ensino superior de Educação Física (Iniciado na UNIMONTE, em Santos-SP). Estudos sobre o surf na escola ainda são escassos e de difícil acesso, mas é conhecida a presença atual do surf dentro da escola. O surf tem grande aparição como modalidade extra classe oferecida pela escola em função de uma mensalidade a ser paga, sem integrar aos conteúdos do currículo escolar. Ou ainda inserido como conteúdo das aulas de Educação Física de forma fragmentada, onde o aluno opta por realizar apenas as atividades (normalmente modalidades esportivas) que lhe atraem. Estas propostas desvalorizam a Educação Física escolar dos demais conteúdos e matérias da escola, deixando de lado a formação humana integral, valorizando apenas uma prática e o valor mercantil do surf para atrair mais alunos. Já são conhecidas poucas escolas que utilizam o surf como prática pedagógica nas aulas de Educação Física, com propostas sistematizadas e comprometidas com a produção cultural e o desenvolvimento humano. Há também escolas especializadas em Surf, em cidades litorâneas, como há de futebol ou qualquer outra modalidade esportiva com o formato de rendimento, mas que não propõem uma educação em prol da formação humana, mas sim de forma direcionada ao esporte em si. No espaço escolar o referencial é outro, e os caminhos a traçar, mais complexos, e no ensino
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do Surf não é diferente. Com um projeto de Surf na Escola, todos meios utilizados no processo educativo entram em vigor, e ainda incitam a criatividade e a renovação da ação do professor, de forma a estimular a pesquisa e o interesse do aluno que percebe o ambiente inovador sendo criado, resultando em conhecimentos que são somados a cultura de movimento daquelas crianças, espontaneamente. Por entender que os conteúdos trabalhados no processo educativo devam ser selecionados com o propósito de unificar o saber técnico a formação da consciência socialpolítica, é necessária uma ação pedagógica não tão tradicional. Para que isso ocorra, deve-se proporcionar uma apropriação do saber de forma a estimular a criança, partindo do conhecimento de sua própria realidade e superando-a em busca de um agir coletivo. A imagem do surf perante a sociedade tem se modificado, e cada vez mais, a facilidade de produção e acesso a informação pelas mídias, tem contribuído para isso. Ao mostrar um vídeo de surf, o professor pode editar e gravar somente o que condiga com seus objetivos, o que represente o tema a ser focado, para então propor uma discussão a respeito. O registro das aulas utilizando meios de transmissão de informação pode favorecer seu processo ensino-aprendizagem. De variadas maneiras, como através de uma gravação ou fotografias, pode-se gravar as aulas para então realizar, juntamente com a turma, uma análise de imagens e de conteúdo, problematizando o movimento humano no Surf e a relação com a ação humana e da sociedade. O videogame, muito conhecido entre as crianças e adolescentes, também pode auxiliar no ensino do surf proporcionando a visualização das manobras, os nomes que recebem e os mecanismos de como deslizar pela onda, além de ser ponto de predileção no brincar das crianças, resultando então em aprendizado relacionado aquela realidade infantil que o utiliza. A internet também grande representatividade para a juventude de hoje, que cresce junto com este meio de comunicação e difusão intensa de informação. Sua utilização nas aulas de Educação Física pode resultar na construção de um blog que difunda o trabalho desenvolvido, onde o processo de construção do aprendizado se faz tão importante quanto o produto final. CONCEITO MÍDIA – EDUCAÇÃO E SURF A educação na escola sofreu várias transformações, desde a geração passada até a nova geração. Atualmente o que se vê na maioria das escolas em que a mídia está presente, é a utilização da autodidaxia, ou seja, o caminho da educação é através do próprio aprendiz, do usuário. Segundo Perriault (1996) Apud Belloni (2001), “é urgente atualizar a tecnologia educacional porque uma nova “autodidaxia” importante está se desenvolvendo há vários anos nos jovens por meio das mídias”. O grande desafio das escolas e professores que utilizam as mídias, ou tecnologias de informação e comunicação (TIC), é fazer com que seus alunos sejam autônomos e críticos diante de tanta informação que recebem através dos meios tecnológicos de informação. Não se pode permitir que as pessoas se tornem dependentes e até deslumbradas com o montante tecnológico, ficando a parte do mundo real e de suas relações pessoais e familiares, portanto, para isso deve-se entender e aprender sobre a mídia em si. Belloni (2001) traz dois questionamentos que exemplificam bem essas questões: “Como poderá a escola contribuir para que todas as nossas crianças se tornem utilizadoras (usuárias) criativas e críticas destas novas ferramentas e não meras consumidoras compulsivas de representações novas de velhos clichês”? “Como pode a escola pública assegurar a inclusão de todos na sociedade do conhecimento e não contribuir para a exclusão de futuros ciberanalfabetos”?
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Essas questões devem ser refletidas para que a mídia possa estar disponível a todos os estudantes, inclusive em escolas públicas, porém sempre com o objetivo maior de formar indivíduos prontos para viverem criticamente em sociedade e não pessoas alienadas em meio a tanta informação desorientada. Para isso é necessária muita transformação, começando nos papéis já pré-determinados de professor “sabe tudo” e aluno “ouvinte”, para professor “coletivo e multicompetente” e estudante autônomo e participativo. Esta modificação resultará na construção de vivências produtivas e participativas, onde aluno e professor constroem a forma de se aprender, por meio de orientações e condução por parte do professor e apropriação e interesse pelo conhecimento, por parte do aluno, valorizando assim os conteúdos a seres estudados. O conceito mídia-educação (ou educação para as mídias) é um conceito que propõe a utilização das mídias como objeto de estudo, onde se estuda e se utiliza a mídia como “ferramenta pedagógica”. Propõe-se que uma nova “disciplina”, nesta direção, seja inserida no currículo. Fantin (2006) pensa a educação para as mídias como: “... uma condição de educação para a cidadania, um instrumento para a democratização de oportunidades educacionais e de acesso ao saber, o que contribui para a redução das desigualdades sociais”.
Em busca de ampliar a tecnologia educacional e superando a superficialidade na percepção das formas de transmissão de informação, o conceito de mídia-educação traria inúmeros benefícios à formação humana. “... o público não se apresenta tão passivo frente às mensagens veiculadas pelos meios de comunicação de massa. Resta perceber como manifestações de oposição ou aceitação ocorrem.” (Bruhns, 1998). Nessa visão, tendo a mídia como instrumento de construção pedagógica, se pode sugerir uma atuação docente, onde por meio de uma atividade orientada por um professor cansado da “mesmice” dos conteúdos trabalhados nas aulas de Educação Física, se promova uma educação tecnológica e cidadã. Com base no pensamento de Giroux (1997), a tentativa de melhorar a qualidade da atividade docente, somada a intenção de implementar conteúdos que venham satisfazer objetivos pedagógicos específicos, possibilita o professor a promoção da manutenção e do desenvolvimento de uma reflexão crítica por parte dos alunos, sobre as relações sócio-corporais presentes na realidade da sociedade em que vivem. Com o auxílio de instrumentos na produção da informação, como uma filmadora, uma máquina fotográfica e um computador (para edição de imagens e se necessário, uma possível divulgação), os alunos podem aprender a dar ênfase ao que eles próprios querem passar sobre determinado conteúdo, no caso o Surf, e entender o processo de manipulação da informação, mas em prol da educação. CONSIDERAÇÕES A apreensão do conteúdo por meio de uma pedagogia crítica de aprendizagem revela-se uma forma de se ensinar conteúdos e formar cidadãos simultaneamente. Os professores como intelectuais transformadores, têm o papel de reformularem a realidade estática da sala de aula, em busca de diferenciais que valorizem seu trabalho e a forma como os alunos aprendem. A realidade escolar se mostra carente de novas idéias e novos mecanismos que venham a enriquecer não somente a quantidade de palavras e velocidade de raciocínio do aluno, mas a bagagem social-crítica deste, fazendo-o pensar sobre o que lhe é dito, sobre o que se vê e sobre o que se sente. As formas de mídias hoje presentes em nossa sociedade facilitam o acesso à informação, por conta da acessibilidade econômica e pela enorme quantidade de tecnologias de informação disponíveis hoje. O interesse pela tecnologia só vem aumentando juntamente
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com a oferta desses produtos no mercado. Contudo, é necessária uma percepção sobre a forma como as mensagens chegam até nós, para que possamos situarmo-nos em relação à opinião que formamos sobre as informações, e para que isso ocorra é importante que haja o estímulo para a construção de cada vez mais estudos com esse foco. “... à medida que os trabalhos de abordagem teórica crítico-reflexiva sobre as relações entre mídia e as diferentes manifestações da Educação Física vão se ampliando, diversificando e aprofundando, mais visível se torna a ausência e ainda mais necessária se faz a produção de estudos que formulem e experimentem propostas metodológicas de trato pedagógico sobre o tema destas relações no âmbito do sistema educacional, nas aulas de Educação Física escolar. “ (Pires, 2003)
Esse processo crítico, bem como o estímulo ao interesse sobre a influência das tecnologias de informação e comunicação, pode/deve ter início na escola, por meio de aulas interessantes, com diversas linguagens que visem não somente a transmissão de conteúdos, mas também o seu estudo e como utilizá-los durante a vida. Enquanto uma disciplina direcionada aos processos midiáticos e às tecnologias que funcionam a serviço da veiculação de informação não entra em vigor nas escolas, as matérias institucionalizadas, como a Educação Física, podem fazer uso do conceito de mídia-educação para realizar este trabalho, através de uma proposta de estudo para a mídia e para o conhecimento. O surf como conteúdo das aulas de Educação Física, respeitando a realidade da comunidade onde a escola em questão estiver inserida, apresenta-se como interessante mecanismo de atuação no processo reflexivo da aprendizagem. Seu riquíssimo repertório de movimentos, uma recente ascensão, o mercado que se apropria da sua estética e a valorização da natureza presente em sua realidade, são fatores que agregam ao surf singularidade para uma aula de Educação Física completa. Quando um projeto como este é associado às formas de mídia, percebidas como conhecimento a ser aprendido, o processo ensino-aprendizagem da Educação Física alcança seus objetivos mais plenos e acaba por integrar o aluno ao seu cotidiano, a realidade em que vive e as informações por ele recebidas de forma resignificada. Sugerindo uma reflexão, são utilizadas as palavras de Apple (2000) para concluir esta proposta: “O trabalho educacional que não seja fortemente relacionado com a profunda compreensão destas realidades (e esta compreensão não pode abandonar a séria análise da economia política e das relações de classe sem perder muito de sua força) está em perigo de perder a sua alma. As vidas de nossas crianças exigem mais do que isto.”
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