Introdução
„‟…se a televisão mudou, sobretudo a partir da década de 80, também os contextos da infância mudaram, quer em termos das estruturas sociais das famílias e das comunidades, quer em termos de valores de identidades e de consumos (Perreira 2007:222)
O presente trabalho intitulado A influência da televisão nos processos de socialização dos adolescentes” enquadra-se na disciplina de cultura e educação, que constitui um mini projecto, com o qual pretendemos trazer discussões ligadas a construção da personalidade dos indivíduos tendo como foco de análise a televisão A sociedade considera a família e a escola, como sendo os pilares educativos da sociedade, mas esta visão esta sendo problematizada, pelo facto de na Pos-modernidade haver uma crescente fluidez de espaços tanto geográficos e sociais, ou seja varias instituicoes concorrem para a moldar o comportamento dos indivíduos, na qual vai estruturar o quadro das interacções entre os indivíduos. Assim sendo o trabalho constitui uma forma de problematização de que não somente a escola e a família são instituicoes socializadores nos processos de transmissão de valores, mas também a televisão. A partir dai da para perceber que a televisão é parte da cultura e assim sendo está imbuído de significados, que são atribuídos pelos actores sociais, e neste sentido cada um vai representado em sua mente de diversas maneiras. Este mesmo aparelho tornouse um elemento que veio complementar os outros nos processos de trocas de traços culturais. A partir do acima exposto iremos analisar primeiro a televisão como uma instituição que educa, e o segundo momento irá compreender a relação das diversas instâncias de educação dando um enfoque na relação existente entre a televisão e a família.
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Justificativa
Importa antes de mais referir que a televisão é por um lado agente socializador e por outro um intermediário entre as outras instancias de socialização, pelo qual os indivíduos atribuem um conjunto de significados e que contribue relativamente na estruturação das relações sociais entre os indivíduos. A motivação primeira que nos levou a escolha deste tema pelo facto de no dia 25/08/09, haver um protesto dos madgermanes1, no qual os seus panfletos atribuíam a altofuncionarios do Estado, como forma de culpabilizar estes últimos nomes ligados a telenovela transmitida pela estacão da miramar intitulada „‟ Os mutantes‟‟. A partir do acima exposto, pude depreender que os indivíduos, colhem experiências da televisão para puder explicar um fenómeno, ou para puder explicar um conjunto de relações de poder. E no caso em alusão foi a associação de personagens maléficas da telenovela com os altos funcionários do estado, como forma de demonstração de insatisfação. Com o presente pretendemos dar um contributo sobre pensar a televisão, e um estudo de carácter antropológico permitiria perceber, através de discursos e praticas concretas como os indivíduos apropriam as informações veiculadas pela televisão, na relação que estabelece com outros actores.
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Antigos trabalhadores moçambicanos da EX-RDA, que protestam pela pensão que foi não atribuída a quando do seu regresso em Moçambique pelo Estado. Vide a fotografia em anexo.
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Problema de estudo
Em Moçambique assisti – se uma constante disseminação de discursos em torno da televisão, no qual diversos actores olham de maneira diferenciada, é neste sentido que se pode olhar não só como um instrumento de transmissão de imagens mas como também algo complexo que seja passível de ser explicado em diversos prismas. Com a entrada da televisão de Moçambique em 19812, as relações sociais intrafamiliares e extra-familiares ganharam novas roupagens, pelo facto de a sociedade não olhar somente como um meio transmissor de imagens físicas mas também como um meio que moldou o comportamento dos indivíduos, na maneira de falar, andar vestido, comer e pensar entre outras. Neste sentido a televisão tornou-se um elemento intermediário das relações entre diferentes contextos culturais assistindo-se deste modo um conjunto de transformações sociais ligadas aos processos de aculturação3. A partir das ferramentas teórico-metodologicos de antropologia, não se pretende analisar a televisão como um objecto em si, mas sim como sendo algo que os actores sociais dão diversificados significados. Partindo do entendimento de que a televisão é um meio pelo qual os indivíduos vêem como uma fonte de busca da construção da personalidade e olhar a realidade, nos processos de socialização urge a necessidade tomar como forma de partida do estudo a seguinte questão: De que maneira a Televisão entanto que agente socializador participa nos processos de socialização dos adolescentes do Bairro Central?
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Www.tvm.com ano da abertura oficial da televisão de Moçambique.
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Panoff (1973), define aculturação como sendo o contacto directo u indirecto entre duas ou mais culturais, em que ocorre empréstimos de traços culturais.
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Tema: A influencia da televisão nos processos de socialização dos adolescentes Estudo de caso Bairro central.
Objectivos Objectivo Geral Compreender a maneira como a televisão opera enquanto um agente socializador. Objectivos específicos - Descrever as representações que os indivíduos têm sobre a televisão. - Analisar a relação que existe entre a televisão com as outras instâncias de socialização em particular a família.
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Revisão de Literatura
Contextualização do Surgimento da televisão
A televisão segundo Nutti (2007), não é um elemento da actualidade, os seus vestígios rondam desde 1884, inventado pelo cientista alemão Gottlieb, e a origem etimológica da palavra vem do grego tele - distante e visione -visão, e o mesmo foi passando de tempo a tempo até atingir a actualidade. Ainda o autor em alusão diz que um dos pioneiros que levou a crescente dinamização deste aparelho foi os EUA, pelo qual revolucionou as formas de ser e de estar de muitos. Segundo Kohlsdorf (2002) refere que com a Revolução Digital, a socialização incorporou novas tecnologias como agentes socializadores, dentre as quais a televisão, e é dai que assiste-se a uma sociedade onde o consumo não
somente restringe a
mercadorias mas como também de valores e imagens. A partir dai a difusão de imaginários sociais não se restringem mais à família e à escola, mas contam com um suporte tecnológico responsável pela circulação de informações e imagens, e neste caso a televisão. Na mesma ordem de ideias Brittos (2004), referiu que com as (TIC) Tecnologias de Informação e Comunicação, as relações sociais passaram a tomar novas dinâmicas onde a mesma se tornou um ponto de encontro entre as culturas. No caso particular de Mocambique a televisão segundo o seu Website, começou a operar em 1981, como televisão experimental, por conseguinte segundo Brittos (2004), refere que a televisão passou a ser um dos elementos que se tornaram membros da família, no qual as telenovelas Brasileiras tornaram-se uma das formas de contribuição dentro do quadro das relações intra familiares, pois passou a ser uma das formas de ensinamento como vestir, comer e a dialogar.
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Se seguirmos na linha de Bordieu (1985), a televisão serviu como um elemento alargador do habitus, pela capacidade que teve em aumentar o capital cultural dos agentes sociais permitindo a este ultimo em permutar em diversos campos sociais. Na mesma linha de pensamento de Bordieu encontramos Miguel (2006), que faz uma analise da relação entre a sociedade civil moçambicana e os canais de televisão e em particular a TVM (Televisão de Moçambique), na opinião deste autor a televisao constitui uma forma de os actores sociais participaram nos processos de decisão politica em Moçambique, e toma como exemplo de evidencia o programa espaço publico, que para o autor constitui uma forma de socialização politica dos moçambicanos. A partir da ideias dos vários autores acima expostos pode-se depreender que a televisão passa para alem de ser um simples objecto material, constitui sim algo que detêm um valor simbólico, pois transmite valores e normas.
A Televisão nos processos de Socialização.
Antes de entrar no debate em questão importa referir que o processo de socialização requer que se tome em conta os sujeitos, os processos de aprendizagem aos quais os indivíduos são submetidos constantemente. O agente de socialização refere-se a tudo aquilo que, directamente, ajuda o indivíduo a se integrar plenamente na cultura ou sociedade em que vive ou se desenvolve, e materializa-se através da interacção e comunicação, e os principais agentes de socialização segundo Kohlsdorf (2002) percebidos são a família, a escola, a religião e os meios de comunicação de massa. A partir das ideias acima expostas pode-se depreender a televisão, portanto, não é um actor, mas um agente socializador, na medida em que é uma instância institucional de socialização, isto é, um conjunto de actores que possibilitam a inserção do indivíduo no todo social. Lyotard (1987), discute bastante sobre a temática ligada a educação, e refere no seu escrito que na pós -modernidade, a hegemonia do conhecimento científico muito ligada a escola já não é a única forma de transmissão de saberes, portanto existem outras 7
instâncias de socialização, dai que apelida como a pós modernidade como sendo o período do fim das meta-narrativas4. Ainda nesta linha o autor refere que se deve olhar as outras áreas que possam trazer o saber, e é nesta lógica que o autor vê as tecnologias de comunicação e informação como um dos meios de transmissão de saberes. Consubstanciando a ideia do autor acima mencionado temos Bordieu (1996), que olha a televisão como sendo um mecanismo pelos quais passou a ser um campo social, que influenciou bastante os outros campos, tanto o familiar na maneira que tende disseminar informação no qual transmite formas de vivências, no campo económico como forma de manter a audiência e por fim o campo politico no que concerne a veiculação de ideologias, dai que refere que a televisão é o elemento consolidador da violência simbólica, pois os diversos actores são influenciados pela televisão por mais que tenham um senso critico sobre a mesma. Autores como Cordellan et all (1996), fizeram ligados a televisão e chegou a um conjunto de deduções referindo deste modo que a televisão traz consigo uma inúmera de grelhas de programas adequados e inadequados para os indivíduos no geral e para as crianças em particular, e revelou ainda que a televisão acompanha os indivíduos na formação das estruturas cognitivas. Como forma de questionamento de divisão hierárquicas nos processos de socialização Cruz (2007) onde a familiar ocupa a primeira, a autora demonstra que é difícil estabelecer divisões claras entre é a socialização primaria ou a secundaria, para esta autora, o que há uma fluidez de espaços de socialização. Na mesma ordem de ideias Perreira e Higgs (1996), referem que com a inúmera agenda televisiva, o papel da família enquanto agente socializador primário perdeu o seu sentido, pois a televisão para alem de educar ou moldar valores aos filhos constitui um elemento educador dos próprios Pais.
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Lyotard (), metanarrativas formas discursivas que se vendem como hegemonicas e unicas para analisar a realidade e uma delas foi o conhecimento cientifico ligado a escolarizacao.
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Bandura (1986), olha a televisão como um modelo de aprendizagem dando enfoque as publicidades como sendo um veiculo pelo qual as crianças imitam formas de ser e estar durante um interacção, pois para este autor o modelos contêm representações simbólicas que são veiculadas através de palavras e imagens, e que facilitam a retenção do comportamento. O autor de uma forma geral, refere que a influencia da televisão veicula um modelo comportamental, que constituirá as relações diárias dos individuo, que de certa maneira contribuem para construção de uma personalidade que se relaciona com os demais actores, neste sentido os actores não só entretém-se mas também constitui um elemento pelo qual o individuo irá olhar um conjunto de personalidades e fantasias que irão desembocar em escolhas tomando em conta que os indivíduos são inteligentes, e consoante tais escolhas verão qual a personalidade adequada para acompanhar a sua vida. Na perspectiva de Cruz (2006) a possibilidade de se construir personalidades baseadas em televisão, de uma maneira profunda são as crianças, pelo facto de sua capacidade cognitiva ainda não estar consolidada, no qual desembocara numa profunda falta de senso critico da mesma. Mas há quem refuta a posição acima exposta e um dos autores é Kapferer (1985), que concorda parcialmente e o mesmo tipifica dois tipos de crianças que são as manipuladas pelas publicidades e as que tem capacidade para criticar as publicidades as criança manipulada é vista como um receptor passivo, condicionado pelas imagens que está a receber, criando-lhe reflexos condicionados. As crianças criticas são consideradas como adultos, pelo facto de criticar relativamente à publicidade que estão a receber. Neste sentido são capazes de identificar o discurso publicitário com precisão, desenvolvendo reacções às mensagens, dependendo da natureza de cada uma delas tanto as afectivas, cognitivas, racionalizando a informação que recebem. Consoante a exposição do autor acima exposta demonstra claramente que os actores sociais não são uniformes aos estímulos externos, a reacção perante uma realidade neste
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caso a televisão ira depender do habitus 5, e este acervo intelectual acumulado irá permitir os actores olharem de maneira diferenciada, uns com um senso critico e outros meramente passivos.
Concluindo Bordieu (1996) refere o sistema simbólico funciona como estruturas estruturantes e como estruturas estruturadas a partir da noção das produções simbólicas como instrumentos de dominação, desenvolvendo o conceito de dominação simbólica, a teoria deste autor demonstra que existe uma reprodução da cultura dominante, responsável pela reprodução das relações de força no seio da sociedade, e um dos meio de reprodução é a televisão.
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Segundo Bordieu(1985), são as disposicoes que um agente social tem dentro de um campo especifico,
que varia de individuo á individuo devido ao capital que detem podendo ele ser economico, cultural, simbólico.
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Relação da Televisão com outros espaços de socialização. Neste capítulo se vai debater como é que a televisão se relaciona com as outras instâncias de socialização, e o enfoque será dado a família, o objectivo é de perceber as complementaridades, tensões ligadas. Nesta ordem de ideia pretende-se perceber ancorando-se a Lahire (2002), os esquemas plurais de socialização6 que é um campo onde os actores sociais se movem, devido a incorporação do habitus. Entrando ao debate em questão Cruz (2007), refere que os agentes socializadores hoje confrontam-se, dialogam no sentido de atribuir valores e normas aos indivíduos, e as instancias tradicionais como a religião, a escola e a família, estão perdendo o seu espaço a favor da televisão. Para autora a televisão encontrou um espaço para formar novas gerações, devido o campo de possibilidade que a televisão tem de abarcar em si uma multiplicidade de fenómenos sociais, que decerto moldam os indivíduos. Como forma de consubstanciar a posição defendida pela autora supracitada vejamos a seguinte citação que demonstra uma das razoes que levou a televisão a ser uma das formas de socialização com um poder forte de persuasão„‟ A força socializadora da televisão encontra-se na constituição das narrativas que apresenta, elas são formadas por imagens, textos e músicas, que se complementam de forma a ecoar continuamente a mesma ideia sem tornar tal repetição enfadonha o que se encontra no texto é reafirmado pelas imagens e pela música, facilitando a compreensão do telespectador e reforçando os valores vendidos pelos programas. „‟(Kohlsdorf 2002;58).
Neste sentido alguns autores olham que a relação televisão e família como conflituosa, e como exemplos Baccega (2000) que referiu que a televisão acabou por tomar o espaço que pertencia meramente a escola e a família, e os seus ideais são materializados na seguinte citação: “(...) a televisão, com meio século de presença entre nós, compartilha com a escola e a família o processo educacional, tendo-se tornado um importante agente 6
Lahire (2002) refere que são as relacoes que se estabelecem entre as diversas formas de socializacao nos processos de construcao da personalidade podendo elas ser antagónicas ou de complementares.
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de formação. Ela até mesmo leva vantagem em relação aos demais agentes: sual inguagem é mais ágil e está muito mais integrada ao cotidiano: o tempo de exposição das pessoas à televisão costuma ser maior do que o destinado à escola ou a família. (Baccega 2000:23).
A partir do que foi acima exposto pode-se depreender que a televisão é uma instância que incorporou em si as diversas esferas da socialização, a família como elementos que incorporam os valores transmitidos pelos media, a escola pelo facto de transmitir a ética escolar para um estudante mesmo que esteja em casa, por um lado e por outro a televisão para alem de ser um agente socializador, também tornou-se um intermediário entre os diversos agentes socializadores.
Cruz (2002), relata que a superação da televisão em relação a família e a escola, tem como uma das razoes a ausência familiar na construção identidade e também a criança ao nascer tem um contacto com a televisão muito antes de acessar aos códigos de leitura da realidade propostos pela escola. A autora acima referenciado em jeito de contraposição a Baccega (2000), refere que não há conflito entre os diversos agentes de socializadores, mas sim uma complementaridade entre eles, pois o actor social não é refém de nenhum destes agentes e por este actor ser inteligente faz as escolhas, consoantes os significados que atribue a cada uma das instâncias, que correspondem com as suas expectativas, e é o habitus que o sujeito socializado detêm que lhe vai permitir intervir nos diversos espaços.
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Conceitualização
Segundo Rocher (1986), a socialização é um processo pelo qual ao longo da vida a pessoa humana aprende e interioriza os elementos sócio-culturais do seu meio, integraos na estrutura da sua personalidade sob a influência de experiências de agentes sociais significativos e se adapta assim ao ambiente social em que se deve viver. Para Berger & Luckman (1985) analisam a socialização como construção social, vivência singular, seja na família, escola, trabalho, ou em qualquer instituição. Segundo eles, “a socialização nunca é total, nem esta jamais acabada”. O conceito de socialização de Berger & Luckman (1985) será o ideal para o trabalho em alusão pois defende que a socialização é uma construção social e nunca é total, demonstra claramente que o indivíduo por estar em contacto com os diversos campos sociais, vai incorporando parcialmente os valores de cada instância socializadora. Metodologia usada O presente estudo foi concebido em dois momentos sequenciados a mencionar: Consulta bibliográfica e na Internet sobre tudo que de uma forma directa ou indirecta discutem esta temática. Segundo momento compreendeu a recolha de dados que ocorreu na cidade de Maputo durante dois dias.
Para realizar o trabalho optamos por uma abordagem qualitativa sem inferências estatísticas, como forma de compreender melhor o contexto sócio-cultural, que ocupavam os actores sociais em alusão, e pela natureza do estudo que constitui um mini-projecto entrevistamos duas pessoas um e uma adolescente.
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Analise dos dados recolhidos
A análise de dados será feita de acordos com o objectivo de estudo e pretendemos deste modo organizar em eixos temáticos. Informação sobre os significados que se dão a televisão – Neste ponto procurou-se saber por parte dos entrevistados o que eles compreendiam sobre a televisão, não somente como um mero transmissor de mensagens audiovisuais, mas também como um veículo educador. „‟ Pra mim a televisão é o maior evento do mundo, pelo facto de eu viajar para Europa, Brasil sem lá estar, e eu acho também que a televisão educa as pessoas nas maneiras como se tem de relacionar com os outros… a televisão não é culpada pelo mau comportamento dos jovens de hoje em dia mas é por causa de eles se deixarem levar pelos filmes, e outros programas.
Fernanda Mário A partir do trecho acima exposto pode-se perceber que os indivíduos olham a televisão, como um meio do qual são transmitidos formas comportamentais, e o universo das representações podem levar a categorização da TV. Na mesma linha de pensamento Michael Zimba, de 16 anos: “ a televisão é um bom elemento para puder se perceber trocas de experiência com outros povos, como eu por exemplo tenho um nome americano mas eu sou moçambicano, e segundo meu pai esse nome deram-me pelo fanatismo que a meu pai tem sobre o michael Jackson…‟‟
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As informações ligadas a relação que existe entre a televisão e a família - neste capitulo pretendemos analisar as relações
que são estabelecidas entre os dois agentes
socializadores. ‘’ Em minha casa sou proibido assistir alguns canais, porque o meu pai acha que aprendo coisas impróprias, isso foi por causa de eu vir com um piercing nos lábios, e ele só me permite ver televisão até certas horas da noite, e também por causa da escola, mas eu violo as regras sabes como é que? Tenho tv no meu quarto apesar de não estar ligada a cabo” As declarações são do Michael, e fazendo uma análise discurso em torno do seu pensamento pode-se depreender, há uma complementaridade de instâncias de socialização, pois o Pai impõe limites e reserva programas específicos, como forma de não chocar com as suas expectativas. A Fernanda Refere que: „‟ meus Pais, chamam-nos atenção que a televisão é boa, pois abre a mente mas não pode ser levada ao extremo, é preciso que se seja critica, e não vêem de bons olho as novelas Brasileiras e os programas que ocorrem acima das 23 horas…” Analisando pode-se notar que os Pais, conhecem a importância, da Televisão por um lado, mas por outros são relutantes em não deixar a televisão sozinha socializar os filhos.
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Conclusão
Da elaboração do presente trabalho se depreendeu que existem diversos agentes socializadores que se relacionam para a construção da personalidade de um determinado individuo e a televisão e a família são alguns exemplos. Neste sentido não existe socialização fundamental, na moldagem comportamental dos indivíduos, são contextuais e depende das escolhas que os actores sociais fazem, no sentido de se sentir como pessoas, neste sentido cada instância de socialização tem suas próprias lógicas de funcionamento e a escolha deste ou aquele agente dependera em grande parte da escolha de o actor social vai fazer. A televisão passou a ser um elemento que abarcou as diversas esferas do social, num só através de imagens sons textos, e também tornou-se um intermediário entre os diversos agentes socializadores, neste sentido se assiste nas sociedades contemporâneas a televisão ocupar um lugar de proeminência, relativamente as outras instâncias. Os discursos que olham a televisão como um alienígena cultural, olham os actores sociais como se fossem recipientes vazios, e não olham que os seres humanos estão capacitados a raciocinar, e fazem escolhas consoante o campo de possibilidades em que estão inseridos.
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